A Raposa escrita por Miss Weirdo


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Vim aqui com o segundo para vocês, minhas rosquinhas =D
E não, eu não tenho ordem para postar, isso porque estou no mês de provas da minha escola, o que significa full time studying, mas dá pra me achar sempre no face.
Obrigada pelos comentários amorzinhos do último capítulo, eu adorei responder todos eles :3
~Boa leitura~



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— Muito bem, Cabeça, conseguiu seja lá o que você precisava? - Fox falou, andando até ele. Eu tentava me recuperar, atônito, de todas as vidas que ela tinha acabado de tirar.

— As batatas? - ele bradou, e logo levantou um saco abarrotado - peguei várias!

— Eu podia jurar que era milho - Mohra respondeu.

Apesar de escuro, consegui ter vislumbres de Cabeça. Ele era alto, como todos os outros. Gordo, tinha algo de metal na cabeça que reluzia perante as luzes fracas, e se eu não estava enganado, segurava uma faca com a mão esquerda.

— Batatas? - gritou Garra, atrás de mim - conheço apenas uma, e ela é irritante e anda! - deu um empurrão em alguém. Ouvi um xingamento. Aparentemente, era um outro cara, chamado Batata. Ele era magro e tinha um implante no lugar de seu braço esquerdo.

Eram muitos homens andando de um lado para o outro, e todos pareciam a mesma coisa: grandes, defeituosos e assustadores. As sombras que reluziam no chão me faziam lembrar de bestas, pois eram disformes e fora do comum, como nas histórias que minha mãe contava. Criaturas assustadoras que podiam ser encontradas nas grutas mais ao norte de Tiga, no círculo proibido, onde ninguém podia entrar. Bem, eram apenas lendas.

“Oras, mas essas pessoas não eram apenas lendas também?” questionei-me, mas logo sacudi a cabeça em desaprovação.

— Ei, novato - Mohra parou na minha frente, tirando-me de meus devaneios - vou te mostrar onde dormimos.

Eu o segui até uma grande escotilha de metal - e coloque grande nisso. Ela foi aberta pelo homem a minha frente, que puxou a maçaneta para cima. A escada era larga, e eu o segui até o breu.

— Pegue o lampião em cima daquela mesa - ele ordenou, mas eu não podia ver nada que a lua não iluminasse. Como eu não pretendia questiona-lo, afinal, ele tinha dois metros de altura, tateei em vão por um tempo, até trombar em um toco. O lampião estava perfeitamente no centro, e achei fósforos em conjunto. Acendi-o.

Quando me virei, Mohra estava segurando um pano vermelho.

— Não temos cama pra você, as doze já estão ocupadas - falou, e sua expressão era completamente vazia - não me importa, você é pequeno cara, pode dormir nessa rede.

Ele a entregou pra mim e se virou para ir embora, como em um gesto de “se vira”. Muito amigáveis e receptivos, esses guerreiros marítmos.

E eu tinha 1,80. Eu não era pequeno.

Me virei para prende-la em qualquer estrutura que encontrasse, só que estava difícil de ver. Apontei o lampião por todas as direções daquela sala, andando sem rumo. As camas estavam todas com a cabeceira encostada na parede, eram seis de cada lado. Baixas, deixavam um corredor de um metro e meio ao centro. Cheguei na parede do fundo, e descobri alguns ganchos aleatórios, e decidi - como se eu tivesse alguma escolha - que minha rede ficaria ali.

Voltei para as escadas, subi, e encontrei todos os marujos andando apressados de um lado para o outro, carregando diversos sacos com coisas. Eles separavam tudo em pilhas - comida, joias ou armas - e logo, se reuniam no meio. Fox não estava no meio de nenhum deles, e eu aproveitei para dar uma volta pelo convés e tentar conhecer tudo - não que eu tivesse muito para conhecer.

Olhando para a proa, uma cumprida lança de metal apontava para fora da água, provavelmente ultrapassava em uns três metros o limite do navio. Ela era grossa e bem afiada. Tudo era cheio de grandes e robustos mastros de madeira, com velas para todos os lados. Caixotes de madeira também estavam espalhados aleatoriamente, junto com barris, e na diagonal à direita tinha um piano solitário.

Cordas no alto, presas a ganchos no chão, guardavam caixas no superior em redes.

Já a popa tinha uma escada, com uns cinco degraus, que levava a um convés superior, com uma estrutura de madeira côncava, que dava para ver o leme de onde eu estava. Já era mais difícil de enxergar o que vinha depois, já que a lua estava minguante e não iluminava como deveria. Fiquei irritado, pois nenhum daqueles homens se importava com, eu não sei, ver. De qualquer maneira, era uma estrutura alta, com uma sacada, e tinha uma fresta de luz vindo do que poderia ser uma cortina. “Provavelmente o quarto dela” pensei.

Andei até a ponta do navio, onde tinha a grande lança, e ninguém pareceu notar minha presença. A estrutura onde ela estava apoiada era grande, terminava no meu peito. Apoiei-me ali, respirei fundo e deixei o vento balançar os cachos para longe de meus olhos.

Respirei fundo, pensando no que eu tinha me metido. Aquilo tinha sido fácil demais. Ali só tinham grandes homens, de coragem completamente inquestionável, e eu não passava de um magrelo com boa lábia e uma mente que funcionava rápido.

“O que você está fazendo, Tomeh? Você não gosta de matar pessoas” cerrei os olhos. Gotas de água me molhavam, mas era boa a sensação. Esfreguei meus olhos para poder enxergar novamente. Estávamos navegando de volta ao Mar Branco, o sentido contrário de onde meu antigo navio destinava - Abaur, ao sul do Mar dos Corais.

Meus pensamentos voaram livremente, e sem perceber eu voltei a pensar em meus pais, que estavam em Tiga, o extremo norte. Balancei a cabeça, tentando esquece-los. Ela doloroso demais.

— Ei, novato! - berrou uma voz grossa. Me virei rapidamente, fugindo de meus devaneios, e encontrei Garra - se quiser comida, tem que vir até nós. Ninguém aqui é seu escravo - bufou, deu as costas e foi andando.

Aquele garoto me estressava.

Uma mesa havia sido montada. Era grande, onde cabiam todos eles, que já estavam se sentando. Velas iluminavam tudo, e a comida já havia sido posta. Frutas, batatas - diversas batatas - e o que eu esperava ser carne. Jarras com vinho estavam espalhadas, e as taças eram grandes. No canto oposto à grande cadeira vermelha acetinada - com certeza pertencente à capitã do navio - havia um lugar sobrando, obviamente para mim. Me sentei, ao lado de quem reconheci ser Batata.

— Qual seu nome? - perguntou o que eu não conhecia.

Me apresentei, fazendo questão de pronunciar meu nome do jeito que ele era realmente era pronunciado, sendo forte no final. Tomé, e não Tomei. Ele repetiu corretamente, assim como Batata, e torci o nariz ao me lembrar de Fox o dizendo erroneamente.

— Eu sou o Tobias - falou, com um sorriso simpático. Ele era mais baixo e mais agitado que os outros, percebi, sempre titubeando os dedos pela mesa. Sua aparência me lembrava os homens de Hiah, com cabelo e pele escura, talvez até pardos, e olhos pequenos.

De repente ouvimos o barulho de uma porta batendo, e todos se ergueram. Eu os imitei. Suas colunas estavam rígidas, e eles levantavam as mãos quase que em sincronia. Já entendi o que ocorria, era Fox que estava se aproximando. Imitei a garra pelo olho direito enquanto a menina ruiva chegava. Ela se sentou, e todos se acomodaram em seguida.

— Ah, Cabeça, quantas batatas - ela comentou, e todos riram. Foi uma espécie de sinal para que se servissem, e um tipo de disputa pelos pratos começou. A conversa deles era alta, exagerada, e além de brigarem pela comida, brigavam para ver quem seria ouvido.

Não era ruim, mas também não era boa, aquela gororoba. As batatas estavam sem sal, secas, e a suposta carne tinha sangue demais. Bem, pelo menos ali tinha comida para todos.

Saciei-me com um prato apenas, e vi enquanto todos aqueles homens repetiram. Uma vez. Duas vezes. Três vezes. Ao final da refeição, a conversa já era menos barulhenta, como se o cansaço começasse a abate-los.

— Sailors! - Fox gritou, levantando-se. Todos se silenciaram e encararam-na - devem ter percebido que temos um novato, sim? - ouvi alguns risos, e senti-me incomodado. Oras, o que tinha de engraçado sobre mim? - muito bom. Salvamos o pobre Tomeh - falou meu nome do jeito errado, e revirei meus olhos - do navio de hoje. A princesa quase suplicou para fugir da morte, alegando serem planos do destino. Deixe-me lhe contar algo, Tomeh - a luz das velas davam uma beleza excepcional a seu rosto, criando vários tons diferentes de laranja em seu cabelo. Ela deu um sorriso irônico - eu não acredito em destino.

Seus marujos começaram a bater na mesa com força e a pisotear o chão, enquanto davam gritos de loucura. Ou eles eram histéricos ou o vinho em excesso os havia alterado.

— Largue de discurso, Fox! - gritou alguém do meio - sabemos como gosta de palavras, mas pule para a parte divertida!

Ela balançou a cabeça, com uma risada, tomou um gole de vinho de sua taça e concordou.

— Tudo bem, tudo bem, vocês sabem que faço tudo por vocês. Muito bem, menino! - ela olhou diretamente para mim - se você for esperto, deve ter imaginado que para fazer parte dos Sailors, baboseiras sobre o destino são um pouco… Simples, não?

Oh céus. Eu havia imaginado. O que ela planejava?

Ou melhor: no que eu tinha me metido?

— Certamente meus homens são os mais corajosos - ela desembainhou sua faca, enquanto eles gritavam - mais fortes - apontou-a para o alto - e mais temidos de todo o mundo! - eles não se continham, dando murros na mesa e gritos altos. Ela olhou satisfeita para o pequeno exército de bêbados que tinha no momento - temos que saber se você é digno de estar no meio deles, não acha?

— Ande! Fale logo! - gritou outro, animado. Algo em sua agitação não me agradava.

— Oras, não me apressem - ela jogou as mãos para o alto, indignada - Ah, tanto faz. Amanhã, Tomeh, você passará por um teste. E, como qualquer teste, você pode passar - ponderou, olhando para um lado da mesa, ao som das diversas vaias - ou falhar - sorriu ironicamente, cravando a faca na mesa. Seus marujos urravam - o que é muito mais divertido.

Arregalei os olhos, incrédulo. Meu coração parecia um acrobata, fazendo diversos saltos em meu peito.

— A você, uma espada será concedida. Lutará contra um dos meus marujos, o que for sorteado. Infelizmente, qualquer um deles pode arrancar seu coração em questão de segundos, não existe sorte nesse quesito - deu de ombros, e então me encarou seriamente - mas é claro, você não é obrigado a lutar. Pode caminhar pela prancha e se livrar desse problema, a escolha é sua - logo que acabou, deu um sorriso cínico. Levantou sua taça e gritou - Agora, um brinde a Tomeh, e a sua provável última noite - todos os marujos brindaram com ela, enquanto eu encarava atônito. A menina virou o líquido todo de uma vez em sua boca, bateu a taça na mesa ao acabar e limpou a boca com a manga da blusa.

Olhei perplexo, imaginando que minha expressão era de surpresa, pela primeira vez em tempos.

— Onde está seu destino agora? - ela abriu os braços. Com isso, reverenciou os Sailors, que gritavam “Sea Fox” de maneira confusa e histérica, e foi embora para seu quarto.


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram? Foi divertido? Foi uma porcaria?
Sintam-se livres para comentarem o que acharam, me mandarem MP com xingamentos, gente, eu amo interagir :3