The girl of wolves escrita por Katherine


Capítulo 38
Capitulo 38




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— Ei, onde você vai?

Virei-me, devagar, para meu pai que me encarava no alto da escada com um sorriso discreto estampado no rosto moreno. Odiaria mentir, ainda mais depois de tudo o que aconteceu, mas era uma ocasião necessária. Ele não entendia, e eu tinha minhas duvidas se algum dia entenderia a minha relação.

— Vou passar a noite na mansão – falei, desviando o olhar. – Tudo bem?

— Tudo, é claro – disse, meio confuso. – Mas vai agora? Já está tarde.

Seu olhar era penetrante em mim, como se quisesse ler a minha alma, sabia que não estava fazendo de proposito, era tudo uma coisa da minha cabeça por estar escondendo de fato o meu rumo naquela noite.  Olhei para os meus pés pensando em algo útil para dizer.

— Alice me ligou a pouco tempo – arrumei a franja. – Ela acha que precisamos conversar.

Minha mãe apareceu logo atrás de Jacob que deu espaço para que ela se aproximasse de mim, descendo alguns degraus da escada. Sua expressão era de certo modo ofendida.

— Noite das garotas sem mim? – perguntou. Deixei uma gargalhada escapar.

Meu celular vibrou em minhas mãos e quando eu li o remetente piscando no visor não me importei com a conversa, abri a mensagem ignorando totalmente a pergunta de Renesmee.

— Aposto que é Alice. – ela disse.

 

‘22hrs. Está oficialmente atrasada.’

— Por que está sorrindo? – a voz animada do meu pai perguntou se aproximando, fazendo com que eu saísse do transe.

— Não estou sorrindo – balancei a cabeça negativamente. – É a Alice, preciso mesmo ir.

— Boa noite para vocês. – Renesmee disse tentando reprimir a careta.

— Sam pediu para que eu almoçasse amanha em sua casa – falei me aproximando da porta. – Então não me esperem.

Eles concordaram e eu me despedi o mais brevemente possível indo em direção a praia de La Push. Mas cedo, quando eu me arrumava, minha tia ligou-me aos gritos dizendo que esconderia esse segredo por mim, mas pediu que eu realmente dormisse na casa dela, para que não tivéssemos sérios problemas, concordei, pois nunca tinha como negar nada a Alice.

O meu coração parecia querer sair da boca de ansiedade para vê-lo, e havíamos nos encontrado mais cedo na floresta, não havia motivo para tal. A praia estava com pouca iluminação, mas não para os meus olhos.

Ele estava sentado na curta extensão de areia, virado para o mar, que varria as conchas mais próximas.

O mar estava calmo.

A lua presente no céu

Juntamente com as estrelas.

E o mais importante

Nós estávamos ali.

Sem que eu dissesse nada, ou fizesse qualquer gesto brusco chamando a atenção, ele se virou para mim, levantando em seguida. Sorri, andando em passos largos, que logo foram contidos devido a areia que pesava entre meus dedos.

— Atrasada. – ele disse abrindo um sorriso em quanto suas mãos se alojavam na minha cintura, puxando-me para um abraço.

— Não sabia que ligava tanto para pontualidade. – brinquei, com o meu rosto ainda escondido na curva de seu pescoço.

— Nem eu. – sussurrou rindo.

Perdi a conta de quanto tempo ficamos apenas abraçados ali, talvez porque eu nunca realmente tenha começado a contar, estava distraída demais para isso.  Seu cheiro embriagante entreva por minhas narinas causando-me uma das melhores sensações do mundo, era uma droga pra mim, como se eu fosse totalmente dependente daquilo.

Minha mão direita se alojou institivamente em seus cabelos pretos, quando seus lábios depositaram um beijo rápido e calmo em meu pescoço, mas permaneceu ali, inalando o cheiro.

Nos separamos rapidamente quando um barulho estridente saiu da floresta. Paul ficou na minha frente, não na tentativa de defesa, até porque não havia perigo algum, mas para tentar enxergar o causador do barulho. Olhei para suas mãos que tremiam um pouco e o vi rosnar, o que de certa forma me assustou. Entrelacei nossos dedos sem ao menos pensar direito e no mesmo momento ele parou de tremer, me olhando.

— Tudo bem? – perguntei.

— Deve ser algum animal – ele disse, dando de ombros. Sabia que estava mentindo. – Os garotos estão fazendo ronda, não tem porquê se preocupar.

Forcei um sorriso querendo não entrar no assunto.

— Deu tudo certo com a sua tia? – perguntou e eu assenti.

— Não tem porquê se preocupar. – repeti sua fala e ele soltou uma gargalhada.

Em menos de um segundo minhas pernas estavam entrelaçadas em sua cintura, sua boca se afundava dentre a minha com uma intensidade fora do normal, me causando eletricidades por todo o corpo. Minhas mãos deslizaram por seus ombros, quase bufei ao perceber que estava de camisa, mas controlei.

Desfiz o laço dos meus pés parando no chão novamente, interrompendo o beijo com alguns selinhos.

— Que foi? – perguntou franzindo o cenho.

— O dia está lindo para um banho de mar. – falei sorrindo sarcástica.

Ele rolou os olhos se desfazendo da camisa e em poucos segundos eu estava de biquíni sendo puxada para dentro da agua.

 

***

 

Como se fosse possível Paul ficava ainda mais bonito na luz do luar, e nem por um segundo eu conseguia parar de admira-lo. Ele estava de olhos fechados, usando apenas a sua bermuda jeans, com algumas gotas de agua ainda escorrendo por si, encostado em mim, que de volta e meia beijava a ponta de sua cabeça. Nossas mãos entrelaçadas e ainda molhadas causavam uma sensação de paz e conforto sem igual. Eu vestia a sua camisa, que também estava molhada graças ao meu biquíni, fazendo com que seu cheiro ficasse ainda mais forte em mim.

— O que você tem com aquele vampiro? – sua voz cortante desfez o silencio do local. Ele engoliu seco, ainda de olhos fechados.

Percebi que ele havia começado a tremer novamente, e apertei os nossos dedos ainda entrelaçados na tentativa de acalma-lo. Funcionou.

— De quem você está falando? – perguntei, sem saber.

— Aquele, amigo da sua família. – disse, ainda sem abrir os olhos castanhos.

— Dean? – ele assentiu. – Eu também não sei. Ele me entende, eu o entendo. Me sinto bem quando estamos juntos.

Ele não pareceu gostar da resposta, pois fez uma careta, mas que logo sumiu, dando lugar a uma carranca.

— Não gosto dele. – admitiu.

— Por que? – perguntei.

— Só não gosto.

Ele soltou a minha mão, e finalmente abriu os olhos, ajeitando-se para que ficasse de frente para mim. Não respondi o que ele falou, mas as palavras de Alice invadiram a minha cabeça. Dean não era perigoso para mim, mas era para o meu relacionamento. Ele não tinha apenas ciúmes estampado em seu rosto, mas também medo, de certa forma.

— Você se sente bem quando estamos juntos? – perguntou.

— Bem mais do que você imagina – falei, sorrindo. – Hoje foi ... no mínimo perfeito.

— Quero ficar com você – ele segurou a minha mão, brincando com ela em quanto dizia. – De verdade.

— O que isso quer dizer? – perguntei.

Eu sabia exatamente o que queria dizer, mas não era sempre que podia presenciar uma cena daquelas. Ele estava nervoso, era nítido.

— Que estamos juntos – disse. – Se você quiser.

— Estamos juntos. – afirmei.

Ele sorriu e se aproximou de mim, com meu rosto entre suas mãos iniciando um beijo.

Meu celular despertou, lembrando-me de que a essa hora eu já deveria estar na mansão.

Bufei me separando dele.

— Queria ficar pra sempre. – falei, melancólica.

— Mas tem que ir. – completou a frase sorrindo.

 

****

 

Entrei na mansão sem me importar com nada, não sabia onde os vampiros daquela casa estavam, porque nenhum deles veio me receber. Parei no mesmo instante que reconheci o cheiro do meu pai, virando-me para ele.

— Mentiu pra mim.


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