Alice no País Florido escrita por Bruna


Capítulo 5
Em Busca da Semente Violeta


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/656414/chapter/5

A sensação de voar era indescritível. Alice nunca tinha esperimentado algo assim, já que nunca teve a chance de voar no seu próprio duro e realístico mundo. Ela abriu os braços e sentiu o vento contra o seu corpo, que atravessava as nuvens em alta velocidade. Se sentir livre naquele momento foi muito benéfico para a menina, pois ela estava bastante estressada e preocupada por causa de Pinclyn. Parecia que todos os problemas ficaram para trás, nas nuvens por onde passava.
Viajar em um flamingo aviador gigante era simplesmente maravilhoso, pois a vista era explêndida. Mesmo estando escuro, Alice podia avistar as florestas exóticas, as vilas rudimentares e as construções contemporâneas. Em geral, todos os cantos do País Perdido que não lhe eram conhecidos. Ela estava tão atenta a paisagem que foi a primeira pessoa a notar que se aproximavam da Floresta Colorida. Os outros prefeririam ter esperado até de manhã para ir para àquela floresta, mas nem sequer insinuaram nada, pois sabiam que Alice teria mais um chilique. A menina estava com um humor do cão, devido aos recentes acontecimentos com seu amigo fuinha.
Destacando-se das outras florestas, esta era mil vezes mais... colorida. Tão vivaz, a vegetação era inteiramente coberta ou composta por flores de todos os tipos e tonalidades, desde o tom mais humilde e discreto ao tom néon mais chocante, que se destacava mais ainda na penumbra da noite.
– Chegamos, pessoal! Olhem ali, a Floresta Colorida! - Antônio falou.
– Oh, é mesmo? Eu nunca teria reparado. - Ironizou Heitor. - Não aguento mais ficar nesse flamingo gigante. Eles não são nada confortáveis.
– Não seja tão antipático, Heitor. Flamingos, aterrissar! - Orientou Bianca.
As aves pousaram e as pessoas desmontaram delas.
– Obrigada, meus queridos. - A Rainha do Chocolate Branco agradeceu por todos. - Eu os chamarei quando precisarmos voltar para o castelo. - Os flamingos assentiram e saíram voando para algum lugar. Como a Rainha chamaria eles depois, não se sabe. Ela devia ter seus métodos malucos.
– Agora nós vamos olhar todas as flores procurando uma maldita flor roxa? Como vamos enxergar? - Perguntou Roberta, claramente desanimada.
– Você quer ou não quer salvar o Pinclyn? - Alice questionou desafiadora. - Essa é a única maneira de chegar ao País Florido que está ao nosso alcance, então se for necessário, vamos ficar dias aqui! E acho bom que ninguém ouse reclamar!
– Mas já está tarde, Alice. - Tweedledum se pronunciou, mostrando a razão. - Vamos acampar agora, amanhã começaremos a procurar, sem falta. Com a luz do dia, será mais fácil. A viagem foi cansativa, e você está precisando de uma boa soneca.
A garota percebeu o quanto estava exausta e cedeu. Cada um se acomodou em um canto, nos sacos de dormir que a Bianca tinha trazido. Eles eram encantados, e quando não estavam sendo usados, ficavam do tamanho de uma moeda. Apenas Kitty e Hiena Risonha deitou no chão mesmo, perto da cabeça de Alice.
Quando todos já tinham ficado em silêncio e alguns adormecido, a criança sussurrou:
– Heitor, você está acordado?
– Estou.
– Me diz uma coisa. Você acha que o Pinclyn está bem?
– Quer que eu seja positivo ou sincero?
Ela pensou um pouco e respondeu:
– Sincero.
– Nesse caso, não, não acho que ele esteja bem. Acho que corre grande perigo. Quanto mais rápido formos resgatá-lo, melhor.
– Também acho. - Concordou ela, abrindo a porta do seu coração, em que a tristeza insistia em bater. Ela abraçou mais forte o seu gatinho, que estava dentro do saco de dormir dela. O felino lambeu sua mão e ronronou, tentando confortar sua dona. - Boa noite, Heitor.
– Boa noite. Durma bem.

*

Na manhã seguinte, a Hiena Risonha foi a primeira pessoa (ou seria animal?) a acordar. Se levantou e esticou as patas finas e longas, se lembrando da missão do dia. Ele estremeceu ao pensar nos horrores pelos quais Pinclyn deveria estar passando. A fuinha era tão boa, justa e amigável, não merecia estar passando por tudo aquilo.
Heitor levantou a cabeça e analisou melhor a floresta. Teve que ficar pelo menos alguns segundos olhando. A Floresta Colorida fazia juz ao nome, tanto que os olhos nem conseguiam ficar parados em um só ponto. Se aquele lugar tivesse que ser representado por apenas duas palavras, elas seriam vida e cores. A luz do sol iluminava todas as flores e deixava o local com uma aparência ainda mais paradisíaca. Havia tanta coisa linda para apreciar... mas infelizmente não havia tempo. Era tolice ficar observando a beleza das plantas em vez de procurar efetivamente o que era necessário.
O animal olhou ao redor e decidiu tomar uma direção aleatória, mas quando estava quase saindo da clareira, ele ouviu um miado.
– Miau. Posso ir junto com você? - Era o tímido Kitty, que tinha acabado de se levantar também.
– Então você fala? - A hiena perguntou, um pouco surpresa.
– Sim. Um pouco. Mas posso ir com você?
– Ah, gatinho, não sei se você vai gostar. Eu vou procurar a semente violeta, vai ser bem trabalhoso. É melhor você ficar aí dormindo com os outros.
– Mas eu não quero ficar aqui, quero fazer alguma coisa! Eu posso te ajudar a procurar! Eu sei fazer isso!
– Tudo bem, jovem felino. - Heitor cedeu. - Só não se separe de mim, fique por perto e não se perca. Alice iria me matar se eu perdesse você no meio da floresta.
Kitty assentiu animado, concordando com as regras. Logo os dois já estavam remexendo flores e mais flores pela enorme área. O menor mais saltitava do que procurava a flor roxa, mas pelo menos estava fazendo companhia para o solitário carniceiro que seguia à frente.

#

Tinham se passado algumas horas e todos do grupo já estavam acordados, agora procurando pela semente violeta. Roberta, por exemplo, ficava reclamando e resmungando o tempo todo, mas ainda assim ajudava. Antônio era o mais animado e maluco, enquanto Alice era a mais determinada.
Heitor e Kitty ainda estavam separados dos outros e se localizavam em um lugar muito mais infiltrado na selvageria florida da Floresta Colorida. A hiena estava desanimada, ao contrário do gatinho, que ainda estava levando aquilo como uma divertida brincadeira. Ele era praticamente uma criança, tinha pouco mais que seis meses de idade.
– Olha, Hiena Risonha! - Kitty achava engraçado chamar o novo amigo assim. - Aquela flor é diferente! Acho que é a certa! Vamos ver mais de perto!
– Essa flor é rosa; estamos procurando por uma roxa. - Heitor disse depois de olhar rapidamente a gigantesca flor rosa a que o felino se referia. Era impressionante como tinham plantas floridas de todas as cores imagináveis e inimagináveis naquele maldito lugar, exceto roxo. A situação chegava a ser frustrante.
– Vamos dar uma olhada, Hiena Risonha! Eu tenho certeza que essa flor é diferente! - O gato insistiu. Ele se desviou do caminho e já estava correndo na direção da planta.
– Kitty! Volte aqui! Aahh, tome cuidado! Kitty! - Ignorando os protestos da hiena, o jovem pegou impulso e pulou bem em cima da flor, que era bem maior que ele. O peso do pequeno animal fez com que a flor entortasse e ela ficou pendendo violentamente de um lado para o outro.
– Miauuuú! Socorro!
Heitor foi até a flor e tirou o gato de lá pelo cangote. Quando os dois se afastaram, viram a flor cair toda molenga no chão.
– Ótimo! - Exclamou o maior. - Você matou a flor!
– Não foi por querer! Eu não sou um assassino!
Enquanto Kitty se lamentava, a hiena levantou o olhar e percebeu que tinha alguma coisa aonde antes estava a flor rosa. Uma borboleta violeta saiu voando de lá e Heitor teve certeza que aquela flor definitivamente não era comum. Ele se aproximou e se surpreendeu com o viu: uma belíssima flor com a coloração de seus olhos. Um roxo tão forte e exuberante que parecia só existir em sonhos.
Àquele ponto, o felino também chegou mais perto para ver o que estava acontecendo. Ambos os animais trocaram um olhar empolgado e cutucaram a flor. Entre as pétalas, estava a semente violeta.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam? Comentem.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Alice no País Florido" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.