A escolha escrita por slytherina


Capítulo 6
Bullying




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Sam sempre voltava a pé para casa. Ele não morava tão longe assim da escola, e a caminhada o ajudava a diminuir a ansiedade e angústia sempre presentes ultimamente. Seus colegas tinham carrões do ano, conversíveis, máquinas turbinadas, ou mesmo carros com motorista. Sam não os invejava. Pra que mesmo servia ostentar coisas pro pessoal da escola? Ele não tinha amigos e nem se importava com isso. Tirando o bullying uma vez ou outra, a escola não era um local tão ruim. Um dia ele concluiria seus estudos, então ...

"Oh, mané!" Uma voz o tirou dos seus devaneios. Ele não queria parar de andar, mas diminuiu os passos e se virou pra trás, curioso. Alguns rapazes da escola estavam em uma Van e resolveram parar ao lado de Sam para atanazá-lo.

"Deixem-me em paz. Eu só quero ir pra casa." Sam reclamou, no que seus ouvidos registraram como uma súplica chorosa, para seu desgosto e vergonha.

"Desde quando nós ligamos para o que você pensa, bichinha? Vamos, venha brincar com a gente." O outro estudante falou num tom malévolo e malicioso.

Sam tremeu de leve. Até onde aqueles caras iriam em seu desprezo e crueldade? Ele não gostaria de descobrir a resposta. Foi então que seus pés resolveram por pura vontade e pânico começar a correr. Os outros colegas da escola já haviam aberto a porta da Van para apanhar Sam, mas diante de sua fuga, resolveram fechar a porta e persegui-lo de carro.

Um pouco atrás, um outro aluno também voltava para casa em seu carro, um Chevrolet Impala 1967, um carro vintage cheio de personalidade. Dean estava um pouco aborrecido porque sua namorada o deixara plantado na frente da escola, esperando por ela, só pra finalmente avisá-lo que iria para casa com seu pai, que já estava indo buscá-la. Dean sabia que Cassie era uma boa filha, e que sua cabeça era puro cálculo e auto-controle, mas às vezes ele chegava a se perguntar se ela realmente o amava, pois conseguia facilmente se desfazer dele, quando lhe era conveniente. Quer dizer, ela não sofria com a separação física, ou com a falta de sexo, mas ele sim. Ela simplesmente franzia a cara como se ele fosse um inseto irritante.

Isso o deixava irado e com vontade de ficar com o maior número de garotas, bem na frente dela, só para provocá-la e fazê-la sentir um pingo da decepção que ele estava sentindo. "Quer saber? Que se dane! Foda-se, Cassie! Quem não quer mais sou eu." Dean acelerou o Impala para poder sentir a brisa forte no rosto e assim diminuir o gosto amargo da rejeição.

Infelizmente ele teve que estancar o carro, pois um idiota numa Van resolveu parar no meio da rua, pra assediar um garoto na calçada. "Imbecil!" Dean pensou. Já ia buzinar, quando o garoto começou a correr e a Van foi atrás. Dean percebeu o que estava acontecendo, mas perguntou-se se isso era da conta dele, ou se devia deixar esse pessoal resolver seus próprios perrengues.

Na sua tentativa de fuga, Sam atravessou uma rua e quase foi atropelado pela Van que cortou seu caminho. Ele caiu e rolou no chão, já se condicionando para correr quando os rapazes da Van o cercaram. Eles o agarraram na marra e já se preparavam para jogá-lo na Van, quando o Impala bateu no outro carro.

"Que inferno, merda! Olha o que esse cara fez com a Van. Putaqueopariu! Ele vai me pagar!" Berrou um dos alunos assediadores, chamado Gordon Walker.

Os valentões largaram Sam e já avançavam contra o Impala, quando Dean saiu do carro com uma pistola na mão. Ele fez questão de destravar a arma na frente dos estudantes e mirou na direção deles.

"Algum problema, colegas?" Dean perguntou seco e com o cenho franzido.

"É muito fácil bancar o durão com uma arma na mão. Por que não larga a arma e nos enfrenta no mano-a-mano?" Um dos valentões chamado Kubrik respondeu.

Dean riu. "Melhor dizer mano-a-gangue. Não sou idiota. Ei, garoto, você está bem? Venha pra cá. Eu vou levá-lo pra casa." Dean falou se dirigindo a Sam.

Sam pegou seus pertences e correu pro Impala. Dean ainda ficou encarando os outros estudantes com a cara enfezada, mas então entrou no carro e manobrou pra se afastar velozmente.

"Não podemos deixar isso assim, Gordon! Temos que dar uma lição nesse cara, senão ficaremos desmoralizados." Kubrik reclamou.

"Cale a boca! Essas bichas ainda vão me pagar dobrado. Pode escrever aí." Gordon grunhiu.

Dean e Sam seguiram calados até a próxima esquina. Vendo que o garoto não ia dar um pio, Dean resolveu quebrar o gelo, pra ver se o rapaz estava em choque.

"Tudo bem, aí, rapaz?" Dean perguntou tentando não parecer um policial ou o pai de alguém.

"Eu estou bem … só … só um pouco nauseado." Sam falou com uma voz fina e chorosa para sua agonia e tortura. Ele não era uma garota, pelo amor de Deus, e poderia ter se virado muito bem sem a ajuda … a quem ele queria enganar, ele estivera a ponto de ser seqüestrado, humilhado, espancado, e até mesmo estuprado ... O conteúdo de seu estômago subiu velozmente até sua boca. Ele colocou as duas mãos na boca, mas saliva começou a escorrer pelos cantos, para seu horror.

"Whoa! Espere aí, rapaz, já estou encostando o carro." Dean gritou assustado, enquanto manobrava o Impala rapidamente para o acostamento. Foi bem a tempo. Sam abriu a porta do carro rapidamente, enquanto o conteúdo de seu estômago fluía em jatos para a calçada. Sam segurou fortemente na porta do carro para não cair de cabeça para fora, enquanto vomitava as tripas. Seu rosto e seus olhos ficaram rapidamente vermelhos e inchados.

Dean não sabia se tinha dó ou nojo, mas se compadeceu do rapaz, que quase fora presa de uma gangue que se travestia de alunos regulares. Ele resolveu assumir de vez o papel de babá e aproximou-se do outro jovem.

"Tudo bem, cara! Relaxa! Já passou! Eles não estão mais aqui. Enquanto eu estiver ao seu lado, nada de mal te acontecerá. Respire fundo e encoste a cabeça aqui. Está se sentindo melhor?" Dean falava essas coisas, e mais e mais se sentia como uma mãe gansa, cuidando das crias. Ele até limpou o rosto do garoto com lenço de papel, enquanto lhe colocava o cinto de segurança novamente.

"Como é o seu nome?" Dean perguntou, tentando se lembrar de filmes policiais, em que o Serviço Social prestava atendimento a vítimas de estupro. Com um pouco de imaginação isso poderia até ser de alguma ajuda.

"Sam. Eu me chamo Sam March. Obrigado, Dean Winchester. Acho que lhe devo minha vida." Sam falou um pouco mais seguro de si, embora seu peito doesse pelo esforço do vômito.

"Como sabe meu nome?" Dean perguntou curioso, então se lembrou da sua fama na escola. Baixou os olhos e sorriu pra si mesmo.

"Você é a celebridade da escola, Dean Winchester, e depois que souberem que me ajudou a escapar dessa enrascada …" Sam falou agradecido.

"Por favor, não conte nada a ninguém. Acho que já tenho fama demais." Dean piscou para ele. "Agora pode me dizer aonde mora, para que possa levá-lo para seus pais?"

Sam informou-lhe o endereço e ficou o resto do trajeto admirando aquele homem bravo, viril, seguro de si, autoconfiante e ousado, que havia lhe salvado a vida. Ele quase desejou ser como Dean Winchester. Na verdade, sentiria muito orgulho disso.


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