“Minha pérola,

Há seis anos em meus doze anos de pura inocência questionei meu irmão a respeito do amor, já que o mesmo tinha acabado de dizer que estava apaixonado.

Ele me falou que algumas pessoas se apaixonam a primeira vista, já algumas pela simples convivência. Mesmo não entendendo nada na época, três anos depois com meus quinze anos de pura observação descobri uma nova forma do amor, há também aquelas pessoas que podem se apaixonar devido a uma admiração nutrida por anos e anos e esse era você, Hyuuga Hinata apaixonada por Uzumaki Naruto – meu primeiro melhor amigo.

Na época fiquei feliz por descobrir algo que meu irmão não sabia e curioso como só eu sou, passei a observa-la. E esse foi meu primeiro erro.

Com o passar dos dias não notei que meus olhos observadores passaram a procura-la a todo lugar que eu ia e, por incrível que pareça sempre a encontrei mesmo em meio a multidões. Depois de um ano apenas observando, procurando-a ao longe não foi mais o suficiente, eu sou egoísta e precisava de mais, queria muito mais você do que possa pensar em imaginar.

Foi ai que eu tentei uma pequena aproximação, não foi difícil já que estudávamos na mesma classe. Você se lembra? Ao sinal do intervalo me aproximei, lembro-me que iria chama-la para passar o intervalo comigo e com Naruto, claro que o dobe era apenas um pretexto para que você dissesse sim, mas não consegui – não pense que foi vergonha ou algo assim, pois não foi. Ao te ver encolher os ombros, seus dedos indicadores batendo freneticamente um contra o outro e seus olhos mirado todo o canto da sala menos a mim a sua frente, fiquei com medo, medo de tê-la assustado, medo de ter feito algo que não devia e com isso me esquivei de você e fui diretamente para a Karin – argh! Arrependo-me disso até hoje – que estava ao seu lado.

O medo que ficou em mim ao ver sua reação me manteve afastado por mais um ano, mesmo que, coincidentemente nesse ano tenhamos nos esbarrados muito, seja na sala ou corredor, até mesmo caído uma ou duas vezes em dupla com você. E em todas às vezes me contive no lugar serio e quieto. E esse foi meu segundo e pior erro.

Mesmo me dando conta de estar apaixonado, mesmo estando observando-a a dois longos anos, não percebi a dor que estava frigindo a você e a mim. Como pude ser tão cego? Cego ao ponto de fazê-la gritar com palavras entrecortadas pelo gaguejo e soluço por conta das lágrimas que manchavam seus lindos olhos que estava apaixonada por mim, que gostava muito, muito de mim e algo parecido com idiota arrogante que apenas a ignorava, bem... Não sei o arrogante, mas confesso que sou idiota o suficiente por precisar do Naruto para, enfim poder fazer algo a respeito do que sinto por você – fiquei sem reação com suas palavras, levei algum tempo para processar tudo, para a ficha cair e a euforia abaixar.

E cá estou eu, sei que escrever uma carta é um termo bem clichê, mas era a única forma que pude pensar para poder contar tudo isso. Imagina o quão embaraçoso seria eu ter que lhe dizer tudo isso pessoalmente? Não, eu não aguentaria. Meu coração não aguentaria.

Eu te amo Hinata. Desde o primeiro dia que a vi, pela nossa indireta convivência e pela minha secreta admiração.

Eu simplesmente te amo muito Hinata.

— Uchiha Sasuke.”

— Mama tá doendo? — o pequeno Hisuke se encontrava no quarto agachado junto à mãe em meio a várias cartas e fotos, ao ver a mãe chorar questionou com o olhar cheio de lágrimas não derramadas, mas que logo cairiam. Percebendo que a mãe só o encarava meio aérea por ter sido interrompida, Hisuke mais que depressa se levantou e começou a correr para a sala enquanto gritava — Papa! Papa! A mama, a mama...

Sasuke dormia profundamente no sofá ao ser acordado abruptamente pelos gritos de Hisuke. Mesmo ainda grogue com o sono a menção do nome da esposa fez com que Sasuke fosse imediatamente para o quarto, em seu encalço o garoto de cinco anos desesperado.

— Hinata? — Sasuke parou no batente da porta olhando o fuzuê que se encontra o quarto. Hinata estava sentada em forma de índio, a barriga de seis meses evidente por se encontrar apenas de top por conta do calor, a sua volta várias cartas e fotos. Sasuke suspirou ao ver o papel preto nas mãos da esposa. Existia apenas uma carta naquele tom de papel com a escrita prateada, por ser o primeiro e único de muitos outros — Será que devo jogar essas coisas fora? — perguntou sorrindo de lado. Havia perdido a conta de quantas vezes pegou Hinata lendo aquilo.

— Idiota... — murmurou Hinata enquanto secava os últimos vestígios de lágrimas.

— Papa? — Sasuke olhou para baixo. Seus olhos negros se encontrando com os confusos perolados do filho. Sasuke se abaixou pegando o filho no colo.

— Não se preocupe — disse enquanto afagava os cabelos negros de Hisuke — Sua mãe esta bem. Que tal irmos comer algo?

Mesmo sem entender Hisuke sorriu — Mama vai também?

— Claro meu anjo — respondeu Hinata já ao lado de Sasuke acariciando os cabelos do filho.