...Qual? escrita por Arisusagi


Capítulo 1
Prólogo.


Notas iniciais do capítulo

Gente, vocês não têm noção de como eu esperei por esse dia.
Vamos lá.
Tive a ideia para essa fanfic no ano passado, provavelmente no segundo semestre. Se me lembro direito, estava em uma aula de física com o professor Sasaki quando tive essa ideia e comecei a fazer uma lista no verso da primeira folha do meu bloco de fichário.
Rabisquei, escrevi um monte de nomes e ideias, sempre pensando naquele episódio de Doctor Who (era com o 11th, e tinha a Amy e o Rory e, se não me engano, era um especial mais curto que os episódios normais.) Até rascunhei esse prólogo em uma folha sulfite, mas deixei a ideia de lado no fim do ano.
Esse ano, conheci a Mari (Mikuria), minha parça dos vocaloids, e contei essa ideia pra ela. E ela me encorajou a escrever.
E eu escrevi, tanto é que estou postando esse prólogo agora. Ai que emoção.
Estou escrevendo desde o começo do ano (bem, se você contar o prólogo, desde o ano passado.)
Enfim, vou para por aqui antes que essa nota inicial fique maior que o capítulo em si.
Boa leitura!



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Ele só percebeu que seus olhos estavam abertos quando tocou o próprio rosto e sentiu as pálpebras separadas. Estava muito escuro, e ele não fazia ideia de quem era, muito menos de onde estava.

As mãos pálidas correram pelo rosto, como se tentassem identificar sua forma. Sua pele estava fria e seus lábios, rachados. Uma dor fraca tomava conta de sua cabeça, e seu corpo inteiro estava pesado.

Ele tinha uma vaga sensação de que deveria saber que horas eram, ou onde ele estava, mas não conseguia se lembrar exatamente de como descobrir essas informações.

As mãos correram pelo corpo, sentindo falta das peças de pano que deveriam cobrir algumas partes. Ele apalpou a coxa direita, com a impressão de que algo importante deveria estar ali, dentro do… Como aquilo se chamava mesmo? Por mais que se esforçasse, nenhuma palavra lhe vinha à mente.

Passos foram ouvidos, e ele sentiu o desespero correndo por suas veias. Ele queria fugir, mas seu corpo não se movia, e os passos se aproximavam cada vez mais. Ele nem sabia quem ou o que estava ali, mas tinha a sensação de que sua vida estava em perigo.

―Kaito. ― Uma voz esganiçada ecoou pelo lugar, e ele encarou a escuridão de onde ela vinha.

Uma luz se acendeu sobre ele, e seus olhos arderam por alguns instantes. Ele podia ver dois pés pálidos e esverdeados, com dedos finos e longos demais para pertencerem a um humano, parados ao seu lado. As unhas eram imundas e compridas, algumas estavam quebradas e outras, rachadas.

―É confuso, não é? ― Ele ouviu um som grotesco de juntas se estralando. E de repente, um cheiro pútrido invadiu suas narinas, fazendo-o se contorcer e levar as mãos à boca.

Ele engasgou e sua garganta ardeu, parecia que sua cabeça ia explodir. Suas unhas curtas arranharam seu rosto e pescoço, seu estômago se revirava e suas entranhas doíam. Parecia que ele estava prestes a vomitar.

―Calma, calma. ― Os pés grotescos sumiram na sombra, e a voz soou perto de seus ouvidos. ― É difícil se acostumar, mas será divertido.

Kaito encarou o escuro com lágrimas escorrendo de seus olhos, interpretando cada palavra lentamente, como se acabasse de aprender a falar.

Um gosto amargo subiu pela sua garganta e tomou conta de sua boca. Ele se debateu, tentando expulsar aquilo de seu corpo com todas as suas forças. Os músculos abdominais se contraíram dolorosamente, mas nada aconteceu.

―Não adianta tentar vomitar, não tem nada aí dentro. ― A criatura deu uma risadinha.―Se acalme, eu preciso te explicar umas coisas.

Kaito parou de se mover e encarou a escuridão, fazendo um esforço enorme para respirar. Sua cabeça latejava e ele podia sentir cada veia de seu corpo pulsando.

―Isso, muito melhor. Agora vou te explicar o que está acontecendo.―Outro estalo foi ouvido.― Era uma vez, eu.

Um rosto surgiu da escuridão.

A pele era esverdeada e translúcida, e os olhos muito grandes tinham as irises tão pretas que era impossível distinguir a pupila. O Ser sorria, mostrando as duas fileiras de dentes impecavelmente alinhados e brancos. Os lábios não possuíam cor alguma, e pareciam ser dolorosamente secos. O rosto era contornado por cabelos negros, cobertos por um capuz escuro, de onde saiam dois chifres amarronzados. O da esquerda era longo, curvado para trás e coberto de pequenos cortes, e o da direita estava quebrado, não tinha mais do que um quarto do comprimento do outro chifre.

―Sem comentários sobre a minha aparência por favor.― Ele disse, mas seus lábios permaneceram imóveis.― Não acredito que você tenha o direito de falar alguma coisa, de qualquer forma.

Kaito apenas piscou, distraído com um pequeno besouro que passeava pela testa da criatura.

―O que eu sou não vem ao caso.― O ser inclinou a cabeça para o lado, emitindo aquele estalo grotesco.― Estou aqui há tanto tempo, há… Como vocês chamam mesmo? Milênios! Milênios enfiado neste buraco sem nenhuma companhia além dos vermes que rastejam por esse mundo.

A Criatura elevou o tom da voz nesta última frase, fazendo Kaito se encolher e cobrir os ouvidos com as mãos. Ele não fazia ideia do que o Ser estava dizendo, só sabia que tinha que sair dali o mais rápido possível.

―É tão solitário aqui, Kaito, você não faz ideia.― Uma mão pálida se estendeu da escuridão e tocou o rosto de Kaito, a unha preta arranhando sua bochecha levemente. ― Eu precisava me entreter de algum jeito, então eu te achei.

Kaito arregalou os olhos. Como aquela coisa havia o encontrado? Ele não se lembrava de absolutamente nada, mas tinha certeza de que aquela criatura não o encontrou por acaso. Aquilo era estranho demais.

―Bem, vou te explicar o que irá acontecer de agora em diante. Você viverá muitas vidas em lugares diferentes, com pessoas diferentes. Mas… ― O Ser deu uma risada que fez os pelos da nuca de Kaito se arrepiarem. ―Só uma delas é real, e você precisa descobrir qual é.

Kaito franziu o cenho. Vidas? Como assim várias vidas?

―Podemos dizer que isso é um jogo. Se você descobrir qual das vidas é a real, você ganha. Mas, se você errar, você perde.― Mais alguns estalos ecoaram pelo lugar.― E esse jogo é um segredo nosso, ninguém mais pode saber sobre isso.

O rosto sumiu na escuridão e Kaito ouviu passos se afastando. Suas pálpebras começaram a pesar e ele soltou um bocejo, sentindo-se cansado pela primeira vez desde que acordou ali.

―Ah sim, e mais uma coisa. ― Ele ouviu a voz distante, e se esforçou para entender o que era dito. ― Você precisa morrer para escapar das vidas falsas, mas se você morrer na vida real, bom, acho que deu para entender. Divirta-se.

E de repente, tudo escureceu.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam?
Eu tô tão empolgada com essa fanfic, vocês não têm ideia!
Estou postando de um notebook que trava a cada dois minutos, sem brincadeira. Meu coração para toda vez que a tela congela.
Bom como já disse, a aparência da Criatura foi inspirada no Midousuji Akira, de Yowamushi Pedal. Pra ser mais específica, nessa expressão dele: http://yowapedacaps.tumblr.com/post/121085712350 .Pensei e colocar o linguão, mas achei que a ideia de um rosto que não muda ia ficar mais legal. E a parte dos lábios ressecados eu escrevi meio que pensando no Nux de Mad Max.
Irei postar o próximo capítulo semana que vem, e os outros serão postados de quinze em quinze dias, sempre nos finais de semana.
Sou meio (muito) lenta para escrever os capítulos, por isso preciso desse tempo entre um e outro.
Enfim, é isso. Até o próximo capítulo :3