–Você está pronta? – House perguntou ao telefone enquanto pegava as chaves do carro.

–Quase. Preciso achar meus brincos. Mas pode vir! – Cameron respondeu.

–Certo. – ele disse desligando o telefone e saindo em direção ao apartamento dela.

Era o dia do baile beneficente do Hospital e Cameron não quisera se arrumar na casa dele, segundo ela não conseguiria fazer tudo com ele apressado para irem de uma vez. Quanto antes chegassem, antes iriam embora. Como se ela não soubesse que ele iria direto para a mesa de pôquer e provavelmente se esqueceria dela.

House estacionou em frente ao prédio e ligou avisando que já estava lá. Em poucos minutos ela apareceu, com o cabelo preso de lado e um batom escuro. Usava um sobretudo preto que deixava amostra a cor vermelha do vestido que ela escondia do vento frio.

–Achou o brinco? – ele perguntou e ela mostrou as duas pedrinhas brilhantes que levava nas orelhas.

–Você está muito elegante! – ela disse e ele sorriu convencido.

–Eu adorei sua roupa. Muito discreta e cobre tudo direitinho. – ele disse irônico e ganhou um tapa no braço.

–Muito engraçado doutor House. – ela disse revirando os olhos e escrevendo uma mensagem para Foreman. – E não se preocupe, não vou estragar sua noite de jogos, ok?

–Não? Oh, achei que você iria me importunar e me arrastar pra lá e pra cá apresentando seu namorado para os outros funcionários! – ele disse fazendo uma expressão triste.

–Greg, você sabe que eu não sou chata assim. Mas exijo sua companhia por pelo menos alguns minutos. Depois que o Foreman chegar você pode abraçar o Wilson e as fichas, ok? – ela disse erguendo a sobrancelha.

–Sim senhora! – ele disse batendo continência.

House estacionou na sua vaga de costume e desceu do carro. Foi até a porta do passageiro esperar Cameron e ficou literalmente de boca aberta quando ela saiu do carro. Usava um vestido vermelho que ia até um pouco acima do joelho. Da cintura pra cima era um tecido sobreposto por renda com um decote em v e tinha as costas toda à mostra.

–Vamos? – ela perguntou o encarando e adorando o olhar que ele lhe lançava.

–Vamos. – ele murmurou sem sair do lugar.

–Que foi? – ela perguntou com um sorriso de canto.

–Você ficou extremamente bem nesse vestido. E eu já estou pensando em uma maneira de tirá-lo. – ele disse a fazendo rir.

MD. MD. MD. MD. MD. MD. MD. MD. MD. MD. MD.

–Boa noite! – Cuddy saudou os amigos que chegavam.

–Boa noite – Cameron respondeu dando um abraço na amiga. – Já está cheio! – ela comentou olhando para o salão que um dia fora a recepção do hospital.

–Sim! A maioria trouxe convidados, então vai ser bem animado. House, o Wilson está te procurando para jogar. Se vocês puderem esperar eu vou junto assim que termine de receber todo mundo! – ela disse.

–Ele vai esperar. – Cameron respondeu fazendo Cuddy rir.

–Ela acha que tem algum poder sobre mim. – House disse para Cuddy.

–E não tem? – Cuddy perguntou mas ele soube se desvencilhar da pergunta.

–Olha o Jimmy. – House disse indicando o amigo e levando Cameron até lá. Nesse percurso House não deixou de notar a quantidade de olhares masculinos que se viravam para vê-la passar. E ele tentou não se importar, afinal não era todo dia que eles viam a doutora Cameron deslumbrante.

–Uau, a doutora Cameron está impressionante! – Wilson disse abraçando a amiga.

–Você está apresentável também, Wilson. – ela disse desdenhando dele e fazendo House sorrir.

Conversaram alguns minutos até que Foreman chegou e se juntou a eles. Vendo que House e Wilson estavam ansiosos para jogar, Cameron despachou ambos mesmo sem a Cuddy.

–Vamos beber alguma coisa, sim? – Foreman sugeriu levando a amiga aonde fora montado o bar.

–Tequila! – ela exclamou animada.

–Jura? E você vai aguentar? – ele brincou a fazendo revirar os olhos.

–Deixa disso, vamos começar a animar essa noite. – ela decretou por fim dando início ao que seriam algumas boas doses de sal, limão e tequila.

MD. MD. MD. MD. MD. MD. MD. MD. MD. MD. MD.

Depois de algumas horas de um jogo muito bem sucedido House decidiu procurar Cameron.

–Ela estava com o Foreman. Vai ver estão roubando um carro. – ele disse para Wilson e Cuddy enquanto deixavam a mesa de pôquer.

–Eu tenho que falar com algumas pessoas importantes pro Hospital. Então, encontro vocês daqui a pouco. – a diretora disse aos dois amigos.

–Certo. – Wilson murmurou um pouco chateado.

–Que foi Jimmy? Perdeu a mamãe pros caras importantes foi? – House disse provocando o amigo.

–Pelo jeito sim. Já não basta ter perdido pra Rachel, agora perdi pros executivos. – o oncologista murmurou.

–Wilson, pare de lamentações. Eu não sou a Cameron, ok? Você pode chorar no ombro dela assim que a encontrarmos. – House disse tentando encontrar a namorada.

–Lá. – Wilson apontou para um canto da festa onde algumas pessoas se organizaram para dançar.

Cameron estava rindo da maneira com que Chase e Foreman dançavam, enquanto ela mesma dava alguns passos. House e Wilson não reconheceram a música, mas era bem animada.

–Oláááááá! – ela exclamou quando viu os dois se aproximarem. – Olhem só quem apareceu.

–Foreman, você devia fazer companhia pra ela, não embebedá-la. – House disse percebendo o estado em que ela estava.

Foreman deu uma gargalhada e respondeu:

–Foi ela quem me deixou assim, chefe. Não tenho culpa se ela induz os amigos a ficarem alterados.

–Shhh! Você me trocou pelo pôquer, e agora eu tenho o Jose Cuervo! – ela disse mostrando a garrafa com pouco conteúdo.

–Já estou vendo alguém vomitando os órgãos pela manhã. – House disse tirando a garrafa da mão dela e se servindo de uma dose. – Vamos lá Jimmy! Aproveite também o nosso novo amigo.

Wilson pareceu ponderar por alguns instantes e se decidiu por acompanha-los.

–Cadê o Chase? – ele perguntou notando que o rapaz não estava mais ao seu lado.

–Acho que foi acompanhar uma moça ao estacionamento. – Foreman disse tentando lembrar se tinha certeza de alguma coisa.

–Pelo jeito o canguru Jack se deu bem. – House disse rindo e Cameron se apoiou em seu ombro para sussurrar.

–Se você se comportar vai se dar bem também. Muito bem. – ela disse piscando e ele já estava ansioso para estar em casa.

MD. MD. MD. MD. MD. MD. MD. MD. MD. MD. MD. MD. MD. MD.

House abriu os olhos devagar, a pouca claridade que entrava por uma brecha na cortina do seu quarto o estava incomodando. Respirou fundo se sentindo cansado e sorriu com as insanidades da noite anterior. Pelo menos com as quais ele se lembrava.

Olhou para os lençóis vazios ao seu lado e notou que Cameron não estava mais ali. Quando decidiu levantar e procura-la, a mesma entrou no quarto arrastando os passos e com os olhos meio fechados.

–Bom dia? – ele perguntou e ela se jogou na cama novamente.

–Shhh. Você fala alto demais, Greg. Shh. – ela murmurou colocando um travesseiro em cima da cabeça.

–Está tudo bem? – ele sussurrou e ganhou um tapa.

–Eu pareço bem idiota? E fale mais baixo! – ela disse fazendo menção de quem iria dormir. – Melhor, não fale nada. Minha cabeça vai explodir.

House deixou uma risada abafada escapar, ele tinha certeza que depois de toda aquela alegria causada pelo álcool, ela com certeza ficaria mal humorada e com uma ressaca daquelas.

O melhor seria deixa-la se recuperar em paz, então foi até a sala e ligou a TV.

–Adoro esse desenho! – ele exclamou e se aconchegou melhor no seu adorado sofá.

O dia seria longo.