"Abutre e Mulher-Aranha assaltam joalheria."
– Eu devolvi as jóias! - J.J. Jameson tem dado muita dor de cabeça em mim e em Peter com suas matérias falsas sobre nós.
– Tudo bem, você se acostuma. - joguei o jornal no lixo e fiquei encostada no armário. - Descobriu alguma coisa sobre esse tal de Abutre?
– Sim. Eu revirei alguns arquivos do meu pai e descobri que ele se chama Adrian Toomes - falei quase sussurrando para que ninguém escutasse. - Parece que ele era um inventor eletrônico, mas não há muita informação, ele é só um criminoso como todos os outros.
– Então ele provavelmente construiu as asas.
– Sim. - assenti.
– E sobre o Duende Verde. Alguma informação?
– Eu não sei nem como ele se parece, não tenho como descobrir.
– Quem será?
– Não faço ideia.
– Oi Pete. - Harry veio em nossa direção - Oi Gwen.
– Oi. - falamos jutos.
– Olha só, eu e a MJ combinamos de sair hoje à noite, o que acham de vir conosco?
– Nós vamos. - disse Peter e sorriu.
– Vamos? - perguntei. Talvez ele tenha esquecido que é o Homem-Aranha.
– Vamos sim.
– OK. - Harry disse e saiu.
– Peter, você esqueceu que nós temos que fazer a ronda noturna garoto.
– Ah qual é Gwen, vamos sair um pouco dessa rotina de pancadaria.
– Olha, não me leve a mal, mas não sou muito de sair. - falei pegando minha mochila do chão - Pode ir com eles, eu irei fazer a ronda.
– É perigoso você ir sozinha.
– Eu me viro, como me virei da última vez. - falei meio irritada e saí andando.
*
Ouvi um alarme disparando, então corri e saltei do edifício. Joguei minhas teias e fui me balançando até o local.
– Outra joalheria? Só pode ser brincadeira! - o ladrão saiu correndo e jogou um tipo de corda que se fixou numa parte alta do prédio e ele foi subindo. - Não tão rápido! - falei e lancei uma teia no ladrão, o puxando e o fazendo cair.
– Mulher-Aranha? - ele se levantou e então percebi que na verdade se tratava dela.
– Quem é você? - perguntei a garota que estava vestida toda de preto, inclusive a máscara, ela tinha detalhes brancos no uniforme e cabelos da mesma cor.
– Seu pior pesadelo. - ela deixou sua sacola de jóias no chão e avançou em mim e começou uma luta corpo a corpo. Acertei um soco na sua barriga e ela cambaleou.
– Meu pior pesadelo é um tanto quanto fracote. - ela me olhou com um sorriso macabro e avançou novamente.
– Ninguém zomba da Gata Negra. - ela me acertou um chute na lateral do corpo e eu fui revidar, mas ela acertou meu rosto e em seguida minha barriga novamente.
– Animais estão em alta para novos alter-egos. - brinquei e a Gata Negra me acertou um soco no rosto, tão forte que eu tombei. Ela veio por cima de mim me socando enquanto eu tentava desviar, a maioria das vezes em vão.
– Faça suas piadinhas agora, inseto. - ela levantou sua mão e mostrou suas garras.
– Fique sabendo que aranhas são aracnídeos! - ela revirou os olhos e avançou com suas garras na minha direção, porém eu segurei sua mão e ficamos assim por alguns instantes. Desviei sua mão pro lado, mas ela segurou meu braço com a sua outra mão e conseguiu forças para arranhar da lateral da minha bochecha esquerda até o canto da minha boca.
Minha máscara estava rasgada, eu estava sangrando e dolorida. Lancei uma teia na sacola de jóias que ela havia deixado no chão e a trouxe contra ela. A Gata Negra estava caída e eu aproveitei para levantar.
Ela me deu uma rasteira e eu desviei, dando uma cambalhota para trás. Mirei minhas teias e joguei nela, prendendo seu braço direito no chão.
– Arg... você paga. - ela disse e eu ri, mas enquanto isso ela me acertou um chute na perna e eu caí de joelhos, em seguida ela acertou outro chute no meu rosto e eu caí de vez. Procurei me levantar longe dela, enquanto era a vez dela de rir. - Para uma vigilante que saí por aí protegendo os fracos e oprimidos, você é bem despreparada e frágil.
Pensei em socar ela, mas eu estava extremamente machucada, sem falar do barulho sirenes que aumentavam. Olhei para cima e joguei minha teia no prédio.
– A gente se vê em breve, Mulher-Aranha. - pude sentir o tom de maldade nas suas palavras.
– Não se você estiver presa. - falei e finalmente saí dali.
Parei de pular no terceiro prédio a frente. Eu estava ofegante e não tinha quase forças para me mover. Foi aí que percebi que não dou conta do recado sozinha. A Gata Negra era forte, não tanto quanto eu, porém eu era despreparada, o que não ajudava muito.
Me movi por algumas quadras e parei na janela de Peter. Olhei para dentro e percebi que ele estava deitado na cama lendo - e sem camisa. Bati levemente na janela e ele me olhou e sorriu, quando percebeu meu estado veio correndo.
– Gwen? - ele abriu a janela - O que aconteceu? - ele me ajudou a entrar e cada movimento meu corpo doía.
– Ué, não ia sair com Harry e MJ? - Peter me ajudou a sentar na sua cama e eu tirei a máscara.
– Nós saímos, mas eu me senti mal e vim para casa antes. Mas o que aconteceu?
– Eu não consigo me virar sozinha. - admiti com lágrimas nos olhos - Por pouco não viro patê de aranha. - ele riu de leve.
– Vou pegar o kit de primeiros socorros. - assenti e ele foi até seu armário e trouxe uma bolsinha. - O que houve?
– Uma tal de Gat.. ai. - falei, sentindo arder meus cortes, onde Peter passava o remédio - Gata Negra.
– Gata Negra?
– Sim, uma ladra, que por sinal sabe lutar muito bem...ai. - fechei os olhos - Achei que estava preparada para enfrentar criminosos sem sua ajuda, mas acho que o que fiz até agora foi pura sorte. - uma lágrima escorreu do meu olho.
– Ei, você derrotou o Electro e o Abutre, sem falar que salvou o garotinho.
– Eu derrotei o Electro por ter usado a lógica, o Abutre era um velho e o garotinho eu só salvei porque você estava bem ocupado lutando com o Duende Verde, então quem foi o grande herói foi você. - baixei a cabeça deixando outras lágrimas escaparem.
– Não fale assim. - disse Peter segurando meu queixo e levantando minha cabeça - Você foi uma heroína sim, em todos os casos. Quantas pessoas se arriscariam para salvar os cidadãos de criminosos? Se não se sente preparada, eu te ajudo, é só pedir. Estamos juntos nessa. - sorri e sequei as lágrimas - Você sempre será uma heroína Gwen!
– Você também Peter! - olhei diretamente nos seus olhos sorrindo.
Peter foi chegando mais perto e eu já podia sentir sua respiração se chocando contra a minha. Finalmente ele selou nossos lábios num beijo calmo e sincero e pela primeira vez naquele turbulento dia, eu estava me sentindo feliz.
*
– Tem certeza que não vai à escola hoje? - meu pai perguntou na porta do quarto.
– Tenho, cof, cof... - tossi falsamente - Eu estou muito mal papai, depois eu pego a matéria com Peter.
– OK, tudo bem. - ele disse e eu sorri de leve - Tchau. - ele depositou um beijo na minha testa e saiu.
Não era totalmente mentira, eu ainda estava dolorida da luta com a Gata Negra.
Caminhei até a minha mesinha e tirei minha máscara da gaveta. Peguei todos os materiais para reconstruí-la.
Segurei minha máscara e fiquei olhando para ela, um sentimento de heroísmo tomou conta de mim.
– Gwen eu esqueci... - ouvi a voz do meu pai e num ato de reflexo, joguei a máscara para cima e lancei uma teia na mesma a deixando grudada no teto e me atirei em baixo das cobertas - ... de dizer que hoje eu volto mais tarde. - ele abriu a porta do meu quarto. - Se cuida princesa.
– O senhor também pai. - ele finalmente saiu - Essa foi por pouco! - suspirei olhando para a máscara presa no teto.
*
Fui até o banheiro e tirei a maquiagem do meu rosto que cobria os arranhões causados pela criminosa. Como eu não tinha ideia de quem ela seja, melhor não arriscar saindo por aí com os machucados feitos por ela. A maquiagem não escondia os ferimentos, só deixavam menos chamativos, então para meu pai eu caí no trabalho e me arranhei com minhas próprias unhas, o que não é impossível, porque já aconteceu uma vez.
– Hora de trabalhar. - falei colocando a máscara e saindo pela janela.