Três Segundos

Sasuke estava correndo por entre as árvores em direção à uma vila aleatória quando de repente pensou ter visto abaixo de si, madeixas loiras bem similares às de um certo alguém. “Se fosse ele, eu sentiria o chacra da Kyuubi”, pensou, mas mesmo assim foi conferir. E sentado, encostado em uma árvore, com peitoral nu e olhos lacrimejantes, estava ninguém menos do que Naruto Uzumaki. Ele olhava para o lado, cabisbaixo, estava chorando, e tinha diversas cicatrizes nos pulsos, braços e abdome.

- O que faz ai? – indagou o Uchiha sem cerimônia e com tom petulante.

Não houve resposta.

“Ele normalmente ficaria eufórico em me ver... Não ficaria?”

- Responde. – imperou firme.

- Por que você ‘ta falando comigo? – o loiro finalmente respondeu, mas não direcionou o olhar ao moreno.

- Só quero saber o que você ta fazendo aqui, e chorando, que nem um idiota.

Naruto soltou um riso anasalado em deboche.

-E desde quando você se importa? Afinal, o que você faz aqui? Veio terminar de destruir minha vida?

-Como assim?

- Ah, verdade... Você não sabe. – o Uzumaki rugia, feroz, mas continha-se para não fitar o Uchiha.

-Não sei do que?

- Não se lembra Sasuke? Da nossa luta há três anos atrás?

- Lembro.

- Por que você não me matou?! Você podia ter me matado. Mas não, preferiu desgraçar o resto da minha vida. Da vida da única pessoa que realmente se importava com você.

- Não sei do que você ta falando.

- Meu selo enfraqueceu durante aquela luta. Eu dei tudo de mim pra te trazer de volta, e acabei me condenando. Não houve modo de fechar mais o selo. E por causa disso, eu fui proibido de ser um ninja. Perdi minha bandana, não pude frequentar a academia, meus amigos estão sempre em missões, então eu não os vejo mais. Eu já era solitário, mas depois daquele dia, eu fiquei realmente sozinho. Sem você, sem ninguém.

- Dobe... Isso é culpa sua, não minha.

- Também é sua sim. Ou acha que espancar e deixar para trás o corpo inerte e quase sem vida da pessoa que mais te amava, não é nada de mais? Você acha?

- Que mais... – suspirou e murmurou em seguida – me amava...?

- Nossa, parabéns senhor gênio. – pela primeira vez, Naruto olhou pra cima, fitando os ônix do Uchiha com suas lágrimas incessantes, ele mantinha uma expressão revoltada, enquanto o outro parecia imparcial – Não se preocupe, imagino que você já tenha descoberto que sua vingança não adiantou pra nada, e deve ‘ta completamente na merda. Eu queria me vingar de uma pessoa, mas lembrei de você. Lembrei que não queria me tornar o que você se tornou.

- Se vingar de quem?

- Um tal de Pain, da Akatsuky. Ele matou a única pessoa que eu ainda tinha até um mês atrás, o Jiraya-sensei. Ele era como se fosse meu avô...

- Naruto...

- Ah nem me venha com “Naruto” como se você ligasse pra mim, não depois de tudo. Quer me fazer um favor? Faça o que eu não pude fazer. Eu já tentei muitas vezes, mas não importa o que eu faça, eu não consigo me matar. Aquela raposa não deixa.

“Por isso as cicatrizes então...” concluiu o moreno.

- Você quer que eu te mate?

- Isso. Garanto que não é nada pra você, afinal agora você é o senhor das trevas não é? O frio, calculista, vingador e sem remorso. Vamos lá Sasuke. Me mostre todos os seus sentimentos, me mata.

Em uma fração de segundo, o Uchiha empunhou a espada e investiu pra baixo, em direção ao loiro. Naruto respirou firme, esperando o golpe de misericórdia que viria em seguida...

Mas ele não veio, bom, pelo menos não como ele imaginava.

A espada foi cravada no chão e Sasuke ajoelhou-se entre as pernas do Uzumaki, apoiando-se em seus joelhos, selando seus lábios com calma.

Três segundos, foi o que durou o selinho.

Soltou os lábios do loiro atônito e visualizou sua expressão confusa.

- Sasuke, o que você...

- Mostrei todos os meus sentimentos. Não era o que você mandou fazer? – murmurou.

- Você... Você...

O moreno selou novamente os lábios do Uzumaki, dessa vez aprofundando. E ele por sua vez, procurou, procurou muito, mas não achou nenhum motivo convincente o suficiente para não corresponder ao ósculo.

Quinze segundos, foi o que durou o beijo.

- Eu o que?

- Todo esse tempo...

- Eu sei. Por que acha que não consegui te matar?

- Eu passei por tanta coisa...

- Eu também, estamos os dois fodidos. - Dito isso, beijou o Uzumaki novamente, dessa vez alisando o abdome trabalhado. “ele deve treinar escondido...”, e puxando de leve os cabelos loiros.

Dois minutos, foi o que durou aquele amasso.

- Você tinha razão dobe, minha vingança não adiantou nada, eu to completamente na merda.

- Sabia... – Naruto rebateu, ainda chocado com os fatos.

- Não da pra fazer mais nada por mim, mas eu ainda posso fazer por você.

- Ou podemos fazer por nós. – dito isso, o loiro saiu do seu transe pós beijei-o-amor-da-minha-vida-depois-de-anos, e tomou a iniciativa puxando Sasuke pela gola do quimono selando seus lábios com fervor e urgência, enquanto tentava desesperadamente se livrar daquelas malditas roupas.

Pra sempre, foi o que durou a felicidade dos dois desde então.