Lembranças do campo escrita por Hitsatuke


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Oi, Oi!
Cheguei com uma One!

Fui desafiada pela Hobbit (Rocket Queen)!
Casal: Hayate (o juíz doentinho da prova chunin, para quem não se lembra) e Uzuki (a Ambu de cabelo roxo)!
Ficou curtinha, mas acho que ficou legalzinha!
Boa leituraa!



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- Uzuki! Uzuki! Onde quer que esteja, vou te pegar!

Lembro-me que era sempre assim que ele começava a me perseguir. Sérios para a maioria das pessoas; um casal de adolescentes babões quando sozinhos.

Suspirei e abracei meus joelhos. Fazia o quê? Dois meses que eu o esperava? Era uma missão simples, ele me disse. Bom, eu tinha minhas próprias missões. Meu próprio dever a cumprir, então não podia criticá-lo por escolher aceitar sem nem pensar duas vezes.

Ambos pertencíamos às forças armadas de nosso país. Ele ao exército, eu às forças especiais da marinha. Raramente nos víamos, mas como aqueles momentos compensavam…

Nos conhecemos num trabalho de campo. Eu um soldado condecorado, ele um estreante. Eu o odiei com todas as minhas forças. Era precipitado, despreparado. Mas nem eu podia negar sua vontade. Era ambicioso, querendo sempre melhorar. Não por alguém, mas por si mesmo.

Então acabamos presos numa caverna. Prisioneiros por conta de uma imprudência sua. Muito tempo depois, enquanto estávamos deitados sobre a grama, sentindo a brisa suave e tendo total noção da existência um do outro apenas por nossos dedos que se roçavam devagar, ele me perguntou por que eu não o deixara ser capturado sozinho.

- Por que eu deixaria? – perguntei de volta. Senti a grama se mexer levemente ao meu lado quando ele deu de ombros.

- Eu era um soldado raso, dispensável. Eles teriam me matado logo. Não você. Você eles teriam torturado em busca de informações.

- Eu não teria entrado lá se não soubesse que nós dois sairíamos vivos.

Era uma mentira. Eu era uma Ambu, uma classe especial. Devia sempre levar a missão em primeiro lugar, mas não consegui. Eu não sabia, sempre me fiz de durona, mas já estava perdidamente apaixonada por aquele homem estranho.

Hayate. Gekko Hayate. Até seu nome soa diferente em minha boca. Meus ouvidos escutam esse nome como uma carícia. Meu corpo reage a ele de maneira confortável e enlouquecedora.

**

Quanto tempo não tinha perdido divagando? Respirei fundo. O céu começava a escurecer. E os vagalumes, a se acenderem. Abri os braços e deixei que o vento frio da noite que chegava varresse meus cabelos. Ele estava atrasado. Dois meses atrasado. Eu não tinha lágrimas para derramar. Nunca tivera. Meus sentimentos eram diferentes. Eu apenas me sentia vazia.

Podia sentir o volume amassado em minha mão esquerda. A abri e levantei os braços, desamassando o papel em frente ao meu rosto. Não que eu enxergasse o que estava ali, mas não precisava. Eu vira tantas vezes aquela fotografia que ela estava gravada em minha mente. Foi uma surpresa.

- Uzuki! Uzuki! Quero que me espere no nosso campo. Vá arrumada. – ele tinha dito com um humor suspeito. Estava fardado. Pronto para partir em uma missão.

- Para quê? – eu havia perguntado simplesmente, sem deixar transparecer minha preocupação.

- Ia, ia. Confie em mim, tudo bem? – disse com as mãos nos meus ombros e deitou um beijo calmo em minha testa. Franzi o cenho para ele. Pensei em discutir. Podia ter lembrado pela enésima vez que eu odiava surpresas. Que minha natureza investigativa me deixava mais curiosa e desconfiada do que qualquer outra pessoa no mundo, mas Hayate teria me pedido paciência e eu teria aceitado.

Quase uma semana depois, eu estava no campo. Usava um vestido branco, leve para o dia de calor, e esperei. Qual não foi minha surpresa quando ele apareceu lindamente fardado – não uma farda de batalha, mas uma para cerimônias. – e andou decididamente até mim. Seu rosto estava sério. Tenso, eu diria. E ele se precipitou para mim, pegou minha mão e se ajoelhou de maneira desajeitada, acabando por me puxar para o chão com ele.

Seu rosto estava corado e ele se levantou, me levantou e tentou mais uma vez, se ajoelhando devagar, mas sem me encarar, ou sem me dizer o que estava acontecendo. Só entendi de fato, quando ele começou a gaguejar e não me deixou perceber nem uma palavra por completo. Ele estava tão lindo com o rosto inteiro avermelhado e o pescoço da mesma forma, que acabei rindo ao invés de auxiliá-lo.

Então ele se irritou. Se levantou bruscamente, tirou uma caixinha pequena do bolso e a abriu para mim. Havia um anel lindo dentro dela. Ele o tirou, pegou minha mão aberta e depositou a joia na palma. Seus olhos me fizeram a pergunta de maneira nervosa. Então resolvi ajudá-lo naquilo.

- Eu quero. – foi minha resposta. Simples e óbvia. O alívio que vi no rosto dele depois daquilo não pode ser descrito. E nem a alegria que se apossou de mim quando ele me abraçou apertado e me girou por aquele campo pelos cinco minutos seguintes. Nos beijamos, rolamos na grama, rimos, até achei que choraria de alegria. E, de repente, Hayate se levantou, segurou minha mão com toda delicadeza, e colocou o anel, que caiu perfeitamente em meu dedo. Ele o beijou e jurou que eu seria a mulher mais feliz do mundo.

Quando achei que as surpresas tinham acabado, Hayate sacou uma câmera do bolso e me puxou para si, não me dando a menor chance de me arrumar. Claro que briguei com ele. Claro que ele aceitou tirar outras fotos depois, mas aquela em que eu era pega de surpresa foi a que ele colocou em sua mesa e a que permaneceu ali por todos os anos depois daquilo.

Passamos por muitas coisas. Tínhamos em um pelo outro e em nossas profissões o mesmo tipo de amor. Tivemos longas conversas sobre como seria nossas vidas. Nenhum dos dois podia estabelecer moradia fixa, nenhum dos dois tinha estabilidade mental para ter uma criança. Nenhum dos dois sabia se estaria vivo para viver o dia de amanhã.

Tínhamos apenas aquele campo como permanente em nossas vidas. Era naquele campo que deixávamos nossos desejos e os planos que nunca seriam realizados. Bom, pelo menos não deveriam poder ser realizados.

Eu não sentia fome, não sentia sede, não me sentia viva. Os vagalumes se apagaram e o sol se acendeu. Sentia minha pele úmida do orvalho que se acumulara sobre ela. A grama ao meu redor também estava molhada. Quem se importava? Agora ele estava atrasado dois meses e um dia. A foto na minha mão estava desbotada e estranha, como se nunca tivesse existido.

- Uzuki! Uzuki! Onde quer que esteja, vou te pegar! – ele dizia, eu saía de trás da árvore em que estava e corria para o meio do campo. Hayate me perseguia até não poder mais. Me abraçava e caíamos na grama macia. Trocávamos beijos calorosos, carícias cheias de amor e desejo.

Vinha uma missão. Vinha outra. Apreensão e alívio com uma ida e volta. Mais apreensão, mais alívio. Achei, sinceramente, que um dia me acostumaria. Hayate também achou. Nunca aconteceu. Um dia ele decidiu o que eu não tive coragem de decidir. Parar. Aceitaria trabalhar atrás de uma mesa. Aceitaria dormir e acordar todos os dias na mesma casa, na mesma cama. Não aceitei com ele. Minha vida estava lá fora. Eu não seria a mesma se parasse. Não seria nada. Brigamos. Nossa pior briga desde que nos casáramos. Separação foi cogitada. Um golpe de arrependimento nos fez voltar atrás. Isso, e a notícia de que seríamos pais. Choramos, pedimos perdão e ficamos bem. Continuamos.

Tolice a minha aceitar a grande missão. Foi quando tudo se perdeu. Foi quando nos perdemos. Foi quando me perdi.

- Encontre-me no campo. – eu falei. O beijei. Beijei nossa criança e saí.

**

Os dias passavam tão rápido ali. Dois meses e dois dias. Não. Dois anos. Ele estava atrasado dois anos. Respirei fundo e abri os olhos. A luz do dia… não. Era noite. Aquilo não era luz do sol. Era fogo. O que fui defender? Onde fui defender? Me lembrava de uma emboscada. Me lembrava de uma dor aguda no peito. Tiro ou facada? Eu não sabia. Então o fogo. E Hayate não apareceu.

- Uzuki! Uzuki! Onde quer que esteja, vou te pegar! – me levantei bruscamente ao ouvir aquela voz e o fogo se dissipou. Era dia de novo e o campo verdejava como sempre. Sorri. Me virei para ele ao mesmo tempo em que uma criança passava correndo por mim. Uma menina. Me atravessou.

- Papai me pegou! Papai me pegou! – ela gritava, feliz em seus quatro ou cinco anos. Quatro, eu sabia. Hoje ela fazia quatro. Hayate a pegava no colo e a girava, assim como me girara um dia.

Ele afagou a cabeça da menina e a carregou para junto de uma pedra. Um túmulo. Desde quando estava ali?

- Quer contar para a mamãe como foi sua festinha de aniversário? – Hayate disse. Meus olhos encheram-se de lágrimas imediatamente E tudo ficou claro.


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Notas finais do capítulo

Foi triste, eu sei! Foi o que me foi disponibilizado por Gan! kkkkkkkkkk
Gostaram??



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