Annabeth relia pela milésima vez aquele paragrafo. Tirara uma pausa para estudar um pouco. O senhor Jackson só chegaria pelas 18h, o que dava a Annabeth um tempinho para rever a matéria. Ainda era cedo... por isso não havia problema. Folheou a pagina do grosso livro sobre Gestão.

Annabeth era inteligente, bastante até. No entanto aquela matéria fazia o cérebro da Chase bloquear.

Ela suspirou, obviamente irritada... Conseguia desenhar um edificio perfeito em papel quadriculado, conhecia toda a Historia das Artes, Memorizou todas as paginas sobre a Teoria das Estruturas... mas Gestão Ambiental? Nada... não conseguia entender nada que estava escrito naquele volume de 300 paginas.

– Porra de Livro – resmungou desistindo da leitura. Arrumou os cabelos tentando afastar a irritação que sentia, prendendo eles á nuca fazendo um coque dessarumado.

Se levantou da cadeira e subiu as escadas até ao quarto do patrão. Aquele cheiro salgado percorreu as narinas da loira em total perfeição. Desde aquele “exposto incidente” a loira não teve mais coragem de entrar ali. Cada vez que entrava pela por aquela porta, a imagem do corpo completamente nu do Jackson se sobrepunha nas memorias.

Ela se esforçava a toda a hora para não pensar mais naquele “grande” episódio. Era estranho – e inapropriado – ter esse tipo de pensamentos. O Senhor Jackson era especial... mas não... não o podia ver dessa forma. Olhou em redor verificando se tudo estava correctamente arrumado. Pegou no cesto da roupa suja que se encontrava no canto do quarto ao lado do roupeiro, Enxergou novamente cada detalhe para ver se não lhe escapava qualquer objecto fora do lugar, e por fim saiu. Desceu as escadas rapidamente, no entanto uma das camisas caiu sobre o as escadas se enrolando em volta dos pés da loira. Annabeth sentiu os pés batucaram um no outro, o cesto foi atirado ao chão enquanto a loira caiu por um lance de escadas rebolando até ao fundo da escadaria.

– Merda – se contraiu ela. O pé esquerdo dóia com uma força incrivel, parecia ter dado um giro de 360 graus. Ela tentava não chorar, mas as dores eram mais fortes... Respirou fundo, se agarrando á parede tentando se equilibrar na perna direita.

Deu um passo... a dor explodiu aumentando a intensidade.

Coxeou até á geladeira, retirou com dificuldade uma saqueta de gelo. O saco de agua solida fazia a pele nua das mãos arder, respirou fundo caminhando desajeitadamente até ao sofá. Gemeu dolorida, encostando a pequena embalagem fria ao osso do pé. Enquanto a loira cerrava os olhos com as dores, Percy arrumava os documentos na sua pasta.

Eram 17:30, hora em que o seu turno terminava, Saiu do seu escritório indo em direcção ao elevador da empresa. Não demorou muito até as portas de aço se abrirem, o moreno entrou rapidamente marcando o botão do 1º andar. Sentiu o elevador descer, logo as portas se abriram, Percy caminhou pela ampla estação, desejando com todas as forças chegar depressa a casa.

– Percy – uma voz chamou. O moreno se virou, á sua frente uma mulher alta de cabelos lisos e loiros lhe sorria nervosamente.

– Oi Lindsy – cumprimentou ele educadamente.

– Podemos falar?

– Eu... eu ia agora embora e quer-

– Por favor Percy... – suplicou ela.

O moreno respirou fundo... não vinha coisa boa dali.

– Fale.

– Você sabe que eu gosto de você... não sabe?

– Lindsy – suspirou Percy levando a mão á cana do nariz.

– Percy eu conheço você faz tempo, somos amigos há muitos anos... porque você não vê que entre nós...

– Entre nós não existe nada tá bom? – interrompeu ele não gostando do rumo da conversa – Olha você é uma mulher bonita tá legal? Somos amigos sim, mas apenas isso okay? Eu pensei que tinha sido bem claro naquele dia...

– Aquele dia foi passado okay? Porque você não me dá oportunidade? Me diga Percy... Porquê?

– Eu. Não. Gosto. De. Você.

– Mas...

– olha eu tenho de ir para casa tá bom? Espero que tenha compreendido porque eu odeio me repetir.

– Percy – chamou novamente Lindsy, mas este virou costas saindo rapidamente do edificio. Abotoou o casaco ao sentir a brisa de Outono batendo em seu rosto. Caminhou até ao seu BMW preto. Jogou a mala no banco e se sentou ao volante. A viagem não durou muito, o seu emprego ficava perto da rua onde morava, Estacionou o carro no lugar habitual, pegou na pasta dos documentos e entrou no edificio social. Subiu as escadas sem grande esforço, no entanto ao abrir a porta do apartamento se deparou com o cesto jogado no meio do chão.

– Annabeth? – chamou assustado.

– Aqui Senhor... Jackson – a voz falhava, como se falar fosse a maior tortura do mundo. O moreno arregalou os olhos ao ver a loira sentada no sofá soltando gemidos de dor.

– Annabeth! – caminhou até ao sofá se sentando ao seu lado – O que aconteceu?

– Eu tropecei quando ia descer as escadas – se queixou ela esfregando o tornozelo com cuidado.

– Me deixe ver – falou ele se ajoelhando no chão. Pegou delicadamente no pé da Chase fazendo esta suspirar de agonia. – Tá doendo muito?

– Um pouco – afirmou ela.

– Está torcido – informou o Jackson acariciando suavemente o seu pé – e está com mau aspecto.

– Eu coloquei gelo, mas já não consegui me levantar mais – disse ela cerrando as pálpebras de aflição.

– Eu vou buscar gelo... temos que cuidar disso antes que fique inchado – afirmou Percy preocupado. Caminhou até á geladeira, retirando de lá um saco com cubos de gelo, embrulhou ele num pequeno pedaço de pano e voltou para junto dela.

Pegou novamente no pé da loira roçando os dedos na pele macia do calcanhar, fez uma leve massagem e por fim encostou o embrulho de pano gelado sobre o tornozelo dorido.

– Está melhor? – perguntou ele.

– Sim... – falou ela.

– Você devia ter chamado alguém – advertiu o Jackson.

– Eu sei... mas eu não conseguia me levantar.

– Eu entendo – falou ele – O melhor é eu levae você ao hospital.

– Não é preciso... isso passa, ele está ficando melhor.

– Annabeth deixe de ser teimosa.

– E você de se preocupar tanto.

– Eu me preocupo o suficiente – retorquiu ele. O Jackson analisou de novo o pé, e arqueou uma sobrancelha desconfiado.

– Que se passa? – perguntou a loira.

Houve silencio.

– Senhor Jackson?

– Está deslocado – avisou Percy.

– Oque?

– Você deslocou o tornozelo... – explicou ele massajando a zona roxa do pé – Precisamos levar você ao hospital... isto não está com bom aspecto e se continuar assim ainda ficará pior.

– Mas... eu não quero ir.

– Mas vai – afirmou Percy começando a pegar no corpo de Annabeth.

– Que tá fazendo? - perguntou a loira de súbito.

– Você não consegue andar e precisamos de levar você daqui. – advertiu ele erguendo a loira nos seus braços. Annabeth se agarrou ao pescoço de Percy tentando suportar as dores.

– Tá doendo muito? – indagou o moreno preocupado.

– Um pouco. – falou ela escondendo o rosto no seu pescoço.

– Não se preocupe... eu vou cuidar de você.