...Qual? escrita por Arisusagi


Capítulo 6
Alguém da outra vida.


Notas iniciais do capítulo

Feliz ano novo pessoal o/
Aliás, esqueci de falar no capítulo anterior, mas vocês viram a recomendação linda que a minha futura esposa deixou nessa fanfic? s2
Achei que esse capítulo ficou meio corrido ;w; Sei lá se é impressão minha ou se ficou mesmo.
De qualquer forma, boa leitura!



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Quando Kaito se deu conta, ele estava deitado em uma cama com os olhos abertos.

Um som repetitivo soava no lugar. Ele tateou os lençóis e encontrou um celular vibrando.

O alarme tocava, e era sete e meia da manhã. Ele o desativou e percebeu que tinha quatro mensagens não lidas.

Bom dia Kaito-kun!!!!!(*^ω^)

Já acordou?? (´。• ω •。`)

Não se esqueça de escovar bem os dentes!! ψ(`∇´)ψ

Ainda não acordou? Vou ter que ir aí te tirar da cama?? (`ー´)

Kaito sentiu um arrepio ao ler aquelas mensagens, e as memórias daquela vida vieram mais rápido do que ele esperava.

Ele se lembrou de estar na escola em um dia quente, o sol de punha, e tudo estava alaranjado. Uma caloura que ele vira algumas vezes pelos corredores da escola estava parada em sua frente, segurando um envelope cor de rosa enfeitado com coraçõezinhos e adesivos da Hello Kitty. Kaito o pegou, e ela murmurou um "obrigada" baixinho.

Dentro do envelope havia um papel também rosa e cheio de adesivos, onde estava escrita, com tinta roxa e uma caligrafia impecável, uma declaração de amor.

Kaito leu com atenção, impressionado com o cuidado que a garota teve ao escrever e enfeitar aquela cartinha, e se assustou quando ouviu um soluço. A menina — Furukawa Miki — chorava, escondendo o rosto nas mãos.

Ele se lembrou de como ela tremia, dos seus soluços agudos, e do perfume doce que o papel de carta tinha. Lembrou-se de ficar desesperado, e de não saber o que fazer. (Por que ela estava chorando?! Ele fez algo errado?)

Lembrou-se de abraçá-la, na tentativa de acalmá-la, mas a menina chorou ainda mais. Ele a levou até uma loja de conveniência que ficava do outro lado da rua e comprou dois sorvetes, e eles comeram sentados em uma praça, enquanto ela se desculpava e esfregava os olhos vermelhos, dizendo que só estava muito nervosa.

E depois daquele dia, eles se tornaram namorados.

Kaito não se lembrava exatamente como, mas eles estavam juntos há quase seis meses.

Seis meses não muito felizes para ele.

Não que ele não gostasse de Miki, de forma alguma. Ela era uma menina incrível, engraçada e muito inteligente, mas não era uma namorada tão boa assim.

Miki era muito grudenta, e exigia atenção constante da parte de Kaito. Além disso, o ciúme que ela sentia era quase doentio. Kaito se lembrou, com horror, de algumas das várias brigas que eles tiveram por causa disso. Em algumas delas, ela até mesmo exigira que ele se afastasse de qualquer garota.

Mas ele não sabia exatamente como terminar aquele relacionamento. Miki era uma ótima pessoa, seria horrível chateá-la

— Kaito? — Alguém o chamou de fora do quarto. — Já acordou?

A porta abriu, e uma mulher de cabelos azuis entrou.

Kaito precisou de alguns segundos para perceber que aquela era sua mãe.

— Você vai se atrasar para a aula se continuar deitado aí. — Ela foi até um cesto que estava no canto do quarto e jogou as roupas que estavam no chão ao seu redor dentro dele.

— Ah, sim, já estou levantando.

Ela saiu do quarto com o cesto nas mãos e fechou a porta.

Kaito se pôs de pé e foi até o armário que ficava ao lado da cama. Ele vestiu seu gakuran preto com uma camiseta branca por baixo e foi para o banheiro.

Enquanto escovava os dentes, Kaito encarou seu reflexo no espelho. Seu rosto parecia mais jovem do que ele se lembrava, mais arredondado, e sem nenhum sinal de barba por fazer. Sua aparência também mudava de uma vida para outra? Que estranho.

Quando ele chegou ao andar de baixo, a mesa de café da manhã estava posta para três pessoas. Seu pai já estava comendo, enquanto sua mãe terminava de arrumar os pratos.

— Bom dia — ele murmurou, sentando-se ao lado de seu pai.

Sua mãe se sentou em sua frente, e Kaito olhou para a cadeira vazia que restou ao lado dela.

Ele pensou na sua irmã da outra vida, e se ela existia nessa. Seria muito estranho perguntar aos seus pais se ele tinha uma irmã mais nova?

Seu celular vibrou algumas vezes no bolso de sua calça enquanto ele comia, mas ele o ignorou, era melhor ver mais tarde.

Depois que terminou de comer, Kaito colocou a louça suja na pia, pegou sua mochila e foi para a porta.

— Não se esqueça do seu almoço — sua mãe disse, entregando-lhe uma sacolinha de pano. — Tenha um bom dia.

— Bom dia para você também. — Ele calçou os sapatos e guardou o almoço em sua mochila.

Kaito conferiu as notificações de seu celular enquanto caminhava em direção à escola. Três novas mensagens, todas de Miki.

Já tá vindo? (#><)

Por que você não responde minhas mensagens??(#`Д´)'

Kaaaaaiiiiitoooooooo (╯°益°)╯彡┻━┻

Kaito suspirou. Como ele aguentava receber tantas mensagens desnecessárias?

Já estou no caminho.

Ele digitou rapidamente e devolveu o celular para o bolso.

A escola não ficava muito longe de sua casa, e Kaito se lembrava do caminho perfeitamente.

Aparentemente, sua idade podia mudar de uma vida para a outra. Então, se ele se lembrasse de sua "idade real", seria mais fácil descobrir qual era a sua vida real.

Entretanto, ele não fazia ideia de quantos anos tinha de verdade. Ter dezessete anos — como naquela vida — fazia tanto sentido quanto ter vinte e tantos ou mais de trinta. Kaito não conseguia ter certeza de qual era a sua verdadeira idade.

— Kaito-kuun! — Aquela voz estridente o acordou de seus devaneios e, quando Kaito se deu conta, ele estava quase caindo na calçada.

— Ah! Miki! — ele exclamou, sentindo a garota abraçar sua cintura com força.

Eles estavam na frente da escola, e Miki se jogou contra ele com tanta força que quase o derrubou.

Ela era uma menina baixinha e magra, seus cabelos eram compridos e em um tom rosa avermelhado, assim como seus olhos, com uma mecha se sobressaindo no topo de sua cabeça. Ela vestia um sailor fuku verde escuro, com meias três-quartos brancas.

— Desculpa, eu te assustei né? — Ela ficou nas pontas dos pés de beijou sua bochecha. — Eu queria te mostrar essa imagem super bonitinha que eu achei!

Ela tirou o celular do bolso, apertou alguns botões e mostrou a tela para Kaito.

Na imagem, uma personagem de anime de cabelos loiros segurava um machado coberto de sangue em uma mão, e um braço decepado na outra. Dentro de um balãozinho de fala, a frase " Vou matar qualquer um que tentar tirar o meu Yukio-sama de mim ♥ " estava escrita. O fundo cor de rosa e o traço "chibi" que fora utilizado para desenhar a menina até traziam um certo ar de fofura, mas Kaito achou aquilo, no mínimo, perturbador.

— Gostou? Eu até coloquei de papel de parede! — Ela disse e mostrou a tela inicial de seu celular.

Antes de pensar em alguma resposta, Kaito percebeu que faltava menos de cinco minutos para a aula começar.

— É melhor eu ir para a sala, Miki. — Ele apertou a alça de sua mochila e atravessou o portão. — Saikawa-sensei sempre chega cedo.

— Ok! A gente se vê no intervalo!

Eles seguiram caminhos opostos, ela indo para a quadra, onde teria aula de educação física, e ele indo para o prédio da escola.

Kaito trocou seus sapatos com pressa, e subiu dois lances de escadas para chegar até seu andar. Ele entrou na sala pouco antes do professor, e se sentou em seu lugar, que ficava no meio da segunda fileira mais próxima da janela.

Saikawa era um jovem professor de inglês que cheirava a cigarro e falava bastante sobre os romances policiais que lia. Sua voz tinha um tom monótono, e não era raro ver alunos caindo no sono durante a sua aula, ainda mais por ser a primeira do dia.

Depois de fazerem a reverência, o professor começou a chamada.

Kaito estava tirando seu caderno da mochila, depois de responder à chamada, quando reparou na pessoa que estava sentada ao seu lado.

Os cabelos dela tinham aquele tom esverdeado tão familiar, e estavam presos em marias chiquinhas, assim como nas várias memórias que ele tinha daquela outra vida em que era policial.

Não era possível. Por que ela estava ali?! A Criatura podia levá-la de uma vida para a outra, assim como faz com ele? Não, não era ela. Era só outra menina muito parecida. (Não dá pra ver seu rosto! Olha pra cá!) Não podia ser, não-

— Hatsune? — O professor chamou.

— Presente! — Ela respondeu, e o sangue de Kaito gelou em suas veias.

Aquela era Hatsune Miku, sua esposa na outra vida.

Uma risada áspera soou bem perto do ouvido dele, e ele não se atreveu a olhar para os lados.

Ela estava demorando para aparecer.

— Olha só, Kaito — a Criatura sussurrou. — Quem é essa aí? Você lembra?

Tudo começou a girar, e Kaito apoiou o queixo na mão, tentando não chamar a atenção de ninguém.

— Ela era sua esposa, ou não? — O Ser riu mais uma vez. — E a Miki? O que ela vai achar disso?

A risada da Criatura ficou cada vez mais alta e perturbadora, até se tornar um zumbido insuportável.

Kaito respirou fundo e fechou os olhos, pronto para ir para a outra vida.


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Notas finais do capítulo

Queria deixar bem claro aqui que o relacionamento deles não vai ser nada saudável.
Eu fiz meio que inspirado no primeiro namoro que tive, que foi uma bosta. Eu não era menina ciúmes que nem a Miki (gente, gosto tanto dela, doeu escrever ela chata assim ;w;), mas eu não fui uma boa namorada.

Curiosidades sobre esse capítulo: A menina da imagem que a Miki mostrou originalmente tinha o cabelo roxo, mas eu mudei pra parecer a Mayu euaheuae. Na verdade, era pra ser uma referência àquela mina de Mirai Nikki. (Cá entre nós: Acho tão zzz esse povo que romantiza psicopatas e paga pau pra esses personagens que nem ela).
Outra coisa: não sei se alguém percebeu, mas esse Saikawa-sensei foi uma referência a Subete ga F ni naru. Até pensei em falar daquelas camisetas que ele usava, mas ia ficar meio aleatório, euaheae.

E uma última coisa: Só queria dizer que eu tô MUITO empolgada com o próximo capítulo. Aguardem.



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