– Tá doendo muito? – perguntou Percy olhando para o reflexo do retrovisor. Annabeth mordia o lábio tentando segurar os gemidos sôfregos, no entanto a dor parecia aumentar a cada minuto que passava.

– S-sim – se contraiu ela.

– Aguenta tá bom já tamos chegando – suspirou ele. Ver a loira naquele estado só fazia se sentir pior. Se ele tivesse mais cedo talvez impedisse o acidente.

Respirou fundo e acelerou o carro mais ainda.

O Hospital de San Diego ficava na rua principal, Percy estacionou o carro no parque dos utentes, saiu do carro abrindo a porta de trás.

– Quer que eu leve você? – questionou ele.

– N.. Não eu acho que consigo andar – ela agarrou no ombro do Jackson tentando por fim se colocar de pé.

– Você só vai se magoar ainda mais – reprimiu ele. Sem avisar, passou os braços em volta do seu corpo pegando nela ao colo. Annabeth sentiu tentada a responder, no entanto o pé doia demais para o fazer.

Percy a carregou até á entrada do hospital, a sentando numa das cadeiras da sala de espera.

– Espere aqui tá bom? – surrou para ela. Ela assentiu com dificuldade.

– Vai ficar tudo bem – afirmou ele lhe dando um beijo na testa. Se levantou do chão e caminhou até a recepção.

– Desculpe – chamou.

– Qual é a emergência? – a recepcionista era bonita, tinha logos cabelos negros e olhos cor de âmbar.

– A minha... amiga caiu das escadas – afirmou ele cautelosamente apontando para Annabeth do outro lado da sala.

A recepcionista assentiu e entregou uma folha juntamente com uma canela azul.

– Preencha e depois entregue – falou ela sem grande interesse.

– Mas ela está com dores – explicou ele. – Você devia chamar alguém não?

– Senhor entenda que existe outras pessoas na fila... – falou ela num tom cínico.

Percy bufou, olhou para a pequena folha e começou a escrever. Quando tudo estava preenchido entregou a folha para a recepcionista que a recebeu automaticamente.

– Aguarde que já vão chamar.

– Podem dar ao menos uma cadeira de rodas? Ela não vai conseguir andar pelos corredores.

– Não se preocupe eu trato disso. – falou ela com olhos postos no computador.

– Vai demorar muito?

– Isso não sei – disse ela.

O Jackson suspirou irritado e voltou para junto de Annabeth.

– Eles já chamam tá bom? - murmurou ele se sentando ao seu lado. – Tá doendo não tá?

– Um pouco. – reponde ela cerrando as sobrancelhas. Percy arregalou os olhos, odiava ver ela assim, fraca e indefesa, aproximou o seu corpo para junto do dela, abraçando os seus ombros num gesto protector...

***

– Annabeth Chase? – um homem de bata branca e barba grisalha . Percy ajudou a loira se levantar equilibrando a moça nos seus braços. O medico fez sinal a uma enfermeira que trouxe uma cadeira metálica. – Consegue sentar Annabeth?

A Chase assentiu e assim o fez.

– Posso acompanhar ela? – pediu Percy.

– Não vai ser necessário – respondeu o Dr. – Não vau demorar muito.

Percy assentiu, não queria a deixar ir sozinha, mas mesmo assim não quis desobedecer.

– Vamos Senhorita Chase? – perguntou o medico agarrando firmemente na pega da cadeira. Annabeth assentiu, o medico começou a empurrar devagarinho até desaparecerem pelo corredor. O moreno penteou os cabelos se jogando na cadeira.

So espero que esteja tudo bem com ela

Passaram segundos.
Passaram minutos.
Passou uma hora inteira.
E nada de Annabeth.

Eu sabia que devia ter ido com ela
E se ela tivesse de ser operada ou algo assim? Podiam ter me avisado não? Eu só queria saber se...

– Sr. Jackson? Percy Jackson? – ouviu uma voz. O Jackson levantou o rosto procurando a fonte da voz. O mesmo médico de á pouco caminhava pelo corredor na sua direcção.

– Sou eu. – falou o moreno se levantando rapidamente.

– Ela já tem alta – falou ele - Foi só uma entorne mas tivemos que recolocar o tornozelo no lugar.

– Vai ficar bem?

– Lhe dê uma semana – falou o doutor – Não foi preciso colocar gesso.

– Obrigado doutor. – agradeceu Percy – Onde ela está?

– Está na Enfermagem, uma das enfermeiras achou melhor fazer uma massagem para aliviar as dores.

– É preciso comprar algo?

– Eh melhor passar pela farmácia e comprar uma pomada Anti-inflamatória – falou ele escrevendo algo no bloco de notas. – Conto com você. Se ela se mexer ou se esforçar pode quebrar alguns ligamentos, não será grave mas ainda levará mais tempo a recuperar...

– Tudo bem – confirmou o Jackson.

***

– Vá se apoie em mim – falou o Jackson entrando no apartamento enquanto ajudava a loira a se equilibrar.

– Eu consigo andar – afirmou Annabeth.

– Oh melhor eh nem tentar – advertiu Percy. – Não ouviu o que o médico falou?

– Eu podia ter ido para casa – protestou ela.

– Não, eu depois levarei você... você não pode fazer esforço – reprimiu ele sentando a loira no sofá – Imagina que precisasse de algo? Como era hein?

– Chamaria uma amiga – explicou ela num tom obvio.

Percy silenciou...

– Porque você tem que ter razão em tudo? –resmungou ele baixinho.

Ela sorriu num tom superior. Percy aconchegou ela no sofá o melhor possível.

– Porque você não me deixa ir?

– Porque você caiu na minhas escadas, dentro da minha casa... metade disto é culpa minha.

– Não Senhor Jackson... a culpa é minha por ser desastrada.

– Mesmo assim... – disse ele pegando na perna magoada. – Me deixe ajudar você.

Roçando os dedos na pele macia do pé da Chase, acariciou o tornozelo da loira massajando ele suavemente.

– Ainda tem dores? – perguntou acarinhando os hematomas.

– Não – respondeu – Está melhor eu acho.

– Nunca mais me assuste assim – suplicou ele. – Não gosto de ver você nesse estado.

– Que estado?

– Fraca, desprotegida... – murmurou ele corado.

– Foi só um acidente.

– Podia ter sido grave – constatou ele. – me prometa que vai ter cuidado.

– Eu prometo senhor Jackson – afirmou ela bocejando.

– Tá cansada?

– Não... eh so da anestesia que me deram para aliviar as dores. – falou ela num tom esgotado.

– Quer dormir?

– Não... eu aguento – sorriu ela sonolenta.

– Eu vou fazer o jantar... você janta aqui para não ir fazer besteira para casa.

– Mas você sabe cozinhar?

– Eu já cozinhava muito antes de você ter vindo para cá – gargalhou ele – Não ficara tão bom quanto os seus pratos mas... acho que ficará comestível.

– Quer ajuda?

– Não – se apressou moreno – Fique aqui que não vai demorar.

–Tudo bem – cedeu a loira – qualquer coisa pergunte.

Percy sorriu, deu o habitual beijo na testa da loira e caminhou até a cozinha. Decidiu preparar algo básico... não era um expert na cozinha... mas sabia ferver água! Procurou pelos armários o conjunto de tachos, no entanto não os via em lado nenhum.

– Annabeth? – chamou Percy– Você sabe onde estão os tachos?

No entanto ninguém respondeu. Percy estranhou tal silencio, e se dirigiu novamente para a sala...

Não pôde evitar o sorriso ao ver a loira, ali dormindo enroscadinha no sofá. O Jackson deu uma risadinha baxinha, se ajoelhou em frente a ela acariciando aquela bochecha rosada.

– Teimosa – sorriu ele.

Botou os braços ao longo do seu corpo levantando ela cuidadosamente no seu colo. Annabeth se remexeu se aninhando ainda mais no corpo dele, o que fez o moreno sorrir. Carregou a loira pela casa, subiu as escadas com cuidado, transportando o corpo magro da jovem até ao seu quarto. Abriu a porta desajeitadamente e deitou Annabeth na cama com cuidado. Pegou delicadamente nas cobertas tapando cada recanto do corpo da Chase. Ela roncava baixinho... Percy sorria ao ver os pequeninos murmúrios sonolentos, com cautela se esgueirou para o outro lado da cama, se deitando ao pé dela.

Ficou ali observando cada movimento que Annabeth fazia.

Ela fica linda dormindo

O lábio semi-aberto.

As sobrancelhas arqueadas

Os cabelos loiros espalhados pelo travesseiro

Tudo isso provocava em Percy uma estranha fascinação. Devagar foi se aproximando, colando o corpo dela no seu. Acariciava múltiplas vezes a pele corada das suas bochechas, observando o rubor vermelho que se formava em torno das maçãs do rosto.

Não estava com sono, mas estar ali deitado ao lado de Annabeth era estranhamente confortável.

Grover tinha toda a razão.

Ela era mesmo linda, e ninguém o podia negar.
Aliás ninguém o fazia. Muitos homens “desejavam” Annabeth, ele próprio o sabia.

Tantas vezes que os seus amigos iam a casa do Jackson apenas para “admirar” a empregada.

Ele mesmo chegou a ficar ligeiramente desconfortável com os olhares que estes lhe botavam.

Acariciava a face da loira discretamente, uma e outra vez, só minutos depois o sono conseguiu dominar a mente do Jackson que adormeceu ali ao lado dela...