As Princesas Gêmeas escrita por ZodiacAne


Capítulo 2
Capítulo 2 – A fuga


Notas iniciais do capítulo

Nem ia postar, mas deu vontade.



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Dezoito anos se passaram e Charlotte e Anicca cresceram. A princesa era idêntica a mãe, os mesmos cabelos e olhos. Anicca era mais parecida com o pai, Henry.

A Rainha convivera muito tempo com a tristeza de ter perdido um filho, mas tinha a alegria de ter a outra. Ela se encontrara algumas vezes com o seu grande amor durante todos aqueles anos. Eles se encontravam naquela mesma cabana, que era longe do reino e de olhos curiosos. Porém, havia pouco mais de cinco anos que não recebia notícias dele.

A Princesa aprendia seus deveres reais, etiqueta, literatura, música, dança e mais outras tantas coisas. Era uma moça inteligente e com pensamento muito maduro para sua idade. Seu local preferido era o jardim do castelo, onde era o local mais calmo para a leitura. Sua maior vontade era ultrapassar os muros do palácio e andar pelo reino.

Anicca ajudava a sua mãe com os serviços da casa e da taverna Nurnock, da qual sua mãe era a dona. Ela também tinha algumas habilidades com lutas, que foram todas ensinadas por seu amigo Rimark Cuthgaran. Além de música e dança, que aprendeu com o convívio com as pessoas que passavam pela taverna. Ela era uma garota sonhadora, simples e feliz. Seu lugar favorito era a floresta Graveyard Feather, especialmente o rio e aquela cabana antiga. Ela sempre parecia vazia, mas nunca abandonada. Ela sempre teve curiosidade de saber sobre o dono daquele lugar.

***

O Rei Joffrey morrera cinco anos antes. Ele voltara seriamente ferido de uma batalha e sem possibilidade de melhora foi definhando até morrer. Em seu leito de morte, chamou a Rainha, pois precisava lhe contar uma coisa:

–Diga, Rei Joffrey, o que queres me contar?

–É sobre a Charlotte.

–O que tem a Charlotte?

–Ela não tinha um irmão e sim uma irmã.

–O que isso significa?

–Você deu à luz a duas meninas.

–Duas meninas? Mas... E essa outra?

–Aquela criada... A que ficou grávida junto com você... Ela teve um menino, que nasceu morto.

–E o que fizeste? Anda, Joffrey, me diga!

–Eu não queria criar duas princesas, teria muito trabalho. Então, troquei as duas crianças. Thomas era o filho dela e não o seu.

Úrsula entrou em prantos.

–Quer dizer que esse tempo todo, eu enterrei o filho da minha amiga achando que era meu? E eu sofri esses anos todos por um filho que não era meu? Não acredito!

–Perdoe-me, Úrsula. Eu pensei de forma egoísta.

–Eu te perdoo porque eu também enganei-te.

–O que quer dizer?

–Elas não são suas filhas. Eu já me casei grávida delas.

–Então, parece que estamos quites.

–Sim, Majestade.

–Acho que não passo dessa noite.

–Não se preocupe com isso. Apesar de tudo, foi um bom rei.

–Aquele homem... Do dia do casamento... O que dançaste contigo... É ele?

–Sim.

–Agora pode finalmente reencontrará seu grande amor. Pena que nunca correspondeu o meu por ti.

–Não pude fazer nada quanto a isso. Meu coração já estava ocupado.

–Obrigado por ao menos ficar ao meu lado.

–É o meu dever como rainha, Majestade.

E naquela noite, Rei Joffrey faleceu. O seu enterro foi com todas as honras ao grande rei que fora.

***

O jovem e recém-coroado rei Frederic Muskygem de Stone Crystal estava em busca de uma rainha para o seu povo. Então, mandou um Embaixador para o reino de River Vault para conversar sobre uma proposta com a Rainha Úrsula.

Após alguns dias de viagem, o Embaixador finalmente chegara. A majestade tratou de recebê-lo na sala do trono.

–Saudações, Rainha Úrsula.

–Embaixador de Stone Crystal, o que lhe traz aqui?

–Vim em nome de meu rei: Frederic. Ele quer fazer uma aliança com vosso reino, através de um casamento com sua filha.

–Então, o novo rei deseja uma rainha. Bem, minha filha está na idade, mas preciso conversar com meu conselheiro. Mas eu não vejo nada que possa impedir a feição desta aliança. Fiques no castelo por uns dias, deve ter sido uma cansativa viagem. Dar-te-ei a resposta em dois dias.

–Agradeço a hospitalidade, Majestade.

A rainha chamou um criado e mandou preparar um aposento para o Embaixador. Ele despediu-se, sendo guiado pelo criado. A Princesa Charlotte ouvira toda a conversa por detrás de uma das portas que levava a sala. Assim que o visitante saiu, ela entrou e falou com a mãe:

–Mãe, quem és este senhor?

–O Embaixador de Stone Crystal. Veio falar de uma aliança.

–Esse parte ouvi. O rei quer me desposar?

–Sim, filha. E acho que será bom para nosso reino se acontecer. O reino está passando por algumas dificuldades depois que... - ela sempre travava quando ia se referir ao falecido rei como o pai de sua filha, sendo que ele não era – seu pai morreu.

–Já não mandaste aumentar os impostos? Isso não resolveu?

–Não fiz isso. O povo não merece isso. Eles não devem pagar pelo gastos extras que tivemos. Se eu pudesse cobrar impostos da nobreza... - pôs a mão no queixo

–Mas, eles pagariam?

–É uma ideia que conversarei com o Conselheiro Real, além do casamento, é claro.

A princesa Charlotte despediu-se da mãe e subiu para o seu quarto. Pegou o livro que estava lendo para tentar de distrair, mas o pensamento do possível futuro casamento real tomou conta e ela só conseguia pensar em o quanto seria horrível ela se casar com alguém que ela sequer conhece e obviamente não ama. Ela sabia bem dos seus deveres de princesa, porém sempre sonhara em ter um amor exatamente igual dos Romances que lia. Ela queria encontrar o amor de sua vida e se casar com ele. Só que ela compreendia que isso seria praticamente impossível. Os deveres reais vinham antes dos deveres dela com o próprio coração. Então, só restou a ela chorar.

***

Era bastante agitado nas ruas próximas ao palácio de River Vault, principalmente durante o dia. Mas havia um local que estava deserto, onde ficava a Taverna Nurnock, que só abriria depois que o sol se despedisse. A senhora Marianne cuidava da comida junto com seus empregados, já que havia anos que o negócio crescera e ela não conseguia servir as mesas e os beberrões do balcão sozinha. Além disso contava com a ajuda da filha, Annica, para tal. A jovem ajudava a atrair alguns homens para a taverna, simplesmente para vê-la, fosse servindo as mesas ou dançando, como fazia algumas vezes.

Ela sofrera muito com a perda de seu filho e também com a expulsão do castelo feita pelo próprio rei. Só que tudo isso deu-lhe a filha maravilhosa que ela tinha. Só que uma simples coisa não deixava de perturbar seu sono após a morte de Joffrey: E se descobrissem que ela está escondendo outra princesa? Por sorte nunca suspeitaram dela não ser sua filha, por conta dos cabelos serem semelhantes aos seus.

Olhou pela janela e viu Annica com o seu melhor amigo, Rimark, praticando lutas de espadas. Eles eram assim desde a infância, sempre companheiros. Muitos chegavam até a dizer que eles se casariam no futuro. Se permitiu sorrir e voltou a prestar atenção no que fazia.

Os dois camponeses estavam nos fundos da casa/taverna onde era audível o som dos encontros de suas espadas. O rapaz ensinava a amiga o que aprendia no seu treinamento no exército real. Era uma batalha por diversão, mas com um óbvio vencedor. A espada da garota alçou voo e caiu espetada no chão.

–Eu venci. - Rimark sorriu

Annica correspondeu meio chateada, antes que tomasse um susto, pois repentinamente ela foi beijada pelo outro. Ela aceitou o beijo. Teria sido o melhor beijo do mundo se ela fosse apaixonada por ele, mas isso não era verdade. Quando se desvencilharam, ela questionou:

–Por que fizeste isso, Mark? - ela o chamava assim

–Curiosidade talvez. - guardou a espada na bainha e continuou enquanto pegava a que ficava fincada – Sempre falam que nós dois formamos um belo casal. Só que não vejo-te dessa forma. Pensei que um beijo pudesse, não sei, me dar uma resposta definitiva. E pela sua feição...

–Parece que sim! Não senti nada.

–E nem eu! - ele riu – Tu és minha irmã praticamente. O que será que há na cabeça deles para falar algo assim?

–E me perguntas? - pulou no pescoço dele para que fosse carregada nas costas – Eles não devem compreender que é possível uma moça e um rapaz serem apenas amigos.

–De fato, Ann. Mas vamos prometer uma coisa?

–O quê?

–Se não encontrarmos alguém, nós nos casaremos.

–Prometo. E se encontrarmos, um terá uma função importante no casamento do outro.

–De acordo. Prometo também!

–Ande logo, escravo. Carregue-me até o meu aposento. - ela brincou

–Não antes de um passeio no quintal. - falou pulando e sacudindo-a em suas costas

Ela saltou um pouco, eles riram, caíram no chão ainda rindo depois. Marianne chamou a filha, pois era hora de abrir a taverna.

–Vais ajudar hoje, Mark?

–Sim. - Annica saia na frente, quando ele puxou-a – E sobre esse beijo... Melhor ficar em segredo. Pode ser ruim para ti.

–Eu sei, Mark. Aconteceste aqui, acabaste aqui.

Ambos entraram pela cozinha e ficaram atendendo os clientes, ele do lado de dentro do balcão e ela, do lado de fora, atendendo as mesas. Até que de repente, a entrada de um jovem homem, com cabelos e olhos castanhos fez Annica se encolher toda no canto do balcão. Rimark indagou:

–O que foi, Ann?

–Ele está aqui.

–Ele quem? Explica-me.

–Aquele que entrou bem vestido. - apontou

–E que tem?

–Já vieste aqui algumas vezes e não parava de olhar para mim. Acabei o atendendo algumas das vezes. Ele sempre pede a mesma coisa.

–Não o conheço. Deve ser novo na cidade.

–Tenho certeza que sim.

–E se escondestes, quer dizer que também estás interessada nele.

–Claro que sim! Vês como ele é bonito.

–Não faz o meu gosto, mas sim, apreciei a beleza do rapaz. - Annica riu – Dar-te-ei uma ideia: Por que não lhe serve “o de sempre”?

–Nem quis olhar para ele, ainda queres que eu fale?

–Farei questão de ser o padrinho de vocês.

–Ridículo, Mark. Ridículo!

–Vais logo, não o deixe esperando.

Ela assentiu. Pegou uma caneca da bebida que ela sempre pedia e foi a até a mesa.

–Boa noite! O de sempre para o senhor. - colocou na mesa

–Boa noite. Bem, acho que esse não é o meu “de sempre”. É a primeira vez que eu venho aqui.

“Só posso tê-lo confundido com outra pessoa. Ai, Annica, sua tola!” Ela pensou.

–Perdoe-me, senhor. Achei que fosse outra pessoa.

–Não, tudo bem. Eu tenho um irmão gêmeo. Ele é igualzinho a mim e veio aqui algumas vezes. Sugeriu-me que viéssemos aqui para beber um pouco, mas parece que ele está atrasado. Pode deixar aqui e traga mais uma caneca para ele.

Foi atender ao pedido do novo cliente, pediu àquele atrás do balcão outra caneca. O amigo lhe perguntou:

–Então? Como foste?

–Um desastre, é claro! É o irmão gêmeo dele. - reclamou

–Gêmeo? Bem, como poderias saber disto.

–Realmente... Mas o irmão disse que ele está vindo para cá.

–E parece que chegou. - Mark soltou quando a porta rangeu

Ela já estava com o recipiente cheio de líquido em mãos e já estava ainda mais nervosa.

–Torço por ti, Ann. - O amigo a encorajou

Respirou fundo para tomar coragem e caminhou até a mesa.

–A outra que pediste, senhor. Com licença!

–Ei espere. - o irmão que chegara primeiro falou – Esta bela moça se confundiu achando que eu fosse tu.

–Isso acontece muito. - o outro respondeu – Não precisa ter vergonha. A gente acostumou-se com isto. Alias, meu nome é Valentim Fierceviper.

–E eu, Martin Fierceviper.

–Annica Starryheart.

–Belo nome, senhorita.

–Agradeço. - sorriu – Agora, com sua licença.

A jovem voltou de encontro ao amigo num misto de vermelhidão e um sorriso bobo.

–Agora tudo correste como deveria.

–Melhor que imaginei. O nome dele é Valentim.

–E do irmão dele?

–Martin.

–Por que as pessoas que tem gêmeos dão-lhes nomes parecidos?

–Não pergunte a mim, não sou gêmea de ninguém.

–E se tivesses uma irmã gêmea?

–Se eu tivesse... Acho que ficaria confusa. Acharia que estou me vendo o tempo inteiro. - e riu

–Acho que não poderia ter um gêmeo, um de mim já és o suficiente.

–Se for medir pelo ego, precisarias de uns três de ti.

–Precisarias de umas dez por conta dessa sua vergonha... E o seu talento também.

–Não sei que talento. Apenas sirvo mesas na taverna de mamãe.

–E também entretêm os beberrões com suas canções de dança. Graças, é claro, ao meu violão.

Naquela noite não houve cantoria na Taverna Nurnock porque era metade da semana ainda. As artes eram apenas nos finais de semana.

Tarde da noite, os últimos clientes, que eram os gêmeos Fierceviper saíram. Rimark foi para casa, enquanto Annica subiu junto com a mãe para dormir.

***

Alguns dias depois, após ter conversado bastante com o Conselheiro Real, a rainha Úrsula decidiu fazer o acordo com o Rei Frederic e a haveria o casamento entre ele e a princesa Charlotte.

A jovem ficou desolada ao saber da notícia. Ela não sabia o que sentir, se chorava, se batia em alguém. Era um misto de raiva, tristeza e medo que sentia. Ela viu que a sua vida estava escorrendo por suas próprias mãos, ela não podia fazer nada para mudar o seu destino, que por vontade de sua mãe era viver o resto de sua vida ao lado de um homem que não amava.

Só que outra coisa que Charlotte sabia era que ainda não era tarde demais. Ela podia muito bem retomar as rédeas de sua vida. E foi o que fez. Pouco antes de mais um alvorecer, ela vestiu uma capa com capuz e simplesmente saiu do palácio por uma das entradas laterais que conhecia. Em poucos minutos, a princesa já estava nas ruas próximas ao castelo e cada que passo que dava se distanciava mais de sua “prisão”.

Levaria apenas algumas poucas horas para perceberem o seu sumiço.

***

Annica estava ajudando a sua mãe na taverna, até que saiu para poder comprar alguns ingredientes que faltavam. Encontrou-se com seu amigo no caminho e decidiram ir juntos.

O mercado já estava agitado, era o horário de pico. A garota já acostumada com aquilo e em ir ao local, rapidamente encontrou e comprou tudo o que precisava.

E na volta conversavam:

–Liberaram-te de ir ao palácio hoje, soldado?

–Hoje é a minha folga. Sem nenhuma guerra é bem calmo por lá.

–Deve ser bem divertido, não?

–É porque nunca participaste de uma guerra. É a pior coisa que existe.

–Não falando da guerra, só treinar mesmo.

–Ah, isso sim é divertido. - ele riu, trocou de assunto – E o que cantaremos hoje no Nurnock?

–Não sei. Podemos praticar e ver no que dá. - falou andando de costas

–Estás bem animada. Por que?

–Quem sabe o Valentim não vá hoje?

–Ajudar-te-ei a impressioná-lo. Mas, terás que dançar um pouco mais que normal.

Annica continuava andando de costas e rindo para Mark, mostrando mais animação para a apresentação da noite. A jovem não viu, mas acabou esbarrando em alguém com um capuz de cor azul. O choque levou as duas ao chão.

–Tomes cuidado, Annica. - o amigo soltou e foi acudir a outra – Estás bem?

Uma garota com cabelos loiros e olhos azuis olhou para ele e antes de receber qualquer resposta, disse, em choque:

–Princesa Charlotte, o que fazes aqui? - curvou-se levemente

–Princesa? - Annica indagou, se levantando

–Tu és do exército real, não? Por favor, não fales a minha mãe que eu fugi do castelo.

–Fugiste? Não entendo.

–A história é deveras cumprida e não tenho tempo para contá-la, preciso fugir para o mais distante que puder.

Antes que pudesse sair correndo, Rimark agarrou-a pelo braço.

–Alteza, deixe-nos ajudá-la. - Annica falou – Não vai saber andar por essas ruas sozinha e nem se virar sozinha. Afinal, és uma princesa. O que sabes fazer?

–Muitas coisas, não duvide de mim.

–Não estou duvidando de que seja inteligente e culta, mas a vida fora do palácio é bem diferente. Caso sigas em frente, vais parar na floresta de Graveyard Feather e mais a frente no reino de Stone Crystal. Queres mesmo se perder?

–Não posso ficar escondida tão perto do castelo. Logo me acharão. Não quero que me encontrem.

–Tem aquela cabana na Graveyard, não tem, Annica? - questionou Mark

–Ah é. Tem uma cabana lá e ela está vazia. É bem modesta, mas é isolada o suficiente para a senhorita.

–Só queria entender melhor a situação, Alteza. - o homem pediu – Por que fugiste?

–Será que podemos ir a um lugar mais reservado para conversarmos?


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Notas finais do capítulo

Agora eu deixarei sem previsão. =D
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