Um belo jardim. Um lago que resplandece de fulgura. Flores, árvores, tudo compunha um cenário perfeito para uma dança.

            O vento batia em seus cabelos com doçura e leveza que somente ele tem, da mesma maneira que acariciava as árvores, fazendo com que seus galhos se vergassem um pouco.

Primeiro passo é dado: suas mãos se levantam um pouco acima da cabeça, como um passo de ballet. Seu braço esticado, suas mãos de forma delicada, parada no ar. O primeiro giro é dado. Sua mão desce, ficando na mesma posição do braço esquerdo, no centro. Sua perna se estica de modo a dar piruetas, a grama deslizava em seus pés e o vento a acompanhava.

Há um comprimento a seu amado vento, seus olhos se cerram, seus lábios dizem coisas doces ao vento, uma espécie de” podemos continuar?” Um sorriso brota de seu rosto, seus olhos abrem para toda e beleza do lugar.

            Seu corpo se verga para o lado esquerdo como manda o vento, ela cai. Mas não uma simples queda, uma esplêndida queda, caiu com delicadeza de modo que acariciasse a grama, seus joelhos o tocam, seus braços lhe dão forças para levantar, suas mãos movem-se para todos os lados, a plena harmonia surge de seus passos.

            A água a chama. Não um simples chamado como pensam, mais sim um chamado divino. Ela olha para a dama que apenas queria dançar junto dela, com suas ondas suplicantes e desesperadas por companhia.

            Seus pés comandam a dança. Sua posição é bem clara, quer dançar junto a ela. Nada mais lhe faria mais feliz que dançar com ela. E a bailarina foi. 

            Caminha na ponta dos pés em direção ao belo lago que ali estava, em seu esplendor de tom claro, mais triste. Suas piruetas levantaram todas as folhas em sua volta, seus braços em movimentos leves quase tocavam o céu. Seu pé direito tocou primeiro na água, e seu corpo seguiu seus pés. As ondas que se formavam na água acompanhavam o movimento de seus braços, seus pés faziam pequenos redemoinhos, sim, estava dançando por cima do pequeno lago, delicadamente sobre ele.

            Seus braços davam voltas e mais voltas, seu corpo parecia pluma em seus movimentos, seus pés mal tocavam a água, isso tudo deixou a dama que dançava junto com a bailarina feliz, mais um pouco triste, pois sabia que tudo isso terminaria após a dança. Ela não aceitaria isso, porque não poderiam dançar para sempre? Queria ter a bailarina em sua posse.

            A cada passo e delicadeza da bailarina a doce dama a puxava para baixo, carinhosamente, para seus braços confortáveis. A menina sentia-se maravilhosamente bem com a doçura da adorável dama, afundando cada vez mais. O vento, um pouco vendo o ato de egoísmo da dama água, tentou puxar a pequena menina de volta para cima, mas, aquilo não era seu desejo, queria dançar para sempre com a doce dama, ela lhe daria todo o conforto que ninguém e nenhum elemento poderia lhe dar.

            Ele tentou de todas as maneiras, a menina pensava que ele queria apenas dançar com ela novamente, o chamava para si. Ele tentava puxá-la, mas, era tarde demais, já estava envolvida pelos braços da amável dama.

            Seus pés entravam cada vez mais para dentro do lago escuro, seu corpo estava ficando meio frio, estava totalmente submersa no lago. Agora gastava seu último sopro de vida para continuar a dança. A dama passava pelos seus dedos, pelos seus cabelos, seus abraços eram acalentadores. Sua última reserva de ar esvaiu-se, a água fria e gélida entrava pela sua garganta. Coitada da pequena bailarina, depois dessa dança nunca mais teria outras, mas ela não pedia coisa melhor, estar abraçada pelo ser mais doce que havia encontrado em seu longo caminho.

            Seu corpo afundava-se mais e mais no nas águas escuras, abraçando seu próprio corpo, abraçando a doce dama, em seu rosto um sorriso alegre.

            Noite. A Lua aprecia a dama que engoliu a menina em seus abraços sufocantes, que lhe foi contada pelo vento.

            Ela foi real. Nunca mais será real.