Alice no País Florido escrita por Bruna


Capítulo 8
Chegada


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Em uma parte calma do País Florido, a suave brisa balançava as flores roxas. Tudo aparentava estar em harmonia. Mas de repente, nove criaturas estranhas caíram do céu, literalmente. Eles tinham aberto um portal e pulado, mas não consideraram que a abertura poderia ser um pouco distante do chão. Uma queda de cinco metros não seria muito bonita, mas felizmente todas as criaturas caíram em cima do elefante gordo e fofo que estava junto com eles. Não houve nenhum ferimento grave.
— Ai, ai! - Gritou uma mulher de cabelos negros que usava um belo vestido vermelho e marrom repleto de bordados bem confeccionados. - Saia de cima de mim, sua hiena imunda!
— Já saio, não precisa me empurrar! - Retrucou uma revoltada criatura quadrúpede. Ela treme luzia, seus pêlos malhados em tons de roxo escuro e marrom pareciam ser transparentes, conferindo-lhe uma aparência fantasmagórica.
Os outros se levantaram também, alisaram as vestes e arrumaram os cabelos. Depois, se encarregaram de levantar o enorme elefante azul, que estava todo estatelado no chão.
Feito isso, eles enfim puderam olhar ao redor e apreciar o lugar em que estavam. O sol iluminava todos os cantos das planícies floridas, que apresentavam única e exclusivamente espécimes vegetais roxas. Quase todas eram pequenas flores que cobriam o chão como um tapete delicado. Ao longe era possível avistar uma ou outra árvore, que também possuíam folhas roxas.
Apesar de não haver nenhuma nuvem no céu azul, não estava tão calor quanto se poderia esperar. O clima era agradável. No horizonte haviam alguns morros, e depois disso nada mais se via.
— Que coisa mais bizarra! - Exclamou um sujeito baixo e gordo, olhando abobado para o céu.
— O que foi, Perdidee? - Perguntou uma mulher de cabelos castanho claros que usava um vestido branco e bege.
— Está de dia. Quando passamos pelo portal, ainda estava escuro no País Perdido. Será que passamos horas presos no tempo sem perceber?
As pessoas olharam para o céu, percebendo a diferença. Também ficaram um pouco surpresos pelo amigo ter sido o primeiro a notar o mistério do tempo.
— Pode ficar tranquilo, Perdidee. - Falou o grande elefante azul, chamado de Mamute Fumante. - Isso é natural, é a mudança de mundos. Mas não, não se passaram horas. Então, o que acharam do lugar?
— É muito bonito. - Disse a menina Alice. - Nem parece que o Rei Sombrio está mantendo o Pinclyn aqui. - No fundo, ela estava aliviada porque o País Florido que estava vendo não se parecia com o que viu no sonho. As plantas eram roxas, e não coloridas como na floresta em que estavam, no País Perdido. Alice esperava que o que aconteceu no sonho não se tornasse realidade.
— Achei florido demais. - Comentou a hiena fantasmagórica, chamada Heitor. - Que bom que eu não tenho alergia a pólen. Esse perfume todo também é desnecessário.
— O nome daqui é País Florido, o que você queria? - O Pasteleiro Maluco falou. - Eu, pelo menos, achei genial. Pressinto que terei muita inspiração para fazer pastéis aqui.
— É realmente fabuloso. - A Rainha do Chocolate Amargo se pronunciou. - Mas não estou vendo nenhum sinal do Carlito ou do Pinclyn.
— É verdade. Onde acha que eles podem estar? - Alice perguntou para o Oráculo, que estava investigando o ambiente.
— Acredito que o Rei Sombrio deve estar escondido no subterrâneo. Não há sinais diretos de sua magia das trevas por aqui, na superfície. Ele deve estar evitando ficar exposto às flores roxas.
— Então como vamos encontá-los?
— Teremos que fazer expedições e vagar por aí. Mas acho que agora todos precisamos descansar. Podemos começar amanhã, não é?
Alice já tinha experiência para saber que seus amigos não abriam mão de uma boa noite de sono, por isso decidiu concordar, eles trabalhavam melhor quando estavam descansados. Ela tinha dormido há pouco tempo, por isso ficaria acordada.
Logo, um acampamento foi montado. A Rainha do Chocolate Branco tirou de sua bolsa cabanas expansíveis e vários suprimentos úteis.
Quando todos se recolheram para dormir, Alice se sentou no chão florido, a alguns metros de distância das barracas.
Ela estava mais próxima de Pinclyn do que em qualquer outro momento dos últimos meses. Em breve, estariam resgatando a fuinha, dando um jeito no Rei Sombrio e todos voltariam a ficar em segurança.
Alice sentiu um roçar em seu braço e virou a cabeça para ver o que era. Kitty, seu gatinho preto, tinha se aproximado com seus longos bigodes.
— Ah, oi, Kitty! - Ela ainda não tinha se acortumado a idéia de que o felino sabia falar e entendia todo o que lhe era dito. Alice achava que ele tinha escondido isso dela o tempo todo. Por um instante, ficou insegura, não sabia se ele responderia seu cumprimento.
— Oi. Eu também não estou com sono, passei toda a minha vida dormindo. Posso ficar aqui com você?
— Claro.
O gatinho se sentou ao lado da garota. Por um minuto, ambos ficaram em silêncio.
— Alice, preciso falar uma coisa. - Ela encarou os grandes olhos amarelos. - Não quero que você pense que eu não falava com você de propósito. Não sei explicar direto, mas antes, quando estávamos no nosso mundo, acredito que eu não era capaz. Senti que algo tinha mudado quando cheguei no País Perdido. A primeira coisa que eu vi lá foi uma hiena e um unicórnio discutindo. Talvez seja o simples fato de lá os animais falarem e a magia existir, ou então foi apenas naquele momento que eu realmente acreditei que podia fazer aquilo. De qualquer forma, espero que você tenha entendido. Você sempre foi e sempre será a minha melhor amiga, e eu não quero que fique um clima estranho entre a gente apenas por um mal entendido. Ainda mais que agora eu falo, temos muito assunto para botar em dia.
Alice ficou até emocionada. Mesmo sendo apenas um filhote, Kitty demonstrou muita maturidade. Suas palavras eram sinceras, ele não queria que nada enfraquecesse sua amizade com Alice.
Eles se abraçaram, mais próximos do que nunca. A menina afagou os pêlos negros do gato, que ronronava.
— Eu entendi, Kitty. É que foi muito surpreendente para mim. E além disso, pensei que talvez eu fosse substituída. Tive medo que você quisesse ter um amigo mais parecido com você. Por muito tempo, você foi o meu único amigo. Esteve lá quando eu mais precisei.
— Alice, ninguém é mais parecida comigo do que você. E você é insubstituível.
E assim se passaram horas, os dois conversando. Falaram um pouco de tudo, do País Perdido, dos outros amigos, do próprio mundo e muito mais.
No dia seguinte, iniciariam efetivamente a busca por Pinclyn. O resgate havia chegado.


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