De volta ao Clã escrita por Kai


Capítulo 11
Cap. 11 - Rapto - Part 2


Notas iniciais do capítulo

Fiona decide enfrentar Laveau, porém as coisas não saem muito bem como o esperado.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/653819/chapter/11

Lisa acordou lentamente, sentia-se muito lerda e com muito sono. Olhou ao redor e se levantou com dificuldade. Estava em um quarto iluminado por velas e o chão lotado de vasos de barro. Não havia janelas, apenas uma porta. Aquilo a deixa sufocada.

– ME TIREM DAQUI - Lisa bateu gritou e bateu três vezes na porta, a mesma se escancarou e Laveau apareceu.

– Se tentar algo, você morre - Marie avisou e entrou no quarto.

– O que quer de mim ? - Lisa se afastou - Não tem motivos para me raptar...

– Você é bruxa, motivo o suficiente não só para te raptar mas também para te matar - Marie tinha sorriso de canto de boca.

– Não faça nada comigo, por favor - Lisa fez expressão de inocente, porém usou seu poder contra Laveau.

A rainha vodu caiu de joelhos ao chão, sentindo uma forte e agonizante dor na cabeça. Os gritos ecoaram pelo salão, chamando atenção de Ellie e os negros ajudantes, os mesmo entraram ao quarto com rapidez. Lisa foi atingida com força por um cabo de foice na cabeça, fazendo com que os efeitos de seu poder fossem cortados. O corpo da garota cedeu e um pingo de sangue escorria por sua testa. Laveau foi colocada de pé com ajuda de Ellie.

– Desgraçada! - Marie aproximou-se de Lisa e lhe desferiu vários pontapés na barriga - Se não se importa, preciso de sua orelha - Ellie lhe ofereceu uma pequena faca.

Laveau a pegou e puxou a orelha de Lisa, a faca cortou de uma só vez e o sangue esguichou no pé de Marie. Lisa gritou com desespero, se contorcendo e rolando ao chão de dor. Marie sorria radiante com a orelha da garota nas mãos.

– Coloque isso e um bilhete em uma caixa - Marie entregou tudo a Ellie - Com destino a Mansão Goode - Laveau gargalhou e saiu do quarto, seguida de seus súditos.

Lisa ficou trancada, rolava no próprio sangue e chorava baixinho. Sentia parte da cabeça arder e mais sangue escorrer pelo ombro. Pensava na irmã e no erro que foi ter saído da Mansão. Só pensava em sair viva da toca da rainha vodu.

Mansão Goode, 2015...

Fiona amarrava o roupão enquanto adentrava a cozinha. Deparou-se com Laurie em pé e Elise sentada a mesa, um copo de chá fervente a sua frente e olheiras de preocupação.

– Acordaram cedo hoje - Fiona as observava.

– E quem disse que dormimos ? - Laurie deu um logo suspiro.

– O que aconteceu ? - Fiona interessou-se e caminhou mais para perto das bruxas.

– Lisa desapareceu - Laurie avisou.

– Ela saiu ontem, após montarmos a árvore, para levar o lixo - Elise fechou os olhos, tentando evitar as lágrimas - E não voltou até agora...

– Talvez ela tenha ido visitar Beatrice no hospital - Fiona pensava em diversas desculpas para o sumiço repentino da garota.

– Também achávamos, porém ligamos e Megan disse que ela não apareceu lá - Laurie mordeu os lábios ressecados de leve.

– Estou com medo do que pode acontecer a ela - Elise desistiu de se segurar e deixou as lágrimas escorrem pela bochecha - Ela é a única pessoa que eu tenho...

O barulho de vidraça se partindo ecoou pela mansão. As bruxas apressaram-se até a sala, onde Dianna segurava uma caixa lacrada que havia sido arremessada.

– Alguém jogou isso, acabaram quebrando o vidro da porta - Dianna entregou a caixa para Fiona e passou com cuidado por cima dos cacos de vidro.

Fiona rasgou o lacre com a unha afiada do dedo indicador e abriu a caixa. Elise gritou com desespero e o corpo ameaçava ceder, sendo amparada por Laurie. Uma orelha, fios de cabelo loiros e um pingente, tudo estava manchado de sangue. Fiona pegou o bilhete com cuidado e leu em voz alta.

FIONA, MINHA QUERIDA FIONA
Estou com uma de suas marionetes, a bruxinha loira. Ela parece não gostar de sofrer. Talvez se você vir até aqui, poderemos conversar e fazer ACORDOS. Beijos de Laveau.

Elise caiu ao chão, chorava em meio a gritos de desespero. Laurie a consolava enquanto observava Fiona.

– Temos que ir até o salão, queimar toda aquela merda - Fiona assentiu para Dianna, que correspondeu com um sorriso.

– Em outras circunstancias pediria para que fosse sensata e pensasse em outra alternativa... - Laurie colocou a garota de pé - Mas desta vez tem meu total apoio, salvem a garota...

– Salvaremos! - Fiona respirou fundo e passou entre as bruxas, em direção ao seu quarto no segundo andar.

Poucos minutos depois Fiona descia as escadas, vestido preto colado, meia calça de renda preta, saltos baixos, luvas de couro e carregava um cigarro a boca. Elise tinha o cabelo preso em rabo de cavalo, usava gargantilha, saia curta, camiseta do Nirvana e uma camisa de flanela por cima. Dianna usava o cabelo solto, vários acessórios nos pulsos, um vestido rodado e coturno.

– Acabem com a vadia! - Laurie estava parada a porta com Kylie ao seu lado.

Fiona assentiu e saiu com as garotas a sua cola. O carro antigo e conservado deu partida, saindo cantando os pneus no asfalto.

– Vamos repassar o plano - Fiona não queria que nada desse errado.

– Você e Elise entram pela a porta da frente do salão e conversam com Marie, na verdade a distraindo para que eu possa encontrar um modo de entrar e salvar Lisa - Dianna falava com rapidez, estava muito ansiosa.

– Não se esqueça de por fogo em tudo - Fiona a relembrou.

– E não podemos esquecer de matar a vadia - Comentou Elise, muito focada no que fazer.

– Mataremos - Fiona suspirou e apertou um pouco mais o volante.

O carro parou a frente do salão de Marie. Todas desceram e Dianna foi imediatamente para os fundos, passando pelas laterais. O sino na porta avisava a entrada das bruxas. O ambiente estava iluminado por velas, era forte o cheiro de incenso e Marie estava parada a frente da porta que levava para os fundos, com seus dois negros ajudantes ao seu lado.

– Que surpresa agradável, Fiona - Marie sorriu cínica.

– Perfume novo, Marie ? - Fiona levou o dorso da mão até o nariz, tentando escapar do cheiro de incenso.

– Achei que gostaria...parece que não agradou - Marie revirou os olhos - Vamos direto ao ponto! Passe o poder de Nova Orleans para mim e eu solto a garotinha...

– Não tão rápido, ratazana velha - Fiona fez sinal negativo com o dedo indicador - Eu te conheço muito bem, sei que não gosta muito de falar a verdade.

– Então o que quer ? Que eu lhe entregue a garota primeiro para que depois tente algo contra mim ? - Marie cerrou os punhos - Eu também te conheço muito bem.

Dianna invadiu os cômodos do fundo por uma janela entreaberta. Caminhou sorrateira pelos corredores da casa, ficando impressionada pela quantidade de equipamentos para tortura. Muros fracos eram dados na ultima porta do corredor.

– Lisa, você está ai ? - Dianna cochichou colada a porta.

– Sim, me ajude por favor - Lisa tinha a voz fraca e sumida.

Dianna procurou por entre seus acessórios uma pulseira que continha um pequeno canivete como pingente. O abriu e começou a gira-lo na fechadura, era quase uma profissional no assunto já que fugia todas as noites quando a mãe trancava seu quarto. Mais algumas tentativas e a porta se abriu.

– Dianna, me ajude - Lisa estava jogada ao chão, o rosto e as roupas estavam lotadas de sangue seco.

– Estou aqui pra isso - Dianna segurou no braço da garota e o apoiou em seu ombro, a levantando - Vamos lá, ajude com os passos - Dianna começou a caminhar lentamente com a garota de volta ao corredor.

Dianna tinha outra missão, então entrou na sala de rituais de Marie. Concentrou-se no trono ao centro e fez com que o fogo fosse alastrado, em questão de segundos metade da sala estava sendo engolida pelas chamas. O aliado sombrio de Marie, atravessou o corredor até o salão como uma ventania e sussurrou ao ouvido da rainha vodu.

– Fogo Marie, você foi engana - O sussurro fez com que Marie se espantasse.

– Uma armadilha! - Marie estava furiosa, apenas naquele momento Fiona percebera que a mesma carregava algo nas mãos - MORRAM - Um pequeno saco foi jogado entre as bruxas, o impacto com o chão fez com que o mesmo se partisse e não demorou muito até que o salão estivesse completamente tomado por uma fumaça verde, densa e tóxica.

– Proteja-se! - Fiona e Elise estavam com as mãos a frente da boca, tossiam e tentava encontrar a saída.

Marie tirou da cintura uma pistola e correu para os fundos da casa. Ellie tentava apaziguar o fogo com toalhas e fracos jatos de água.

– Continue Ellie, ajudem-na - Marie ordenou para os negros.

Dianna e Lisa saiam pela janela lentamente e com dificuldade. Marie adentrou o quarto empunhando a pistola.

– Longe de nós, Rainha vodu - Dianna esticou a mão e colocou fogo na ponta do vestido de Marie, a mesma começou fazer uma dança totalmente escrota para apagar o fogo.

A arma fez um, dois, três disparos em direção as garotas, as duas rolaram para fora. Dianna segurou Lisa pelos braços e a arrastou pela lateral da casa. Fiona e Elise finalmente haviam encontrado a saída, desciam as escadas da varanda com pressa em direção ao carro parado. Elise avistou Dianna e correu para ajudá-la.

– Elise, eu te amo - Os olhos de Lisa se fechavam lentamente.

As garotas entraram desajeitas no carro, o mesmo deu partida e mais uma vez cantava pneus pelo asfalto.

Marie despiu-se e jogou o vestido em chamas pela janela, sentou-se na cama e começou a chorar.

– Tia, você está bem ? - Ellie entrou no quarto com expressão preocupada - O fogo foi controlado.

– Eu perdi! Perdi! Perdi essa oportunidade de matar a puta velha da Fiona - Marie parecia inconsolável - Pelo menos acertei a garota...

– ESTAMOS PERDENDO ELA - Elise gritava enquanto pressionava dois dos três ferimentos em Lisa, causados pela arma.

– Saiba que sempre estarei aqui - Os olhos de Lisa estavam entreabertos e o corpo fraco começava a ceder.

– FIONA! FAÇA ALGO - Dianna estava desesperada.

– Eu salvo pessoas e não ressuscito-as - Fiona respirou fundo enquanto dirija de volta a mansão - Desculpe...

Elise segurou forte na mão da irmã, enquanto chorava em seu rosto. A cabeça de Lisa chacoalhava no colo de Elise quando o carro passava por buracos e pedregulhos.

– Eu te amo Elise...boa noite - Lisa deu seu ultimo suspiro e os olhos saíram de órbitas.

Elise gritou, esperneou, soluçava e sentia uma grande dor. Dor de ter perdido a única pessoa com quem realmente se importava no mundo. Sua irmã gêmea, sangue de seu sangue e a única pessoa que a entendia. Dianna acariciava as costas de Elise, enquanto Fiona dirigia calada, respeitando o momento.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam ? Deixem opiniões...



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "De volta ao Clã" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.