Faz assim escrita por TenChan


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoal. Postei essa fanfic em outro site há alguns anos, mas resolvi colocar aqui também. Espero que gostem e tenham uma boa leitura. Até mais.



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23 de janeiro de 2009 (sexta-feira, 10h32) - Era tão estranho te olhar dentro dos olhos...

Os lábios naturalmente rosados dela se moviam rápido e incessantemente, tagarelando sobre qualquer assunto trivial no qual eu não conseguia me prender, assentindo mecanicamente sempre que necessário. Às vezes ela me encarava, fazendo aparecer aquelas pequenas rugas na testa, mas então dava de ombros, passava a língua de leve nos lábios, umedecendo-os inconscientemente, e voltava para seu monologo.

E eu voltava a me perder. Não nos lábios, rosados, cheios, bem desenhados. Nem nos cabelos que, rebeldes, esvoaçavam por toda parte; Eles estavam – milagrosamente – soltos, levemente ondulados e brilhantes. Aquele tom castanho punha-me sempre a divagar.

– Não concorda? – sua voz penetrou em meu ser, soando aos poucos, ecoando docemente em meus ouvidos. Assenti para ela. Os lábios – já umedecidos – repuxaram-se em um sorriso largo, deixando os dentes perfeitamente alinhados e brancos à mostra. Eu adorava seus dentes, sedento para senti-los.

Então ela erguia a cabeça, encarando-me nos olhos. E eu tinha certeza de que estava realmente perdido, pois lá estavam eles, com aquele tom de castanho diferente, nunca antes visto igual – e então me corrigia, sabendo que seus cabelos possuíam a mesma cor -, vendo a vivacidade resplandecente de seus orbes brilhantes, risonhos.

Aqueles olhos tão diferentes dos meus...

09 de fevereiro de 2009 (segunda-feira, 18h17) – E ver na minha frente tudo que eu sempre quis...

Tenten era completamente encantadora. E, para meu total desgosto, parecia não saber disso.

Ela transpirava feminilidade com o rosto delicado, a pele bronzeada do sol, as curvas perfeitas, os seios médios, a pele macia...

Sua gargalhada me tirou do transe, enquanto Lee juntava-se a ela na risada. Ambos olhavam para mim. Encarei-os de volta, e ela sabia que eu queria uma explicação.

– Você estava me devorando com os olhos, Neji – disse simplesmente, como se estivesse comentando sobre o clima quente, que a fazia usar aquele vestidinho florido, solto e curto, fazendo com que a pele dela parecesse completamente fresca...

– Está fazendo outra vez – sua voz acusou-me, brincalhona. Os dois riram novamente.

Estreitei meus olhos de leve, sentindo a boca seca. Ficar encarando minha melhor amiga não era algo que me agradasse, mas o cheiro dela parecia me chamar, sussurrando que precisava do meu para se completar...

Fechei os olhos. Suspirei.

–Vou para casa.

Os lábios rosados – que não estavam úmidos, e por isso viravam uma tentação maior, como se exigissem que eu os umedecesse – formaram um biquinho infantil, mas extremamente encantador. E tentador.

– Você poderia me dar uma carona, não é? – e seus olhos, com aquele brilho especial e único pararam de me mirar, focando-se em Lee. Ela arqueou uma das sobrancelhas perfeitas.

– Oh. Bom, vou andando. Cuide dela, Neji. Tenten está ficando linda, não é? – e, como se estivesse prestando-nos um favor, ele se retirou. E estava mesmo, pensei.

– Tudo bem, largo você em casa – concordei, pondo-me a caminhar.

Ela riu – aquele riso fácil e gostoso – e enganchou o braço no meu. Olhei para o outro lado. Ela riu novamente.

– Não quer que me vejam com você, Hyuuga? – o tom parecia ofendido, mas eu sabia que, se olhasse para ela, os olhos castanhos estariam rindo para mim, convidando-me a fazer o mesmo. Ignorei-a até o momento em que tentou retirar o braço. Com o coração levemente acelerado, segurei meu braço contra o corpo. O de Tenten ficou ali, preso.

Eu a ouvi suspirar baixinho, desacelerando o passo; acompanhei-a. Ela encostou o corpo de leve no meu, a cabeça apoiada em meu ombro.

19 de março de 2009 (quinta-feira, 23h47) – Eu era diferente dos outros caras de vinte anos...

Eu nunca havia me sentido tão impotente, enquanto praguejava mentalmente, odiando o verão.

A música barulhenta me deixava com dor de cabeça, assim como o cheiro forte de bebida alcoólica.

Eu não conseguia ouvir o que Tenten falava com as amigas, mas todas elas riam e apontavam, falando de um grupo de homens diferente a cada minuto.

Com a mão no bolso da calça, apertei a chave do carro com força. Eu odiava ver Tenten com aquelas pernas longas e morenas de fora, usando aquele vestidinho curto e extremamente apertado. Mas não era culpa dela, era culpa do verão. Se fosse inverno, Tenten usaria algo mais comprido, eu sabia. Algo com muito pano.

Engoli em seco. Ela estava linda e isso era totalmente visível, ainda mais quando aqueles caras, alguns segurando um copo na mão, passavam pro trás dela, perto demais, alguns ousados demais, sussurrando-lhe algo no ouvido.

Ela sorria. Mas isso também não era sua culpa. Era culpa deles.

Eu sentia meu corpo ferver de raiva. Respirei fundo, praguejando novamente.

– Você parece odiar isso aqui – sua voz risonha era inconfundível, por isso nem me virei para ela. – Vamos lá, Neji, todo mundo gosta.

Me forcei a assentir.

Ela caminhou até o outro lado, escorando-se na parede comigo. Com o canto do olho, eu a vi olhar para meu perfil. Tenten não estava sorrindo.

– Acho que você deveria ir embora.

Simples assim. Minha respiração acelerou-se um pouco.

– Primeiro você me convida para vir, depois me manda embora? - ela assentiu calmamente. – Então eu sirvo somente para trazer você e suas amigas? Já conseguiu carona para voltar, imagino.

Eu sabia que havia soado cruel, e não somente pelas palavras. Minha voz era fria e sem emoção, totalmente indiferente.

– É isso aí – disse ela, colocando uma mexa do cabelo perfeito atrás da orelha.

Depois disso, Tenten se foi.

14 de abril de 2009 (terça-feira, 22h) - Você era uma chance pra eu ser feliz...

Eu poderia me acostumar com isso.

Seria terrivelmente fácil ver Tenten fazendo o jantar todas as noites – exceto naquelas em que cozinharíamos juntos, nos beijando ocasionalmente, ou quando eu faria algo especial para nós.

Tentando conter meus lábios, que insistentemente formavam sorrisos, caminhei calmamente até meu quarto.

Ela gritava da cozinha, dizendo os filmes que eu seria obrigado a assistir depois do jantar, enquanto ouvia a música calma soar no rádio. E eu continuava sorrindo, olhando minha cama grande, imaginando-me ao acordar com Tenten ao meu lado, vendo seu sorriso fácil e lindo todos os dias...

– Ei, você não está me ouvindo! – ela gritou no meu ouvindo, sobressaltando-me. Gargalhando, Tenten se jogou de costas sobre minha cama.

Contive a vontade louca de me juntar a ela.

30 de abril de 2009 (quinta-feira, 15h17) - Eu era simplesmente mais um cara apaixonado, e no seu coração não ir ser ninguém...

– Então – comecei, largando o livro calmamente sobre a mesa. Ela não desviou os olhos de suas anotações. – Você anda conversando bastante com o Inuzuka.

– O quê? – sussurrou, franzindo o cenho para as folhas. Então levantou a cabeça, olhando-me com os castanhos brilhantes, que pareciam dolorosamente apagados há quase um mês. – Kiba? Ah, sim, nós estamos saindo agora.

Ela voltou para as anotações, enquanto eu processava sua informação.

– Saindo? O que quer dizer com saindo?

Eu sabia que havia soado incrédulo, a voz subindo algumas oitavas. Ela não me olhou.

– Você sabe – ela deu de ombros, a alça da blusinha deslizando vagarosamente por seu ombro, torturando-me. – Estamos nos conhecendo melhor.

E, enquanto ela umedecia os lábios, imaginei o maldito Inuzuka fazendo o mesmo.

21 de julho de 2009 (terça-feira, 21h53) - Mas é exatamente quando a gente está cansado, o coração distrai, então a sorte vem...

Nós caminhávamos lentamente pelo campus da faculdade.

O Inuzuka havia beijado de leve os lábios rosados e macios de Tenten há poucos minutos.

E eu ainda estava tremendo de raiva. Ela parecia nem notar. Na verdade, Tenten parecia não notar mais nada...

– Você não parece feliz no seu relacionamento – murmurei, observando-a de esguelha - Tenten deu de ombros. – E então...?

– Sou eu, não ele – disse ela, abrindo a porta do meu carro. Enquanto caminhava até o outro lado, pensei em algo para dizer. Suspirei assim que sentei ao seu lado.

– Essa é velha demais, Tenten.

Olhando para a janela, ela continuou em silencio. Acelerei.

– Até seria – concordou ela, virando-se para mim. – Mas só se eu estivesse dizendo isso para ele, não para você.

– Então fale para ele. Kiba não te faz feliz, não é bom o bastante para você – apertei o volante com força, nem acreditando em minha ousadia. Olhei para ela com o canto dos olhos. Parecia pensativa.

– E quem me faria feliz, Neji?

Parei o carro, observando o sinal vermelho.

Olhei para ela, encontrando seus orbes fixos em mim. Lentamente, ouvindo meu próprio coração bater alto, retirei a mão do volante, levando-a em direção à dela.

Alguém buzinou atrás de nós.

Soltando a respiração, que eu nem percebi que havia prendido, levei a mão de volta para o volante.

Mas Tenten pegou-a antes que eu pudesse fazer isso. Determinada, ela entrelaçou nossos dedos, levando nossas mãos para descansarem em sua perna.

03 de setembro de 2009 (quinta-feira, 19h12) - (...) Me deixa ser seu homem e venha ser uma mulher pra mim...

– Feliz aniversário, Neji.

Seus olhos haviam recobrado aquela cor vivaz que eu tanto amava, sua voz com o mesmo tom risonho. Fazendo biquinho, ela ergueu as mãos.

– Vou tentar algo hoje, Neji. Estou com os seus presentes bem aqui.

Arqueei a sobrancelha para ela. Estávamos os dois na praia, o brisa fresca brincando com seus cabelos ondulados.

– Não estou vendo presente algum.

Ela riu, aquele riso que eu tanto gostava.

– Primeiro, terminei com Kiba.

Seus olhos transmitiram-me aquele brilho de expectativa, enquanto me olhava mordendo o lábio inferior.

– E isso seria...?

– O seu primeiro presente.

Traguei saliva, encarando-a fixamente. Ela sorriu para mim, um sorriso diferente. Um sorriso lindo, confesso, mas tremulo e hesitante. Tenten nunca havia sorrido assim para mim.

Calmamente, ela levou as mãos até meu peito, pousando-as de leve, acarinhando-me com os dedos.

Senti minha respiração acelerar, assim como as batidas de meu coração.

– Espero que gosto do seu segundo presente.

Lentamente, seus olhos – que eu amava tanto, desde o tamanho e a forma, até a cor castanha exótica – se fecharam.

E então seus lábios rosados, cheios e macios, feitos para serem beijados, tocaram delicadamente os meus.

Com medo de que tudo fosse apenas um momento, eu a segurei firmemente entre meus braços, enlaçando-a pela cintura, apertando-a gentilmente contra mim.

Suspirando, Tenten aprofundou o beijo.

Só posso dizer que não senti borboletas no estomago, não foi como se o mundo não existisse e eu não parei de ouvir as coisas ao meu redor.

Porque beijar Tenten foi o mesmo que estar a três metros acima do céu.


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