Sentiu-se a garota mais humilhada e fraca possível. Em um canto daquela quadra quase inabitável, estava Luna Kannenberg, a garota popular e influente da escola local.

A caixa de lenços ao seu lado estava vazia, já era a segunda que esvaziava em menos de quarenta minutos. Seu nariz estava vermelho, seu rímel borrado e as maquiagens da Mary Kay estavam espalhadas pelo chão. O celular, no seu colo, mostrava mensagens que faziam todas aquelas lágrimas descerem subitamente.

Luna não era uma garota acostumada a chorar, talvez o fizesse quando o pai negava dinheiro, mas jamais chorava por homens ou qualquer coisa que os envolvessem.

Mas daquela vez foi diferente.

— Por que está chorando? — a pergunta pegou-a de surpresa e suas lágrimas retraíram-se por alguns segundos, mas novamente voltaram a cair quando percebeu que era Jimmy.

Com a presença do garoto, os soluços tornaram-se mais altos e o choro mais urgente. Havia certo desespero em suas mãos trêmulas e seu rosto encharcado.

Qualquer um que enxergasse Luna naquele estado, certamente ligaria correndo para a ambulância, corpo de bombeiros e polícia. Entretanto, Jimmy não fez nada daquilo, pois não encontrou nenhum hematoma, nenhum fogo e nem mesmo algum bandido ou assassino.

— Está me deixando um pouco… nervoso. Diga por qual motivo está chorando — pediu ele, dando leves e desajeitados tapinhas nas costas da garota.

Ela o alcançou o aparelho que tinha em seu colo. O celular ainda tinha a tela ligada e a mensagem parecia gritar.

“Acho que as pessoas deveriam conhecer o corpo maravilhoso da maior vadia da escola”, dizia a mensagem.

Logo depois dela, haviam diversas fotos de Luna, seminua ou totalmente nua.

— Quem é Nikki? — perguntou Jimmy, calmamente.

Havia calmaria em sua voz, mas a mão esquerda segurava firmemente o celular, enquanto os dentes trincavam e os olhos faiscavam.

— Meu ex — murmurou ela, entre mais soluços.

Normalmente, ela chutaria as partes íntimas de Nikki caso ele tentasse qualquer coisa estúpida com ela, mas Luna jamais recebeu aquele tipo de ameaça. Sentiu-se exposta e impotente, como se a qualquer momento pisasse os pés nos corredores da escola e todos a olhassem com sorrisos maliciosos e piadinhas idiotas.

— Vem. Vamos a delegacia. — autoritário, agachou-se na frente de Luna e tirou as mãos femininas do rosto.

— A delegacia?

— É. Vamos prestar queixa contra esse idiota, isso é ameaça e, de certa forma, violência. — Luna não disse nada, apenas limpou as lágrimas e olhou para o lado contrário. — Não pode se deixar abater por um cara babaca, precisa revidar isso. E nós vamos, acredite. Mas primeiro, precisa denunciá-lo, certo? Eu estarei contigo.

Luna o olhou e enxergou companheirismo. Não havia aquele tipo de coisa em uma pessoa que mal conhecia, a única que ajudava-a não importasse o motivo era Cherry, mas ela não estava ali agora.

Porém, Jimmy estava. E ele estava dando uma solução para o problema; algo que Luna sempre procurava nas pessoas.

— Eu não acredito que borrei minha maquiagem e não pensei em denunciá-lo — murmurou Luna, arrancando um pequeno sorriso do garoto. — Por favor não conte a ninguém que me viu chorando, ok? Achariam patético se soubessem que eu estava chorando feito louca.

— Não vejo problema, chorar é algo muito comum. E se alguém souber… bem, pode dizer que a maquiagem nova irritou seu olho e por isso estava chorando, já que a irritação do olho gera lágrimas — disse ele, levantando-se em seguida.

— Cada vez mais gosto de você. Tem uma inteligência que vale por oitenta por cento dessa escola — murmurou Luna, deixando mais algumas poucas lágrimas caírem.

E então sentiu-se forte novamente, não só porque Jimmy estava ao seu lado, mas sim porque ela não deixaria um idiota estragar a sua vida. Ela revidaria, porque ela era Luna Kannenberg. E Luna Kannenberg jamais deixa se abater facilmente.