Talking Body escrita por Pétros


Capítulo 2
Not On Drugs


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, quero agradecer Frances por ter comentado. O seu comentário foi muito importante e fez com que eu tivesse mais vontade de escrever. Obrigado ♥

Obrigado também pelos acompanhamentos. Estou tentando escrever e postar o mais rápido possível, não quero deixar vocês na mão.

Como sempre falo, se possível leiam ouvindo a música do título do capítulo. Ah, não deixem de ouvir Karol Conka (lendo o capítulo vocês entenderão), ela é linda e as músicas dela são muito contagiantes.



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Estou na frente do espelho, olhando para cada centímetro do meu corpo. Tenho cabelos loiros, olhos claros e pele branca. Me descrevendo a sociedade me idealiza como um deus grego, quando na verdade, tenho tantos defeitos que eu poderia passar dias escrevendo. Penso que o meu nariz é muito pequeno para o meu rosto e os meus lábios poderiam ser mais carnudos. Sem contar as olheiras que me deixam parecendo um zumbi.

Estou na frente do espelho, olhando para cada centímetro do meu corpo. Tenho cabelos loiros, olhos claros e pele branca. Me descrevendo a sociedade me idealiza como um deus grego, quando na verdade, tenho tantos defeitos que eu poderia passar dias escrevendo. Penso que o meu nariz é muito pequeno para o meu rosto e os meus lábios poderiam ser mais carnudos. Sem contar as olheiras que me deixam parecendo um zumbi.

Finalmente o dia chegou, é o dia da Festa Junina!

Falta só passar perfume para eu estar pronto. A festa junina, depois do Halloween é a maior festa da escola, só que diferentemente do Halloween não podemos ir fantasiados de algo que não seja caipira. Eu amarrei um casaco xadrez no meu quadril acima do meu shorts jeans, vesti uma blusa preta e coloquei meus suspensórios. Vesti uma botina e Voilà! Estou pronto para dançar e deixar todo mundo de boca aberta.

Faz mais de uma semana que deixei a casa de Gregório às pressas e quando cheguei em casa havia uma mensagem de Gregório no meu celular:

“Otávio, podemos fingir que aquele beijo não aconteceu? P.S: Não sou gay”

Meu primeiro pensamento foi: eu ferrei tudo! Entretanto, no outro dia agi como se ele não existisse e parece que ele decidiu fazer a mesma coisa. Eu ainda continuo gostando dele e se eu pudesse ter voltado atrás, provavelmente eu não sairia correndo. Não sei se foi por causa que foi o meu primeiro beijo com um menino ou se a minha intuição está muito aflorada, mas eu senti como se eu estivesse cometendo um erro.

Depois que deixei meus devaneios de lado, me despedi da minha mãe e da minha tia. Meu pai não mora conosco e eu não lembro muita coisa dele, só sei do que a minha mãe me falava sobre ele. Quando eu tinha quatro anos de idade, meu pai foi trabalhar na Nova Zelândia por alguns meses e nunca mais voltou. Minha tia, Lis, é a tia mais rica da família. Também é a mais mão-de-vaca, porém foi a única que se dispôs a nos abrigar até que nós fossemos capazes de nos estabilizar novamente, o que obviamente não aconteceu até agora.

É claro que minha mãe está dando o seu melhor, conseguiu um emprego de gerente de uma loja de roupas e sempre está economizando para conseguirmos sair da casa de Lis, que passa a maior parte do tempo fora, trabalhando no hospital da cidade.

Olhei no relógio e vi que estava quase atrasado. Saí de casa o mais rápido possível.

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A escola está toda decorada. Jogaram feno no telhado da escola, colocaram espantalhos no jardim e acenderam um fogueira no pátio. E claro, era possível ver as bandeirinhas de festa junina espalhadas pelos três andares da escola.

Adentro o grande edifício e vejo os professores vendendo quentão, pinhão, pipoca e outras comidas. Rezo para que eu tenha trazido dinheiro suficiente para comer de tudo um pouco.

De repente, Valentina surge do meu lado:

–Todo mundo achou que você não viria! Ficou doido? Queria enlouquecer todo mundo? – Ela falou tão rápido que quase ficou sem fôlego.

–Se acalma! Vamos começar o show?

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A turma inteira se posicionou na quadra em um círculo

. Todos estavam lá, só faltava eu. Aposto que o meu rosto deve ter se ruborizado de tanta vergonha.

A música começa e eu sinto o meu coração batendo cada vez mais forte. Nós levantamos a fita e deixamos as meninas passarem por baixo de nossos braços e depois elas faziam o mesmo e nós passávamos.

–Olha a cobra! –gritava a professora de educação física, que era responsável pela quadrilha. Sempre que ela gritava isso nós soltávamos gritinhos falsos de medo.

Subitamente a música parou, e os alunos olharam preocupados para a professora sem saber o que havia acontecido.

Eu, Valentina e outras 5 alunas fomos para o meio do círculo. A música Tombei, da Karol Conka começa. Todos olham como se não houvessem entendido que tudo foi proposital. Nós começamos a dançar.

"Já falei que é no meu tempo
As minhas regras vão te causar um efeito
É quando eu quero, se conforma, é desse jeito
Se quer falar comigo então fala direito, fala direito
[...]"

Nós descemos até o chão, rebolamos e dançamos. Olho para o rosto de Gregório com um olhar provocativo, seu rosto se enrijece e seu semblante expressa a forma mais pura de raiva. Eu, é claro, estou adorando.

Espero que ele tenha entendido o recado.

Nós sete continuamos a dançar de forma provocativa e depois chamamos os outros alunos que também dançam conosco. Foi muito divertido, principalmente ver o rosto de Gregório.

Assim que a música acaba somos aplaudidos pelos outros alunos.

Depois da quadrilha, fui direto para a discoteca improvisada, coloquei meu refrigerante num canto e fui dançar. Havia um menino que não saía da minha cola, ele era bonito e eu tinha quase certeza que ele era do segundo ano. As músicas estavam ótimas e os professores ficaram bem impressionados com a nossa performance.

Eles costumam me ver como aquele aluno santinho, o que não é uma mentira, porém como Marilyn Monroe diria: “Eu sou bom, mas não sou um anjo. Eu peco, mas não sou o diabo”.

Faz algum tempo que vi Gregório na quadra e nem faço questão de vê-lo novamente. Ele estava dançando com Valentina, porém parece que não está mais, já que ela apareceu do meu lado com uma expressão bem séria dizendo que queria conversar comigo.

– O que foi? –pergunto.

– Precisamos conversar. Você acha que eu não vi o jeito que você olhou para o Gregório? – meu rosto começa a corar – Desembucha logo!

– O que você quer que eu fale? Não sou obrigado a ficar dando satisfação a ninguém!

O rosto de Valentina está vermelho de tanta fúria, ela era apaixonada pelo Gregório tanto quanto eu e sabia da minha sexualidade.

– Seu viadinho! Você está dando em cima do Gregório! –ela cospe as palavras –Você vai se ver comigo Otávio. Não sou tão santinha quanto você acha que eu sou. Cansei de jogar limpo. – Depois de falar isso ela dá um tapa no meu rosto, o estralo foi tão alto que todos ouviram e agora estão nos olhando.

Estou mais que surpreso. Nunca achei que ela ia ser capaz disso, de me humilhar assim na frente de todos.

– Eu não sabia que o período de ecdise já havia chegado. Sua cobra! –eu grito.

Quando ela saiu, volto a dançar.

Ando em direção aquele menino do segundo ano que estava na minha cola. E falo:

– Você tem algo para misturar com o refrigerante? Energético, no caso...

Ele tira uma latinha de Red Bull e joga tudo dentro do meu copo.

– Obrigado.

###

Sinto me tonto. Sinto como se a cada passo eu pudesse cair e permanecer no chão para sempre. Até a hora que isso realmente acontece e sinto que estou sendo puxado para algum lugar. Em seguida apago por completo.


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Notas finais do capítulo

Muito obrigado por ler o capítulo. ♥
Não esqueçam de comentar. Quero saber o que vocês gostariam de ver na história, o que acharam e se há erros de ortográfica. Eu reviso várias vezes, mas como Elbert Hubbard disse: "O maior erro que você pode cometer, é o de ficar o tempo todo com medo de cometer algum.".



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