Fallen escrita por Milly Winchester


Capítulo 4
Sinais


Notas iniciais do capítulo

Oi, lindinhos! Perdão pela demora. Só queria dizer que estou bem alegrinha (não sei se existe essa palavra, mas agora existe) porque a fanfic tem tipo, um mês, e já temos 13 FUCKING ACOMPANHANTES. Para mim, isso é bastante, portanto, deixem eu me iludir u.u

Estou tão animada com essa fanfic, vocês não tem noção. Já tenho ideias para as próximas três temporadas e isso me deixa histérica :) Aliás, como eu já disse, essa fanfic vai ter 50 FUCKING CAPÍTULOS e um epílogo. Sim, podem me amar agora.

Bom, vou parar de enrolação e deixar vocês lerem. Uma boa leitura a todos ;)

Música do capítulo: Warriors - Imagine Dragons



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Acordei em um salto, meu corpo estava suando frio. Eu não fazia ideia de que horas eram, o local estava em silêncio. Vesti minhas roupas cuidadosamente, escovei os dentes com uma escova velha que estava no banheiro e desci as escadas, não escutando barulho algum.

Ao chegar na biblioteca, para a minha surpresa, encarei os Winchesters, afundados em livros e pesquisas. Castiel mexia na barra do sobretudo, entediado.

— Finalmente você acordou. — zombou Dean.

— Vejo que estão produtivos. — elogiei.

— Achamos um caso. — informou Castiel.

— É mesmo?

Corri até Sam, lendo o que estava escrito na tela do notebook. Era o jornal de uma cidade desconhecida, eu não sabia qual era. Chamava-se Gardner. A manchete dizia “Cidadão morre ao vomitar o próprio fígado”. Quando eu li, senti meu estômago embrulhar.

— Que nojo... — sussurrei, tentando-me livrar dos pensamentos asquerosos.

— E tem outra. — disse Sam, clicando na outra guia do navegador.

“Freiras e visitantes da Igreja de Gardner são encontrados com as gargantas cortadas”.

— Que droga é essa? — perguntei me aproximando.

— Pelo visto, bruxas e metamorfos. — respondeu Dean.

— E por que isso está acontecendo em apenas uma cidade?

— Houveram acidentes há pouco tempo, todos ao mesmo tempo. Crowley disse que Lúcifer havia saído a pouco da jaula, e suponho que tenha sido de lá que ele tenha subido, causando desastres. A passagem de Lúcifer pode ter amaldiçoado a cidade com essas criaturas, e nossa missão é matá-las. Assim que matarmos, a maldição acabará. É simples. — informou Castiel.

— Simples? Eu não acho. — cruzei os braços.

— Beth, nós estamos acostumados. Não vai ser algo difícil.

— Dean tem razão. Metamorfos são facilmente mortos por prata, e as bruxas são meras humanas. Só você tem que ser cuidadosa com os sacos de bruxaria... — alertou Sam.

— Você está me assustando. — falei encarando o Winchester mais novo.

— Nada vai acontecer com você. — afirmou.

— Então — Dean pigarreou e eu tomei um susto, dando um pulo — Vamos sair agora?

— Sim. — respondeu Castiel, autoritário — Quanto antes, melhor.

— Vocês sabem que eu não sou muito boa com armas, e...

— Elizabeth, já dissemos para você não se preocupar. Você está segura conosco. — disse Castiel.

Eu assenti, tornando a ficar calada.

— Gardner não é muito longe daqui — Sam observava a tela do eletrônico — Três horas.

— Que horas são agora? — indaguei.

— Onze e meia. — Dean olhou o relógio e respondeu.

— Devemos partir. — Castiel ajeitou o sobretudo e caminhou até a porta — Vamos?

Dean assentiu e me encarou. Eu o encarei, provavelmente o medo e o nervosismo estavam estampados no meu rosto. Eu andei ao lado dele e senti minha mão encostar na dele por um breve momento. Puxei minha mão no mesmo instante e entrei no Impala, sentando ao lado de Castiel.

Durante as três horas de viagem, tive que me segurar para não vomitar. Eu queria muito vomitar, mas sabia que não seria nem um pouco educado ou inteligente vomitar no carro de Dean Winchester, afinal, ele amava aquele automóvel mais do que a si mesmo.

Castiel permaneceu o tempo todo em silêncio, observando os carros na estrada. Dean colocou música no rádio e cantou uma porção de músicas de rock, cujas eu não conhecia. Sam permaneceu quieto também, mas de vez em quando, abaixava o volume da música de Dean para dizer alguma informação sobre Gardner e seus acontecimentos.

Dean passou pelo arco da cidadezinha de Gardner, observando a população andar pelas pequenas ruas calmamente. Quem visse de longe, nem imaginaria que Gardner estava sendo atormentada por bruxas e metamorfos. A cidade cheirava a lilases e tinha um aspecto nostálgico.

Dean estacionou o carro em um beco sem saída. Ele jogou uma roupa formal para mim, e eu observei as peças, estranhando.

— Nós temos que nos passar pelo FBI. — esclareceu irônico.

Nós estávamos fora do carro. Eu encarava a roupa com desprezo e quando olhei para cima, no mesmo momento, Dean tirou a camisa, revelando músculos gigantescos. Novamente, minha versão tomate veio dar um olá.

— Onde vou poder me trocar?

Sam apontou para uma cabine de banheiro público no fim da rua. Eu olhei para ele com nojo. Já no banheiro, vesti a minha roupa prendendo a respiração para não inalar aquele odor de vômito. Saí do banheiro com o nariz torcido, tentando não respirar. Dean riu por alguns segundos, e eu tive vontade de espancá-lo por estar rindo da minha desgraça.

Sam, Dean e Castiel também foram ao banheiro público e se trocaram. Dean me entregou um distintivo com uma foto minha. Observei o objeto e olhei para Dean, erguendo uma sobrancelha.

— Como você tem uma foto minha?

— Você estava distraída. — respondeu, dando de ombros.

Voltamos ao carro e Dean dirigiu até o departamento de polícia de Gardner. Estávamos em uma fantasia ridícula de agentes do FBI, mas pelo menos conseguiríamos obter informações sobre o que estava acontecendo naquela maldita cidade.

Dean estacionou na frente da delegacia e nós entramos, dirigindo-nos ao balcão. Sam estalou os dedos e a secretária notou a nossa presença, dando um sorriso um tanto quanto amarelo.

— Olá, hm... — ela se aproximou para ver nossos nomes em nossos uniformes — Senhor Cabret — se referiu a Castiel — Senhora Elmet, Senhor DeLa Roche e Senhor Dougal — apontou para mim, para Sam e para Dean, respectivamente.

— Boa tarde. — saudou Castiel, inclinando a cabeça em uma reverência.

A secretária pareceu se derreter com Castiel sendo cordial.

— O que desejam? — perguntou, não tirando os olhos de Castiel.

— Viemos falar com o delegado sobre as mortes estranhas. — contou — Ele está presente?

A secretária assentiu imediatamente.

— Podem passar.

Nós avançamos até uma sala e eu jurei que pude ouvir um suspiro da secretária. Sam deu algumas batidinhas e de dentro, ouviu-se um “entre”.

Sam abriu a porta e deu o seu melhor sorriso, encarando o delegado à sua frente.

— Entrem, por favor. — pediu.

Nós entramos e nos sentamos nas cadeiras, em frente ao delegado. Mostramos nossos distintivos e o de Castiel estava virado. Delicadamente, o coloquei de cabeça para cima, o que fez o delegado dar uma pequena gargalhada calorosa.

— Então, não me levem a mal, mas o que o FBI tem a ver com isso? — perguntou, misterioso.

— É... — Dean sorriu, como se não soubesse o que falar, em seguida pigarreando.

— As freiras da igreja, elas tiveram a garganta cortada, não tiveram? Presumo que não tenha sido suicídio. — respondi prontamente, e recebi um olhar perplexo de Dean.

— Ah — o delegado arqueou as duas sobrancelhas — Você tem razão, moreninha. Victoria Elmet, não?

— Isso mesmo, senhor. — assenti com um sorriso falso no rosto.

— Muito bem. O que desejam saber?

— Só por curiosidade, queríamos saber quem foi a vítima que vomitou o próprio fígado? — disse Sam, desconfortável por ter que citar vômito.

— Seu nome era Matthew Lewis. — o delegado abriu uma das gavetas de sua escrivaninha e de lá, tirou uma prancheta com informações — Aí está tudo sobre ele.

Dean, que estava sentado ao meu lado, pegou a prancheta com cuidado e leu rapidamente.

— Era casado?

— Sim, ele se divorciou de Annelise. Eram um casal bonito, a propósito, me pergunto o porquê da separação. — falou o policial, pensativo — Não tinham filhos, tinham uma vida ótima, não vejo motivos para se divorciarem.

— Eu concordo plenamente com o senhor. — Castiel sorriu formalmente para o homem sentado à nossa frente — A igreja está fechada, senhor?

— Não, senhor Cabret. — respondeu o delegado — As vítimas, por uma coincidência um tanto quanto bizarra, foram encontradas todas sob o tapete, então os danos ao local não foram grandes. Somente trocaram o tapete do local. Ela está aberta.

— Os corpos serão cremados ou enterrados? — questionou Sam.

— Estamos nos comunicando com as famílias ainda, para saber quais serão os destinos dos corpos. Por enquanto, estão todos aqui na delegacia, no depósito de corpos.

— Temos acesso? — perguntei.

— Claro, sejam bem-vindos e obrigado por estarem nos ajudando neste caso. — o delegado acenou.

Saímos da sala após nos despedirmos do delegado. Com a permissão da secretária, fomos até o tal depósito e procuramos pelos nomes dos indivíduos mortos no dia da tragédia na igreja. Dean puxou uma das gavetas e revelou o corpo de uma anciã, provavelmente uma freira. O pescoço estava cortado e sua pele estava pálida e sem vida. Haviam sido apenas três vítimas; a freira Belinda Morrison, um jovem de uns dezesseis anos, Hayes Kellan e uma mulher que não continha o nome na lista. Provavelmente ela ainda estava sendo avaliada.

— Isso é obra de metamorfos? — indaguei, apertando meu nariz devido ao demasiado cheiro de podridão.

— Tudo indica que sim. — Sam encarou o corpo morto com uma expressão de desgosto — Será que existe alguma rede de esgoto aqui por perto?

— Provavelmente sim, Sammy. — disse Dean, a voz carregada de ironia.

— Ok, então temos que ir atrás de Annelise Lewis, certo? — cruzei os braços, tentando organizar tudo em minha cabeça.

— Exatamente. — afirmou Castiel — Devemos descobrir qual desses corpos o metamorfo está usando para matar.

— Eu apostaria na freira. — falei, confiante — Todos confiam em uma freira.

— Tem razão. — assentiu Dean — O que fazemos primeiro?

— Quero saber também, minha mente está confusa. — massageei minhas têmporas.

— Vamos ver onde está Annelise. — decidiu Castiel.

Dean lançou um olhar para Sam e nós saímos do depósito, em seguida da delegacia e entramos no Impala. O Winchester mais velho dirigiu até um restaurante para comermos, e eu agradeci, afinal, eu estava agonizando de fome. Castiel sumiu de repente, disse que ia pesquisar onde estava Annelise.

Sentamo-nos em um canto qualquer do restaurante e Dean pediu a sua tradicional comida gordurosa. Sam pediu uma salada e eu pedi macarrão, precisava estar com energia o suficiente quando fosse derrotar aquelas criaturas malditas.

Enquanto esperávamos, Sam pegou o computador e digitou algumas coisas. Quando percebi, ele pesquisava sobre as redes de esgoto de Gardner. Quando achou algo, abriu a boca e ergueu as sobrancelhas, olhando para mim e para Dean.

— Achei... Podemos ter acesso pelo corredor de metrô. Fica na Rua Elm Street. — ele olhou para mim.

— Vamos nos espremer em um esgoto fedido? — perguntei sarcástica.

— Infelizmente sim. — lamentou Sam.

— Vocês tem certeza que é nessa rede? — questionei desconfiada.

— Não, mas é a única rede de esgotos na cidade. Metamorfos tem esse tipo de preferência, gostam de viver em lugares úmidos, escuros e subterrâneos. — explicou Sam — É a nossa maior pista, até agora.

Ouviu-se um bater de asas e Castiel estava ao nosso lado.

— Cas! Está louco? Alguém poderia ter visto você, aparecendo do nada. — sussurrou Dean, praguejando.

— Desculpe, esqueci disso. O que descobriram sobre a rede de esgotos? — indagou o anjo.

— Fica na Rua Elm Street, temos acesso pelo metrô. E você, o que descobriu sobre Annelise? — respondi rapidamente.

— Tudo indica que ele a traiu e pediu divórcio. Suponho que ela tenha ficado com raiva do ex-marido e pesquisado sobre bruxaria. Ele morreu, e... Ela morreu também.

— Como assim? — Sam exclamou, mas depois de ver o tom de sua voz, abaixou-se aparentemente constrangido.

— Lembram do corpo não identificado na delegacia? Era ela. Fui novamente á delegacia para ver e o delegado me deu uma nova informação, eles identificaram o corpo.

— Então não temos mais a bruxa? — Dean franziu o cenho.

— Pelo visto não. — Castiel suspirou — Mas ainda temos os metamorfos. Acho que devemos ir para a rede de esgoto assim que anoitecer. Enquanto isso, achamos um hotel e descansamos, por enquanto.

— Boa ideia. — falei — Mas no momento, preciso comer alguma coisa, meu estômago está roncando.

Em segundos, o garçom apareceu e deixou nossos pratos sob a mesa. Castiel sentou-se e Sam fechou o computador, guardando-o. Comemos em silêncio e decidimos retomar nossa conversa.

— Como matamos os metamorfos mesmo? — questionei.

— Prata. — respondeu Castiel de prontidão.

— Como vamos saber se já trocou de pele? — perguntou Sam aflito.

— Não sabemos. — disse Dean — Vamos apostar no que Elizabeth disse, a freira é um bom alvo.

— E se ela não estiver lá? — peguei o guardanapo e limpei minha boca.

— Então estará na igreja, que outro lugar uma freira iria? Estou dizendo, nos daremos bem. — Dean argumentou confiante.

— Só espero que ela não troque de pele enquanto a caçamos. — Castiel observou o teto.

— Tudo bem. — Sam levantou-se, indo em direção ao caixa — Vou pagar a conta e já vamos.

Após Sam pagar a conta, ele voltou e nós fomos em direção ao carro, mais uma vez. Dean tomou rumo a um hotel qualquer e nos hospedamos, deixando nossas coisas nos quartos. Eu fiquei em um quarto com Castiel, Sam e Dean ficaram no outro.

Coloquei a bolsa que eu carregava em cima da cama, retirando as armas que eu levava nela. Castiel observou meus movimentos, de certa forma muito atento. Parei o que estava fazendo e olhei.

— O que foi?

— Nada. — ele disse com um olhar distante.

— Tem certeza? — pus as mãos na cintura, tentando convencê-lo a falar se tivesse algo trancado.

— Não, é que... Estou com medo.

— De quê? Você é Castiel, o anjo do Senhor. — sorri.

— De você se dar mal. Você mal sabe manusear facas, e coisas do tipo, não pode usar seus poderes sem treinamento, isso me preocupa, Elizabeth. Como irá se preparar para a luta final?

— Isso nós veremos, Cas. Não se preocupe, vamos achar uma saída. E essa é a minha primeira vez caçando, então não sou obrigada a saber de tudo, tenho vocês para me proteger, estou tranquila, portanto fique também. Não saio de perto de vocês, irão ter que me aturar por mais um tempo. — zombei, depositando um soco leve no braço de Castiel.

Castiel afagou o braço, fingindo estar magoado, então se aproximou para me abraçar. Na ponta dos pés, eu o abracei com o maior prazer e carinho do mundo. Tinha orgulho de poder, de certa forma, chamá-lo de irmão. Sim, Castiel era meu irmão, mesmo que não verdadeiramente, ele era, e ninguém podia negar. Eu sentia que já o conhecia, talvez por ser originada do mesmo ser que ele: meu pai.

Quando o abraço acabou, eu sorri para ele e nos afastamos. Voltei a organizar minhas coisas, deixei as minhas armas preparadas dentro da gaveta da cômoda. Tirei meus sapatos e agradeci por ter trazido outra roupa na bolsa. Corri até o banheiro e me preparei para tomar um banho rápido.

Lavei meus cabelos, meu corpo e aproveitei a ducha quente. Vesti-me e penteei o cabelo com os dedos, arrumando-o do jeito que eu gostava. Castiel permaneceu à minha espera no quarto, incrédulo. De repente, a porta se abriu. Era Dean.

— Interrompi alguma coisa?

— Não. — disse Castiel.

— Só queria avisar que vamos sair às oito. De acordo?

Assenti sorrindo.

— Tudo bem. Eu e Sam vamos descansar, então, façam o que quiserem.

Dean saiu e eu olhei para Castiel, com uma expressão de criança, perguntando mentalmente o que ele gostaria de fazer ou para onde ele gostaria de ir.

— E então? — perguntei por fim.

— O quê?

— Quer sair? — falei rindo da lerdeza de Cas.

— Ah, não sei. Não tenho bons lugares em mente.

— Tudo bem. Prefere ficar aqui?

— Acho que sim. — ele balançou a cabeça.

— Sem problemas. Só não vá embora, ok? — pedi.

— Ok. Desculpe por eu sumir quase todo o tempo.

— Você tem os seus motivos. Mas há momentos nos quais você tem que ficar.

— Não se preocupe. Não vou a lugar nenhum.

Eu sorri para ele. Finalmente eu tinha encontrado alguém que realmente se importava comigo. Castiel era definitivamente e absolutamente a minha família.

[...]

Já haviam se passado muito tempo. Castiel ficou pensando a tarde inteira, e eu fiquei fazendo coisas aleatórias, assistindo televisão, escrevendo tudo o que vinha na minha cabeça, qualquer coisa que pudesse me distrair do tédio infinito. Agradeci que finalmente tinha acabado.

O relógio deu oito horas em ponto e ouviu-se três batidas na porta. Ela foi aberta e Dean enfiou a cabeça, nos observando e por fim abrindo a porta inteira. Eu me levantei de prontidão e coloquei meus coturnos. Castiel levantou-se da cadeira também. Não precisávamos dizer uma palavra, já sabíamos o que fazer.

Eu, Sam, Dean e Castiel fomos ao Impala pela quarta vez naquele dia. Dean deu partida e pela primeira vez senti confiança. Talvez eu conseguisse.

Chegando à estação de metrô, Dean estacionou na rua ao lado. Caminhamos até a estação e ficamos andando até achar a entrada que Sam dissera; uma falha que dava para a rede de esgotos.

Passamos pelo buraco gigantesco na parede e já estávamos no esgoto. O lugar fedia muito, mais do que uma cabine de banheiro público. Pude ver dejetos e diversas coisas nojentas boiando naquela água esverdeada que corria pelo túnel. Tive uma tremenda vontade de vomitar todo o macarrão que comi algumas horas antes, mas percebi que não era a melhor hora para isso.

Sam e Dean iam na frente, segurando duas lanternas que iluminavam o caminho lamacento e fedido. Tudo era gosmento, eu sentia meus pés grudarem no chão devido a coisas que eu não sabia o que eram e que eu não desejava saber.

— Quando a parte nojenta vai acabar? — resmunguei.

— Logo. — respondeu Castiel — Geralmente o abrigo de metamorfos é próximo à bueiros e tubulações. Deve ser mais à frente.

— Eu espero. — suspirei.

Eu, Castiel e Sam dávamos passos lentos conforme avançávamos no caminho. Eu podia ouvir barulhos de pingos caindo no chão alagado por uma água marrom e suja.

Ao chegarmos em uma parte mais iluminada do tubo de esgoto, vimos algumas tampas de bueiros. Sam deduziu que elas dariam para a estação de metrô. O lugar parecia estar sendo habitado. Uma luz fraca e amarelada piscava freneticamente, iluminando o lugar com decadência.

— Aqui fede mais ainda. — falei cobrindo meu nariz.

— Creio que achamos. — disse Dean, apreensivo — Está fedendo à carne.

Castiel, sem dizer nada, avançou um pouco e virou à direita. Sem olhar para trás, eu o segui, e ao ver a coisa horrível distendida no chão, eu pus a mão na boca, sentindo ânsia de vômito.

Uma pele pegajosa e ensanguentada estava atirada no chão. Era a pele do delegado. Tudo tornou-se claro na minha mente. Eu andei um pouco mais no corredor escuro e vi uma roupa de freira.

— Agora tudo faz sentido. — franzi o cenho.

— O que foi? — perguntou Dean, ele estava muito próximo a mim, pude sentir a sua respiração no meu pescoço.

Eu virei-me e me afastei um pouco dele.

— Matthew traiu Annelise. Annelise descobriu a bruxaria e matou o marido. Logo depois disso, sentiu-se culpada e foi até a igreja, á noite. Hayes Kellan e Belinda Morrison também estavam lá. Tudo indica que o metamorfo matou o delegado, fazendo-o ir até a igreja e matá-los. Depois de matá-los, ele voltou para a delegacia e deixou a identificação de Annelise em branco, para que somente descobríssemos depois, enquanto ele trocava a pele do delegado pela pele de Belinda. Agora, nos resta saber quando ele atacará. Isso explica a pele do delegado e a roupa de freira.

Dean sorriu amarelo e me abraçou de maneira bruta, fazendo eu me sentir sufocada.

— Genial! — exclamou enquanto me sufocava.

— D-Dean, está me machucando… — gaguejei em um fio de voz.

Ele me largou e como uma forma de desculpas, deu tapinhas no meu ombro. Sam, Dean, Castiel e eu voltamos ao buraco na estação de metrô e voltamos discretamente para a rua. No caminho até o carro, um homem entregando panfletos passou ao nosso lado e entregou um panfleto para Sam.

— Pessoal… — sussurrou Sam, mostrando o panfleto para mim e para os outros — Haverá uma missa hoje. — ele olhou o relógio de relance — E será as dez horas. — disse me encarando.

— Droga, são nove e quarenta! — bradei — A igreja é muito longe daqui?

— Se corrermos, não. — respondeu Sam, fazendo gestos para que eu corresse. Eu e Sam corremos até o Impala, sendo seguidos por Cas e Dean.

Assim que entramos, Dean deu a partida e eu fitei Castiel.

— Como nós vamos entrar lá?

— Nós não. Você vai. — falou Castiel, em um tom orgulhoso.

— O quê? Cas, nós temos que ajudá-la, você sabe, não podemos deixar que ocorra com ela aquilo…

— Dean, será pior se ficarmos junto a ela. Os metamorfos sabem identificar anjos e todos eles sabem muito bem quem vocês dois são. — apontou para Sam e Dean — É melhor que Beth vá sozinha, ou o metamorfo pode acabar chamando outros de seu bando. Nunca se sabe, eles podem ter reforços.

Eu olhei para Dean.

— Não se preocupe, eu sei me virar. — afirmei.

— Mas você mal sabe atirar! — insistiu Dean.

— Eu já disse, eu me viro. — reforcei — Você não precisa se preocupar comigo.

Dean me encarou com um olhar de reprovação. Castiel tentou me acalmar e eu estava pronta para fazer aquilo. Eu era forte e sabia disso. Nada poderia me deter. Nem mesmo um metamorfo.

Ao chegarmos na igreja de Gardner, uma grande quantidade de pessoas entrava no estabelecimento. Dean, Sam e Castiel entraram pelos fundos, para que ficassem prontos para qualquer tipo de ataque.

Eu entrei, me sentei e logo a missa começou. Belinda falava um monte de coisas que eu sabia que não eram verídicas. Dizia que Deus era bom e piedoso, mas na verdade não era. Para mim, meu pai era justo. E acho que isso, de alguma forma, era certo. Porém, ainda não conseguia entender porque as piores coisas acontecem com as melhores pessoas.

— Vamos até a outra sala para obter a hóstia, aqui não é um bom lugar por causa dos acontecimentos recentes — soou a voz de Belinda, tirando-me de meus devaneios. Ela sorriu de maneira maligna.

Discretamente, apontei a câmera do celular de Sam para o altar onde Belinda estava e vi os seus olhos brilharem. Era como eu previa; ela era um metamorfo. Recebi um olhar de Castiel, que estava escondido, mas se comunicava comigo. Ele, silenciosamente, pediu que eu fosse até Belinda e pedisse para conversar com ela.

Após todos fiéis entrarem em uma sala para receberem o corpo de Jesus, eu me aproximei de Belinda, que seguia para a sala para executar seu plano.

— Madre Belinda? — clamei, tentando soar delicada.

— Sim, minha doce flor? — respondeu da maneira mais falsa possível.

— Preciso conversar com você antes da senhora finalizar a missa, é urgente, peço-lhe, por favor.

— Ah querida — gargalhou docemente — Acha que me engana? — a idosa enrugada ergueu uma sobrancelha e me chutou.

Com o chute, eu voei longe. O metamorfo estava se dando um tanto quanto bem controlando e esticando aquela pele enrugada da anciã.

Belinda assobiou e alguns jovens vestidos de freis aparecerem atrás dela, todos com sorrisos malignos. Sam e Dean correram e tomaram a frente, ofegantes e segurando as lâminas de prata. Eu segurava o revólver com as balas dentro.

— Os Winchesters e a doce Elizabeth, filha do babaca celestial. Que adorável. — Belinda sibilou, entre dentes.

— Você não tem direito de chamar ele assim. — bradei, apontando a arma para ela.

— Uh, uh — ela balançou a cabeça, mostrando o objeto que segurava em suas mãos. Era um controle que ativava uma bomba, provavelmente presente na sala na qual os fiéis recebiam a hóstia — Pense nas pobres almas que morrerão se eu apertar esse botão.

Ela ameaçou apertar o botão e eu interrompi.

— Não! — berrei — Eu me entrego.

Belinda sorriu maliciosa. Sam me olhou perplexo, como se estivesse me perguntando silenciosamente o que diabos eu estava fazendo. Eu assenti, dando um sinal para ele.

Avancei para frente e os metamorfos comparsas seguraram meu braço com força.

— Foi ótimo negociar com vocês, Winchesters. — agradeceu o metamorfo que incorporava Belinda.

Andei um pouco e chutei Belinda, pegando o controle da mão dela. Corri para longe e joguei o controle para Castiel, que pegou e em um passe de mágica, o mandou para longe. Mirei a arma em Belinda, que se afastava da cena na qual Sam e Dean matavam os metamorfos disfarçados de freis. Avistei Belinda correndo e corri atrás dela. Chamei pelo nome dela, e surpreendentemente ela se virou.

— Bons sonhos.

Após dizer isso, atirei na desgraçada e ela caiu. Guardei a arma no cinto e me virei para Sam e Dean. Eles ofegavam, cansados da luta. Os metamorfos comparsas estavam no chão, mortos. Eu me aproximei, também ofegante.

— Conseguimos.

Sam estendeu a mão para um high-five e eu o fiz.

— Hora de voltar para casa. — disse Dean.

[...]

— Sei que não é muito, mas você sabe, não sou muito bom com cozinha. — zombou Dean, enquanto eu terminava de comer ovos mexidos.

— Não se sinta assim, Dean. — ri — O que vale é a intenção.

Eu disse que estava com fome e Dean fizera ovos mexidos para mim. Eu tentei impedir, porém, ele não deixou. Cas tinha ido embora e Sam, ido dormir. Ficamos somente eu e Dean na biblioteca do bunker.

— Eu estou com sono. — confessou, bocejando — Acho que vou dormir.

— Tudo bem. — murmurei, fitando seus olhos verdes — Boa noite, Dean.

O Winchester mais velho sorriu.

— Até.

Apenas olhei para meus próprios pés e Dean deixou a sala, dando passos barulhentos. Subiu as escadas, eu pude ouvir o ruído. Levei meu prato até a cozinha e o lavei, deixando a cozinha organizada. Guardei algumas louças que já estavam secas, me certifiquei de que Dean já havia se recolhido e fui para o quarto no qual eu estava.

Troquei minha roupa e me enfiei debaixo dos cobertores. Apenas lembro que adormeci.

“— Lúcifer? — disse Elizabeth, segurando a mão do anjo caído.

— Sim, minha doce Beth?

— Por que estou aqui? — perguntou inocentemente.

— Porque eu quero você. — respondeu friamente, dando um sorriso demoníaco e segurando meu braço, deixando uma queimadura em formato de mão.”


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Notas finais do capítulo

Então meus amores, espero que tenham gostado e nos vemos no próximo.
A história está ficando cada vez mais legal de escrever. Já tenho ela toda programada em papel e na minha mente, então estou ansiosa para ver o resultado, ver se gostaram. É minha primeira fanfic de SPN e estou tentando ao máximo ser fiel a tudo presente na série, se eu não estiver sendo, peço perdão.

Pois bem, não vou mais incomodar vocês, BEIJÃO!



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