– E-eu tenho que desligar, mas qualquer coisa me liga, ok? Tchau pai, se cuida! - falei e por fim deixei mais lágrimas caírem.
Me sentei no chão e abracei os joelhos. Esse é definitivamente, um dos piores momentos da minha vida.
Decidi ligar para Peter, pois mesmo que eu tivesse brigado com ele, é a única pessoa a qual eu posso chorar no ombro.
Em questão de minutos o Homem-Aranha chegou e sentou-se ao meu lado.
– Desculpe a demora, tive que impedir um assalto no... - ele parou de falar ao ver o meu estado. - Gwen, o que aconteceu?
Contei toda a história para ele enquanto chorava mais ainda.
– Eu não sei o que fazer. - falei frustrada - Não tenho medo dele, e sim do que ele pode fazer com as pessoas que eu amo.
– Eu vou matar o Duende Verde. - Peter disse bravo e deu um soco no tijolo que estava ao lado, quebrando o mesmo em pedaços.
– O Duende Verde ainda é pai do seu amigo e mesmo que ele não ligue para o filho, Harry iria ficar arrasado.
– Então o que vamos fazer? - fiquei de pé enquanto Peter fazia o mesmo.
– Você acho que nada, não quero que corra o risco de descobrirem sua identidade secreta.
– Gwen eu quero ajudar. - ele me segurou pela cintura e colou nossos corpos.
– Quer ajudar? Então me ajude a descobrir como parar o Duende Verde, mas não podemos matá-lo. Não cabe a nós decidirmos se ele merece isso.
– E se for o único jeito? - fiquei pensativa por alguns instantes. E se fosse o único jeito? Não estou disposta a matá-lo, mas ele está disposto a matar quem eu amo, ou nas suas palavras, tirar as minhas esperanças.
– E-eu não sei. - falei pensativa.
– Lembre-se que estamos juntos nessa. - ele disse e em seguida selou nossos lábios. Naquele momento eu desejei que todo caos fosse embora da minha vida. Mas como dizem que depois da tempestade vem a calmaria, fico na espera de que seja verdade.
*
Na escola tive que aguentar Harry falando sobre o pai, que segundo ele, anda mais estressado que o normal ultimamente. No trabalho cruzei com Norman algumas vezes, mas ele não esboçou nenhum tipo de reação maníaca, parecia que não era o Duende Verde, muito menos que sabia que eu era a Mulher-Aranha.
Agora eu estava em casa tendo um conversa séria com meu pai.
– O que está me falando é loucura Gwen.
– Não pai, Norman Osborn é o Duende Verde. - falei firme - Ele me ameaçou, disse que era para eu ficar fora do caminho dele, se não ele tiraria minhas esperanças.
– Como assim? - ele perguntou fazendo uma expressão confusa e assustada ao mesmo tempo.
– Ele está disposto a machucar as pessoas que eu amo se eu não ficar fora da jogada. - meu pai suspirou pesadamente.
– Como tem certeza que esse... Duende Verde é mesmo Norman Osborn?
Contei sobre os acontecimentos que me fizeram suspeitar e por fim a nossa conversa, onde ele realmente admite.
– Sinto muito Gwen, mas isso não prova nada. - bufei frustrada - Quem sabe esse cara não está só tentando enganar você?
– Me enganar?
– Sim, vai ver ele quer que você pense que ele é Norman Osborn, quando na verdade é outra pessoa. Você mesma disse que estava tudo bem com o pai do Harry na Oscorp e que nada parecia errado. - pensei por alguns instantes.
– Eu não sei, algo está errado e eu vou descobrir.
– Olhe Gwen, tente não se matar. - ele disse nervoso.
– Pai, acredite, esse é o menor dos meus problemas.
*
– O que acha de irmos ao cinema Gwendy?
– Foi mal Pete, eu não to com cabeça para isso. - me escorei no armário enquanto falava.
– Você precisa se animar meu amor, esquecer um pouco dessa loucura toda. - ele se aproximou mais e eu ri de leve. - O que foi?
– Você disse "meu amor". - agora ele riu.
– Quer que eu diga de novo? - assenti - Meu amor, meu amor, meu amor, meu amor e meu amor. - eu ri e em seguida ele me segurou mais forte pela cintura e me beijou.
– Parker! Stacy! - ouvimos a voz estridente do diretor - Aqui é uma escola, mantenham a compostura.
– Tudo bem, desculpe sr. Simmons. - falei envergonhada. O diretor assentiu, saiu dali e eu levei a mão até a boca constrangida enquanto Peter começou a rir.
– Do que você está rindo?
– De você toda preocupada. - fiz uma cara de indignada enquanto ouvimos o sinal tocar e os demais alunos indo em direção as suas respectivas salas.
– Idiota! - brinquei e saí dali.
– Ei, eu estava só brincando. - ele riu e veio atrás de mim. Puxou minha mão com força, me fazendo girar e parar nos seus braços.
– Mantenha a compostura senhor Parker.
– Como quiser senhorita Stacy. - ele me soltou e deu um passo para trás. Sorri e me virei para ir para a aula - Mas antes... - Peter lançou um teia na minha saia e me puxou novamente contra seu corpo, selando nossos lábios.
– Porque você insiste em fazer isso? - perguntei com o corpo ainda colado no dele.
– Porque torna o beijo mais emocionante. - ele me deu outro beijo.
Ao lado de Peter Parker eu esquecia tudo de ruim que acontecia na minha vida, como isso era possível? Fiquei encarando ele por alguns instantes e logo concluí que não podia esperar mais para dizer as três palavrinhas que, na minha opinião, eram as mais fortes do mundo.
– Eu tenho que te dizer uma coisa. - falei e ele me olhou esperando que eu continuasse. - Eu... eu... - queria falar para ele aquela famosa frase, mas por alguma razão eu não conseguia. Talvez eu tenha medo que ele não sinta a mesma coisa, ou que fosse cedo demais para dizer isso. Tudo bem que a gente se gosta, mas amar é algo mais forte, não o culpo se o sentimento não for recíproco. - Eu.. Eu te... - ele continuou me olhando com mais atenção - Estamos atrasados Peter. - ele fez uma expressão confusa, mas assentiu e me soltou.
– Ah, claro. Tudo bem, é... a gente se vê Gwen. - fiquei em silêncio enquanto ele virou as costas e eu saiu. Suspirei pesadamente querendo bater minha cabeça contra a parede. Você é muito idiota Gwen!
*
Peter tinha razão, eu precisava me distrair. E por essa razão eu estava a caminho do cinema para assistir um filme qualquer com ele.
Nos divertimos vendo uma sessão de comédia e depois saímos para tomar um sorvete.
– Sobre hoje, eu queria ter te dito uma coisa, mas não consegui. - falei parando na sua frente.
– Porque?
– Acho que fiquei com medo.
– Não precisa ficar com medo, pode falar, sou todo ouvidos. - ele se aproximou ficando bem perto de mim. Respirei fundo decidida a falar.
– Eu...eu... - travei de novo - Eu... eu... eu... não consigo. - falei e me virei de costas constrangida.
– Tudo bem. - ele disse e pude ouvir ele se afastando. Me virei rapidamente e lancei uma teia nas costas dele e o puxei contra mim.
– Me desculpe. - encostei minha testa na dele.
– Usando minha técnica. - rimos de leve e ele colocou sua mão sobre o meu rosto e começou a acariciar o local - Eu até que gostei. - Peter me beijou enquanto meu coração batia mais forte a cada carícia.
*
Hoje definitivamente tudo me irritava, ou seja, eu estava naqueles dias que só as mulheres entendem.
– Algum sinal de vida do Duende Verde?
– Não, absolutamente nada Peter. - respondi de forma ríspida e fechei o armário com tudo. Peter deu um pulo assustado e ficou me olhando incrédulo.
– Vo-você está bem?
– Estou. - respondi firme.
– Você não parece bem. - olhei nos olhos de Peter e de repente me deu uma vontade imensa de chorar, e foi o que eu fiz. Segundos depois eu estava com a cabeça escorada em seu peito derramando inúmeras lágrimas. - Ei, fique calma...
– Não me diga para ficar calma, isso me deixa mais nervosa. - falei em meio a soluços.
– O que aconteceu Gwendy?
– E-eu não sei, eu só estou estressada. Preciso resolver esse assunto do Duende Verde antes que alguém se machuque.
– Lembre-se que estamos juntos nessa. - Peter puxou meu rosto, fazendo-me olhar novamente nos seus olhos e em seguida me deu um rápido beijo - Então, qual é o plano?