Fallen escrita por Milly Winchester


Capítulo 5
Imune


Notas iniciais do capítulo

Oi, sábios cabritinhos! Tudo bem com vocês? Desculpem-me pela demora, eu sei que demorei, mas adivinhem? Aqui estou eu de novo.

Primeiramente, queria agradecer à minha mais nova mishamiga, Hunter Pri Rosen, que favoritou, comentou e está acompanhando Fallen. Ela é a minha autora favorita de fanfics de SPN, e Pri, se você estiver lendo isso, e eu sei que está, saiba que eu adoro você, muchacha! Você é incrível.
Obrigada Trumpts, do blog American Edits, por ter feito esse banner divoso e também agradeço a Clenery Aingremont, uma muchacha adorável que betou esse capítulo. Agradecida estou, gafanhotas.

Pois bem, vamos parar de enrolação, não é mesmo? Uma boa leitura a todos e espero que gostem ^^



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BETH! — exclamou Dean, me sacudindo freneticamente, como se eu tivesse morrido ou algo do tipo.

Puxei todo o ar que consegui e tossi, arfando. Ofegante, me sentei na cama e estendi meu antebraço. Uma marca saliente e avermelhada em formato de mão estava estampada em meu pulso.

— Meu Deus! O que aconteceu com você? — perguntou preocupado.

— Se eu soubesse, diria — sussurrei, afagando a marca — Eu que pergunto, por que estava gritando?

— Nós achávamos que você estava… — disse Sam, atrás de Dean, me olhando apreensivamente — Você sabe.

Eu abri a boca, mas Dean interrompeu que eu dissesse alguma coisa.

Shhh. Está tudo bem — Dean segurou meu rosto e eu me afastei, fazendo com que a mão de Dean ficasse parada no ar.

— Estou bem — murmurei, engolindo em seco.

— Não parece estar bem — Sam me encarou. — O que foi desta vez?

— Pesadelo... — falei com a voz rouca.

— Envolve o desgraçado? — questionou Dean com ar de deboche.

— Sim — balancei a cabeça. — Lembro-me que perguntei a ele o porquê ele estava me prendendo, e então ele disse que queria a mim, segurou em meu pulso e então ele começou a queimar... E eu acordei.

— Isso explica tudo... — Castiel franziu o cenho — Mas não explica o porquê da marca estar aí. Pesadelos não podem interferir na realidade.

— Talvez Lúcifer consiga manipular essa habilidade — Sam deu de ombros. — É difícil saber.

— Tem uma coisa... — Castiel abriu a boca para falar, mas hesitou.

Eu o olhei, desconfiada.

— Cas... — pedi.

— Beth, você sabe o que são os cavaleiros do apocalipse?

Os malditos feixes de memória vieram à minha mente mais uma vez. Eu consumi as informações sobre o assunto que Castiel citara e abri os olhos, despertando.

— Acho que sim — respondi.

— Eles estão de volta. Eu sinceramente não sei como, mas estão, e querem arruinar tudo... — Castiel mexeu na barra do sobretudo.

— Vocês sabem onde estão? — indaguei, olhando para os Winchester.

— Castiel diz que sabe — afirmou Sam.

— E onde estão?

— Só sei da localização de um deles, chama-se Guerra — Castiel balançou a cabeça.

— Já o enfrentamos uma vez — informou Sam. — Foi o primeiro que derrotamos da outra vez.

— Outra vez?

Os Winchester se entreolharam.

— Lúcifer já andou sobre a Terra e não faz tanto tempo.

— Vocês estiveram cara a cara com ele? — eu abri a boca, surpresa.

— Sim — respondeu Sam. — Eu deixei que ele entrasse em meu corpo para que abríssemos a jaula com os anéis dos cavaleiros e pulei na jaula com Lúcifer dentro de mim.

— E como conseguiu sair?

— É uma longa história, Beth — Dean suspirou. — Não é uma boa hora para isso.

Eu encarei o Winchester mais velho de maneira vaga.

— Posso lhes perguntar uma coisa?

— Claro — disse Castiel.

— Por que confiam em mim?

Sam franziu o cenho.

— Por que não confiaríamos?

— Eu ainda sou uma estranha — falei, não sabendo o porquê de tudo aquilo. — Não deviam confiar em mim.

— Você está se condenando? — Dean ironizou.

— Não foi isso o que quis dizer — sussurrei.

— Se quisesse fazer algo contra nós, já teria feito — Sam sorriu de canto.

— Tem razão — confessei. — Pois, então, continuem. Por que querem matar os cavaleiros? O que são os anéis que vocês citaram?

— Cada cavaleiro tem um anel, é o que lhes dá poder. Usamos os anéis para abrir a jaula de Lúcifer, porém, se não tirarmos os anéis dos cavaleiros, eles podem causar tragédias. Guerra está em Grand Prairie, no Texas. — Castiel respondeu cordialmente.

— Como sabe disso? — perguntei curiosa.

— Rádio angelical. — esclareceu.

— O que diabos… — questionei, mas fui interrompida por Dean.

— Isso não importa agora. O que importa é que temos que detê-lo. Guerra consegue manipular as pessoas, criando conflitos entre elas.

— Dean está certo. Guerra está fazendo os cidadãos de Grand Prairie matarem uns aos outros. — Sam semicerrou os olhos.

— E por quê? — entortei a cabeça, observando.

— Porque cada cidadão está alucinado. Eles estão achando que cada pessoa na cidade está tentando os matar, estão em um conflito interno. Não podemos deixar que todas aquelas pessoas se matem assim de repente, Guerra está fazendo truques com eles. — disse Castiel de prontidão.

— Então temos de ir a Grand Prairie logo, não é?

— Isso mesmo — falou o Winchester mais velho — É melhor irmos logo, Grand Prairie fica a nove horas daqui.

— Nove horas? Castiel pode nos levar em menos de um segundo — sugeri.

— Na verdade, não — disse ele.

— Não?

— Acho que são problemas no céu. Tudo está uma bagunça… — ele abaixou a cabeça, demonstrando aflição. — Os anjos estão confusos. Minha graça, de alguma forma, enfraquece junto dos anjos.

— Portanto, que horas são?

— Duas horas da tarde. — informou Sam.

— Estou dormindo demais.

— Você parecia bem sonolenta, por isso deixamos você dormir, mas então você começou a gritar… — Castiel pareceu preocupado.

— O pesadelo — identifiquei. — É.

Sam suspirou.

— Então, Beth, nós vamos descer para você poder se organizar. Sairemos logo, não temos muito tempo, você sabe.

Ok. Obrigada, Sam.

Sam assentiu e eu sorri sem mostrar os dentes. Os três saíram do quarto e eu balancei a cabeça, observando o quarto vazio. Cambaleei até o armário e peguei umas mudas de roupa, me dirigindo ao banheiro.

Após tomar um bom banho, desci as escadas às pressas e encontrei com Sam, Dean e Castiel. Nós quatro fomos até o Impala e, assim, começamos a nossa atual aventura.

Passadas meia hora de viagem, Dean decidiu ligar o rádio. O Winchester colocou em uma estação onde aparentemente só tocava rock e meus ouvidos foram perturbados por diversas faixas agressivas por em torno de uma hora. O pior era escutar Dean cantarolando junto da canção Eye Of The Tiger que, segundo ele, era um clássico. Logo percebi que não sou fã de clássicos.

— Falta quanto tempo? — perguntei após bocejar.

— Hm — Sam olhou para o relógio presente em seu pulso. — Agora são cinco e meia. Pararemos somente às oito.

Algum tempo depois, perguntei novamente, e tudo que recebi foi uma imensa falta de educação vinda de Dean que me deixou ofendida.

— Droga, Elizabeth! Você está parecendo uma criança em uma viagem de carro, dá para se acalmar um pouco?

Mesmo assim, eu ri do jeito que eu estava me comportando. A adrenalina de alguma forma ainda não tinha saído de mim desde que eu matara o metamorfo, eu sentia que queria lutar mais e isso era estranho. Castiel murmurou meu nome e eu o olhei, após lançar um olhar para o céu azulado de sete da noite através da janela.

— Está com sono?

Eu apenas balancei a cabeça.

Castiel indicou seu ombro de maneira constrangida, dando alguns tapinhas. Eu sorri de leve e deitei no ombro de Cas, me acomodando. Pelo menos eu não teria que escutar as cantorias de Dean Winchester ou as brigas constantes de Sam e Dean sobre algum assunto bobo, como por exemplo, a diferença entre saladas e hambúrgueres.

De um lado, estava Dean Winchester, o defensor dos hambúrgueres. Seus argumentos diziam que o hambúrguer proporcionava energia e que tinha um gosto mil vezes melhor do que salada. De outro, Sam Winchester, o defensor das saladas. Seu álibi consistia na salada ser mais saudável. A partir dessa discussão inútil, a viagem ficou cada vez mais tediosa e Castiel foi o meu salvador; eu finalmente poderia me desligar um pouco das asneiras que os Winchester acabavam falando a cada segundo. Castiel parecia pensar o mesmo, já que suspirava de cansaço com frequência.

Fui acordada de uma maneira que já não era novidade; Castiel sacudia meus ombros com força, como se eu quando eu dormisse, eu entrasse em algum tipo de coma temporário ou me tornasse uma sonâmbula crônica. Espere, o que estou dizendo? Tanto faz. Castiel clamou por meu nome e eu resmunguei, praguejando coisas inaudíveis.

— Chegamos — concluiu ele, olhando pela janela do carro enquanto Dean e Sam saíam do veículo.

Assenti e empurrei Castiel desajeitadamente para que ele saísse do Impala. Eu o segui ainda meio atordoada pelo sono e fui mancando junto dos Winchester e do Castiel até o hall do pequeno hotel onde passaríamos a noite. Dean, junto com os seus fiéis cartões falsificados, fez um registro e a recepcionista nos entregou a chave de dois quartos.

Subimos para o quarto andar e nos organizamos. Castiel decidiu relaxar um pouco e Sam quis ficar junto dele, portanto, acabei ficando em um quarto com o Dean. As camas de solteiro eram bem próximas uma da outra, mas pelo menos não era uma cama de casal.

Depois de duas horas que passei dormindo, às dez horas, Dean ligou para uma tele-entrega de comida japonesa e nós pedimos. Jantamos os quatro juntos e apenas Castiel ficou assistindo nossa refeição com uma cara de paisagem.

Logo após o jantar improvisado, eu peguei no sono novamente. Não me lembrei de ter desejado boa noite aos irmãos ou coisa do tipo, apenas me recordei de uma grande mancha negra cobrindo meus olhos e dos mesmos ansiando por se fecharem. Não lutei para resistir e me rendi ao sono que me consumia.

Pela manhã, saímos da cidade — Odessa, Texas — e continuamos a viagem. Da segunda vez, não me senti tão entediada, pois Dean pareceu perder o bom humor do dia anterior. Estava encabulado, dirigia de maneira brusca, andava em altas velocidades e mantinha o cenho franzido, como se estivesse avistando problemas por todos os lados.

Chegamos a Grand Prairie às nove horas da manhã. Dean estava morrendo de fome, então insistiu para que pudéssemos visitar uma lanchonete daquela cidadezinha. O Winchester devorou mais um de seus tradicionais hambúrgueres gordurosos e finalmente tirou o direito de seu estômago de falar mais alto; naquele momento, quem falava mais alto era a nossa missão e o nosso dever de matar Guerra.

Estávamos em uma rua sem saída, procurando um pouco de privacidade para conversar sobre nossa tarefa. Castiel estremeceu.

— O que foi, Cas? — questionou Sam, observando Castiel apertar os olhos. Eu o observei atentamente.

— Rádio — gaguejou — Angelical.

Castiel se contorceu um pouco e depois abriu os olhos, arfando. Eu me aproximei dele, preocupada.

— O que aconteceu?

— Não consegui entender direito — respondeu aflito. — É melhor não ligarmos para isso agora, não é tão importante.

— Claro que é importante, Cas — falei suavemente. — Tem certeza de que não quer falar sobre isso?

— Sim — disse ríspido.

Dean estreitou os olhos e deu um pigarro para quebrar o clima pesado no qual estávamos, abrindo um sorriso forçado.

— É, então — fez um bico. — Precisamos da localização de Guerra.

Castiel balançou a cabeça e em um passe de mágica sumiu. Eu abri a boca, olhando para os lados freneticamente. Dean bufou impacientemente e cruzou os braços, encostando-se no Impala, praguejando coisas inaudíveis.

O anjo apareceu novamente em questão de segundos, ajeitando o sobretudo.

— Guerra está em um teatro abandonado. Lá está ocorrendo uma peça e, pelo visto, as pessoas estão começando a se alfinetar lá, a coisa está feia — Castiel ergueu as sobrancelhas.

— Como sabe disso? — perguntei.

— Tenho meus contatos — ele piscou. — Então, vamos?

Dean assentiu e entrou no Impala. Cas disse a ele o endereço do teatro e eu passei a observar a cidade pela janela. Na lanchonete, alguns garçons discutiam uns com os outros, todos naquela cidade estavam um tanto amaldiçoados. Pelo vidro do carro, eu vi algumas pessoas na rua socando umas às outras, como se estivessem em um conflito eterno. O que eu não esperava era ver que meus amigos também estavam.

Dean, enquanto dirigia, colocou novamente em uma estação de rock e aumentou o volume no máximo. Começou a cantar muito alto e Sam guinchou, abaixando o volume.

— Porra! — berrou Dean. — O que você fez, vadia?

— Cala a boca — disse Sam.

Vadia!

Babaca!

Sam empurrou Dean e os dois começaram a brigar. O volante girava para lá e para cá, os dois guinchavam palavrões e agrediam um ao outro. Castiel suspirou, tentando se acalmar e eu gritei.

CHEGA!

Sam e Dean me olharam surpresos.

— Dá para calarem a boca?

— Eles estão enfeitiçados também — informou Castiel.

Sam e Dean se olharam novamente e começaram a se alfinetar e olhar um para o outro de maneira irritada. Eu bufei, lançando a cabeça para trás e resmungando.

— Não há nada que possamos fazer, é só não deixar eles nos matarem. Ou se matarem — Castiel ergueu as sobrancelhas.

— O quê? — indaguei.

— Nada, é melhor você não saber — disse calmamente, olhando pela janela.

Quando chegamos ao teatro abandonado, Dean começou a brigar com Castiel e com Sam, ao mesmo tempo. Eu então tive uma brilhante ideia.

— Parem de brigar! — ordenei.

— Beth, é melhor você ficar fora disso — Castiel gritou e isso me surpreendeu. Ele tentou partir para cima de Dean, mas eu o segurei.

— Isso não é você, Cas! Guerra está o enfeitiçando! — relembrei a ele. — Espere, por que não funciona comigo?

Eu só ouvi o barulho de um soco e virei para trás, vendo Sam com um olho roxo e Dean se preparando para desferir outro golpe.

— Dean! — segurei os pulsos dele.

Dean me empurrou e eu praticamente voei para trás, batendo de cabeça no chão. Os três começaram a se chutar e socar um ao outro, e eu resmunguei mais uma vez. Concentrei-me e apertei os olhos, semicerrando-os e contorcendo minha expressão angustiada em uma expressão de dor.

Quando vi, eu estava arrastando Castiel, Sam e Dean para postes de luz, um em cada poste. Minha cabeça doeu e eu percebi que estava os controlando, como fiz com o demônio. O que diabos eu estava fazendo, droga?

— Beth, não! Ele é um demônio! — Sam apontou para Dean.

Eu ofeguei, recuperando-me da dor que me consumia e levantei do chão. Caminhei até o Impala e abri o porta-malas, pegando uma corda. Amarrei os três, um em cada poste. Castiel não conseguia se teletransportar, então nada conseguiriam fazer.

— Agora entendo — falei. — Você acha que ele é um demônio — sugeri, olhando para Dean e para Sam.

— Ele é! — guinchou Dean. — E, ainda por cima, finge que não é!

Eu revirei os olhos, tirando uma faca do bolso.

— Eu vou fazer isso sozinha.

Corri para dentro do teatro e vi as pessoas me olhando. No palco, duas pessoas brigavam e dilaceravam uma a outra. Olhei para os assentos que ficavam em cima do palco, na parte superior da estrutura, e vi o infeliz: Guerra.

Ele não percebeu a minha presença. Tentei correr no meio das pessoas, mas estas começaram a me segurar e me puxar.

— Você não pode passar — disse um homem.

— Posso sim — e então, com um leve remorso, chutei a canela dele e saí correndo.

Eu olhei para trás angustiada e subi as escadas que davam para a galeria superior. Quando cheguei, lá estava Guerra. Ele virou a cabeça e me olhou, erguendo uma sobrancelha e sorrindo.

— Ora, ora, ora. Elizabeth! — saudou. — Que visita agradável.

— Eu não vim aqui para conversa, Guerra.

— Sim, sim — falou como se estivesse ciente — Eu sei disso. Mas talvez possamos conversar antes de você arrancar esse lindo anel do meu dedo — ele ergueu o anelar no ar, mexendo-o.

— Conversar sobre o quê? — semicerrei os olhos. — Olha o que está fazendo! Está fazendo as pessoas acharem que todos presentes aqui são demônios e na verdade não são. Você está fazendo eles se matarem!

— Você devia tentar entender o meu lado — ele pôs uma mão em seu peito. — Só faço isso por diversão, Elizabeth. Assistir discórdia é como assistir um jogo de baseball para mim.

Eu ergui a faca e comecei a me aproximar dele, já impaciente.

Wow, espera! — ele levantou as mãos em rendição. — Não acabamos ainda.

Guerra olhou além de mim, como se estivesse alguém atrás. Eu me virei e lá estava um demônio.

— Você me amaldiçoou também?

— Não. Esse é um demônio mesmo. Aliás, eu tirei o feitiço dos seus amiguinhos, por enquanto — Guerra sorriu. — Achavam que eu ia deixar vocês me pegarem dessa vez? — ele balançou o dedo. — Nunca — sussurrou, confidenciando.

Eu ameacei me aproximar, mas então senti uma pancada forte em minha cabeça e desmaiei.

[...]

Abri os olhos. Eu não sabia onde eu estava. Olhei à minha volta e vi Sam e Dean apagados. Pisquei algumas vezes, tentando descobrir algo sobre o lugar.

Eu estava em uma espécie de porão. Aquele local fedia e era iluminado apenas por uma lamparina amarelada no teto. Os Winchester estavam inconscientes, porém Castiel estava de olhos abertos. Logo, Cas notou que eu acordara e me chamou.

— Beth?

— Cas, oi — apertei os olhos. — Onde diabos nós estamos?

— Eu não sei — respondeu em um fio de voz. — Você está bem?

— Estou — afirmei. — E você?

— Sim.

— Temos que acordar Sam e Dean — falei.

— Já tentei — sussurrou. — Eles não acordam.

— Você acha que... — eu deduzi, franzindo o cenho.

— Não. Consigo ouvir as respirações.

Eu suspirei e mexi meu corpo, tentando livrar-me das ataduras que prendiam meus braços ao redor de um poste no qual eu e todos os presentes ali estávamos amarrados, um em cada pilar.

— Minha graça está fraca, não há nada que eu possa fazer — lamentou Cas.

— Tudo bem. Nós vamos conseguir sair daqui — sorri, acalmando-o.

Eu senti meus pulsos queimarem quando a corda roçou na minha pele. Gemi com a dor e observei Sam inconsciente.

— Sam, Dean! — gritei. — Droga, acordem!

— Guerra não enfeitiçou você? — perguntou Castiel.

— Não sei o motivo, mas... Comigo não funciona — disse pensativa.

— Também não sei.

Eu senti a marca que eu recebera após o sonho arder. Ela ainda doía. Eu olhei para os lados, esperançosa.

— O que vamos fazer?

— Esperar — sua expressão era calma.

Encostei minha cabeça no pilar e fechei os olhos.

Passado algumas horas, nós não sabíamos mais o que aconteceria conosco. Para piorar tudo, Sam e Dean não acordavam de maneira alguma, e eu não conseguia fazer nada, minha espécie de poderes não estavam funcionando e eu estava me sentindo mal. Eu suava frio, era como se eu estivesse sofrendo os efeitos colaterais do uso das minhas habilidades.

Ouvi um resmungo e arregalei os olhos quando vi que aquilo vinha de Dean.

— Dean! Droga, Dean!

— Onde nós estamos? — perguntou desesperado, olhando à sua volta.

— Acorda o Sam, nós temos que sair daqui — supliquei.

Dean olhou para o irmão ao lado dele.

— Sam! — gritou. — Droga, Sam. Sammy!

— Ugh! — resmungou. Depois abriu os olhos e bocejou, mas logo que viu o lugar no qual estávamos, iniciou um surto psicótico. — Puta merda, onde nós estamos?

— Eu não sei — respondi.

A porta daquele lugar fedido se abriu e um homem entrou. Ele caminhou até o centro da área onde os pilares nos quais estávamos amarrados se encontravam. Rapidamente, se abaixou e se aproximou de mim. Eu pude sentir o mau hálito dele sendo praticamente assoprado no meu rosto.

— Elizabeth — disse maliciosamente. — Adorável.

Dean permaneceu o olhando. Eu virei a cabeça para vê-lo e pude ver seus olhos negros.

— Não encosta em mim — murmurei, me encolhendo.

O demônio soltou uma risadinha e acariciou minha face. Eu fechei os olhos, me sentindo enojada. Senti o demônio passar as mãos pelas minhas costas e pela minha cintura e escutei a voz de Dean.

— Não se atreva a fazer isso com ela!

Eu encarei Dean, surpresa. O demônio riu novamente.

— Defendendo a namoradinha, Winchester?

Dean contraiu o maxilar, furioso. O demônio fez uma cara de deboche e caminhou até Castiel. O demônio analisou a expressão de Cas, incrédulo.

Tsc, tsc, tsc — fez, inconformado. — Um anjo em minhas garras. Isso não poderia ficar mais divertido.

A criatura sorriu e começou a bater várias vezes em Castiel.

— Não! — guinchei. — Não faça isso!

O demônio sibilou, me encarando, entre dentes.

— Não há nada que você possa fazer.

— Ela não pode, mas eu posso — disse Dean.

Olhei para ele e vi que ele estava de pé.

— Demônio idiota, nem se prestou para verificar meu sapato, não é?

Dean tirou de dentro do coturno uma faca e cravou no pescoço do demônio. A boca da criatura se abriu e a mesma começou a brilhar, assim como os olhos. O demônio gritou e caiu, então o brilho se apagou.

— Perfeito.

Dean desamarrou as cordas cujas nos prendiam aos pilares, então eu, Castiel e os Winchester saímos daquele lugar. Alguns demônios estavam vigiando e Dean tomou conta deles, porém, o que eu não esperava era ver outro.

Quando chegamos ao Impala, ele estava encostado no veículo.

— Olá, boys.

Crowley.

— Você… — murmurei. — O que veio fazer aqui?

— Dar um olá — sugeriu. — Saber o motivo de estarem matando meus bebês.

— Seus? Eles estavam com Guerra — Sam franziu o cenho.

— Ah, aquele idiota — Crowley revirou os olhos. — Subornou meus melhores homens em troca de um maldito extenso pacote de almas. Tolos, sabem que eu podia dar-lhes muito mais.

— Então por que quer saber? Você ia mata-los de qualquer maneira — Sam disse zombeteiro.

— Eu ia mata-los, não vocês — gritou ele.

— Suma, Crowley — falei.

Apertei os olhos e pensei em Crowley indo para bem longe dali. Minha cabeça doeu muito e eu abri os olhos, arfando. Crowley sumira. Os Winchester me olharam. Então, eu senti uma pancada na minha cabeça, do tipo interna. Agonizei e berrei, levando as mãos à minhas orelhas. Meus ouvidos começaram a fazer ruídos insuportáveis e eu caí de joelhos. Senti meu corpo fraquejar e desabei no chão de uma vez por todas, apagando.

[...]

Saltei e senti meu corpo bater no chão. Provavelmente eu ganharia alguns roxos com o impacto. Eu caíra da cama.

Gemi, descolando meu corpo do tapete felpudo do quarto do bunker em Lebanon. Eu ofeguei e me levantei com dificuldade, meus músculos estavam dormentes e não colaboravam com a minha melhora.

Após levantar do chão, caminhei até a porta e a abri com cuidado. Cambaleei até as escadas, eu não sentia meus pés. O lugar estava frio e o frio encobria meus braços desnudos. Eu ainda usava a calça que eu colocara pela manhã, porém, eu estava sem o casaco, apenas com a blusa vermelha que eu vestia. Olhei o relógio presente em uma das mesas da biblioteca após descer e marcava duas horas da manhã. Havia se passado um dia desde que eu desmaiara.

Eu desmaiara por causa do uso exagerado de minhas habilidades?

Passei os dedos pelos livros e ouvi alguém se aproximando. Sam. Me virei para encará-lo.

— Beth? O que está fazendo acordada?

— Nada de mais, só estou me sentindo um pouco…

E foi aí que veio a tortura. Eu definitivamente não deveria ter acordado ou, até mesmo, levantado.

Senti a mesma sensação horrível do dia anterior; minhas pernas fraquejaram, meus ouvidos adquiriram ruídos, minha cabeça doeu e eu fui ao chão, porém desta vez, não tecnicamente ao chão. Senti os braços de Sam segurarem o meu corpo com força e apenas fechei os olhos, sentindo como se tudo acabasse ali.


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Notas finais do capítulo

Chegaram até aqui, né non? Obrigada por lerem, meus sábios cabritinhos. Quero que saibam que estou muito feliz pelos comentários e pelos favoritos/acompanhantes que estou recebendo. Tudo isso é muito gratificante e me deixa muito feliz, além de me inspirar para escrever mais e mais. Vocês são incríveis!

Eu espero que tenham gostado, estrelinhas. Nos vemos no próximo!

Um beijo, um queijo e até lá! Desejo que nessa semana vocês sonhem com bodes fofos e comilões. Adios!



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