Pov. Henrique ‘’Rick’’ Reis

Theodore havia rebatido meu ataque com seu controle magnifico de água, lançando boa parte na minha direção. A pressão foi tão grande que acabei sendo jogado na direção da floresta que ali existia, o impacto causou algumas dores desconfortantes, mas nada se comparava ao que se aproximava.

— Que barulho é esse? – Pensei em voz alta enquanto fitava meu olhar na direção que o barulho surgia, era algo bem estranho que se aproximava com extrema rapidez. Eis que algo passa próximo ao meu olho, fazendo um pequeno corte na minha bochecha, a partir daí, as coisas pioraram.

As árvores iam sendo arrancadas do solo assim que o barulho passavam próxima a elas, se tratava de uma espécie de vento que estando altamente reforçado com poderes, se tornava destrutivo, afiado e cortante. Começo a correr no meio da floresta, o vento estava logo atrás ainda destruindo tudo que encontrava pelo caminho.

Assim que retorno para onde treinávamos, vejo os outros alunos olhando para o horizonte visivelmente preocupado, alerto-os sobre o vento iminente, Erick pede para nos aproximarmos dele. Todos fazem o que foi pedido, incluindo eu.

Erick nos envolvia com seu escudo que parecia ser feito com nossas próprias sombras, o escudo nos protegia do vento cortante, mas o jovem aparentava estar fazendo um esforço muito grande para mantê-lo forte, podendo ceder a qualquer instante. Sem pensar duas vezes, acabo contornando internamente o escudo de Erick com meu próprio campo de força psíquico, ajudando dessa maneira, a manter o escudo resistente. De alguma maneira toda aquela situação me deixava entusiasmado, a adrenalina é algo que me deixa sempre com vontade de querer mais.

O impacto que o vento fazia ao chocar-se com o nosso escudo acabou cessando, dando a entender que o mesmo já havia passado. Erick e eu então desfazemos nossos escudos, todos estavam visivelmente assustados afinal, foi algo repentino que nos pegou de surpresa. A única garota do grupo pergunta se estamos bem, todos assentimos com a cabeça enquanto erámos surpreendidos por uma nova rajada de ventos que veio novamente em nossa direção.

O ataque acaba se transformando em uma espécie de ciclone, atingindo Erick e o envolvendo entre a corrente de ar arrastando-o para bem longe. Alice acaba se descuidando sendo derrubada por dois troncos das árvores que foram arrancadas, muitas ainda vinham em nossa direção.

— Pessoal, tem mais vindo! – Alertei enquanto me posicionava de forma defensiva, as enormes árvores e pedregulhos já estavam quase nos atingindo quando o garoto que muda o tamanho da própria massa corporal cresceu quase que instantaneamente, parando boa parte dos destroços deixados pela ventania de outrora.

— Obrigado Mattew! – Thomas agradece, ativando sua armadura mais uma vez ao redor do abdômen, a couraça de liga metálica também envolve seus braços, e com um único movimento, Thomas foi capaz de repelir um tronco dividindo-o no meio com apenas um soco.

Uma das partes do tronco que se divide acaba vindo na minha direção e por sorte, consigo para-lo com minha simples telecinese jogando-o para outra direção. Após tudo ser controlado, Mattew e Thomas correm na direção de Alice, a qual ainda estava presa e consciente.

— Garotos, preciso de uma ajudinha aqui! – Alice exclamou, visivelmente nervosa. Sua expressão não era a das melhores, provavelmente o tronco era pesado deixando a dor ainda maior.

— E o Erick, será que ele está bem? – Mattew perguntou, enquanto corria junto a Thomas na direção da garota. Acabo ficando mais afastado dos três, no momento não sou nada além do um simples companheiro de treinamento, então não procuro me preocupar com os problemas dos outros.

Mattew rapidamente aumenta de tamanho mais uma vez ao chegar no local onde Alice estava caída. O jovem acaba retirando um dos troncos que a prendiam, enquanto Thomas retirava o restante, Alice ainda esboçava uma expressão de dor, mas tenho certeza que logo passaria.

— Se eu fosse vocês eu me preocuparia mais com o Erick, ele foi praticamente arrastado pela corrente de ar, soou muito estranho para mim. – Proferir, fazendo os dois olharem para mim. — Você não perceberam? A corrente de ar acabou moldando-se para um formato de ciclone que arrastou o Erick, alguém fez isso... alguém controlou aquele ar.

— Espere aí Henrique, você tá dizendo que alguém nos atacou propositalmente? É isso? – Thomas pergunta, assenti com a cabeça enquanto ele voltava-se para Alice e Mattew. — Você pode ajuda-la, Matt? Acho melhor eu e o Henrique irmos atrás do Erick. Se algo acontecer, tome conta da Alice.

— Espere Thomas, e se vocês precisarem de ajuda? – Mattew questionou bastante aflito, o garoto estava com a respiração ofegante soando intensamente, talvez seja por ter mudado a massa corporal diversas vezes no mesmo dia.

— Se vamos atrás do Erick, temos que fazer isso agora! – Exclamei impaciente, tento soar o mais sério e convicto possível, aqueles dois passariam o dia todo para tomar uma única decisão e eu odeio esperar.

— Vão! Ficaremos bem, não se preocupem! – Alice confirma enquanto acariciava uma das pernas que foi pressionada pelo tronco. Thomas e eu assentimos com a cabeça enquanto corríamos na direção de Erick.

Rapidamente entramos novamente na pequena floresta do décimo terceiro local de treinamento do instituto, algumas árvores também haviam sido derrubadas, outras permaneceram em pé. Thomas grita por Erick, mas não recebemos nenhuma resposta até que uma risada extremamente sádica e irônica se ecoa.

— Por aqui, rapazes. – Era a voz de uma mulher, que tentava nos guiar para um caminho qualquer. Seguimos a voz até nos depararmos com Erick desacordado ainda estando envolta do ciclone de antes. — Vocês demoraram tanto!

A dona da voz surge por detrás de um rochedo imenso que a cobria completamente. A mulher possuía cabelos escuros completamente bagunçados, olhos castanhos e um uniforme nada convencional. A mulher possuía um traje cinza puxado para o grafite, com uma calça escura da cor dos seus cabelos.

— Quem é você? – Thomas perguntou, raivoso.

— Meu nome é Veruska, mas deixo vocês me chamarem de Ventania. – Respondeu, soltando aquela mesma risada de antes enquanto piscava para Thomas. Foi aí que percebemos que ela havia sido a responsável por nos atacar e por arrastar Erick com o ciclone.

— Solte-o agora mesmo! Por quê diabos você nos atacou? – Berrei enquanto a tal de Ventania me fitava com seu olhar penetrante e agudo. A mulher inclina um pouco a cabeça ainda me encarando, mas logo é surpreendida quando Thomas já vestido com sua armadura a ataca.

No entanto, Ventania simplesmente flutua com uma singela e pequena corrente de ar envolta dela fazendo com que Thomas atingisse o rochedo por detrás dela. A mulher dessa vez estava séria e calada, Erick é puxado mais para perto, sendo erguido pela própria argola da camisa.

— Este garoto... não irei fazer nada com ele, não se preocupem! – Ela diz, olhando para Erick enquanto ironicamente sorria. — Arrasta-lo com meus ventos foi só uma maneira de chamar a atenção de vocês, de todos os alunos e professores de Broken Hill.

— O que você quis dizer com isso? Você simplesmente queria chamar nossa atenção? Então diga o que você quer! E solte o Erick! – Exclamei, elevando um pouco meu tom de voz. Tentava conter meu lado explosivo e impaciente o máximo possível, caso contrário, teria a mesma reação de Thomas; atacar.

— Avise ao seu diretor que um antigo grupo que ele conhece ressurgiu, e caso ele não cancele o torneio anual de institutos... a humanidade irá sofrer com as consequências! – Veruska diz, dessa vez esboçando uma seriedade imensa e firme. Estava claro que ela era apenas uma simples mensageiras, haviam outros além dela.

Veruska então, joga Erick para baixo enquanto partia rumo ao horizonte com dois turbilhões de ar em cada punho. Consigo parar a queda de Erick com minha telecinese trazendo-o vagarosamente para minha direção, Thomas também se aproxima.

Thomas e eu nos entreolhamos por breves segundos, não entendemos o que Veruska havia dito, mas sabíamos que não era boa coisa, não depois de tudo que nos aconteceu. Caminhamos de volta para onde treinávamos e onde deixamos Alice e Mattew nos esperando devido a garota ter sido atingida pelo ataque de Ventania.

No caminho algo mais distante me chama atenção. Nos aproximamos sem muita pressa até percebemos do que se tratava, Theodore estava com os braços amarrados em volta da árvore, uma enorme mancha de sangue rodeava o espaço onde nosso professor estava. Theodore estava morto, e a pequena adaga fincada em sua garganta de onde o sangue jorrava comprovava isso, arregalo os olhos surpreso com aquilo, Thomas esboça a mesma reação que eu sem conseguir proferir uma única palavra.

Também havia um papel colocado na barriga dele, percebo algo escrito na folha branca, se tratava de uma mensagem na qual dizia: Primeiro aviso, primeiro Selo, a mensagem me causa arrepios, principalmente pelo fato de ter sido cruelmente escrita com o sangue de Theodore.

Pov. Seth Millman

Já estávamos no jato a caminho de algum lugar qualquer, Andrew fez questão de manter o local em sigilo. Alguns conversavam durante o voo, outros permaneciam mais quietos e calados, provavelmente ansiosos com nosso primeiro treinamento do Instituto. Spencer estava sentada ao meu lado, a garota não conseguia esconder a animação que sentia naquele instante, Clair e Harley sentaram atrás de nós, as duas conversavam muito e trocavam informações sobre a vida de ambas.

— Então você é do Dallas? Aquele garoto que foi no outro grupo, acho que seu nome era Mattew e ele também nasceu lá! Você deveria ir falar com ele outro dia. – Harley disse para a amiga.

— Não começa Harley, você sabe como eu sou! E também nem o conheço direito.. seria estranho começar a puxar assunto assim do nada. – Clair respondeu, com sua voz tímida e serena.

Escuto Harley suspirar, Spencer solta um sorriso enquanto olhava pela janela o local onde sobrevoávamos. Lindsay e Juno estavam sentadas mais à frente próximas de Andrew que pilotava o jato, as duas são completamente o oposto só pela vestimenta, a simplória Lindsay trajava um vestido branco com rendas de flores espalhadas pelo tecido, enquanto Juno vestia-se de uma maneira totalmente desleixada com uma camisa maior que o de costume e um short aparentemente rasgado.

— Vamos demorar muito, Andrew? Estou ansioso! – Foi a voz de Iker que se ecoou, o garoto estava sentando no banco do lado de Andrew, o jovem estava tão ansioso quanto Spencer pelo primeiro treinamento.

— Calma Iker, nós já chegamos! – Andrew avisou com um sorriso gigante em face, o jato começa a descer vagarosamente até pousar em uma espécie de montanha ou monte, não consigo diferenciar. Descemos do jato, percebo que estávamos em cima do topo daquela montanha cujo o local era amplo e extenso.

— Olha essa altura! Quem tem medo de altura acho melhor voltar para o jato! – Exclamou Spencer em voz alta enquanto olhava para baixo e via o quão alto estávamos.

— Muito bem, prestem atenção! Estamos na vigésima quinta Zona de Treinamento do Instituto Broken Hill, escolhi esse local porque é bem mais desafiador para vocês do que as outras zonas de treinamento. A essa hora o Theodore já deve ter começado o trabalho dele, então vamos logo com isso! – Andrew berrou, ficamos sem entender enquanto olhávamos um para o outro.

— Você devem me enfrentar, mostrar seus poderes. Verei suas habilidades, e amanhã farei um relatório informando seus pontos fortes e fracos, e o que precisa ser melhorado. Comecem! – Explicou enquanto dava um passo para trás.

Por incrível que pareça, o topo da montanha era plano e espaçoso ao ponto do jato ficar mais afastado do local que iriamos treinar. Iker e Spencer foram os primeiros, os dois correm na direção de Andrew, o garoto é mais rápido e tenta golpear nosso professor.

Andrew já estava prestes a desviar do soco do jovem quando o mesmo o surpreende ao elevar o joelho esquerdo atingindo o abdômen de Andrew com uma rapidez incrível.

— Como você conseguiu? – O professor perguntou, ignorando a dor.

— Posso prever seus movimentos, sei para onde você vai e o que você pretende fazer. Assim posso me defender de algo iminente ou aproveitar a chance e atacar, como fiz agora a pouco. – Explicou Iker, com um sorriso de satisfação por ter sido o primeiro a acertar o professor.

— Não fique com toda glória, garoto! Ainda estamos aqui! – Harley gritou enquanto corria na direção de Andrew, a jovem para por um breve instante possivelmente pensando como atacaria. — Estamos em uma montanha... nada de água, nada fogo...

— Você não tem muito tempo para pensar! – Interrompeu Andrew, prestar a correr para ataca-la sendo surpreendido quando um bloco de terra envolve seus dois pés fixando-os no chão e impossibilitando sua locomoção.

Harley havia usado apenas um dos quatro elementos que pode controlar. A garota realiza um sorriso enquanto corria na direção de Andrew com uma pequena bola de fogo – devido as condições do local, em mãos. Harley dá um salto antes de lançar o ataque de fogo, porém, Andrew consegue se soltar do bloco de terra demonstrando sua incrível força.

Andrew consegue desviar do ataque de Harley, surgindo por detrás da garota enquanto chutava rapidamente sua coluna fazendo-a ir ao chão. Clair se posiciona ao lado da amiga, olhando silenciosamente para nosso professor, a loira de cabelos longos simplesmente estrala os dedos.

Nada acontece fazendo todos estranharem tal ato de Clair, que solta um sorriso após um pequeno barulho vir a tona. A mão em que estralou os dedos começou a ser rodeada por pequenas ondas que emitiam um barulho parecido com um curto-circuito elétrico, logo as pequenas ondas transformam-se em raios de eletricidade que envolviam o braço da loira.

— É a minha vez! – Clair diz, enquanto direcionava o braço para a frente e apontava os raios na direção de Andrew, a descarga elétrica logo salta de seu membro superior e ia em direção ao professor.

Andrew se defende puxando um pedaço de rocha da montanha que tinha uma forma espetada colocando-o na própria frente, o raio elétrico atinge a rocha e não causa nenhum dano em Andrew. Iker novamente ataca, disferindo um soco no meio da rocha que Andrew se defendera, atravessando-a mas sem encostar no professor que já havia saído dali.

— Não se esqueça que eu também estou aqui! – Juno gritou, surgindo por detrás de Andrew segurando seus dois braços enquanto os apertava demonstrando sua incrível força. Apesar de ser mulher e possuir trajetos de uma patricinha, Juno tinha um incrível poder de força física e resistência, capaz de lutar de igual para igual com as habilidades de Andrew.

— Agora segura isso! – Juno diz, soltando-o enquanto disferia um soco no chão do topo da montanha, o solo começa a se dividir em pequenas ramificações rachando-o gradativamente, Andrew se desequilibra sendo atingindo de surpresa por um ganho que Juno realiza com uma impressionante maestria.

— Boa sequência, mas vocês ainda estão bem longe do esperado! – Gritou Andrew, correndo na direção onde Spencer, Lindsay e eu estávamos. Todos ficamos em posição de alerta, enquanto Lindsay simplesmente mantinha a postura calma e tranquila de sempre.

— Faça o combinado, Lindsay! – Spencer cochichou, não entendi o que ela quis dizer com isso mas creio que seja algo que foi combinado pelas duas. Lindsay então, ergue os dois braços unidos os dois na direção de Andrew.

Após isso, uma espécie de cipó juntamente à uma viga de uma planta espinhosa que vão rapidamente em direção a Andrew, os dois braços do professor é imobilizado que foi incapacitado de se soltar diante da ameaça dos grandes espinhos que na viga existia.

— Não queria ter que fazer isso, professor. – Lindsay tenta desculpar-se por tê-lo atacado. — Mas você iria me atacar, não era? Só não tente se soltar, ou os espinhos lhe perfurarão independente da minha vontade. Então por favor, dê-se por vencido.

— Não será necessário, Lindsay. Vou fazer a minha parte. – Spencer diz, andejando lentamente na direção de Andrew que estava imóvel. A garota fica bem próxima ao professor, fitando-o com seus olhos penetrantes e fuzilantes.

Spencer fecha os olhos, o silencia predomina o local quando de repente, Andrew resmungava de algo também com os olhos fechados. Todos ficamos parados sem entender o que estava acontecendo, consigo entrar na mente de Spencer percebendo o que ela havia feito. Uma espécie de ilusão, uma distorção da realidade onde provavelmente Andrew nunca irá perceber, mas meus poderes de telepatas me permitiram diferenciar a realidade da ilusão de Spencer.

No entanto, o ataque da jovem é parado quando algo nos atinge no plano real. Um imenso círculo de ar surge no centro do local expandindo-se gradativamente, atingindo todos inclusive eu. Todos somos jogados para longe, o ataque realmente fora poderoso, no inicio pensei se tratar de Harley, mas a mesma também havia sido atingida.

— Olá, Andrew! – Uma voz feminina surge. — Avise a seu querido diretor que o primeiro e o segundo aviso foi dado. Foi divertido brincar com aqueles pirralhos naquele outra zona de treinamento, espero que aqui seja o mesmo.

— Veruska, é você? O que você está fazendo aqui? Estão todos bem? – Andrew berrou, visivelmente desnorteado devido a ilusão de Spencer e o ataque surpresa da tal mulher. Todos assentimos com a cabeça, a tal de Veruska inclina o corpo para frente colocando as duas mãos no chão enquanto erguia uma única perna girando-a junto ao seu corpo inúmeras vezes produzindo outra rajada de vento que nos atinge.

— Socorro! – Foi a voz de Lindsay que se ecoou, a loira acaba sendo arremessada para além do local onde treinávamos, entrando em plena queda livre de uma altura gigantesca. Consigo segura-la com meus poderes, mas sou atingido novamente pela rajada da mulher fazendo com Lindsay entrasse novamente em queda.

— Lindsay! – Iker gritou, assustado ao ver a jovem caindo do topo da montanha onde estávamos. Sem tempo para qualquer reação, eis que Veruska surge rapidamente por detrás de Iker, segurando-o pelo pescoço enquanto apontava uma adaga para a garganta do jovem ao mesmo tempo que começava a erguer o jato de onde viemos com sua corrente continua de ar.

— Vejam e apreciem o Segundo aviso, e o inicio do Segundo Selo...