Fallen escrita por Milly Winchester


Capítulo 7
Descobertas


Notas iniciais do capítulo

Hola, amiguxos! Tudo bem com vcs?
Eu já tinha esse capítulo pronto já faz um tempinho, mas não postei antes porque eu estava viajando e nesse lugar no qual eu estava não tinha internet e nem sinal. Aff! Pelo menos eu fiquei murcha de tanto ficar na piscina (e ainda por cima, ganhei uma porção de queimaduras no pacote que me deixaram parecendo um cosplay de pimentão).
Enfim, esse capítulo tá meio compridinho, mas explica melhor o último sonho da Beth (o que ela teve com o Lúcifer) e tals. Eu espero que gostem, meus cabritinhos! Boa leitura.

XOXO, Milly



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Ao perceber que a ilusão havia acabado, eu levantei o meu tronco da cama e puxei todo o ar que consegui. Logo, eu estava arfando de alívio. Meus lábios se contorceram em um sorriso, mas este se desfez assim que eu me lembrei de meu sonho. De alguma forma, eu soube. Lúcifer não havia invadido meu sonho. Na verdade, eu havia previsto. Eu previ o futuro.

A porta do quarto onde eu dormia foi aberta bruscamente e Dean apareceu. Ele parecia preocupado. Quando viu que eu estava consciente, se aproximou no mesmo instante e me puxou para mais um de seus abraços de ursos, mas dessa vez, ainda mais constrangedor.

— Beth! — ele soltou um suspiro de alívio e afastou-se. — Você está bem?

— Mais ou menos… O que aconteceu? Onde você… — quando percebi a presença de Sam na porta do quarto, troquei a palavra. — Quer dizer, vocês. Onde estavam?

— Wamego. Um caso com vampiros — respondeu Sam, se aproximando e sentando-se do outro lado da cama.

— Então, você teve algum sonho? — perguntou Dean após um pigarro.

Eu engoli em seco.

— Sim — sussurrei, assustada.

— Beth — Sam chamou e eu levantei o olhar, observando a sua expressão calma e consoladora. — Você pode falar.

— Eu tive esse sonho… Eu estava aqui, no quarto. Então, eu levantei e desci… Vi vocês dois. Você… — olhei para Dean, sentindo a angústia ao tocar nesse assunto. — Você disse que a culpa era minha e que eu não conseguiria salvar o mundo, que eu não seria o suficiente pois eu era fraca. E você — olhei para Sam. — Você disse que eu era um desastre. Então, tudo começou a girar e girar e… — minha voz ficou fraca. — Vocês desapareceram e… Ele surgiu no lugar.

Meus olhos arderam e minha voz parecia não querer sair.

— Ele quem? — indagou Dean, franzindo o cenho.

— Lúcifer.

Sam abriu a boca, arregalou os olhos e olhou para Dean, surpreso. Os dois se entreolharam e Sam pigarreou.

— E o que ele disse?

— Ele pediu que eu me juntasse a ele. Que eu ficasse do lado dele.

Dean engoliu em seco.

— E o que você disse.

— Eu neguei, é claro. Mas… Ele disse que sabia de cada passo nosso. De alguma forma, ele está nos observando, Dean. Eu sei disso. E não era ele de verdade falando. Era meu subconsciente, de alguma maneira eu sei isso. O uso exagerado dos meus poderes resulta em um coma temporário que me permite prever acontecimentos futuros.

— Você quer dizer que… — disse Sam, mas eu o interrompi.

— É exatamente isso que você está pensando. Além de heroína celestial, eu sou uma vidente inútil — revirei os olhos.

— Acha mesmo que essa informação é inútil? — o Winchester mais novo ergueu uma sobrancelha.

Mordi o lábio, analisando a situação novamente.

— Não…

— Muito bem. Você precisa descansar, vamos deixar você sozinha, tudo bem?

— Obrigada, Dean — eu sorri timidamente. — Vou aproveitar e tomar um banho.

Os dois irmãos caminharam até a porta e acenaram. Eu retribuí e eles desceram.

Caminhei lentamente até o guarda roupa e peguei algumas roupas que Castiel trouxera para mim. Me permiti pensar nas palavras de Lúcifer. O que eu ganharia se me juntasse à ele? Apenas o caos? Um pandemônio, um apocalipse. Eu veria tudo sendo destruído e trairia a todos por quais tenho afeto. Aliar-me à ele nunca iria ser uma opção. Não enquanto eu estivesse viva, não enquanto eu estivesse respirando. Eu precisava tentar e eu não me deixaria abalar. Eu seria, ou ao menos tentaria, ser a sua heroína. A heroína que meu pai esperava, a heroína da qual o mundo precisava. Eu precisava e não poderia desistir. Nunca.

Durante o banho, pensei e pensei várias vezes nesse assunto. Foi impossível, pois isso rondava a minha cabeça e parecia não querer sair de lá. Pelo menos não tão cedo.

Sam e Dean não falaram mais comigo à noite. Eu agradeci por isso, pois eu realmente precisava ficar sozinha, relaxar um pouco e, novamente, pensar sobre tudo aquilo, sobre mim, sobre o que eu podia fazer, sobre as consequências disso e, principalmente, sobre o meu futuro. Esse era o principal assunto que me rondava.

Em função disso, acabei adormecendo debruçada na escrivaninha enquanto pensava nessas inúmeras coisas. Algo me dizia que isso me atormentaria… Por muito tempo.

***

Sam estava amarrado a uma coluna, aparentemente dentro de um museu. O demônio mostrou seus olhos negros e sacou uma faca do bolso.

— Sammy, Sammy, Sammy… — o demônio sorriu travesso.

— Não ouse me chamar assim — disse o Winchester, quase sem ar.

— Não se preocupe, eu não vou. E nem ninguém irá.

Assim dito, o demônio golpeou a barriga de Sam diversas vezes com a faca e não se preocupou com as consequências. Quando percebeu que o Winchester havia finalmente falecido, ele gargalhou e levantou-se, largando a faca ensanguentada no chão e desaparecendo entre as colunas de mármore do museu que encontravam-se mergulhadas na escuridão.

***

— Beth?

Eu levantei a cabeça e tomei mais um típico susto ao ouvir a voz de Sam sussurrar em meu ouvido. Imediatamente, me lembrei do sonho que eu havia tido com ele. Ele havia morrido. Seria aquilo outra visão? Não, não podia ser. Por que diabos Sam iria estar em um museu junto de um demônio? Era apenas um sonho. Decidi não pensar nisso e ignorar, era apenas um pesadelo ruim que não viria a acontecer. Sam depositou alguns tapinhas nas minhas costas e eu urrei pela força do Winchester.

— Você dormiu em uma cadeira.

— Eu meio que percebi — falei. — Aliás, meça sua força antes de me agredir, eu não sou tão resistente assim.

— Desculpe — Sam riu. — Sem querer.

— Tudo bem — concluí, me levantando e seguindo Sam até o segundo andar.

Um cheiro de comida invadiu o local e eu soltei um suspiro. Meu estômago roncou no mesmo instante e pela gargalhada que Sam deu, eu não fui a única que escutou.

— Que cheiro é esse? — indaguei, sentindo o aroma do ar.

— Dean está dando uma de Jamie Oliver — zombou o irmão.

Dean pareceu escutar, pois ouviu-se um grunhido insatisfeito.

— Parece que o Sammy não vai comer o meu macarrão com queijo! — cantarolou Dean feito uma dona de casa.

Sam deu de ombros e sentou-se na mesa da biblioteca. Eu me juntei a ele e sentei em uma cadeira ao seu lado. Em pouco tempo, Dean trouxe três pratos de macarrão com queijo. O prato com mais comida foi colocado na frente de uma cadeira vazia, o que denunciou a sua enorme gula.

— O que foi? Eu não como desde ontem — ele fez uma cara de bravo e sentou-se na cadeira.

Nós três comemos em silêncio e eu mal consegui comer o meu prato inteiro. Todas aquelas memórias ainda não haviam desistido de me atormentar e por isso, eu não tinha fome ou sede.

De repente, escutei um bater de asas e dei um berro devido ao susto. Bem ao meu lado, de pé, estava uma criatura de sobretudo com uma expressão nada boa marcada em seus olhos azuis e no seu rosto um tanto quanto angelical.

— Cas! Você me assustou — falei, cobrindo o rosto com as mãos e suspirando. — Que lance é esse que ele tem de ficar assustando as pessoas? — questionei, olhando para Sam. O mesmo deu de ombros.

— Perdão — pediu Castiel, abaixando a cabeça cordialmente. — Eu tenho uma notícia.

— E qual seria? — Dean franziu o cenho enquanto enfiava mais uma garfada de macarrão na boca e mastigava.

Dean estava todo lambuzado de molho de queijo e havia um resquício do mesmo na ponta de seu nariz.

— Dean… — alertei, apontando para seu rosto para que ele percebesse que estava sujo.

Ele arregalou os olhos e correu até a cozinha. Em pouco tempo, ele voltou de lá com um guardanapo e sentou-se novamente, limpando a bagunça de seu rosto. Castiel pigarreou e retomou o assunto.

— Eu descobri a localização de Guerra, talvez pudessem arrancar o anel deles de uma vez por todas — sugeriu o anjo, ainda com a expressão preocupada.

— É uma boa ideia — concluiu Sam, balançando a cabeça.

Dean levantou-se e ajeitou a gola da camisa xadrez.

— É melhor irmos agora, então. Vocês vem? — perguntou ele.

Eu e Sam assentimos. Eu olhei para o Winchester mais novo e me lembrei de meu pesadelo. Mas era apenas um pesadelo. Ignorei mais uma vez e encarei Castiel, perguntando-me se ele iria conosco. Fiquei por algum tempo o encarando e os irmãos deixaram a biblioteca do bunker.

— Você… Vai com a gente?

— Não — respondeu Castiel. Sua expressão era muito séria.

Eu me levantei e me aproximei dele. Eu também era baixa perto dele, assim como quando eu estava perto de Dean e Sam. Droga, por que eu tinha que ter um metro e sessenta e cinco?

— Cas, está tudo bem?

Ele olhou para o lado, respondendo a minha pergunta.

— Cas! Diga, o que está lhe afligindo? — questionei de maneira séria, observando os olhos incrivelmente azuis de Castiel.

— Eu não me sinto bem, Elizabeth — desabafou por fim. — O céu está um caos. Anjos estão se rebelando, alguns estão com medo do que está por vir. Eu estou com medo.

— Medo? — eu ergui as sobrancelhas. — Um anjo não deve ter medo. Um anjo deve ser destemido. Eu é que deveria ter medo, isso tudo está nas minhas mãos. Você não está carregando este fardo, não é necessário que fique preocupado.

— Mas você tem medo — ele balançou a cabeça, olhando em meus olhos assim como eu estava fazendo.

— É claro que tenho. Tenho medo de errar, tenho medo de decepcionar a todos. Mas você… Você não precisa ter. Você precisa ser forte. E não me diga para fazer o mesmo, eu definitivamente não sou boa em seguir os meus próprios conselhos — eu ri amargamente no final.

Castiel entortou a cabeça e continuou me encarando com os malditos olhos azuis. Eu sorri sem mostrar os dentes e Castiel quebrou o silêncio constrangedor entre nós.

— Eu posso abraçar você?

Eu ri timidamente e balancei a cabeça, me aproximando dele e o abraçando. Mesmo que nos conhecêssemos a pouco tempo, eu sentia um afeto por ele, ele era como um irmão para mim… Um irmão que eu não poderia perder. Apertei mais os meus braços ao redor dele e ele posicionou seu queixo na minha cabeça. Eu afundei meu rosto no seu sobretudo caramelo e senti o aroma doce que a roupa exalava. Castiel era como um irmão mais velho para mim e eu me sentia bem perto dele. Eu realmente e verdadeiramente não poderia perdê-lo.

Nos separamos do abraço e eu sorri.

— Guerra está em uma mansão em St. Louis, Missouri. É a mansão de um pintor, é só isso que sei. Boa sorte — desejou educadamente.

— Obrigada e… Se cuida — fiz o mesmo.

Castiel acenou e em segundos desapareceu. Eu fitei o lugar onde ele estava e acabei me lembrando mais uma vez do pesadelo. Droga, por quanto tempo isso me atormentaria?

— Ei, Beth, Cas… — chamou Sam. Eu me virei para vê-lo e quando ele percebeu que Castiel não estava ali, franziu o cenho. — Ora… Onde ele foi?

— Ele está tendo problemas… Hm… Você sabe, celestiais — menti.

— Ah — Sam olhou para o lado, como se entendesse. — Tudo bem. Vamos? — ele ergueu uma sobrancelha.

— Claro — eu sorri e o segui para fora do bunker.

Quando entramos no carro, eu me sentei no banco de trás e Dean virou a cabeça para trás para falar comigo.

— Castiel disse a localização?

— Sim. Guerra está em uma mansão de um pintor em St. Louis — respondi.

Dean franziu o cenho e em seguida, fez um bico. O Winchester apenas deu de ombros e inseriu um CD que aparentava ser de rock. Ele deu a partida no carro e tomamos rumo a St. Louis enquanto Dean cantava Born To Be Wild.

***

Dean e Sam entraram na lanchonete e eu os segui. Dean ajustou o paletó do ternó que usava e sentou-se em uma mesa qualquer. Dean me deu uma roupa de secretária para usar e eu não estava nem um pouco confortável usando ela.

— A saia está apertada, milady? — perguntou zombeteiro, me fazendo revirar os olhos.

Enquanto eu pensava em alguma maneira educada de mandar Dean ir tomar naquele lugar, uma garçonete loira oxigenada se aproximou e esboçou um sorriso falso, denunciando seu botox barato.

— O que desejam?

Dean deu um sorrisinho sacana e eu cerrei os punhos de raiva. Não, eu não estava com ciúmes, mas aquela mulher estava se atirando e isso é uma atitude desprezível.

— Um capuccino acompanhado de panquecas carameladas, um suco de framboesa acompanhado de uma salada Caesar e um refrigerante acompanhado de um hambúrguer com bacon extra — respondi com o mesmo sorriso falso que a garçanote esboçava.

— É pra já — falou com a voz anasalada e saiu.

Dean me encarou ferozmente e eu apenas sorri com um ar maldoso, erguendo uma de minhas sobrancelhas.

— Eu ia pedir o número dela! — sussurrou furioso.

— Como se você tivesse tempo para…. Você sabe — semicerrei os olhos.

— Olha só, senhorita pureza! Não pode nem pronunciar a palavra… — eu o interrompi.

Shh! Chama-se classe — murmurei, aquietando o Winchester. — Afinal, você deveria me agradecer, ela poderia ter clamídia.

A face de Dean se contorceu em uma expressão de repulsa e eu caí na gargalhada. Sam balançou a cabeça enquanto encarava o seu laptop com imensa concentração.

— As duas borboletas podem parar de se alfinetar pra que eu possa focar no caso e achar esse maldito pintor?

— Foi mal, Sammy. Não tenho culpa se essa branquela está comprando briga comigo — Dean me lançou um olhar irônico.

— Branquela? Ora, seu… — eu pensei em milhões de palavrões, mas ao analisar a expressão impaciente de Samuel eu parei.

A loira oxigenada voltou com os nossos pedidos e pareceu ter desistido do Winchester babaca sentado na minha frente, o que me deixou um pouco animada. Quando eu percebi que Sam arregalou os olhos, eu pigarreei, chamando a sua atenção.

— O que há?

— Achei o bastardo — respondeu ansioso. — Seu nome é Pierre Dubois, ele é o pintor mais famoso da cidade… Tem setenta e quatro anos e mora na Afton… Número 125.

— Ótimo — declarei, bebericando meu capuccino. — Vamos direto para lá após a refeição?

— Acho que o senhor preguiçoso aí não vai querer — Sam apontou para Dean com a cabeça.

— Não é bom lutar de barriga cheia — Dean deu de ombros e depois deu uma mordida no seu entupidor de artérias, vulgo, hambúrguer de bacon.

Eu revirei os olhos e peguei os talheres. Cortei um pedaço da minha pilha de panquecas carameladas e comi, sentindo aquilo preencher meu estômago de uma maneira esplêndida. Eu não comia fazia algum tempo e minha barriga já roncava.

Fizemos nossa refeição em silêncio. Após isso, Samuel fechou seu laptop, Dean pagou o que comemos e, mais uma vez, embarcamos no Chevy Impala 67, segundo Dean, baby, rumo a um hotel qualquer em St. Louis. Dean procurou pelo mais distante e encontramos um nos arredores da cidade.

Como sempre, o hotel era sujo e fedorento, porém, o suficiente para descansarmos durante a tarde. Combinamos que iríamos na mansão do pintor quando a noite começasse a cair e assim foi. Dean passou a tade inteira roncando na cama dura do quarto, Sam continuou olhando alguma coisa no seu laptop e eu aproveitei para furtar o diário de John Winchester da mochila de Dean. Assim, eu passei a minha tarde lendo uma porção e maluquices escritas por um caçador maluco pai de dois caçadores ainda mais malucos. Na verdade, eu não podia argumentar, afinal, a filha de Deus era eu.

O tempo passou tão rápido que eu nem percebi quando o Winchester babaca começou a cutucar o meu braço de maneira extremamente irritante. Eu acabei por revirar meus olhos e olhar ele de maneira furiosa. Meu olhar pareceu amedrontá-lo e ele se afastou.

— Vamos lá, chega de ler relatos sobre Wendigos — disse coçando a nuca.

— É uma pena que você não tenha puxado a inteligência do seu pai — ironizei, esboçando um sorriso travesso.

— Muito esperta — ele arrancou o diário das minhas mãos e eu levantei de prontidão, socando a barriga dele. Meu soco pareceu machucá-lo, pois ele soltou um urro.

— Muito esperto — sorri e me afastei.

Apanhei roupas limpas e corri para o banheiro. Tomei um banho rápido e vesti minhas roupas, não esquecendo da minha insubstituível jaqueta de couro. Quando eu saí do toalete, peguei um atilho e amarrei os fios avermelhados no topo da minha cabeça, deixando algumas mechas da minha franja suspensas em meu rosto. Dean também já estava pronto e colocava algumas armas no cinto que usava. Sam também se preparava e logo já estávamos todos de volta ao Impala 1967, rumo à casa de Pierre Dubois.

— Se você ver um Mustang vermelho, me avise — alertou Dean, me olhando enquanto dirigia.

— Por quê? — indaguei.

— Porque Guerra cavalga o cavalo vermelho, e como já não estamos na droga da Idade Média, as coisas estão um pouco mais modernas e da última vez que vimos esse bastardo, ele dirigia um Mustang vermelho.

— Justo o carro que eu achei bonito no catálogo que encontrei no abrigo dos Homens das Letras! — sussurrei.

— Que catálogo? Ah — Dean pareceu lembrar-se. — O catálogo da oficina do meu pai. — ele pareceu meio distante.

Eu decidi não interferir na aparente nostalgia de Dean Winchester. Permaneci observando através da janela a cidade de St. Louis e quando entramos na rua da casa de Pierre, de longe, avistei um Mustang vermelho, assim como Dean disse.

— Ei! Lá! — apontei, cutucando o ombro de Sam que estava sentado no banco na minha frente

— Dean — chamou Samuel. — Estacione longe. Eles conhecem o seu carro.

O irmão obedeceu e estacionou o Chevy bem longe da mansão. Lentamente e discretamente, andamos pela rua em silêncio. Eu me escondi atrás de um muro e observei as janelas da mansão.Tampei a boca para conter o meu desespero quando vi uma porção de demônios caminhando pelo possível corredor da casa carregando um corpo. Aquele era provavelmente o cadáver de Pierre Dubois.

— O que foi? — questionou Sam, encostando em meu ombro.

— Demônios. Demônios carregando um corpo! — sussurrei franzindo o cenho, horrorizada.

— Está bem. Nós temos que ir, está escurecendo — Dean olhou para o céu apreensivamente.

Caminhamos até a casa e pulamos a cerca da mesma, já que ela era bem baixa. Contornamos a casa e chegamos ao jardim. Dean apontou para uma porta na parte de trás da casa e nós entramos silenciosamente. De repente, um homem apareceu na nossa frente com um sorriso maligno. Eu pude ver seus olhos negros. Aqueles olhos negros penetraram em mim.

Sem que Dean e Sam pudessem fazer nada ou tentar pegar suas facas, o demônio acertou a cabeça dos dois Winchester. Outros dois demônios apareceram atrás de mim e eu deixei escapar um grito fino e esganiçado de meus lábios. O horror estava estampado no meu rosto e minha expressão era de total medo.

— Hmm, a filhinha de Deus, de novo nas mãos do chefe. Que agradável — o demônio careca sorriu maliciosamente.

— Não encosta em mim — eu tateei o meu cinto e assim que eu toquei na minha garrafa de água benta, tudo começou a girar.

Senti uma pancada forte na minha nuca e o mundo começou a escurecer e ficar borrado. Minha visão estava turva e tudo que eu conseguia ver era os olhos negros dos demônios à minha volta. Tudo que eu podia escutar era suas risadas ecoando ao meu redor. Então, fora de mim, desabei e caí no chão, impossibilitando qualquer maneira de defesa e fazendo eu me achar cada vez mais fraca e inofensiva.

—*-*-*-*-*-*-

Abri os olhos lentamente e pisquei inúmeras vezes. Olhei para os lados e vi Sam e Dean inconscientes, amarrados a dois pilares de mármore. Aquela mansão era realmente chique… Mas aquele lugar… Não era o lugar do meu sonho. Era em um museu, eu sei, não onde eu estava amarrada nesse exato momento. Escutei a risada do demônio.

— Ela finalmente acordou! — bradou Guerra, alegremente.

— Olá, Guerra — saudei — Ou devo dizer, Roger?

— Inteligente da sua parte! Sam e Dean lhe contaram o nome da minha casca inútil?

— Sim. E também contaram como posso fazer você evaporar, correr para a merda das colinas, babaca! — guinchei, me debatendo nas amarras que me prendiam ao pilar.

Guerra riu e tirou os óculos.

— Tão engraçadinha…

Cerrei os punhos e olhei para os demônios que estavam ao redor de Guerra. Aqueles idiotas… Trazendo o mal e matando pessoas inocentes. Tentei conter ao meu ódio quando um das criaturas asquerosas se aproximou e segurou meu rosto. O que ele estava fazendo?

O demônio pegou um frasco e tirou a tampa. Ele despejou o líquido vermelho e viscoso na minha boca à força. Eu não queria engolir, mas eu não poderia me defender. Seria aquilo… Sim, fazia sentido… Aquilo… Aquilo era sangue de demônio!

— Não é tão ruim, é?

Ele sorriu e eu cuspi o líquido ainda presente na minha boca no rosto da criatura. Ele fechou os olhos assim que o sangue atingiu sua face e quando abriu os olhos, guinchou de raiva e socou o meu rosto.

Senti a tontura tomando o meu corpo e a minha mente e escutei a risada de Guerra mais uma vez, o que me despertou. Senti meu lábio inchado devido ao soco e ofeguei, totalmente furiosa.

— Por que estão fazendo isso?! — gritei.

— Não é óbvio? — respondeu Guerra, erguendo as sobrancelhas e alisando a haste do óculos em suas mãos. — Para você adquirir mais alguns poderes sobrenaturais e ficar ainda mais… Pirada. Mais do que já é. Até porque, cá entre nós, você sabe que esses seus.. Poderes, são a sua ruína. Isso está bem claro e você enxerga, só não sabe admitir.

— Cale a boca, você não sabe absolutamente nada sobre mim, seu…

— Olha a boca, garotinha! Não ouse dizer bobagens — ameaçou Guerra, se aproximando perigosamente de mim.

Escutei uma respiração descompassada e olhei para o lado. Dean havia acordado. Guerra soltou mais umas de suas risadas arrepiantes e se aproximou de Dean, que o olhava com repulsa.

— Ora, ora, ora! Cá estamos nós novamente, não é mesmo, Dean? Não foi você que decepou o meu anelar favorito? — disse, balançando o dedo na frente do rosto de Dean.

— Guerra.

— Na mosca — zombou irônico. — Bem, querem ver a minha diversão do dia de hoje? Meu chefe não permitiu que eu deixasse a adorável St. Louis mergulhada no caos, portanto, decidi roubar a bela mansão do velhote francês.

Os demônios trouxeram o cadáver de Pierre Debois e depositaram o mesmo no chão. Pierre estava todo ensanguentado. Abri a boca, completamente horrorizada com a cena. Os demônios apenas riram da minha expressão. Sam abriu os olhos ao meu lado e acordou igualmente ofegante. Ao analisar toda a situação, enfureceu-se assim como eu e Dean.

— Seu chefe é Lúcifer, não é? — sugeriu Dean de maneira sarcástica. — Aquele…

— E você, moleque, nem ouse dizer qualquer coisa sobre ele. É um homem de honra, sabe o que faz.

— Um apocalipse é com certeza uma grande honra — debochou Sam.

Quando eu vi o sarcasmo estampado no rosto de Dean, um demônio chegou na sala. Eu o encarei e percebi que seu rosto era familiar. Era ele… Era ele que matava Sam em meu sonho. Eu tinha que impedir.

— Bom, vocês devem estar se perguntando por que eu lhes trouxe aqui. Bem, é simples… Se eu não o fizesse, vocês provavelmente decepariam mais uma vez o meu mais belo anelar.

— Você acha mesmo que não conseguiremos fazer isso, idiota? — gritei enfurecida.

— Seu linguajar é altamente ofensivo, Elizabeth — anunciou formalmente.

— Quem se importa? Me desamarra, seu babaca!

Guerra apenas riu. A risada dele entrou nos meus ouvidos e me deixou com cada vez mais raiva. Senti minha pele queimando, como um sinal. Meus olhos pareciam pegar fogo e cada parte do meu corpo estava fervendo. Senti algo correndo por minhas veias, algo que eu já tinha sentido antes. Seria aquilo… Sim. Eram meus poderes. Eu sabia… O perigo os ativava. Mas e se eu desmaiasse de novo? E se… E se eu morresse? E se dessa vez as consequências do uso dos meus poderes fossem ainda maiores?

Mas eu tinha que usá-los. Essa era a única maneira de eu conseguir matar Guerra. E aquele sonho que eu tivera poderia ser real. Sam poderia estar em perigo, e eu não podia arriscar a sua vida. Eu tinha que me sacrificar, isso era o certo a se fazer. Fechei os meus olhos e as minhas amarras caíram no chão. Me levantei e ergui a mão, olhando para os demônios e apertando meu punho com força. Conforme que eu fazia isso, os demônios caíam no chão e Guerra ficava cada vez mais perplexo. Um dos demônios escapou e Guerra guinchou de raiva.

Me aproximei dele e ele começou a flutuar no ar. Ele não conseguia respirar. Eu apertei minha mão ainda mais e aproveitei que ele estava suspenso e impossibilitado de se defender para pegar a faca no meu cinto. Segurei a mão do cavaleiro do inferno e cortei seu anelar, segurando o anel ensanguentado. Em um piscar de olhos, Guerra desapareceu e eu escutei uma pancada atrás de mim. Me virei rapidamente e Sam e Dean estavam desacordados. O demônio sorriu e desapareceu com Sam, já sem as amarras que o prendiam.

— Não!

A tontura me atingiu mais uma vez e minha cabeça doeu. Me aproximei de Dean e caí em frente à cadeira na qual ele estava tonto. Ele não estava desacordado… Ele estava apenas grogue. Ele abriu os olhos, estupefato, e me encarou pasmo.

— Sammy! Cadê o Sammy? — indagou em desespero.

Desamarrei ele e Dean se levantou. Eu me levantei com dificuldade e senti minhas pernas fraquejarem. Eu ia cair, mas Dean me segurou e sua preocupação ficou ainda mais visível. Minha cabeça doía cada vez mais.

— Beth! Beth, você está bem? Beth!

Eu retomei a consciência e puxei todo o ar que consegui. Eu não podia me render novamente, eu tinha que ser forte e aguentar as consequências. Eu havia usado os meus poderes mas eu não podia morrer, de jeito nenhum. Abri os olhos e arregalei os mesmos. Deixei as lágrimas rolarem pelo meu rosto e abaixei a cabeça, totalmente desamparada.

Dean, inesperadamente, segurou na minha cintura e levantou meu queixo com a mão. Eu o olhei, já com os olhos inchados, com uma imensa vontade de abraçá-lo. E assim fiz. Envolvi meus braços ao redor de seu pescoço e soltei soluços abafados em seu ombro. Por quê? Por que eu tinha que carregar aquele fardo?

Então, eu permaneci ali, nos braços de Dean, aguardando que todo aquele sofrimento passasse.


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram? Digam o que acharam nos comentários que eu ficarei muito grata. Para dar um gostinho do próximo capítulo, ouçam "Trigger - Gioni" é eletrônica, mas vale a pena porque é foda kkkk Até o próximo!



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