A Raposa escrita por Miss Weirdo


Capítulo 19
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

MUITOS DE VOCÊS ESTAVAM CERTOS SOBRE COISAS QUE ACONTECERÃO NESSE CAPÍTULO
Eu só queria dizer isso mesmo :3
E galera, eu tenho um big comunicado pra fazer: eu passei em uma prova que eu tinha feito quarta-feira, e o resultado chegou sexta. Isso significa que eu vou passar seis meses na Espanha.
TO MUITO FELIZ :D
E tipo, como eu sou bem mediana no espanhol, o esforço na escola vai ser triplo, o que pode prejudicar a escrita. Claramente a viagem seria só em agosto ou setembro, só que eu não sei quantos meses eu ainda vou precisar pra escrever AR. Mesmo assim, eu não vou abandonar ninguém, porque eu amo vocês demais ♥
Bom capítulo! Ele é cheio de revelações :p



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/656554/chapter/19

— Eu quero ver sangue! - Tubarão grunhiu, enquanto balançava seus braços, esticando-se.

— Só se for o seu - riu Tobias, movimentando sua espada.

A luz do sol refletiu na lâmina deles e atingiu meus olhos, fazendo-me esfregar o rosto. O dia estava fresco, era fim de tarde, e o baile seria no dia seguinte. Estávamos sentados no gramado, prontos para lutar igual fazíamos no navio. A diferença era que ali não havia o constante risco de cairmos no mar.

— Eu quero rum - Bat cruzou seus braços, cansado.

Eu o olhei, e apenas assenti.

Enquanto os dois homens desferiam-se golpes aleatórios, eu acabei me perdendo no céu azul. Deitei na grama e respirei fundo, ouvindo o som das espadas se chocando e dos outros rindo e fazendo piadas, e esperei que a brisa fraca me levasse de volta ao Metal Curse. Ainda não pisávamos no convés, mas ter a certeza de que sim, retornaríamos, já era reconfortante o suficiente.

— O que vocês estão fazendo? - uma voz doce questionou, e eu me virei rapidamente. A menina de cabelos negros e cacheados se aproximava, o vestido arrastando na grama.

— Estamos vendo eles lutarem, o que lhe parece? - ironizou Mohra, irritado.

Eu lhe lancei um olhar de desprezo, e os outros deram umas risadas fracas. Evanna corou, mas logo se sentou ao meu lado, olhando os dois.

— Por que ele foi grosso? - ela sussurrou.

— Mohra está sentindo falta do mar, Lady Evanna, apenas isso - eu lhe assegurei.

— Isso não é desculpa para tratar os outros mal - ela respirou fundo - aposto que ele não duraria dois dias nesse palácio. É cada coisa que somos obrigados a ver, ouvir e continuarmos calados… 

— Eu imagino - comentei, apesar de que, na realidade, eu não tinha a menor ideia.

— Não, não imagina - ela terminou, e eu percebi que não deveria continuar aquele assunto.

Naquele segundo, Tobias deu um chute em Tubarão, que caiu no chão. Ele se virou para nós e fez uma reverência:

— E é assim que se derruba… Lady Evanna? - ele questionou, surpreso, enquanto olhava para ela. A menina sorriu e assentiu com a cabeça, enquanto o marujo sorria também, distraído. Aquele foi o momento em que Tubarão se ergueu e jogou-se sobre ele, e logo em seguida os dois saíram rolando e grunhindo.

Evanna parecia estranhamente calma com tudo aquilo. Costumeiramente, garotas ficavam impressionadas com lutas, cobriam os olhos, ficavam enojadas, se abanavam… Ela não. Fitava fixamente, prestando atenção a cada golpe, um sorriso até que sádico em seu rosto. 

— Ele está fazendo errado - ela disse, mais para si que para qualquer outra pessoa poder escutar.

— Perdão? - não contive minha curiosidade.

— Vê como Tubarão só ataca pela esquerda? Está deixando o lado direito aberto, para que Tobias, se for esperto como eu imagino que seja, perceba e…

Naquele segundo Tobias virou-se rapidamente e acertou a parte chata da espada na lateral de Tubarão, que caiu de joelhos enquanto segurava o local, respirando pesadamente.

— Como sabia disso? - eu perguntei para ela, que apenas deu de ombros.

— Não acredito que vocês estão lutando sem mim - a voz familiar da ruiva preencheu o ambiente. Ela estava acompanhada do regente, que nos olhava com estranhamento.

— Capitã, que surpresa vê-la perto de nós - Jaguar disse, deitando-se na grama.

Ela fitou-o daquela maneira assassina, e eu senti o calor dentro de mim que sempre me recordava do navio.

— Tubarão, me dê essa espada - ela bufou.

O marujo, que estava caído e ainda com dificuldades para respirar, esticou a lâmina para que Tobias a alcançasse e entregasse a ela.

Fox a pegou, esticou os braços e o pescoço.

— Tem certeza de que quer fazer isso? - Grier questionou, segurando seu pulso - pode estragar seu vestido. Damas não devem lutar.

Evanna, ao meu lado, riu ironicamente.

Fox puxou seu braço para longe do garoto.

— Ainda bem que não sou uma dama - e sorriu cinicamente.

Prendi o ar de meus pulmões para evitar que começasse a rir ali mesmo. Outros marujos não foram tão bem sucedidos como eu, Mohra por exemplo já rolava na grama enquanto abraçava o estômago. No entanto, seu riso não era de comédia, era completamente sarcástico, mostrando a Grier que ele até teve a ruiva primeiro, mas ela ainda era uma pirata.

— Quem vai me desafiar? - perguntou, abrindo os braços.

Ao ver que ninguém mais responderia, sorri e me levantei.

A menina riu, divertida:

— Vai ser fácil.

— Espere para ver - eu respondi, puxando a espada das mãos de Tobias.

Fiquei de frente para ela, e bloqueei tudo o que não fôssemos nós. Não podia me dar ao luxo de perder, aquele momento era essencial, o que eu estava aguardando a tanto tempo, vê-la ser quem realmente era, a selvagem ruiva que sentia prazer em arrancar a cabeça de alguém. Quem iria vivenciar seu retorno seria eu.

Sem o aviso prévio, ela veio para cima de mim, e eu bloqueei com minha espada. Tentei atacar, mas Fox desviou, já rodopiando para a próxima investida. Fui para o lado, deixando que ela errasse a mira, e logo tentei atacar novamente.

A cada vez que eu me aproximava de acertá-la com minha espada, era possível ouvir Grier arfando. Ele obviamente estava tenso, não tendo ideia dos estragos que sua falsa boneca de porcelana causava nos outros. Era até triste vê-lo encarar a realidade, que a menina não era perfeita. Não… Ela não era perfeita para ele.

Sua lâmina passou de raspão em meu braço, fazendo com que um arrepio subisse por meu corpo. Aquilo me atrasou na hora de me virar, dando vantagem para Fox, que me acertou na lateral do corpo.

Cambaleei, indo para trás, e percebi que ela se distraiu com isso. Aproveitei o momento para contra-atacar, fazendo com que minha espada rasgasse a manga de seu vestido. Ela tomou um susto, e ao perceber que o rasgo estava atrapalhando seu rendimento, puxou o resto do tecido.

Evanna começou a bater palmas para isso, e eu estava tendo dificuldade em entender qual o motivo dela gostar tanto de quando a capitã desafiava as regras de etiqueta.

Parti para cima de Fox, a espada pronta na direita. Eu já havia aprendido seu estilo de luta, e a surpreendi quando mudei a espada para a esquerda, a desestabilizando. Ela não teve tempo o suficiente para trocar a lâmina de lado, então eu rodopiei e, quando estava atrás dela, a derrubei.

Fox, já no chão, deu um chute em minha canela, e quando eu fui tirar a perna dali, ela aproveitou para me derrubar também. Aquilo me lembrou de uma de minhas primeiras noites no navio, quando a ruiva me ensinou a lutar no convés do Metal Curse. Nós havíamos caído no chão, ela pressionava a espada em meu pescoço, e eu havia roubado a faca de sua bainha para a ameaçar pelas costas. Consideramos aquele dia um empate.

Naquele momento, não tínhamos um empate ainda, até que eu fui mais rápido que ela. Puxei sua espada e a joguei para longe, mas enquanto eu fazia isso, a menina pegou a minha, no chão, e se postou sobre mim, com ela em meu pescoço.

— Acho que eu venci - riu, vitoriosa.

Mas a mão que apoiava a lâmina sobre mim me chamou atenção. Um brilho fraco veio de seu dedo:

— Você usa o anel que eu te dei? - sussurrei, encantado.

Ela puxou as mãos para escondê-las, corando.

— Bel? - a voz de Grier ecoou, enquanto ele vinha até ela - você está bem? Seu vestido está em frangalhos!

— Compremos outro - ela disse, enquanto ainda me olhava. Eu tinha um sorriso bobo em meu rosto. O regente olhou-me, e ela depois, e depois me fitou novamente. Seu olhar não era tão amigável como sempre, o que fez com que eu virasse o rosto para os marujos.

— Você levou uma surra - Tubarão riu.

Fox saiu de cima de mim e seguiu Grier para dentro do castelo, o que me deixou decepcionado. Porém, ela estava errada. Não havia sido ela a vencedora. Ao ver aquele anel em seu dedo, o vitorioso era eu.

.

Naquela noite, após o jantar, eu estava indo para meu quarto, quando vi Fox caminhando, indo para o dela. Corri para encontra-la.

— O que faz aqui? - ela perguntou, surpresa, ao me ver.

— Eu não sei, para falar a verdade - ri, enquanto passava a mão no cabelo.

— Bem, fico feliz que veio - ela começou a falar, mas eu logo interrompi:

— Você o quê? - e a encarei maliciosamente.

— Não! Digo, sim, mas não dessa maneira… Eu… - eu ri enquanto ela ficou confusa, procurando as palavras certas.

— Tudo bem - falei, fazendo-a ficar calada - eu entendi. Mas agora, por que você disse que fica feliz com minha presença?

— Bem… - ela falou, enquanto caminhávamos pelo corredor até seu quarto - é sobre ontem.

Recordei-me que, no dia anterior, a ruiva havia brigado comigo por causa de Jia. 

— Eu percebi que não lhe dei a chance de se explicar. Muita coisa pode ter acontecido, mas eu fiquei tão cega pela raiva que não terminei de ouvir o que você tinha para dizer.

— Ainda bem que está me dando a chance de lhe falar o que realmente aconteceu - eu disse, aliviado.

— E o que aconteceu?

— Nada - eu afirmei, mas tratei de consertar - bem, em partes. Você viu a única coisa que ocorreu entre nós.

— Vocês dois se beijando e quase sem roupa? Reconfortante - ela revirou os olhos.

— Eu a afastei logo em seguida! - me exaltei - acabei por descobrir que a garota tem problemas no casamento. Mas fora isso, porque tanto lhe incomoda que nós dois estivéssemos nos beijando?

Ela ficou calada um instante, sem olhar para mim. Eu ansiava pela resposta, sem saber exatamente o porquê.

— Jia é minha amiga de infância, assim como Hyn. Não é certo vê-la traí-lo, ainda mais com você.

— Por que comigo? - questionei.

— Você é tão correto, Tom. Sempre prezando pelos outros… Não é certo fazer isso com Hyn.

— Tem certeza que este é o único motivo?

Ela me fitou, os olhos me vasculhando, como se tentando desvendar o que eu estava insinuando. Dessa vez, o misterioso era eu.

— Por que você usa o anel que te dei? - perguntei.

— Você usa o colar que lhe dei - ela respondeu.

— Uso, mas não foi você que me deu. Eu o tomei em uma aposta. O anel eu lhe entreguei de livre e espontânea vontade.

— Você disse que era importante… O anel de noivado de seus pais. A última lembrança que tem de seu pai antes de ele desaparecer.

— Mas é só por isso que você usa? - eu questionei, e ela ameaçou responder, mas prossegui - eu quero a verdade.

E então ela não disse mais nada. Parou em frente a porta de seu quarto, cruzou os braços e encostou ali, me fitando. Eu não sabia mais o que dizer, já havia feito perguntas demais, e estava na hora de receber algumas respostas.

— Já lhe disseram que você faz perguntas demais? - ela falou calmamente.

— Sim, você diz isso o tempo todo - falei, enquanto me aproximava dela.

Coloquei a mão em seu rosto, e deixei que o silêncio, sempre tão comum entre nós, tomasse conta do ambiente. O vento batia nas janelas do corredor, fazendo um chiado suave, e a luz crepitante das velas nas paredes davam diversas tonalidades ao seu rosto, deixando seu cabelo mais vermelho que o comum. Ela fechou seus olhos, respirando pausadamente, e meu coração se acelerou.

— Bel? - a voz do regente ecoou no corredor, fazendo com que déssemos um pulo e nos separássemos. 

— Grier? Estou aqui - ela chamou, cerrando o cenho.

— Sim, eu percebi - ele respondeu, enquanto andava até nós, carregando uma capa preta em suas mãos. Ao chegar perto de nós, fez um aceno de cabeça para mim, que retribuí.

— O que quer? - ela perguntou, a voz ríspida.

— Estava indo para meu quarto quando encontrei as amas carregando esta capa, vindo até aqui. É o vestido que você deverá usar no baile amanhã, elas me disseram. Eu disse que traria até você.

— Ah, claro - ela assentiu, pegando-o - obrigada.

— Bel, talvez não leve o que eu tenho a dizer em consideração, visto que você costuma ignorar o que os outros falam - ele riu nervosamente - porém amanhã será um dia exaustivo. Sugiro que vá dormir.

— Sim, eu vou - ela falou, e Grier puxou sua mão para beijá-la. Fox se virou para mim, e sem dizer mais nada, entrou no quarto.

Virei-me para ir embora, e o homem me acompanhou.

— O que faz aqui? - o regente perguntou, enquanto caminhávamos novamente para o hall do palácio.

— Vim trazê-la até o quarto - falei, dando de ombros.

— Não, eu quero saber a verdade - ele disse.

— Acha que eu teria a audácia de mentir para o regente de meu país? - questionei.

— Então você é um cidadão de Tiga? Interessante…  - e então começou a falar em Gher - Cidadão, pode me dizer o que nós fazemos com traidores?

— Nós os prendemos, senhor - eu respondi.

— Sim, nós os prendemos - ele concordou.

— Me desculpe, eu não estou entendendo onde você pretende chegar.

— Estou dizendo que você me traiu, Tomeh - Grier falou calmamente.

— Como? - me exaltei, parando de andar.

— Ao persuadir Belena a gostar de você, marujo, você me traiu.

— Fox não gosta de mim, ela é minha capitã, e é livre para fazer as escolhas que bem entender - eu disse, nervoso, enquanto a máscara do garoto caía.

— Ah, mas ela já me escolheu - ele riu - Belena apenas não sabe disso ainda.

— Você é doente - concluí, enquanto o olhava com nojo.

— Doente não - ele negou veemente - um governante que segue as leis de seu país. Guardas! - gritou, e três deles se aproximaram, armados e ameaçadores - prendam este homem, e não deixem que ele veja a luz do sol nunca mais.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

GENTE, TO SÓ RELEMBRANDO AQUI DO MEU TUMBLR DE AUTORA:
www.missweirdonotes.tumblr.com
Espero que tenham gostado do que leram :p



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Raposa" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.