A Raposa escrita por Miss Weirdo


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

OI GENTE!
Primeiro de tudo: Esse capítulo é dedicado a J N Taylor, meu tão dedicado leitor, que no meio do caos que está a minha vida conseguiu me presentear com um milkshake delicioso! (E com milkshake quero dizer recomendação, vou usar esse codinome agora u.u)
Bem, eu preciso avisar que, como eu disse acima, minha vida anda uma bagunça, então quinta não tem capítulo, apesar de ele estar escrito até a metade. Provavelmente no sábado, ok? Perdão por isso ;-;
E queria agradecer mais uma vez pelos comentários que deixaram, sim? Fazem eu ter vontade de continuar escrevendo! Então comentem, me deixem feliz, digam o que estão achando, porque eu me influencio pela opinião de vocês sim, ouviram? Podem falar pros amiguinhos de vocês virem ler A Raposa porque tem muita tortura emocional, todo mundo ama tortura emocional!
Boa leitura :D



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Aquilo que Fox havia me dito realmente tinha feito-me refletir.

Por que uma menina de dezoito anos - sim, eu confirmei a idade dela, não era dezessete - estava liderando um navio no meio do oceano, matando pessoas sem piedade e sem abrir a boca para falar algo sobre sua vida anterior? Todos ali estavam sempre contando histórias de quando quase morreram, mas ela? Quando estava entre nós, ficava calada.

— Ei, Tomeh, já te contaram qual o motivo do apelido do Batata ser Batata? - Tubarão engasgou com as palavras, enquanto conciliava a fala com os goles do rum, tirando-me de meus devaneios.

— Não - eu ri, olhando para ele, uma cena completamente engraçada. Estava tão bêbado que nem me diferenciava dos outros, e a cada soluço que dava soltava um palavrão.

— Quando o encontramos, ele estava preso dentro de uma caixa de carregamento de batatas - e começou a rir descontroladamente.

— Eu me lembro! - Magma complementou - estava entalado, acabamos por traze-lo dentro da caixa! - e começou a rir muito também.

— Muito engraçados vocês, pois saibam que sem aquele acontecimento, Cabeça nunca teria feito aquele ensopado delicioso - Batata sibilou, cruzando os braços.

— Não reclame - Tobias interrompeu - pelo menos você tem um apelido.

— Sabe, Tobias - Sombra comentou, apontando sua faca para ele - você é um cara fofo. Não de aparência, parece que foi atropelado por um elefante, mas é fofo.

— Que tal o chamarmos de fofão? - Garra sugeriu, e todos perderam o ar no meio das risadas. Estavam todos bêbados, era justificável.

Era noite, estávamos no centro do convés do navio, e cada um se encontrava sentado em um lugar diferente. No centro de nossa roda, havia uma estrutura cilíndrica de pedra de mais ou menos um metro e meio, com uma bacia no centro. Lá queimava uma fogueira.

— Magma - gritei no meio da bagunça para tentar ser ouvido - o que aconteceu com seu rosto, se tudo bem perguntar?

— O que foi, não gostou do que viu? - ele pegou sua faca, levantando-se. Eu fiquei um pouco tenso, mas o comentário seguinte, vindo de Sombra, acalmou-me:

— É claro que não gostou, ele tem olhos!

— Ah, tanto faz - Magma deu de ombros e se jogou no barril em que estava de novo - longa história, sorte a sua que temos a noite toda. Bem, quando eu tinha 15 anos, eu queria impressionar uma garota com minhas habilidades em pirotecnia. Eu ia fazer um fogo de artifício. Pena que ele explodiu em mim - então parou por um segundo, mas logo exclamou - olha só, até que a história foi curta.

Todos riram novamente, e eu senti o clima leve. Era bom não ficar mais tenso com muitas coisas e ter aqueles homens para me distrair. Eles eram uma família - uma família de bêbados desorganizados e de aparência um pouco bizarra, mas uma família - e agora eu fazia parte dela. Fox era como uma super mãe sanguinária, e essa ideia me fez rir.

— Por que vocês a chamam de Fox? - indaguei a Bat, que estava ao meu lado.

— A raposa é um animal líder - ele disse, bebendo mais um pouco de seu rum.

— E qual o nome real dela? - questionei.

— Não gosta que digam - respondeu, dando de ombros.

Mas por que tudo que envolvia aquela garota era um mistério?

— Eu também não sei o real nome dela, se te consola, e nem Batata - Tobias disse, dando de ombros.

— Ela nem está aqui, qual o problema em me dizer? - perguntei.

— Não é por que ela não está aqui que vou desobedecer sua ordem. Imagine a anarquia que isto viraria - ele estremeceu.

Eles eram realmente fieis a ela, e aquilo persistia em me intrigar. Por que todos aqueles homens adultos e gigantes obedeciam uma menina de dezoito anos e 1,75? Era praticamente a mesma situação com a menina morta do outro navio, ela não valia nada para os marujos. Por que com essa era tão diferente?

E, mais uma vez, tudo o que dizia respeito àquela menina era um mistério. Tinha apagado seu passado de sua vida presente e virado adulta tão rápido. Se eu, com vinte, já não me sentia seguro para levantar tanto a voz ali no meio, imagine ela, que além de ser uma garota, era dois anos mais nova. Será que lutava melhor?

E me veio a cabeça que eu nunca tinha visto Fox lutando.

Balancei a cabeça, irritado. Ela me deixava nervoso mesmo não estando presente.

— Vocês podem pelo menos me dizer como o outro capitão morreu? - desisti das outras questões, teria de achar uma resposta mais tarde.

— Lutando - Ello falou, enquanto mexia em seu bracelete - era um homem de coragem, ele.

— Mas sabemos que você não gostava dele - Garra riu ironicamente - ele e Fox eram bem grudados.

Ello encolheu os ombros, sem graça. Olhei para Jaguar, ao meu lado, e ele apenas balançou a cabeça de maneira negativa, desaprovando as falas do loiro.

— Deixe-o em paz - falou - ele não tem culpa do que sente.

— Eu não sinto nada - Ello defendeu-se, mas logo consertou - por ela.

— Óbvio que sente - Sequela entrou no meio da conversa - está mais que óbvio como fica sem jeito perto dela.

Aquilo era o que eu estava entendendo?

— Espere um segundo - eu disse, cerrando o cenho, e em seguida fitei Ello - você gosta da Fox?

Ele respondeu um não alto e rápido demais para poder ser verdade. A ideia não entrava em minha cabeça, como era possível alguém gostar desse jeito dela? Completamente imprevisível, instável, grossa, misteriosa…

— Nós te entendemos, Ello - Sombra comentou, com um sorriso malicioso que me fez estreitar o olhar. Aquilo não era exatamente o respeito que eles costumavam ter.

— Além de ser a única mulher entre nós, é bem bonita– Batata falou, e eu esperei não estar fazendo nenhuma careta de descontentamento. Fiquei incomodado com o tom que usavam para se referir a ela. Aquilo estava ficando desconfortável.

— Ah, sei bem o que quer dizer com bonita - Cabeça riu sarcasticamente.

— Olhem como falam - Mohra disse, do canto - ela ainda é a capitã desse navio.

— Fala isso pois é o braço direito dela - Magma cuspiu as palavras - se não passasse de um “mero marujo” não estaria nem ligando para o que estamos dizendo.

— Falo isso pois se ela aparecer e ouvir tal coisa arrancará sua cabeça e a colocará na lança do navio. Que tal assim? - e arqueou suas sobrancelhas.

— Ele está certo - Ello falou, concordando com Mohra, talvez um pouco mais agressivo do que realmente procurava ser naquele momento - ainda temos de respeita-la.

— Está certo, senhor apaixonado - Garra levantou as mãos, como que rendendo-se - nos calaremos, está bem?

E ficaram todos em silêncio. Tudo o que eles haviam acabado de dizer estava latejando em minha cabeça, e eu não sei porque estava me irritando tanto. Esfreguei os olhos, procurando esquecer, mas o clima estava muito desconfortável. A conversa que antes estava leve assumiu de repente um ar diferente…

Mas toda vez que meus olhos passavam por Ello, eu não podia deixar de pensar que ele esperava coisas a mais de Fox. Ela sabia? Será que ela gostava dele também? E se eles tivessem algo em segredo?

Mas espere… Por que aquilo estava me incomodando? Era como se, pelo fato de eu não imagina-la como nada mais que minha capitã, ninguém mais pudesse ter qualquer outra ideia a seu respeito. Balancei a cabeça, procurando me distrair.

— E isso ficou bem esquisito - Tubarão falou, ou pelo menos tentou, já que os efeitos da bebida estavam interrompendo sua dicção - eu vou buscar mais rum.

Com isso, levantou-se e cambaleou até um dos barris perto da entrada da cozinha. Ao tentar traze-lo até nós, tropeçou, e enquanto permaneceu largado no chão, incapaz de se levantar, o barril foi rolando até a escada que levava ao convés superior. Porém ele não se chocou com a madeira, algo o parou.

— Eu não acredito que vocês ainda estão bebendo - a voz feminina cortou o ambiente, e meu olhar se virou instintivamente para Ello, mas logo me repreendi.

Ela caminhou até nós, trazendo a bebida consigo. Depositou-a com cuidado ao lado de Jaguar, e logo fez um sinal com o dedo para que Mohra se aproximasse. Ele o fez, e ambos foram para longe, onde começaram a discutir algo.

— Eles amam fofocar - Bat comentou, cruzando os braços.

— Não fique com ciúmes, ouviu? - Sequela falou, dando cotoveladas em Ello, e todos riram. Eu revirei os olhos.

Fitei a conversa que ocorria ao longe. Podia ser impressão por causa do que eu tinha bebido - o que, na verdade, era pouco - mas ela parecia menor. Não por ser mais baixa que Mohra, o que era bem verdade (e bem menor), mas parecia mais encolhida, acanhada. Não mais a menina que tinha dito ser o diabo apenas algumas semanas atrás. Esfregava os braços, poderia ser o frio. Pensei em traze-la para perto do fogo. Seu cabelo ruivo perto das chamas deveria adquirir diversas tonalidades, assim como nos jantares, quando as velas a deixavam com o semblante sombrio, porém o cabelo caindo parecendo uma fogueira.

Levantei a cabeça rapidamente e estreitei os olhos ao perceber nas besteiras que estava pensando. Ignorei os devaneios e foquei em Tubarão, que arrastava-se até nós.

Depois de um tempo, Mohra voltou, e perguntou:

— Tem alguém aqui que não esteja bêbado?

Ninguém se manifestou. Eu levantei o braço.

— Deixe-me consertar a frase - ele pigarreou - tem alguém relevante e que não esteja bêbado?

Tubarão gemeu no chão, sem conseguir se levantar.

— Ele serve - Fox falou, e eu me levantei para seguir o marujo.

— O que foi? - questionei, ao chegar até onde se encontravam.

— Já fazem duas semanas desde que explodimos aquele último navio - a ruiva disse, apenas com a luz da lua e da fogueira ao longe iluminando seu rosto - e não passamos por perto de mais nada.

— E qual o problema? - indaguei.

— O problema é que nós nos sustentamos com a mercadoria dos outros - Mohra falou - ou seja, sem navios, sem comida.

— E quanto tempo mais temos de suprimentos? - eu perguntei.

— Falei com Cabeça hoje cedo. Ele acha que mais uns cinco dias - ela me respondeu, e então continuou - tem alguma ideia do que podemos fazer?

— Vocês querem a minha opinião? - olhei com estranhamento - desde quando ligam para o que falo?

— Você e Mohra são os únicos sóbrios, se não percebeu - respondeu-me ironicamente.

— Bem, tanto faz - balancei a cabeça, olhando para trás e vendo os olhos de Ello cravados em nós, enquanto Jaguar segurava Tubarão na borda do navio. Dava tapinhas amigáveis em suas costas enquanto ele vomitava no mar. Ello olhava com os olhos cerrados, ou por causa do escuro ou por tentar entender o que se passava ali. Fiz sinal de espera para os dois perto de mim para poder pensar - bem, se não me engano, estamos perto de Hiah, mas nunca fui muito bom com mapas.

— Há uns três dias de viagem, tem razão - Mohra concordou com a cabeça.

— Portanto descemos na capital, compramos a comida, ou roubamos, seja lá como vocês preferirem, e depois seguimos em direção à fronteira de Maragua - gesticulei com as minhas mãos, e Fox fez uma careta. Mohra logo emendou:

— Podemos mudar a rota, apenas por agora, para abastecermos o Metal Curse. Nem há necessidade de descermos no continente, devem ter navios por perto - justificou.

— Você sabe que eu não gosto de terra firme - ela sibilou - não vejo a civilização desde que pus meus pés aqui pela primeira vez.

Assustei-me.

— Qual o motivo de isolar-se dessa maneira?

— Faremos isso então. Vou mudar a rota - ela disse a Mohra, que saiu vagarosamente. Ele andou até Ello, que o perguntou algo, mas foi logo repreendido. Depois a ruiva virou-se para mim.

Ficou me olhando em silêncio, os olhos cor de mel escuros por causa da noite. Ela cruzou os braços e apoiou-se no corrimão da pequena escada.

— Não pretende me responder? - eu perguntei, arqueando as sobrancelhas e levantando o queixo - ou este será mais um mistério de Sea Fox para o Tomeh tentar desvendar?

Ela abriu um sorriso quase que imperceptível, e olhou um pouco para seus pés. Passaram alguns segundos, a brisa mexendo nossos cabelos, e então fitou-me.

— Ah, Tomeh… - tive o impulso de corrigir seu sotaque, mas não era tão ruim, afinal - eu estaria presa se me soltassem em terra - esticou a mão suavemente para tirar um dos cachos que caía em meus olhos, e eu instintivamente me encolhi - posso estar confinada, porém nunca fui mais livre.

Seus grandes e expressivos olhos me encaravam, e ao mesmo tempo me confundiam quanto a intenção da fala, e eu simplesmente odiava não entende-la naquele momento. Mas afinal… Quando eu a entendia?

Com isso, olhou para o horizonte, algo que não durou mais que cinco segundos. Despediu-se com um aceno de cabeça e voltou para seu quarto.

Ela não era boa apenas com as palavras.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Eu queria fazer esse capítulo pra contar um pouco mais dos Sailors, que eu amo tanto



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