Pov. Seth Millman

Não conseguia esconder minha ansiedade, finalmente eu poderei conhecer um local onde serei bem aceito, onde serei eu mesmo, onde posso usar meus poderes sem me preocupar com o que os outros acharão. Saber que existe um instituto repleto de mutantes assim como eu é algo esperançoso, o dia logo se passou e não demorou muito até a buzina do táxi se ecoar em frente da minha casa. Seguro a alça da minha mochila com firmeza enquanto caminhava em direção à porta, não via a hora de chegar em Broken Hill.

— Espere Seth, me dê outro abraço! – Minha mãe interrompeu o trajeto surgindo na minha frente com seus braços já esticados. Seus olhos estavam imersos em lágrimas constantes, ela estava triste com minha ida, mas tenho certeza que sabia o quanto seria feliz ali.

— Está tudo bem, mãe. Logo virei lhe visitar, não se preocupe! E lembre-se; lá estarei livre de tudo aquilo que a senhora evitou que acontecesse comigo. – Proferi assim que nos separamos. Dou um beijo em sua testa enquanto andejava em direção à porta e ao táxi.

Adentro no táxi, e pelo vidro me despeço de minha mãe que me olhava, ainda chorando, na frente de casa. A viagem durou algumas horas, o motorista acaba me acordando – cheguei no meu destino. Arregalo os olhos com rapidez procurando pelo instituto, mas não encontro nada.

— Não seja tão apressado rapaz. É logo após esta ladeira. – Afirmou o motorista, sorrindo enquanto me olhava pelo retrovisor. Já estávamos no final da ladeira quando finalmente, a imagem de uma grande mansão surge mais ao longe.

Dois pinheiros enormes estão em cada lado do portal principal, que era composto por uma grade automática de coloração acinzentada que possuía uma placa indicando; Instituto Broken Hill, seja bem-vindo.

O motorista manda eu descer do carro, disse que a viagem já foi paga e que um homem de terno e gravata avisou que era para eu entrar na mansão. Logo atravesso os portões, o verde vivo do gramado que preenchia toda a frente do instituto me chamava atenção, e por incrível que pareça, não havia ninguém ali além de mim.

— Ei! Você também está atrasado? – Uma voz feminina ressoa pelo local. Viro-me procurando a dona de tal voz até que me deparo com uma garota, correndo em minha direção. — Provavelmente somos os únicos aqui!

Ela diz, e conforme se aproximava, pude perceber sua fisionomia. A garota possuía cabelos razoavelmente longos e lisos, com uma tonalidade escura ou quase castanho, não consegui prestar atenção, ela chegou logo me puxando pelo braço enquanto corríamos passando ao lado do instituto.

— Espere, para onde estamos indo? E quem é você? – Perguntei, estranhando a situação e gaguejando um pouco. Ela me olha de relance, ainda segurando meu braço direito enquanto corria.

— Spencer, prazer! Você não leu o panfleto que nos deram? Tem dizendo que a reunião inicial será por detrás do instituto e todos já devem estar lá! - Ela explicou, elevando um pouco o tom de voz.

Após contornarmos toda a lateral do instituto, nos deparamos com uma multidão de jovens em uma vasta área, todos em pé e enfileirados. Mais à frente existia um púlpito com um microfone enquanto mais atrás do mesmo, haviam nove cadeiras com nove pessoas ocupando-as respectivamente.

— Parece que chamamos um pouco de atenção. – Sussurrei assim que percebo que a maioria dos alunos olhavam para nós dois, completamente calados.

— Não importa, gosto de atenção. É bom que todos já vão nos conhecendo! – Spencer brincou, sorrindo para mim. Ela para olhando para todos que ali estavam, acabo fazendo o mesmo.

Os homens e as mulheres que ocupavam as cadeiras também nos olhavam, até que um dos homens acenou para mim, era o Andrew que visitou minha casa no dia anterior, assenti com a cabeça enquanto voltava-me para a garota.

— Aproposito, meu nome é Seth.

— Eu lhe conheço! Vi seu vídeo na internet, você foi muito corajoso ao salvar sua mãe! Agora vamos para onde os estudantes estão, o diretor está prestes a pronunciar algo e não quero receber uma reclamação logo no primeiro dia! – Spencer respondeu apressada, a garota andeja na direção dos outros estudantes com sua bolsa prateada nas costas.

Dessa vez ela não me puxou pelo braço, o que foi um alivio. Mas o que Spencer fez foi apenas um exemplo de como será minha avida aqui. Ninguém precisa conhecer um ao outro aos poucos, todos nós somos mutantes, e só este fato nos torna amigos ou companheiros de escola.

Caminho em direção aos inúmeros jovens que ali existam. Todos preenchiam quase toda a área por detrás da imensa mansão do instituto. Alguns conversavam alegres, outros estavam mais calados e quietos, meus poderes começaram a se ativar quando aos poucos, conseguia escutar os pensamentos de dois ou três jovens.

— Não, agora não. – Pensei em voz alta, haviam muitos ali e com certeza eu não aguentaria escutar os pensamentos de todos eles, minha cabeça literalmente explodiria. Mas eis que um voz grave e potente se ecoa através de um microfone, se tratava do diretor que já estava a postos e ajudou a interromper momentaneamente os meus poderes.

— Bom dia a todos os mutantes que saíram de suas casas e nos deram um voto de confiança. Hoje vocês iniciarão suas novas vidas. – O homem devidamente arrumado com cabelos totalmente grisalhos e um óculos de grau discreto começava o discurso fitando para a multidão de jovens. — Me chamo Elliot Connor, sou o diretor do Instituto Broken Hill para jovens superdotados. E assim como vocês, sou um mutante. Minha vida sempre se baseou em fugir, se esconder e evitar machucar aqueles que eu amo por causa do meu poder descontrolado.

— Se até o diretor não controla os próprios poderes, quem dirá a gente? – Um jovem ironizou fazendo todos a sua volta rirem timidamente. A piada não deixa de ser um fato verídico, afinal, muitos daqui não sabem controlar totalmente os próprios poderes, incluindo eu.

— É por isso que estamos aqui, certo? Para aprendermos a controlar nossos poderes, afinal, somos todos inexperientes. – Proferi, quase que instantaneamente. Agi por impulso, e após perceber que não só ele como os outros escutaram, fico extremamente envergonhado.

— Quem você está chamando de inexperiente? Estou aqui há muito tempo, já consigo não só controlar meus poderes como os aperfeiçoei. – O garoto que aparentava ser mais velho que eu se aproxima vagarosamente, e seu olhar ameaçador me fuzilava.

— O que você pensa que está fazendo? – Spencer questiona ficando na minha frente. A garota encara o rapaz com uma determinação impressionante.

— Quer experimentar? – O jovem diz para Spencer, fechando os dois punhos enquanto concentrava uma quantidade de poder razoável que emitia ondas de energia por todo os braços. Antes que o garoto pudesse fazer algo, eis que algo imenso e grandioso surge também na frente de Spencer, segurando os dois braços do individuo que outrora nos ameaçava.

Todos que estavam no local se assustam, o jovem que defendeu Spencer havia formado uma espécie de armadura ou couraça de coloração prateada somente envolta do abdômen, deixando-o mais alto e mais ameaçador.

— Você não vai fazer isso, não com ela. Não com uma mulher, e acredite, eu também sei controlar meus poderes! – O garoto rebateu, enquanto elevava o braço direito fazendo surgir outra couraça que encobria todo o membro do rapaz.

Antes que algo de maior pudesse acontecer, uma chama de fogo avermelhada é lançada passando bem perto dos dois jovens que estavam prestes a brigar. Todos os estudantes que estavam próximos se espalham, e a imagem do diretor Elliot se fazia ainda atrás do púlpito.

— Não admito briga ou discussões que envolvam poderes, não aqui dentro. E ainda não terminei o que eu tinha para dizer então parem imediatamente! E senhor Dimitri, o verei após as aulas práticas. – Elliot ainda esboçava serenidade e autoridade, mesmo estando visivelmente irritado com a situação, ficou evidente que o garoto que começou tudo seria advertido.

— Obrigado por me defender, Thomas. - Agradeceu Spencer ao jovem que havia lhe ajudando minutos antes, Thomas já havia desfeito a armadura que cobria seu abdômen e seu braço direito, voltando a sua forma comum.

— Bom, retornando... todos vocês serão divididos por emblemas. Os emblemas azuis são para os alunos que estão no 3° Estágio de aprendizado aqui do instituto, todos já devem possuir seus poderes e técnicas avançadas. O emblema amarelo são para os alunos que estão no Estágio 2 e que vieram para o instituto no ano passado, já o emblema vermelho são para aqueles que estão pela primeira vez aqui no instituto, e portanto estão no Estágio 1. Peguem seus emblemas com cada professor de seus determinados estágios, e aproveitem as aulas!

Todos os alunos se dividem e se dispersam rapidamente. A maioria foi para o lado do terceiro e do segundo Estágio, Spencer e Thomas se juntam a mim, ambos assim como eu também fazem parte do emblema vermelho. Pegamos nosso emblema e logo nos juntamos aos demais alunos que também eram do 1° Estágio.

Dois professores se posicionam em frente a todos nós. Um deles era Andrew, que já havia trocado para uma roupa mais casual parecida com a de esportes, o outro professor era um homem de barba feita, cabelos negros escuros e olhos verdes vibrantes. Ele possuía um colar no formato de um brasão avermelhado.

— Bom, alguns de vocês já nos conhecem já que eu e o Theodore visitamos a casa de cada de vocês, nós somos os professores iniciais de vocês que estão no primeiro estágio, o estágio inicial. Quero que vocês nos digam os seus nomes, o Theodore tem uma memória fraca. – Andrew explicou, brincando com o outro professor.

Os nomes logo surgem. Clair, Erick, Harley, Mattew, Alicia, Iker, Henrique… foram estes os nomes que antecederam a mim, alguns realmente me chamavam atenção, gostaria de conhece-los um pouco mais e saber de suas habilidades, mas creio que tudo deverá acontecer com seu devido tempo.

— Vamos começar os trabalhos! Vocês estão em doze, quero que se dividam em dois grupos de seis, o primeiro dia de aprendizado não será nada fácil, quero ver a força de cada um de vocês. – Theodore berrou para todos nós, nos fitando com seu olhar vibrante.