De volta ao Clã escrita por Kai


Capítulo 12
Cap. 12 - Ceia de sangue


Notas iniciais do capítulo

No último capítulo do ano: Na ceia de natal dos Rutherford vários acontecimentos deixam as coisas abaladas e mistérios no ar.



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Ohio, 1960...

A casa de tábua era pequena porém aconchegante. Um café quente e cheiroso era posto na mesa, aquele no qual a própria Laurie tinha colhido e moído. Fiona encheu sua xícara enquanto encarava Laurie.

– Perdeu algo em meu rosto, Fiona ? - Laurie perguntou impaciente, enquanto descascava uma mexerica.

– Não, apenas me dói olhar pra você - Fiona deu um gole no café - Mente não só para Mason mas para si também.

– O que você tem com isso ? O garoto perdeu a mãe no parto - Laurie sentia-se indignada com o que Fiona falava.

Mason acabara de se levantar, caminhou sorrateiro e parou na entrada na cozinha, tinha dezesseis anos e não deixava o velho hábito de escutar as conversas das outras pessoas, Fiona até puxou suas orelhas algumas vezes mas parecia que o garoto não tinha jeito.

– Ora, por isso mentiu que era a mãe dele ? Sendo que ela na verdade morreu ? - Fiona revirava os olhos, enquanto Mason estava paralisado quase não acreditando no que escutara.

– A mentira criou extensão e é muito duro para chegar nele agora e dizer: Na verdade Mason, eu sou sua avó - Laurie colocou a mexerica descascada e cascas em cima da mesa - Não consigo Fiona... - Laurie foi interrompida por gritos.

– VOCÊ MENTIU PRA MIM! MINHA MÃE NA VERDADE ESTÁ MORTA, EU TE ODEIO LAURIE - Mason gritava enquanto batia os pés no chão - EU NUNCA MAIS IREI TE PERDOAR - Mason virou-se e correu pelo corredor, saiu pela porta da frente e sumiu por entre as árvores.

Laurie correu atrás do garoto, porém ele era jovem e muito mais ágil do que a bruxa, o mesmo sumiu de vista em poucos segundos. Laurie parou e apoiou-se nos joelhos, ofegante e derramando lágrimas. Assim como o neto havia lhe dito, ela nunca mais poderia perdoar a si mesma por sua mentira e pela fuga repentina.

Mansão Goode, 2015...

Todos os castiçais da mansão foram acesos. As roupas pretas não mais significavam o poder das bruxas e sim o luto pela morte de Lisa, uma garota nova e cheia de vida que teve um final trágico. O corpo havia sido enterrado no próprio quintal da mansão. Elise estava inconsolável e prometeu a si mesma não sair de perto da pequena lápide cravada ao chão.

– As bruxas mais importantes de nossas histórias estão enterradas aqui! Não seria diferente com sua irmã - Laurie estava em pé, encarando Elise.

– Obrigada, mas quero ficar sozinha...por favor - Elise carregava um lenço branco encharcado.

– Eu compreendo - Laurie assentiu e virou-se caminhando de volta a mansão.

Em meio ao luto a mansão ganhava vida novamente. Beatrice e Megan voltavam do hospital naquela tarde, as garotas estavam animadas embora sentissem um forte aperto no coração pela morte de Lisa, queriam apenas retornar ao lar.

– Não agüento esse clima de luto - Fiona levantou-se da poltrona - Irei dar uma volta - A bruxa bateu os saltos até a porta e saiu caminhando tranqüilamente pela calçada. O centro não ficava tão longe e era um momento propício para comer as melhores panquecas do estado em um restaurante badalado da cidade.

Fiona fez seu pedido e sentou-se em uma das mesas do lado de fora, queria sentir a brisa no rosto, observar os carros e as pessoas.

– Desculpe incomodar, senhorita - A voz masculina e grave chamou a atenção de Fiona. Um homem alto, barba e de ombros largos estava a sua frente - Eu poderia pegar uma cadeira ? A mesa que peguei está com falta de cadeiras - Ele riu de um modo simpático.

– Senhorita ? Eu gostei da colocação - Fiona riu e assentiu - Pode pegar a cadeira.

– Obrigado...e desculpe ser tão mal educado, me chamo Adam Colfer - O homem estendeu a mão para o cumprimento.

– É um prazer, eu sou Fiona...Goode - Fiona sorriu e apertou sua mão delicadamente - Bela cicatriz - Fiona referia-se a uma grande marca por toda a extensão em sua mão.

– Goode ? Você é dona da grande mansão ? Eu adoro aquela mansão, parece que tem tantas histórias interessantes - Adam sorria animado - Ah, a cicatriz ? Ganhei quando estava caçando, a raposa quase arrancou minha mão.

– Sim, cheia de histórias - Fiona tentava não ser irônica - Você caça ? Que interessante.

– Caçava na verdade, a muito tempo atrás - Adam riu - Desculpe o incomodo.

– Não há incomodo algum, já que está aqui porque não me faz companhia ? - Fiona assentiu.

– Com licença - Adam sorriu e sentou-se a frente de Fiona - Pode me contar algumas histórias sobre a mansão ?

– Sabe ? As histórias da mansão são para fazer crianças dormirem - Fiona o encarava com malícia - Poderíamos falar sobre outras coisas...

– Entendo - Adam devolveu o olhar e deu um sorriso de canto de boca - Você é uma mulher muito atraente Fiona, é casada ?

– Viúva, meu marido morreu a muito tempo...depois que minha filha nasceu - Fiona balançou a cabeça - Coisas do passado mas e você ?

– Sim, passado - Adam colocou sua mão por cima da de Fiona - Estou solteiro, a procura de algo sério - Adam piscou.

– Interessante - Fiona murmurou e aproximou mais seu rosto - Me beije!

Adam mordiscou o próprio lábio de leve e aproximou-se de Fiona, a beijando com intensidade e ternura. A bruxa assustou-se já que não havia usado seus poderes. Ele estava a beijando por conta própria.

– Eu preciso ir agora, fique com meu número - Adam tirou do bolso do jeans um pequeno papel com números escritos a caneta - E fique com o café que pedi - Adam piscou e saiu apressado.

– Ele ficou em choque com meu maravilhoso beijo - Fiona limpou o canto da boca e tinha um grande sorriso radiante, não havia desconfiado das verdadeiras intenções de Adam.

Mansão Goode, 2015...

A porta da mansão escancarou-se e Megan adentrou empurrando Beatrice na cadeira de rodas, a perna direta e o braço esquerdo estavam enfaixados e no rosto pequenos esparadrapos cobrindo cortes. O cabelo estava em rabo de cavalo, feito com ajuda de Megan, Beatrice não havia gostado de obter ajuda da amiga pois se sentia muito impossibilitada.

– Bem-vindas de volta - Laurie sorriu.

– Obrigada e estou morrendo de fome - Megan revirou os olhos e jogou-se na poltrona da sala - Quem é você ? - A bruxa referia-se a Kylie.

– Kylie, a nova irmã do clã - A garota sorriu meio desconfortável. Megan deu de ombros.

– Que cheiro delicioso é esse, Laurie ? - Beatrice a encarou com curiosidade.

– Uma torta de maçã e canela está no forno, levarei para a sobremesa na ceia de Natal dos Rutherford - Laurie assentiu.

– Não irei - Beatrice virou o rosto - Como ficarei apresentável...assim ? - A garota fez expressão triste.

– Comida de graça, Trice - Megan levantou-se e passou a mão de leve em seu cabelo - Você precisa se distrair.

– Sim e mais alguém também precisa - Laurie virou-se para a grande janela atrás das garotas e observou Elise ao chão.

Laurie encaminhou Beatrice até um pequeno quarto que ficava no primeiro andar, tudo havia sido arrumado e limpo para quando a garota chegasse. Seria temporário até que se recupera-se. Beatrice não sentia-se nada confortável com a ideia, não queria ser vista como o peso da casa, um bicho hospedeiro que se aproveita dos outros seres. Não estava pronta para sentir-se assim e faria o que tivesse ao seu alcance para não pedir ajudas. Quando a noite estava chegando a lareira foi acessa, os dias estavam mais frios do que o normal e uma fina garoa trazia junto pequenos flocos de neve, o típico clima de inverno.

– Eu amo essa clima de Natal - Kylie sorria a frente da janela assistindo os flocos caírem.

– Pra mim não importa, só gosto da comida - Megan fumava um cigarro ao lado direito da garota.

– Nem a tradição e união de Natal amoleciam o coração dos meus pais - Dianna sussurrou ao lado esquerdo de Kylie.

Todas estavam arrumadas, extremamente bonitas e luxuosas. Casacos de pele artificiais, vestidos com meias calças, coturnos e Megan levava na cabeça um chapéu felpudo e grande. Laurie empurrava Beatrice na cadeira e tinha Elise ao seu lado, olheiras, o rosto corado de frio e de tantas lágrimas derramadas.

– Vocês estão lindas - Laurie elogiou, com olhar deslumbrante.

– Você é sentimental...já eu não, você está péssima, que vestido é esse ? Que pano velho - Megan revirou os olhos.

– Uso esse vestido a quarenta e cinco anos, não vou deixá-lo agora - Laurie assentiu de nariz empinado.

– Que seja, podemos ir ? - Ouviu-se a voz de Fiona. A mesma estava parada a frente da porta com um lenço grande e felpudo nos ombros.

– Podemos, só preciso pegar a torta - Laurie sorriu e foi para a cozinha.

Laurie pegou a torta e saiu junto das garotas. Todas caminharam lentamente até a casa ao lado, entraram a varanda de fora e tocaram a campainha. Todas levavam um ar misterioso e superior nos rostos.

– Olá vizinhas! Como é bom vê-las aqui - Belle estava de avental e secava as mãos em um pano de prato - Sejam bem-vindas, entrem - Belle deu espaço para que todas entrassem, fechando a porta logo depois - Sentem-se todas na sala, meu marido servirá um licor - Belle assentiu e foi para a cozinha.

As bruxas entraram na sala e sentaram-se no sofá e poltronas, Megan foi arrastada por Norman até seu quarto, começariam uma longa sessão de beijos. Matt serviu o licor sabor morango a todas e sentou-se sorrindo.

– Estamos muito felizes de recebê-las aqui, moças...e senhoras tão bonitas - Matt levantou o copo em direção a Fiona e Laurie.

– Diga-nos Matt, em que você trabalha ? - Fiona cruzou as pernas.

– Sou gerente no banco do centro - Matt assentiu - É um bom trabalho.

– Imagino que sim - Fiona tentou não ser irônica.

A neve começava a cair com mais intensidade, já cobria os cantos da rua e as calçadas. Um carro antigo aproximava-se devagar e parou a frente da casa dos Rutherford, um homem de capuz desceu do banco de passageiros, tinha uma espingarda grande nas mãos. Foi para trás do carro e abriu o porta malas, pós a arma no chão e colocou dois corpos nus de mulheres mortas em seus ombros, os carregou até os fundos da casa, o homem que dirigia trazia logo atrás uma grande escada. Belle estava na cozinha, tirando o pernil do forno com rapidez, sentiu um calafrio e fechou as cortinas da janela que dava visão a piscina. A escada ficou em pé e dava acesso a uma pequena porta do porão do lado de fora. Os homens subiram com cuidado e os corpos mortos nas costas, arrombaram a pequena porta e entraram no porão escuro e cheio de pó. A baixo do porão ficava a mesa do jantar, onde seria a ceia. O homem buscou um machado e um balde de cheiro forte. Algumas tripas e fígados mergulhados em sangue. Os dois se entreolhavam com apreensão. Todos conversavam e riam enquanto adentravam a sala do jantar para a ceia.

– Sua torta está com uma cara ótima - Belle sentou-se na ponta da mesa - E então ? Podemos comer, espero que tudo esteja bom - Todos sorriram e começaram a se servir.

Os homens eram cautelosos e tentavam ao máximo não reproduzir nenhum som, porém suas botas rangiam. Beatrice olhou para o teto e estranhou, fazendo expressão confusa.

– Vocês tem animais de estimação ? - Beatrice olhou para Belle, que apenas balançou a cabeça negativamente já que estava mais interessada na comida.

O machado subiu e depois desceu, batendo forte contra o piso e abrindo um buraco. Todos olhavam com atenção e curiosidade.

– Que porra é essa ? Meu teto - Matt levantou-se com raiva.

O machado subiu mais algumas vezes até que um grande buraco estava aberto. Belle colocou o rosto embaixo do mesmo para procurar o culpado daquilo, gritou desesperadamente quando dois corpos foram jogados e esparramados pela mesa da ceia. Matt cerrou os punhos e encolheu os lábios ao reconhecer os corpos. Logo depois um mar de sangue mal cheiroso foi jorrado, gotas voaram nos rostos das pessoas ali presentes. As mulheres gritaram com desespero, não sabiam o que fazer, estavam assustadas.

– ELE VAI ATIRAR - Megan havia lido o pensamento de um dos homens - CORRAM!

Quando todos se viraram para fugir os tiros começaram a ser disparados, pratos e copos trincaram e cacos de vidro foram lançados, atingindo braços e pernas. Elise lançou-se no corredor. Matt foi atingindo nas costas e caiu ao chão, Norman e Megan seguraram em sua camisa e o puxaram para longe dos tiros. Fiona e Laurie paravam as balas com a telecinese, enquanto as outras garotas gritavam e corriam. Belle correu o mais rápido que pôde, não tendo tempo de parar desceu as escadas rolando, batendo forte a cabeça no piso. A sala de jantar havia virado um mar de sangue, os corpos das mulheres jogados ao chão, a ceia toda revirada e cacos de vidro ao chão. A ceia de sangue estava servida.


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Notas finais do capítulo

A fanfic retorna na terceira semana de Janeiro (2016) Vaaaleu a todos!



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