A Raposa escrita por Miss Weirdo


Capítulo 25
Capítulo 25


Notas iniciais do capítulo

RETORNEI
AHAHAHA
RETORNEI DO ALÉM COM UM CAPÍTULO QUE ME GUSTOU MUCHO
Gente, minha desculpa pra mais de 50 dias sem escrever é o intercâmbio. Tudo aqui foi muito louco, muito rápido, muito tudo, e eu precisei de um mês pra absorver, claro. Obrigada pela paciência de vocês ♥
Quem quiser conferir um pouco da minha viagem, eu to postando no meu canal (só tem um vídeo, whatever): www.youtube.com/auimaue
Espero que se divirtam lendo/assistindo!



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— Como fazemos para sair daqui? — a capitã perguntou, de pé.

Olhei de um lado para o outro, me segurando em um tronco de árvore, a respiração pesada.

— Eu não sei.

Ela bufou. Não foi de irritação, e sim de cansaço. Parei um pouco para pensar em tudo o que tinha acontecido nos últimos minutos. 

— Se lembra de qual direção viemos?

— Acho que pela direita, mas não tenho certeza.

— É melhor do que nada.

Começamos a andar. As árvores eram tão frondosas que  não conseguia ver o céu acima de nossas cabeças, apenas alguns filetes de luz davam uma luminosidade suficiente para a terra. Fox parecia muito absorta em seus pensamentos, mas não pude deixar de perguntar:

— Você sabe que os demônios são reais, não?

Ela assentiu vagarosamente.

— Eu sempre soube, Tom. Só não queria admitir.

— Não queria admitir para Mika? Mas ela só queria ajudar — falei, confuso.

— Não queria admitir para mim mesma — mordeu o lábio e se calou.

Encarei seu rosto arranhado e o cabelo bagunçado de ter sido arrastada pela floresta por alguma entidade misteriosa. Sua expressão era de alguém que tinha desistido. Desistido de tentar esconder uma verdade tão escancarada, desistido de mentir para si mesma, desistido de lutar para manter algum tipo de inocência, provavelmente a última que lhe restava.

Eu já havia visto aquela expressão em seu rosto uma vez antes. E aquela vez foi quando se abriu para mim, contando sobre todas as atrocidades que a levaram até seu posto atual no navio. Eu sabia que, se eu quisesse respostas, o momento de perguntar era aquele.

— E não queria por quê?

Respirou fundo.

— Porque, se eu afirmasse que sim, demônios existem, então uma das minhas piores lembranças se tornaria culpa minha. 

— E você está bem em dividir isso comigo?

— Tanto faz. Vamos todos morrer mesmo, não é? — deu de ombros.

Fiquei esperando ela começar a falar, e não pressionei mais. Quando ela quisesse dizer, ela diria, e não deixaria um detalhe faltando.

— Mikaela falou sobre algo que ocorreu num estábulo, se lembra?

— Ah, sim, relacionado a um cavalo. Você me disse que não se dá bem com animais.

— Realmente, não me dou, eles ficam irrequietos perto de mim. Mas, a história não é essa. A última coisa que ela disse, a que me fez perder o controle da situação, que me deu vontade de simplesmente desaparecer, foi relacionado a um estábulo.

— O que houve, um cavalo foi para cima de você ou algo do gênero?

— Quem dera… — suspirou — Sabe como conheci Grier?

— O que Grier tem a ver com isso? — senti um gosto amargo na boca.

— Sabe como? — insistiu.

— Jia me contou — confessei — que seus pais eram amigos, e que viram uma aliança no casamento de vocês…

— Certo — ela interrompeu — você sabe da história que eu preciso que os outros saibam. Agora, a verdade.

— Jia mentiu para mim?

— Não. Ela não sabe do que realmente ocorreu.

Parei para pensar.

— Então vou saber de algo que uma de suas melhores amigas não sabe?

— Eu tinha doze anos — falou, ignorando meu comentário — e vivia em Epícia com meus pais. Nossa terra era bem bonita, e vivíamos numa mansão à beira da praia. Eu ainda me lembro de ver o sol se por no fundo do mar, deixando a madeira vívida como fogo. Era um lugar que tinha cheiro de sal, sabe? — ela riu de canto de boca — Esse cheiro que a gente sente no Metal Curse, enquanto estamos navegando. Eu gostava muito de lá.

— E seus pais te trouxeram para Tiga por quê?

Olhou para o chão por um segundo, sem jeito. Suspirou fundo e simplesmente falou:

— A culpa foi toda minha. Durante os anos, eu culpei as outras pessoas, a natureza, as probabilidades… Mas foi a lua. Aquela maldita lua vermelha. 

— O que a lua vermelha tem a ver com o que aconteceu?

— Ah, Tom, eu nunca soube. Toda vez que ela vinha, eles me trancavam no quarto, desde pequena. Eram dias onde eu ficava presa, me davam um chá para relaxar. Eu questionava, mas apenas engolia, pois algo dentro de mim me dizia que era o melhor para mim.

— Eles quem?

— Meus pais. Os dois sabiam de algo, algo que não podiam compartilhar comigo. Era terrível, mas eu ficava tão grogue que era quase impossível sair da cama. Mas foi assim, quando estava prestes a completar treze anos, que eu soube que o dia havia chegado. Nenhum criado fora me acordar, e isso só ocorria nos dias onde a lua vermelha ia aparecer — engoliu em seco, mas continuou:

— O ritmo pelas manhãs era tranquilo, eu ainda podia perambular pela casa, contando que não saísse para os jardins ou conversasse com as outras pessoas. Eram dias onde eu tentava brincar com bonecas. Tentava. Nem Proi me deixavam ver. Ah, ele era com certeza quem mais distanciavam de mim. Traziam o chá por volta das seis da tarde, quando começava a escurecer. Mas, daquela vez, resolvi não beber.

— E por que não? — perguntei, apesar de já saber muito bem o motivo.

— Porque eu podia não ser a Sea Fox naquela época, mas eu era Belena de Lysem, e do mesmo jeito que eu não aceito que me digam o que fazer hoje, eu gostaria muito de acertar um vaso na cabeça de quem o fizesse seis anos atrás — falou com convicção, e eu esbocei um sorriso.

— E o que aconteceu depois?

— Depois que eu não bebi o chá… Joguei tudo pela janela. Deitei em minha cama, fiquei quieta, esperei meus pais passarem e trancarem a janela e a porta. Foi uma questão de ouvir toda a casa se aquietar, que eu saí da cama. Fui até a janela, mas estava nublado. Não consegui ver nada. Mas, de repente, ela se abriu, e eu me lembro muito bem de pensar em como aquilo era estranho. Meus pais sempre checavam muito bem as trancas — repetiu o mesmo cenho franzido que deveria ter feito na época. Continuou:

— A porta também estava aberta. Eu saí andando pelos corredores, a tapeçaria encobrindo meus passos descalços. Estava tudo bem. Não cruzei com ninguém no caminho, a mansão estava vazia. Fui pela porta dos fundos, a da cozinha para o gramado. Tive um vislumbre do mar, agora escuro por falta da iluminação, mas um pontinho brilhante capturou minha curiosidade.

— Nos estábulos? — supus. Ela assentiu.

— Apenas fui andando calmamente, por algum motivo eu estava bem tranquila. Quando cheguei, lá estava, por um motivo completamente adverso, o filho do cocheiro. Tinha a mesma idade que eu, disso eu me lembro muito bem. Estava montado em um dos meus cavalos, brincando de soldado, e o bicho era sempre tão sereno, nada podia dar errado. Ali era cheio de cavalos, aberturas no teto para dar a luz do sol que eles precisavam. Eu quase havia me esquecido de como eles me odiavam — seu olhar de desgosto se fixou à nossa frente, e esperei, com o coração apertado, enquanto ela respirava fundo:

— O menino me olhou e se assustou. “Marquesa!” havia gritado. Me lembro de ter sorrido e falado que eu adoraria brincar nos cavalos, como ele. O garoto me olhou e falou “é verdade, todos dizem que os animais tem medo de você”. “Medo?” perguntei. “Medo de quê?”. “Eles te chamam de besta” respondeu, como se fosse óbvio “que carrega as sombras dentro de si. É por isso que nenhum bicho fica perto de você, e é por isso que te fazem dormir na lua vermelha”. Me recordo muito bem de ter engasgado, ou algo assim. Por que me chamavam de besta? Por que tinham medo de mim? Mas aquele menino, ah, tinha tanta maldade em sua voz. “Você pode ter todas as riquezas do mundo, milady, mas eu, um garoto pobre, posso andar nos seus cavalos. Você não”.

— Que garoto idiota — sussurrei.

— Eu tinha doze anos, não sabia o que estava fazendo — o ar passou por entre seus dentes — tentei me aproximar, mostrar que os cavalos não me odiavam tanto assim, eu só queria fazer carinho naquele.

Um arrepio percorreu meu corpo quando entendi o que tinha acontecido.

— Ele relinchou tão alto, Tom — cerrou os olhos — eu só percebi que tinha empinado quando o filho do cocheiro já estava no chão, e todos os outros que estavam quietos se uniram à ele, empinando e relinchando, como se fosse uma orquestra sinistra que me fazia querer fugir para o mais longe possível. Finalmente tive um vislumbre da grande e vermelha lua, bem acima de minha cabeça, e um arrepio horroroso percorreu meu corpo. Fiquei desesperada. Tentei tirar o garoto dali, mas o cavalo já tinha começado a pisotear o solo, irrequieto.

Mordi o lábio.

— Naquela noite, a lua sangrou no céu, e um inocente no chão.

— Não foi culpa sua — sussurrei, talvez baixo demais.

— Me lembro de ter ido embora dali em silêncio, entrado pela porta dos fundos e ouvido meu pai correndo para o primeiro andar, devido ao barulho. Ele chamou os poucos guardas que restavam e os mandou ir checar o que tinha acontecido. Subi silenciosa até meu quarto, a camisola branca respingada de vermelho. Deitei em minha cama e esperei em silêncio. Alguns segundos depois, minha mãe apareceu. “Belena” ela chamou. Eu a olhei. Eu simplesmente a olhei nos olhos e ela já sabia de toda a verdade.

— Eu não entendo, é como você disse: você tinha doze anos. Nada ali foi culpa sua.

— O problema, Tom, é que tudo ali foi culpa minha. Eu senti tanto frio naquele momento, tanto vazio. É por isso que me davam o chá. A sutileza daquele arrepio na espinha não assolaria meus pesadelos, e nem minhas noites. Mas eu não sabia. 

— E seus pais te mandaram para Tiga para te aliviar do drama?

— Sim. Precisavam me tirar de perto da minha casa um pouco, antes que todos começassem a comentar. Inventaram a história de que o menino tinha fugido para brincar com nossos cavalos, não sabia como montar e acabou deixando o animal nervoso. E, enquanto o cocheiro e sua esposa enterravam seu filho, eu estava vestindo roupas brilhantes e conhecendo a corte nortenha.

Fiquei em silêncio, sem saber como reagir. O que ela tinha me contado era tão triste, mas ao mesmo tempo tão verdadeiro. Eu já achava que ter matado o homem que a havia torturado aos treze anos era carga demais para ela, mas descobrir que matou um inocente um ano antes era ainda pior. 

— Tom, uma lua vermelha se aproxima — ela gaguejou — eu… Eu não sei o que fazer.

— Fox, eu preciso te contar desse livro — mostrei. Algo me impulsionou a mostrar meu artefato à ela.

— O que você estava segurando quando desmaiou — a ruiva comentou, olhando com cautela, parando de andar.

— Sim — respirei fundo — foi a segunda vez que isso aconteceu, de apagar enquanto o segurava.

— Como assim? — perguntou, se afastando um pouco, mas inclinando a cabeça com curiosidade.

— Eu não sei — suspirei — simplesmente acontece. Eu encosto na capa e ele me leva para outro lugar, como se fosse um pesadelo.

— Não está alucinando?

— Não, porque no fim de cada pesadelo eu reapareço no mundo normal com algum papel, envelope, não sei explicar.

— Isso é bizarro, você deveria jogar no fogo — falou, estreitando o olhar.

— Eu sinto que pode ser importante ainda, não sei. 

Fox então parou um pouco e esticou sua mão até o símbolo dourado da capa.

— O que está fazendo? — falei mais alto do que deveria, lento demais em tirar sua mão dali. A garota já havia recolhido os dedos com um gemido de dor, e de lá passou a sair sangue.

— Se livre disso — sibilou, sem controlar a feição de dor. Ela apertava o local com a outra mão, e algo estava muito errado. Eu já havia visto aquela menina levar cortes de espada mais profundos do que simplesmente encostar a mão em um livro.

Foi então que perdi a consciência mais uma vez.

Não fiquei surpreso quando acordei em uma sala muito bem arrumada, iluminada por diversas velas e criados correndo de um lado para o outro.

Era uma biblioteca, como pude confirmar pelas infinitas estantes cobertas por diversos títulos que cobriam o enorme salão. Pessoas espanavam tudo em uma bagunça silenciosa. Foi quando alguém passou pelas portas de madeira do cômodo.

— Saiam todos — sussurrou, mas sua voz foi suficiente para cobrir todo o local. Os criados abaixaram suas cabeças como soldados e saíram dali apressadamente.

A mulher, com a cabeça erguida, entrou calmamente assim que todos a deixaram só. Seus sapatos faziam barulho no chão de madeira, e cada passo me dava um calafrio diferente. Seu rosto continha feições nobres, com o nariz fino e os olhos amendoados, cabelo cor de chocolate preso em um coque, boca rosada. Tinha a aparência doce, mas a inquietude que me causava apenas me dava a certeza de que não se deve julgar um livro pela capa.

Todo o seu ser parecia exalar um conhecimento impressionante. Entortei um pouco a cabeça enquanto ela andava de um lado ao outro da sala, analisando as prateleiras, procurando exatamente pelo que precisava. Estreitou o olhar em um dos títulos e o puxou.

Começou a folhear, e eu logo percebi ao me aproximar que não se tratava de um livro comum. Vários desenhos enfeitavam as páginas, como se fosse um diário, e a mulher passava as folhas rapidamente, como que procurando por algo.

— Não, não — boquejou, notando algo de errado — nunca vou conseguir isso a tempo…

Levou o livro consigo para uma mesa, puxou uma das gavetas e passou os dedos pelos diversos frascos de vidro que ali estavam.

— Eu poderia substituir, talvez — ponderou, puxando um dos recipientes com a mão e se aproximando de uma vela para refletir melhor. Comparou o desenho com o conteúdo verde azulado, mas logo balançou a cabeça negativamente.

— Minha dama? — um homem abriu a porta levemente, fazendo a mulher suspirar com o susto.

— Sim, Conde Harbert? — respondeu, o tom de voz afinando levemente.

— Estão todos se questionando sobre sua presença no salão — o homem bem vestido deu mais um passo para dentro da biblioteca, e sutilmente a dama escondeu o frasco de volta na gaveta.

— Eu quis apenas vir para um lugar mais calmo, você me conhece — endireitou a postura e deu um sorriso tímido.

— Mas todos querem ser agraciados com sua beleza, eu principalmente. É o baile de seu pai, afinal — arqueou as sobrancelhas, como se num intuito de ser atraente, mas o que apenas lhe conferiu um olhar patético.

O homem estava longe demais para ouvir o arfar cômico da mulher.

— Não se preocupe. Quando nos casarmos daqui duas semanas você será agraciado todos os dias — falou, a voz envolvente.

— Mal posso esperar. Quer que eu te acompanhe novamente até o salão?

— Já vou, deixe-me apenas organizar a bagunça que fiz — riu, sem jeito.

— Os criados podem fazer isso por você — o homem, mais velho que ela, olhou com desdém.

— Oh não, prefiro eu mesma saber onde coloco meus livros, muito obrigada — respondeu, sem parecer muito convincente, então reafirmou — pode ir, não se preocupe. 

O conde pareceu relutar, mas assentiu e se foi. A feição da garota mudou completamente, um olhar de asco. Voltou ao que estava fazendo.

Não demorou muito, batidas na porta de vidro atrás de si a interromperam. Dessa vez não se assustou, apenas virou-se para abri-la, deixando que o homem na sacada entrasse. Ele não o fez.

— Tem o que pedi? — perguntou, caminhando para dentro da noite fria. Quando saí junto dela, me assustei.

— Estão mortos, e o envelope está aqui — disse o mesmo homem da minha última visão, o loiro barbudo que tinha assassinado o casal.

— Então me dê, rápido. Tenho que voltar para o salão, estão perguntando por mim — sem paciência, cruzou os braços e ergueu o nariz.

O loiro puxou o casaco chumbo e tateou o bolso interno. Foi questão de segundos até perceber que não havia nada ali, e sua feição mudar completamente.

— O que foi? — a dama perguntou.

— Não está aqui — respondeu, irritado, checando o outro bolso, e conferindo que também estava vazio.

Tateei meu próprio bolso e senti o papel pinicar minha perna. Não era possível.

— Você não tem minha encomenda? — parecia incrédula.

— Sim, é claro que tenho, eu segurei aquele envelope em minhas mãos!

— Fale baixo — sibilou, nervosa, e levou uma das mãos a testa — sabe o que isso vai me custar? Seu idiota, me causou um prejuízo enorme!

— Mas estava comigo — o mercenário fez questão de afirmar.

— Estava! Se o envelope não foi entregue nas minhas mãos, o serviço não está completo.

— O que quer dizer com isso?

— Quero dizer que você não vai receber seu dinheiro.

— Como? — estreitou o olhar, e logo mostrou a faca ainda manchada de sangue para a mulher — eu cravei isso nas costas de uma garota porque você me pediu um papel estúpido e tinha rixa com o marido, e vou ter feito isso de graça?

— Eu tenho o que pedi? — respondeu. Era quase ridículo uma criatura pequena como ela enfrentando tão avidamente um homem tão grande, mas a dama era tão ameaçadora quanto qualquer assassino.

— Eu exijo metade do pagamento.

Ela bufou, revirou os olhos e ponderou por um momento.

— Necessito de outro serviço.

— Você quer que eu mate outro inocente para não receber nada em troca mais uma vez? — sibilou.

A dama caminhou até a mesa novamente, onde pegou o livro e caminhou até o homem. Apontou para um desenho.

— Eu preciso disso — bateu suas unhas ali algumas vezes — e preciso logo.

— Logo quanto?

— Lua de sangue.

Ele riu, como se fosse piada.

— Você está louca? A lua de sangue é em dois dias, nunca vai dar tempo.

— Se você me trouxer isso até a manhã da lua vermelha, pago cinco vezes mais do que o serviço anterior.

O mercenário arregalou seus olhos, impressionado. Pensou um pouco, mas seja lá qual fosse a quantia anterior, devia ser coisa grande.

— Um prazer fazer negócios com você.

A mulher olhou ressabiada, mas logo assentiu com a cabeça.

— Você tem dois dias.

Fechou a porta atrás de si.

Folheou o livro, procurando por algo. Arrancou uma das páginas e a deixou na mesa, onde desenhou algo em um papel diferente, não pude ver. Correu para a porta da frente, carregando o livro consigo, e assim que a abriu, chamou um dos guardas.

— Quero isto gravado na capa de meu livro, rápido — ordenou, e antes que o homem pudesse sair, segurou seu braço — ah, e avise que quem tentar abrir estas páginas terá um fim horroroso.

O homem partiu, deixando a garota só. Arrumou seu vestido cor de carmim, ergueu a cabeça e abriu um lindo sorriso, caminhando até o salão.

Voltei à mesa, curioso, e encostei no papel.

Acordei assustado com um tapa na cara de Batata. Ele me encarou por uns instantes, e logo avisou:

— Está acordado!

Descobri que estavam todos ao meu redor. Eu estava na sala da minha casa. Mika, atrás de mim, Batata ao meu lado, os Sailors se movendo mais rápido do que minha cabeça grogue poderia afirmar, e Fox, mais distante.

— Como vim parar aqui? — sussurrei, pondo a mão em minha cabeça. Eu estava no sofá.

— Fox te arrastou até a saída da floresta, e foi quando vimos pela janela e corremos para ajudar — Sequela me contou.

— Pelo tempo que vocês ficaram lá e pelo estado que te vi aparecer arrastado, pensei que Fox finalmente havia te matado — Mohra completou.

— Confesso que eu tinha gostado da ideia — Garra deu de ombros.

— E ela também contou sobre o livro que você guarda consigo — Mika cruzou os braços, pensativa — tem algo para nos contar sobre sua última visão?

Respirei fundo, passei a mão por minha testa e tentei me sentar. Olhei nos olhos de cada um deles.

— Algo vai acontecer nessa lua vermelha.

 

Cuidado com sua sombra”


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Notas finais do capítulo

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