Alice no País Florido escrita por Bruna


Capítulo 2
A Notícia


Notas iniciais do capítulo

Eu demorei um pouco, mas aqui está. Espero que gostem.



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Era final da tarde, e Alice estava sentada na varanda de sua casa. Acariciava despreocupadamente seu animal de estimação: um gato negro chamado Kitty.
Depois de ter voltado do País Perdido, a menina tinha se afeiçoado ainda mais ao bichinho, porque ele era o único da família que aguentava as maluquices dela o dia todo. Já que todas as pessoas por ali eram tão realistas, só sobrava o gatinho para a Alice conversar. Ele era paciente e um bom ouvinte, nunca reclamava dos falatórios.
Ela enchia o pobre coitado de informações, sempre lhe contava tudo: sobre sua amizade com Pinclyn, sobre as tretas amorosas das Rainhas dos Chocolates e o Pasteleiro Maluco, sobre os castelos fantásticos que tinha visto, entre vários outras coisas. Contou até mesmo a história da Vaca Roxa.
Mesmo que meses tivessem se passado desde que voltara do País Perdido, Alice lembrava de tudo com uma nitidez exepcional, como se tivesse banido o Rei Sombrio ontem. Muitas vezes ela se perguntava o que tinha acontecido com as adoráveis pessoas que tinha conhecido, mas não havia como saber. Ela tinha que resistir à tentação de se enfiar no buraco da caverna musguenta na floresta e ir correndo a procura de Pinclyn. Não iria aonde não foi chamada, mas se lhe enviassem um convite para uma visita, ela certamente iria.
Alice tinha a impressão de que uma parte de si havia permanecido naquela terra mágica. O mesmo aconteceu quando voltou do País das Maravilhas.
Na escola, as crianças não gostavam de ficar perto dela, por isso, era praticamente impossível fazer alguma amizade. A garota ficava muito triste e ia desabafar com as árvores e as pombas, pois pensava que elas a entenderiam. Veja bem, a situação delas eram parecidas: As pessoas nunca falavam com plantas porque deduziam que elas não possuem sentimentos. E a sociedade despreza os pombos, pois considera estas aves portadoras de doenças. Juntos, formavam o trio depressão: Alice, a louca; Pombas, as doentes; Árvores, as sem-sentimento.
A menina respirou fundo e tentou afastar os sentimentos ruins, se confortando com o ronronar de Kitty. Estava tão distraída com seus pensamentos melancólicos que levou um susto quando ouviu alguma coisa se mexer nas folhagens do quintal. Seu gato também deu um pulo, medroso como era.
Alice se levantou, carregando Kitty nos braços, e começou a procurar a fonte do barulho. A poucos centímetros de distância das folhagens, ela parou.
- ALICE! - Uma voz berrou atrás dela, fazendo-a gritar, assustada. O gato cravou as unhas em seu braço sem querer e saiu correndo, desesperado e com medo da hiena. - Finalmente te achei, guria!
A garota se virou e se surpreendeu vendo um familiar pêlo marrom e roxo levemente fantasmagórico surgir em sua frente. Ela mal podia acreditar: Heitor, a Hiena Risonha, estava bem ali na sua frente.
- Heitor! O que está fazendo aqui? Você me assustou! - Indagou a curiosa menina. Sentia-se muito feliz, pois a presença de um ser místico provava que sua aventura no País Perdido não tinha sido apenas um sonho.
- Ah, Alice. Eu pensei que a encontraria novamente em situações mais alegres. Trago péssimas notícias. - Ele lamentou, todo choroso, o que era estranho para uma hiena que vivia sorrindo e rindo. Mas, pensando bem, uma hiena falante já era bastante estranha por si só.
- O que aconteceu? - A jovem perguntou temerosa, com medo do que poderia ouvir a seguir.
- Nem sei como te dizer... Primeiramente, devo lhe informar que o Rei Sombrio está causando problemas novamente. Parece que ele conseguiu reunir suas energias malignas para praticar um último ato horrendo.
- E que ato horrendo foi esse?
- O Rei Sombrio sequestrou o Pinclyn, Alice.
- O quê? Como assim? Isso não pode ser verdade! - Ela exclamou, completamente indignada.
- Eu queria que não fosse, mas não podemos fazer nada, o estrago está feito. O Carlito já levou ele para o País Florido, imagino. Não há como simplesmente nos teletransportar para lá.
O coração de Alice perdeu algumas batidas e seu rosto perdeu a cor quando recebeu a notícia. Não conseguia digerir a informação, não queria digerir a informação. Ela temia por seu amigo, pois não sabia do que o Rei Sombrio era capaz. Poderia matá-lo, ou torturá-lo, apenas por causa de um ressentimento estúpido. Prefiria nem imaginar as barbaridades que o bruxo poderia fazer com Pinclyn. A possibilidade de perder sua fuinha multicolorida para sempre perfurava o peito da menina, como uma adaga afiada. Seu melhor amigo não podia morrer.
- Foi por isso que vim aqui. - Continuou Heitor. - Nós, do País Perdido, precisamos de sua ajuda e de sua magia da luz para salvar Pinclyn. Você é a única que pode enfrentar aquele bruxo das trevas.
- Eu? - Ela indagou, revelando insegurança e confusão na voz. - Mas eu não enfrentei o Rei Sombrio sozinha, Pinclyn sempre estava lá para me ajudar. Ele me auxiliou e ainda forneceu aquele feijão mágico para abrir o portal. Eu nem consigo invocar e muito menos usar a minha magia da luz. Não tenho como impidir o Carlito de fazer maldades.
- Seja otimista, Alice. Juntos, nós conseguiremos combater ele e salvar Pinclyn. Acharemos um modo de abrir um portal para o País Florido, usando ou não a magia da luz.
Alice olhou para Heitor e refletiu sobre a situação. Era óbvio que ela não estava contente por Pinclyn ter sido sequestrado, mas não podia negar que estava ansiosa para viver mais uma aventura mágica ao lado de seus outros amigos.
- Certo, Heitor. - Alice disse. - Eu vou com você, e então vamos formular um plano. Além do mais, seria muito egoísta da minha parte ficar aqui sem fazer nada e sem nem ao menos tentar ajudar com as minhas habilidades místicas, enquanto vocês lutam contra as trevas. É bem como eu digo: "Quem mexe com o Pinclyn, mexe comigo!".
- É disso que eu estou falando! Sei que juntos vamos conseguir!
Agora que os dois estavam motivados e decididos, seguiam para a caverna musguenta a beira do rio. Alice estava empolgada e saltitante, mas então se lembrou de Kitty, seu gatinho. Ele ficou assustado com a presença da hiena e saiu correndo para dentro de casa.
- Espere! Posso levar o meu gatinho? Ele vai se sentir muito solitário sem mim.
- Gatinho? Sim, sim, pode trazê-lo, só não demore. Estarei te esperando no portal.
Alice voltou para casa correndo e pegou Kitty, que estava escondido embaixo da cama. "Você vem comigo! Vai viver a maior e melhor aventura da sua pacata vida doméstica!".
Alguns minutos depois os três estavam dentro da caverna. Eles deslizaram pelo buraco entre as pedras e se transportaram para o País Perdido.


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Notas finais do capítulo

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