A Guerra das Sombras escrita por Ana


Capítulo 1
Um dia quase normal.


Notas iniciais do capítulo

Olá habitantes! Esse é o primeiro capítulo e eu gostaria de deixar uns avisos rápidos aqui:
— Caso tenha algume erro ortográfico, me avisem :3
— Deixem comentários, não custa nada e eu adoraria responder todos. Podem deixar algumas ideias e sugestões também :3
Bjos e até o próximo capítulo!



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Mais uma manhã de quinta-feira. Quem diria que faria Sol 7:00 em plena primavera em Stanny, nossa cidade natal. Me sento na beirada da cama, observando minha irmã, Rebecca, em seu sono profundo.

– Como essa garota dorme tanto? – sussurro.

Me levanto e vou ao banheiro, em nosso próprio quarto. Eu sei que quando ela levantar, o banheiro vai ficar uma zona depois.

Tomo banho e faço a parte de higiene pessoal, ainda sem ouvir nenhum ser vivo em casa. Volto para o quarto e pego um travesseiro.

– Eu vou morrer – digo.

Fecho os olhos e começo a bater em minha irmã. Ela se levanta muito rápido e com uma cara de: “O que você pensa que é?”.

Eu começo a rir, mas ela não revida e fico sem ar, arfando. Minha barriga dói. Rebecca vai ao banheiro e, como sei que vai demorar, desço para tomar café. Ainda na escada, olho para baixo e não vejo ninguém á mesa.

– Mãe? – nada – Pai?

Eles andam saindo muito ultimamente. Não sei para onde, já que moramos em um condomínio no meio de uma floresta.

Stanny não costuma ter muitos reservatórios, mas nossa família trouxe mudas de grandes árvores para cá á muito tempo. São histórias que ainda contam nas escolas. Como a família Campregher fundou Stanny no século de XIX; não apenas pelas mudas, mas por tudo que ocorrera antes e depois disso.

Volto para o quarto e ignoro a ausência dos meus pais. Logo eles estarão de volta.

Sento-me na beirada da cama para esperar Rebecca sair do banheiro e analiso nosso quarto. A minha parte, do lado direito, tem a parede na qual eu encosto minha cama na cor azul-mar, a mesma cor dos meus olhos. Minha cama em madeira escura e envernizada me transmite calma; e com o mesmo material é feita as minhas prateleiras, onde meus livros estão. Todos os livros nesse quarto são meus e de Rebecca, mas dividimos em estantes para ficar mais organizado. Tenho nas prateleiras um cofre do Batman que recebi de minha amiga Margot, no verão passado. Deve ter mais de trinta moedinhas. Não guardo muito minhas economias.

Além do cofre, minhas cartas de baralho e alguns bonequinhos que ganhei no McLanche Feliz fazem sua parte na decoração. Tento manter tudo em ordem na minha parte, tudo alinhado, a cama arrumada com meu cobertor branco e meus ursos antialérgicos.

Fico encima do tapete de linha lilás. Vejo o quanto eu e Rebecca somos parecidas, apenas mudando a cor da parede; sendo a dela verde- água, a cor de seus olhos. É claro que os móveis seriam iguais, mas os gostos são o mais fascinante. As músicas, desenhos, etc. Ainda bem que não nos contradizemos muito, senão seria um caos.

Nossos pais foram bem específicos nas cores das paredes, porém ambos afirmaram que, pela cor de nossos olhos, sempre nos encontraríamos. Bem, eu me encontrei.

Vou até a grande cômoda que separa a minha cama com a da minha irmã. A madeira igualmente escura abriga algumas de nossas coisas, como livros que não ficam na estante, casacos de inverno e, nas gavetinhas menores, fotos. Têm milhares de fotos, todos organizados por data, que vão desde nosso nascimento até hoje em dia. De vez em quando, me sento no chão apenas para ficar um tempão relembrando os ótimos tempos do passado. Quando ficávamos sujas de terra, ou quando íamos para grandes fazendas de morangos. Tudo registrado em três gavetas de fotos. Quando retorno á realidade, estou segurando um foto minha, na qual seguro uma flor azul. A guardo com cuidado ao ouvir uma tranca abrir.

Rebecca sai do banheiro já vestida, com seu cabelo cacheado já seco e bem arrumado em cachos definidos. A típica blusa de panda ainda lhe cai bem, assim como sua calça jeans e o all star vermelho. Enquanto ela põe o colar, me levanto e vou até o espelho.

– O que você estava fazendo? – tentamos dividir o espelho, já que é o único espelho do quarto que dá para se ver de corpo inteiro.

– Olhando algumas fotos. – me encaro por um momento no espelho. Olhos em um tom claro de azul e pele branca compõe parte do meu ser. O cabelo preto ondulado já está maior, fazendo o roxo das pontas descerem ainda mais. A blusa preta com respingos de tinta verde, rosa e amarelo quase tentam o nome de alguma faculdade famosa. Meus jeans estão dobrados até a metade da panturrilha, com o joelho rasgado e o mesmo all star de Rebecca está calçado em mim. Percebo que se não fossemos filhas do Campregher, acho que eu seria uma mendiga com as roupas que eu estou usando. Consigo até ouvir nossa mãe falar: “Mas filha, essa blusa já foi minha”. Ajeito os óculos ao mesmo tempo em que Rebecca posiciona os dela. A garota sorri e eu puxo seu braço.

– Vamos logo.

***

Tomamos café rapidamente e seguimos para a escola.

O fato de morarmos em um condomínio fechado já algo bem complicado. Só entra com autorização, e normalmente quase ninguém tem autorização para entrar, apenas os moradores. Seguimos pela trilha e observo as árvores altas que nos cercam. As plantas que normalmente suportam verões secos e invernos com chuva intensa, cresceram com ardor. Apenas alguns fios solares batem em minha cabeça, formando vários pontinhos de luz no chão.

Nos portões, somos paradas e o porteiro coloca a cabeça para fora de sua pequena resistência de vidro escuro. É Louis Seen, um velho amigo da nossa família. É um idoso, com poucos fios de cabelo e um óculos de grau forte que fica escuro no Sol. Ele sorri e entra de nova em sua cabine.

– Desculpe meninas. Mas ordens são ordens. – diz o velho porteiro.

Os grandes portões brancos se abrem e não consigo mais ver o brasão de um tigre rugindo no topo do portão.

Já distantes, Rebecca diz:

– Olha, isso é insanidade.

– O que?

– Isso parece uma prisão, fala sério.

– Eu sei – E eu realmente sabia. Toda a segurança estava redobrada, mas não sabíamos a razão. Todos os anos, nesse mesmo mês, tudo fica mais intenso. O ar, as pessoas em nosso condomínio. Odeio me sentir excluída. – Mas o que podemos fazer?

– Fingir que somos normais pelo menos na escola – afirma a garota.

E ela tem razão. Tudo que faço é para me enturmar, mas nunca deu certo, nem para mim e muito menos para minha irmã. Os professores parecem ser mais gentis conosco do que com os outros alunos, causando insatisfação para os mesmos. Não é isso que eu quero.

O caminho até a escola é curta, mas dá para nós duas trocarmos ideias. Minha irmã sempre fora minha melhor amiga, independente de tudo. Só nós duas sabemos o que é ser de uma família tecnicamente importante. Ou você se comporta como alguém da realeza, ou é excluído de todas as outras camadas da pirâmide.

Já na entrada, pude notar que estava tudo calmo. Todos os alunos divididos em grupos. Os populares estavam sentados nas mesas ao lado de uma grande árvore que faz uma sombra bem extensa. Algumas meninas da nossa sala ficavam na porta, conversando. Os meninos, na quadra do outro lado, á direita. Todos tinham o que conversar, mesmo que todos tivessem se encontrado um dia antes.

Nós duas entramos e recebemos olhares estranhos das meninas na porta, que deram risadinhas. Senti meu rosto esquentar e segurei a alça da minha mochila com mais força. Rebecca já não ligava mais; se pudesse, mandava qualquer um para o inferno. É como ter um guarda- costa particular, porém é melhor porque é a sua irmã.

Os corredores, em tons pastéis, me deixavam mais calma. Os armários que um dia foram verdes estavam enfeitados de várias formas: com adesivos á critério de cada pessoa ou até mesmo desenhos. Aqui, cada um tem sua forma de mostrar a sua personalidade, mesmo sendo através de armários.

O meu fica no corredor na ala leste da escola, e o de Rebecca, na ala norte. E é nesse momento que nos separamos. Em todas as aulas nós nos separamos, exceto nas de História, História de Stanny e Biologia. Fora isso, não nos vemos quase o dia todo, somente no intervalo.

– Cuidado – diz ela – Vai que alguém tenta nos matar, não é?

– Com certeza, super normal – sorrio e entro na sala de Física.

Todas as salas são idênticas, tirando os utensílios particulares de cada matéria, por exemplo, o esqueleto na sala de Biologia e as estantes de livros na sala de História. Fora isso, todas são de um tom bege, com uma única janela enorme, que é metade da parede até o teto e vai de uma ponta á outra. Nem ligamos a luz direito, já que há uma iluminação própria.

As cadeiras são de madeira e não muito confortáveis. Eu queria as cadeiras de plástico que o fundamental usa. As cadeiras deles sim são confortáveis.

Porém, como não estou mais no fundamental, fico com as de madeira mesmo.

Sento-me na fileira do meio e na primeira cadeira. Já estão todos na sala então presumo que logo tocará o sinal. Coloco os fones de ouvido e começa a tocar uma música que me relaxa bastante.

– Essa música é velha, não acha? – uma voz, que fora abafada pelo som razoavelmente alto dos meus fones, dissera isso com um tom de interrogação, como se fosse um crime.

– Talvez seja. Porém música não tem data de validade. – respondo, abaixando o volume.

Quando viro o rosto, era Branca, uma líder de torcida com nada na cabeça. Porém é popular, e nesses casos, o “nada” na cabeça pouco importa.

– Ora, ora. Não achei que fosse te encontrar aqui. – ela coloca os cotovelos na parte da cadeira onde escrevemos e pousa a cabeça nas mãos.

– Não sei você, mas eu moro e estudo aqui, Branca. Já deveria estar acostumada com meu rosto.

Ela ignora.

– Não sabia que seu gosto musical é tão... Velho.

– Não sabia que você era tão... Como é mesmo? Ah, sim! Irritante.

Ela franziu o cenho.

– Eu sou o que?

– Irritante – digo devagar.

Seu rosto fica vermelho, porém a garota logo toma a compostura.

– Olha, parece que a Giulietta Campregher de agora resolveu se defender, não é? – Ela fala alto e se ajeita na cadeira, fitando as unhas bem pintadas – Cadê o seu cão de guarda? Qual é o nome dela mesmo? Ah... Rebecca. Aquela garota parece imbatível quanto à opinião dos outros... Já você – ela sorri e se levanta – é mais frágil que uma folha queimada.

O sinal toca e eu não estava preparada para continuar o dia, porque ela está certa. E eu odeio isso em mim.


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Notas finais do capítulo

Comentem :3 Bjoos :*



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