Fallen escrita por Milly Winchester


Capítulo 30
Lendas idiotas


Notas iniciais do capítulo

Hey, cabritinhos ♥ Como vão vocês?

Bem, hoje eu trouxe um capítulo bem enigmático. Temos a aparição da querida (ou nem tanto) deusa Pandora e de sua caixinha... Vamos ver no que vai dar.

Sei que ando meio ausente, não estou respondendo comentários e etc, mas não me culpem, e sim culpem a preguiça... Mas ok, prometo que tentarei arranjar um tempinho para responder tudo e.e

Enfim, boa leitura a todos!



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O vento cortante e glacial fluía com a leveza de uma pluma por aquele lugar, mas não era capaz de enganar  a presença dele evidenciava a aproximação de uma violenta tempestade. Em meio ao breu, mergulhada dentro dele, estava a filha de Deus. Os cabelos longos e achocolatados estavam amarrados no topo da cabeça e a mulher aparentava estar ligeiramente confusa. O corpo era envolto apenas por um moletom surrado cinza, provavelmente pertencente ao Winchester mais velho, e um short de pijama. Atônita, ela encarou as próprias vestes, e pela primeira vez em seus sonhos, se sentiu no controle. Parecia estar controlando tudo.

Fazendo reclamações mentais por estar descalça, ela deu alguns passos na calçada fria, molhada por algo que não soube identificar. Elizabeth podia sentir as solas congelando e colidindo com alguns pedregulhos que lhe causaram dor e alguns cortes, mas ela preferiu ignorar qualquer coisa que se referia a ela. Estava mais concentrada em descobrir onde estava.

A morena caminhou pela calçada sem pressa, friccionando as palmas contra os braços por conta do frio em uma tentativa falha de aquecê-los. Uma carranca estava instalada em seus traços faciais e a cada passo dado, ela resmungava mais. Esquadrinhava o que lhe acercava com cuidado, entretanto, nada lhe parecia familiar. Apenas uma rua normal — casas e mais casas, árvores e nenhum tipo de loja ou qualquer outra coisa. Percebendo que sua visão estava levemente embaçada, ela encarou o final da rua. Era uma rua sem saída.

Elizabeth uniu as sobrancelhas e parou onde estava. Piscou algumas vezes para verificar se o cenário mudava ou se algo acontecia, mas nada. Nenhuma resposta. Desapontada, ela permitiu que um bufar pesado fugisse do peito e levou as mãos até os olhos, esfregando-os com força por alguns segundos que mais lhe pareceram uma eternidade. Sentindo o vento lhe atiçar novamente, ela afastou os dedos das órbitas e deparou-se com um estabelecimento, estendendo-se bem diante de seus olhos. Ele era envolto por uma cerca de madeira e uma espécie de árvore, que impedia qualquer externo de ver o que havia dentro.

Ainda mais confusa, a mulher dirigiu o olhar até a colossal placa em frente ao local  Petra's Art. 

— O que...

Mas ela não completou o que disse. Parecendo ter uma teoria, ela voluteou ao redor de si mesma, varrendo tudo que lhe acercava com os olhos. Não tardou para que tivesse uma ideia.

Elizabeth começou a correr, os pés batendo contra o chão gelado rapidamente e ela se arrependendo arduamente, pois cada um de seus passos infelizmente era sobre objetos pontiagudos e sujeiras no asfalto. Mas ela não ligava. Continuou correndo à procura de algo específico, olhando para todos os lados, em desespero. Enquanto corria, a morena podia sentir o peito arder, um incêndio dentro de seu corpo, queimando. O coração batendo dolorosamente contra as costelas, em um ritmo descompassado e estrangeiro, de outro mundo. Ao encontrar o que desejava, ela friccionou os dedões contra o solo, freando bruscamente. Piscou algumas vezes, para ter certeza de que estava vendo o que queria e que não era apenas uma alucinação.

Conformada, ela cambaleou até lá, quase tropeçando no meio-fio. Assim que chegou em frente à porta caramelo da casa, abaixou-se, ficando de cócoras. Os dedos frios da mulher alcançaram o rolo de papel na soleira da porta, recolhendo-o com urgência. Apressada, ela o desenrolou, os olhos atentos. Próximo à manchete que estampava a capa do jornal, estavam as duas palavras que Elizabeth queria ler.

El Reno.

Alarmada, ela lançou o jornal para longe, dando meia volta e correndo até a loja no final da rua. Ao chegar nela, ela parou, analisando o estabelecimento novamente. Junto ao título, "Petra's Art", havia a palavra "esculturas". Era uma loja de artesanato. 

Ela suspirou, girando em torno de si mesma devagar. Afagou os braços com força, ainda sendo abalada pelo vento gélido, e em seguida, os beliscou. Beliscou-os diversas vezes e incansavelmente, e quando cansou, fechou os olhos, apertando fortemente as pálpebras contra as órbitas.

— Acorda...  — ela murmurou, cobrindo as orelhas e golpeando a própria cabeça.  — Acorda... Você precisa acordar. Elizabeth. Nós precisamos fazer isso. Elizabeth... Acorda... Você precisa acordar! ACORDA!

Levantei um salto, sentindo o coração palpitar com urgência e desespero dentro do peito. Para a minha sorte, não acordei gritando. Ofeguei, reunindo todo o oxigênio presente em meus pulmões, e tentei da melhor maneira possível controlar a respiração e fazer ela voltar ao seu fluxo usual. Assim que consegui, afastei as mãos dos lençóis, que outrora os agarrava com afinco. Abandonei o leito com cuidado, temendo produzir ruídos, e caminhei até o guarda-roupa do meu quarto.

Enquanto me vestia, eu só conseguia pensar na maluquice que eu iria fazer. Eu sabia que não era uma atitude esperta, muito menos prudente, mas eu precisava fazer. Eu tinha a localização da caixa. Não podia pedir ajuda a nenhum deles, pois eles me impediriam. Eu deduzi que eles não fossem capazes de entender que aquela era a única solução. A única saída. A última esperança. Se exigisse sacrifícios, eu o faria. Quem eu era perto de toda a humanidade, afinal? Meu fim não importava para mim. A única coisa que importava era que eu precisava buscar aquela caixa. E precisava buscar sozinha.

Já vestida, joguei o corpo sobre a cama, recolhendo o meu celular do móvel de madeira que ficava ao lado da mesa. Desbloqueei-o rapidamente, visitei a página de pesquisa e com meus dedos ágeis, digitei "rodoviária municipal de Lebanon". Assim que consegui o endereço, busquei também pelo telefone de um táxi e não demorei para estar a postos para sair. Eu sairia, caminharia até algum lugar que esteja perto, visto que a localização do bunker era sigilosa, pegaria o táxi até a rodoviária e da rodoviária, iria até El Reno. De acordo com meus cálculos, a viagem duraria cinco horas, o que me daria tempo de chegar em El Reno de manhã e capturar a maldita caixa. 

Saí do quarto com apenas as roupas, com a impressão de que havia esquecido algo. Também não tardou para que eu lembrasse. Eu precisava saber como matar Pandora, pois ela provavelmente estaria cuidando da caixa.

Cuidadosamente, caminhei pelo corredor, rezando mentalmente para que minhas botas não fizessem barulho conforme eu pisasse. Acabei dando sorte. Senti um aperto no peito quando me vi em frente ao quarto de Dean. Ele me mataria pelo o que eu faria a seguir. Ficaria ainda mais furioso e magoado comigo. Mas eu sabia que era necessário. Precisava sacrificar tudo. Eu precisava desligar as emoções.

Adentrei o quarto com cuidado, agradecendo a mim mesma pelo fato da porta não ranger, e dei passos sorrateiros em direção á estante presente no quarto do Winchester, evitando olhar para Dean. Vasculhei a prateleira, em busca do diário pesado com capa de couro, e quase soltei um suspiro de alívio. Precisei contê-lo. Recolhi o exemplar gentilmente, apoiando-o sobre a escrivaninha de carvalho e folheando-o com muita cautela, ainda temendo produzir algum som que pudesse acordar o caçador atrás de mim. Ignorei os relatos sobre fantasmas, vampiros, lobisomens, ghouls, demônios e bruxas e comecei a ficar ligeiramente desesperada por não encontrar nada sobre matar um deus. 

Eu não havia encontrado absolutamente nada. E meu tempo estava acabando.

Suspirei quase silenciosamente e mandei tudo à merda. Confiaria em meus instintos e usaria apenas os meus poderes. Eu poderia deixar Pandora inconsciente enquanto furtava a caixa. Eu não sabia. Mas precisava ir embora logo dali.

Devolvi o diário à pequena estante e me virei para Dean, finalmente o encarando. O caçador dormia tranquilamente, e ao contrário do que imaginei, ele não emitia nenhum barulho a não ser o ruído quase inaudível de sua respiração. As mãos estavam entrelaçadas sobre o peito, coberto por uma camiseta preta, e a cabeça afundada no travesseiro. Parecia estar tendo sonhos bons. Me segurei para não beijá-lo ali mesmo ou reclamar do fato de que seus olhos estavam fechados. Eles eram muito lindos para que não fossem vistos.

Caminhei cautelosamente até o criado-mudo, apanhando a carteira de Dean. Abri-a depressa, me sentindo levemente culpada por estar roubando dinheiro do Winchester, mesmo que fosse urgente e necessário. Recolhi uma nota amigável de cem dólares e a enfiei no bolso, parando de me mexer para apreciar a visão paradisíaca que eu podia contemplar.

Ele era tão lindo. Eu não queria perdê-lo. Queria que houvesse outro jeito. Mas não havia.

Inclinei-me na sua direção, depositando um beijo cuidadoso e gentil na extensão da testa do caçador, que estava submerso em um sono profundo. Me afastei logo em seguida. Quis gritar que o amava, pedir desculpas e dizer-lhe o quanto ele era especial para mim, mas eu não podia. Simplesmente não podia. Então, me limitei a descansar a mão sobre os fios dourados, macios e ligeiramente bagunçados no topo de sua cabeça. Os cabelos cujos eu nunca me cansaria de afagar. Sem que eu percebesse, uma lágrima traiçoeira desceu por meu rosto, produzindo uma trilha salgada pela minha pele.

Deslizei os dedos até a mão de Dean, segurando-a com afinco e esboçando um sorriso desapontado.

— Me desculpe. Eu amo você.

Recuei. Não queria prolongar o momento doloroso. Apenas abandonei o bunker, tentando esquecer tudo que deixei para trás, mesmo que fosse uma tarefa quase impossível.

{...}

Abri os olhos, sentindo a claridade invadir meu campo de visão abruptamente, quase a ponto de me cegar. Pisquei repetidamente, tentando assimilar o que estava em minha frente e me deparei com uma janela. Minha testa descansava sobre o vidro, e eu rapidamente me afastei, confusa. Não demorou para que eu me lembrasse que estava no ônibus que peguei para El Reno, e deveriam ser cerca de oito horas da manhã. Algumas gotas pequeninas deslizavam calmamente pelo vidro, o que me levou a deduzir que teria chovido durante uma parte da madrugada. Encarei a paisagem lá fora. Podia avistar a rodoviária municipal se aproximando em meio à imensidão nublada que era o céu. 

Expirei de maneira cansada. Um consolo para mim mesma, pois o que eu faria poderia ser facilmente chamado de suicídio.

Descolei o cóccix do banco do ônibus, que a propósito, não era lá muito confortável, e apoiei as mãos nas beiradas das cadeiras para não cair de cara no chão assim que o ônibus freasse. A maioria dos passageiros — e eles eram poucos — me olhava com cara feia, provavelmente porque eu parecia uma legítima usuária de drogas e não carregava nenhuma bagagem. Talvez, na cabeça deles, eles estivessem me chamando de maluca. 

Nem sequer me preocupei em me importar.

Assim que o ônibus freou, esbarrei em algumas pessoas, ultrapassando elas e pedindo desculpas quase inaudíveis. Eu estava mesmo com pressa. Cambaleei até a saída do veículo, murmurando um obrigada para o motorista e logo em seguida, saltitando pelos degraus da escada. Não pude medir o alívio quando pisei em terra firme — a terra de El Reno, lar da deusa Pandora e esconderijo da lendária caixa de Pandora, cuja eu estava prestes a capturar. Ou... Ao menos tentar.

Marchei até a área de táxis da rodoviária, onde dezenas de carros amarelos muito bem enfileirados estavam estacionados  — seus motoristas estavam dentro deles, provavelmente mexendo em seus smartphones, fumando cigarros ou conversando uns com os outros. Todos esperavam por clientes. Cerrei os punhos, me sentindo levemente estranha por estar sozinha, sem ninguém que eu conhecesse, em uma cidade que eu não sabia nem onde ficava a lanchonete mais próxima. 

Dei um passo tímido para a frente, erguendo a mão e me encolhendo na jaqueta de couro. Acabei chamando a atenção do primeiro taxista da fileira, que trouxe o carro até mim devagar e com cautela. Tratava-se de um idoso simpático, que me lançou um olhar gentil através dos óculos fundo-de-garrafa. Me apressei em entrar, batendo a porta ao meu lado, e murmurei a ele o endereço da Petra's Art, já com o coração batendo forte. Eu tinha a impressão de que todos os meus órgãos iriam ser jogados para fora do meu organismo assim que eu chegasse no lugar. O velhinho rompeu meus pensamentos com um ligeiro batuque no volante, e então, através do retrovisor, percebi que ele mirou em mim uma olhadela ligeiramente desconfiada.

— Petra's Art, huh? — eu mordi o lábio, escutando sua voz quebradiça por conta da idade. — Ouvi dizer que não é um bom lugar.

Me virei para o taxista, o sensor de Pandora estava apitando freneticamente dentro da minha cabeça. Ele pareceu perceber minha curiosidade e até estranhá-la, mas aparentou não se importar e retraiu as omoplatas franzinas.

— Por quê? — questionei.

O idoso suspirou.

— A dona do lugar, senhorita Petra Stevens, é meio maluca. Por El Reno ser relativamente pequena, quase todos os habitantes desse lugar a conhecem. A maioria diz que ela é bizarra. Tendências psicopatas. Muitos a temem. E deveriam — ele anuiu calmamente. — Principalmente pelo fato de suas estátuas bizarras.

— Perdão, estátuas bizarras?

O carro freou no sinal vermelho atrás de um Porsche prateado. O motorista aproveitou para me olhar, os olhos fundos parecendo realmente preocupados — talvez pelo fato de que eu estava indo sozinha visitar a loja de uma psicopata. Se ele soubesse o que ela realmente era...

— Ela faz umas estátuas estranhas de cera a cada pessoa que morre na cidade. A maioria das mortes aqui são violentas. As pessoas são encontradas com as gargantas cortadas, esquartejadas, esfaqueadas, e ninguém nunca soube o responsável. Muitos acharam que tratava-se de Petra por ela fazer as esculturas de cada pessoa que morre, mas ninguém tem provas. Ela deve ser fascinada por esse tipo de coisa... Assassinato — o velhinho deu uma breve risada amarga. — Se eu contasse isso para os meus netos, garanto que eles não dormiriam por uma semana.

Forcei um sorriso, nervosa até o meu âmago. 

Os minutos se passaram tão rápido que quando me vi em frente ao estabelecimento com qual sonhei, rodeado de arbustos espinhosos, quase obtive uma confirmação de que iria vomitar o meu próprio pâncreas. O motorista pareceu, de maneira até esquisita, entender pelo o que eu estava passando, e isso me reconfortou, mesmo que não fosse um por cento. Mostrei a ele um sorriso cortês, que foi prontamente devolvido por ele. Após sair do táxi e me encontrar caminhando em direção ao Petra's Art, senti uma camada fina de suor já escorrer por minha testa e uma ainda mais espessa cobrindo a palma das minhas mãos, como se fosse um cobertor quente e molhado.

Tremendo, parei em frente à porta tingida de preto. Uma placa com escrituras em vermelho e uma fonte grosseira pedia — pedia não, parecia que ordenava — que o cliente adentrasse o lugar. Engoli em seco, coçando a garganta discretamente. Reuni toda a coragem e bravura que eu tenha dentro de mim, inspirei o mais fundo que pude e empurrei a porta com a mão coberta pelas luvas de couro, tentando controlar a respiração e o ritmo em que o meu coração batia. 

Para a minha surpresa, o interior da loja era muito diferente do que eu pensava — tratava-se de um amplo jardim. No centro, havia uma majestosa fonte, e a água corria pelas mãos da estátua de um anjo. Ali não era o verdadeiro interior da loja, pelo visto, pois havia uma tenda elegante logo mais à frente, com belas portas de carvalho, algo muito refinado. Além da fonte, algumas representações de objetos em árvores me cercavam — uma dessas representações era a clara imagem de um coração humano. Imaginei o coração verde cheio de folhas e estremeci, tentando ignorar as técnicas de jardinagem bizarras de quem quer que fosse que podava as árvores de Pandora — se é que não era ela mesma. Enfiei as mãos nos bolsos da jaqueta, a fim de ocultar o tremor que elas mantinham constantemente.

Tomando fôlego novamente, verifiquei se a porta estava aberta ou se ela teria de ser destrancada, e dei sorte por ela não estar chaveada. Impulsionei-a para a frente com os dedos pálidos de medo, me deparando com estátuas de cera espalhadas pela colossal sala diante de meus olhos. Era como a sala de uma casa muito elegante — as paredes eram brancas, os móveis chiques, havia um vasto lustre preso ao teto, iluminando tudo, e os detalhes eram até perturbadores. As estátuas feitas de cera estavam espalhadas pelo cômodo, como se fossem pessoas de verdade, e tinham em sua frente pratos de comida, televisões ligadas e outras coisas desnecessárias para estátuas — o que me fez temer ainda mais Pandora, pois eu não era burra o suficiente para não perceber que aquelas estátuas eram feitas com o próprio corpo das vítimas, todas mortas pela deusa e depois cobertas em cera pela mesma. Estremeci novamente. 

Me aproximei com lentidão até uma janela bem ampla no final da sala, com medo de que alguma daquelas estátuas pulasse em mim de repente, e agradeci mentalmente por isso não ter acontecido. Havia uma saída próxima à janela, que dava para outro pedaço do jardim e no final, havia uma pequena casa. Não tão elegante quanto na porção em que eu me encontrava, mas parecia demasiado confortável. Semicerrei os olhos.

Temendo que Pandora aparecesse ou que eu fosse pega de surpresa, tentei me acalmar. Contei até dez e lembrei a mim mesma que sou capaz. Se tenho o título que tenho, sou capaz. Precisava fazer isso. 

Me afastando das estátuas amedrontadoras, saí da parte da loja onde ficavam as estátuas, partindo para o jardim. Essa porção dele tinha mais árvores podadas em formas esquisitas e algumas estátuas de deuses — sei disso pela vez que matamos um tulpa em um museu onde tinham estátuas gregas. O que mais acabou me surpreendendo foi a estátua de Zeus, o deus que teve a ideia de criar a primeira mulher, chamada Pandora. Ele segurava um raio e uma caixa familiar. 

A caixa de Pandora.

Eu conhecia a lenda. Pandora havia sido criada por Atena e Hefesto a pedido de Zeus pois Prometeus havia roubado o fogo do Olimpo e levado o mundo humano. Zeus então mandou criar Pandora e assim que ela foi criada, deu-lhe uma caixa contendo todos os males do mundo. Zeus sabia o único defeito de Pandora  — a curiosidade, e sabia que algum dia ela abriria a caixa. Por isso ele deu a ela, pois sabia que ela a abriria e libertaria os males no planeta, castigando assim a raça humana pelo fogo que haviam recebido contra a sua vontade. 

Um nó se formou na minha cabeça automaticamente. Balancei-a, me aproximando da estátua. Eu estava prestes a tocá-la, quando dei um pulo de susto ao ouvir uma voz feminina e forte atrás de mim.

Girei nos calcanhares, obtendo uma surpresa.

A mulher que estava diante de mim era, sem dúvida alguma, Pandora.

Pandora tinha uma casca à sua altura. Possuía por volta de um e setenta de altura, a pele bronzeada e um corpo escultural que poderia ser visto mesmo por baixo das roupas. Os cabelos tinham um tom encantador de ônix, assim como os olhos, e as sobrancelhas muito bem desenhadas estavam arqueadas. As mãos descansavam na cintura da latina, e é claro, como toda vilã, ela não poderia ter deixado de esquecer o batom espesso vermelho que cobria os lábios cheios.

— Posso saber o que está fazendo em meu jardim? — ela perguntou, novamente me surpreendendo com a voz grossa. Era uma voz feminina, porém, incomum, e extremamente sedutora.

Não gagueje, eu disse a mim mesma. E não fui responder a mulher.

Enquanto a Pandora em carne e osso me encarava com um olhar mortal e ao mesmo tempo curioso, eu bolava um plano na minha cabeça. Diria que era aniversário da minha mãe e que eu precisava de uma escultura inusitada, que não estivesse à venda ou algo do tipo. Se eu tivesse sorte, ela me levaria até a casa próxima ao jardim, eu poderia nocauteá-la e levar a caixa embora.

Soava estúpido na minha cabeça, mas era a minha única opção ou eu estaria assinando meu atestado de óbito.

— E então? — Pandora, ou melhor, Petra Stevens, me despertou do transe, estalando os dedos em frente à minha face. — A loja é naquela direção — apontou para a tenda elegante atrás de mim. 

Mordi o lábio.

— Sim, sim... Mas... Preciso fazer uma pergunta.

Pandora me examinou com os olhos escuros semicerrados e logo cruzou os braços sobre os seios, erguendo uma sobrancelha. Ela não parecia desconfiada, só um pouco aborrecida. Rezei para que ela não estivesse fingindo.

— Bem, amanhã é o aniversário da minha mãe e pensei que você pudesse me mostrar uma de suas esculturas mais recentes, uma que não esteja exposta ou à venda. É possível? — questionei, carregando uma camada grossa de falsidade no tom de voz.

Senti a pele arder sob o olhar da latina, que mantinha os lábios moldados em um biquinho que deveria ser fofo, mas era certamente ameaçador. Não sei por quanto tempo Petra — ou Pandora, tanto faz — ficou me olhando. Talvez por apenas alguns segundos, mas em minha singela opinião, eles pareceram mais uma eternidade. Fiquei grata quando um suspiro vindo da deusa rompeu o silêncio gélido instalado entre nós duas.

— Tudo bem — cedeu Pandora. — Mas não garanto que elas sejam pra lá de boas, garota. Tenho um negócio. Gosto de dinheiro. Se elas fossem verdadeiramente boas, eu as teria exposto para ganhar dinheiro — alertou ríspida, começando a marchar na minha frente.

Se não fosse o barulho dos saltos de Pandora que era produzido enquanto ela caminhava até a casa no final da imensa loja, eu provavelmente teria ficado ali, parada, imersa em devaneios e tremendo de medo. Sim, eu estava com medo. Pandora conseguia ser muito intimidadora. O meu verdadeiro desafio seria superar aquele medo e enfrentá-la. 

Eu logo a segui, adentrando a casa. Não era tão chique quanto a parte onde estavam as esculturas, mas era bastante confortável. Pandora me guiou até uma sala nos fundos da casa e só então percebi o quanto aquele lugar era amplo. Chegando na tal sala onde ficavam as suas mais recentes esculturas ou estátuas, até me surpreendi com o tamanho da sala. Só uma parte dela estava iluminada, onde havia uma mesa com recentes projetos de Pandora, e o resto da sala estava completamente mergulhada no breu. Me perguntei mentalmente o que havia escondido nas sombras, mas ainda não era a hora da revelação.

Pandora apontou para as esculturas. Encenando minha personagem, andei até lá, dedilhando as estátuas cuidadosamente, forjando interesse. Ela permaneceu atrás de mim enquanto eu observava, e não disse mais nada.

Agora é a hora, murmurei em minha cabeça. Vamos lá, Elizabeth. Coragem.

Respirei fundo e girei nos calcanhares, já sentindo o poder correr em minhas veias, pronto para ser executado na deusa Pandora, mas fui impedida por um acontecimento repentino.

A última coisa que senti foi a mão rígida de Pandora chocando-se fortemente contra a minha face e logo, tudo se tornou preto e vazio.

{...}

Sangue. 

Eu podia sentir o sangue escorrendo por diversas partes do meu corpo. Braços, pernas, rosto, abdômen... E no exato momento em que acordei, uma dor simplesmente excruciante se apossou de mim, fazendo cada centímetro da minha pele arder, como se eu estivesse sendo queimada viva. Não era difícil deduzir que eu havia sofrido inúmeros cortes e torturas enquanto estava desacordada. 

Eu mal conseguia manter os olhos abertos, pois eles ainda se acostumavam com uma claridade acima de mim. Quando finalmente consegui deixá-los estáveis, percebi que meus braços estavam amarrados para cima, presos a algo no teto. As cordas em meus pulsos roçavam e arranhavam-nos, deixando-os em chamas. Mechas de cabelo grudavam em minha testa, o suor se misturando com o sangue, assim como minhas roupas em meu corpo. Meus pés descalços doíam, e não me surpreenderia se eles estivessem sangrando também. Minha respiração era entrecortada e ofegante, eu mal era capaz de controlá-la, e meu coração batia de forma arrítmica e violenta, martelando contra as costelas doloridas. A dor que se espalhava pelo meu ser era quase imensurável. Era difícil compará-la às dores das outras torturas que eu havia sofrido. Talvez isso servisse de lição para que eu não subestimasse Pandora.

E falando no diabo...

Pandora ressurgiu das sombras, vestindo um conjunto elegante — um colete de couro, calças ônix e botas da mesma cor. O mesmo batom descansava sobre os lábios da latina, denunciando que ela era extremamente fiel ao produto. A boca estava contorcida para o lado em um sorrisinho escarnecedor, e os braços cruzados em frente aos seios. Ela caminhou com passos lentos até mim, me analisando dos pés à cabeça e parecendo apreciar o meu estado.

— Sabe, eu achei que você era menos ingênua — sibilou a deusa, aproximando-se.

Inspirei fundo.

— Quem sabe você não vai pro inferno? — resmunguei com a voz quebradiça e falha.

Pandora fez uma careta.

Nah — sacudiu a cabeça, os fios quase negros balançando junto. — Estive lá. Sem graça.

Arfei, grunhindo por conta da dor em meus pulsos e pés. Queria reclamar do quanto o meu corpo inteiro latejava, mas como isso poderia deixá-la irritada, me calei. Covarde.

— E então? — ela ergueu as sobrancelhas bem-feitas. — Posso saber a que devo a sua ilustre presença, filha de Deus?

Deslizei a língua pelos lábios.

— Queria matar você — menti.

A mulher semicerrou as órbitas escuras. Permaneci encarando-a, tentando parecer impassível. Ela sorriu com ironia, e eu questionei o seu ato mentalmente. Pandora chegou ainda mais perto, aproximando seu rosto do meu perigosamente. Logo, estávamos a centímetros uma da outra. Um pouco mais para a frente e ela estaria me beijando. Não. Eu não podia ser intimidada por ela. Contraí o maxilar.

— Está mentindo — sussurrou feito uma cobra, em um tom de voz áspero e tênue. 

— Não estou — reforcei, mentindo novamente. 

A latina continuou me olhando. Ela sabia que eu não estava falando a verdade. Retraí-me o máximo que pude. Ela me examinou com os lumes, atenta ao extremo, e foi uma surpresa quando um sorriso extremamente largo nasceu em sua face. Uma risada amarga escapou dos lábios da deusa, e ela elevou o indicador na minha direção.

— Você quer algo.

Engoli em seco.

Pandora sorriu mais ainda.

— Você quer a caixa. A minha caixa. 

Cocei a garganta com força, sentindo meu próprio pomo de adão deslizar verticalmente pelo pescoço. 

— Isso não é novo, mas... Posso saber para quê? 

Não respondi. Pandora persistiu, demasiadamente focada em mim. Subitamente, a latina sacou uma adaga de sua bainha, desfilando até mim e rasgando a pele da minha barriga com a ponta da adaga, um corte lento e doloroso, que me fez soltar um vasto urro. 

— Não direi. Não tente — avisei ofegante.

Pandora fechou os olhos, e para a minha surpresa, cravou a lâmina no centro da minha coxa, penetrando bruscamente no músculo. Um grito de dor agudo escapou do peito involuntariamente e senti a perna latejar, queimar, um misto de sensações indescritíveis e absurdas. Meu corpo inteiro tremia. Eu suava frio, podia sentir minha pele empalidecendo e tudo começava a ficar embaçado.

— Responda — começou firmemente. — A minha... Maldita... Pergunta. 

— Prender Lúcifer — murmurei, quase sem forças.

Pandora me encarou por alguns segundos, ainda muito perto, contudo, não tardou para que recuasse. Ela crispou os lábios escarlate e devolveu a faca à bainha, cruzando os braços logo em seguida. 

— Bem, em parte, está certa. Lúcifer é mesmo um sujeito desprezível. Não concordo com suas ideologias. Ele não vê a beleza natural do mundo. Muito menos o fato de que se ele destruir tudo isso, o prazer de matar será tirado de nossas mãos... Não é muito esperto da parte dele — deu de ombros. — Mas por que não me pediu a caixa? 

Grunhi.

— Eu não sabia que você não era "equipe Lúcifer" — caçoei, sorrindo sardônica. — Então isso quer dizer que você vai me entregar a caixa?

Pandora me encarou e após alguns torturantes segundos, ela começou a rir. A risada grossa, áspera e azeda ressoou pelo aposento facilmente. A expressão da latina não tardou a voltar a ser impassível.

— Desculpe-me, o quê? — questionou com ironia. — É claro que não. Se a caixa for aberta mais uma vez, eu morro. É o castigo que Zeus me deu por eu ser curiosa demais e ter libertado os males no mundo. Eu só torturei você porque é divertido. E bem, agora você é o meu novo brinquedinho... 

Contraí o maxilar.

— Não quero ser desmancha-prazeres, mas posso saber a quanto tempo estou aqui?

A latina observou as próprias cutículas, evidentemente desinteressada.

— Desacordada? — elevou um supercílio rigidamente. — Dois dias.

— Ótimo — forcei um sorriso. — Eles já devem estar a caminho.

A deusa desviou o olhar até mim. A curiosidade era mesmo um defeito de Pandora. Ela semicerrou os olhos cor de carvão.

— Winchesters — ela sibilou. — É claro. Ouvi falar. Sujeitos desnecessários.

— Os mesmos sujeitos que vão acabar com o seu joguinho de transformar as pessoas em cera. Só para avisar... — sussurrei, enfatizando as palavras como se fosse um segredo e inclinando levemente a cabeça. — 'Tá meio na cara. 

A morena revirou os olhos.

— Como se eu me importasse. A beleza humana é algo a ser apreciada, Elizabeth. Eternizada — disse poeticamente, e foi a minha vez de rolar os olhos. — Pena que é só a beleza, pois sagacidade é algo que não vemos muito hoje em dia... Se nem a filha de Deus tem, por que um mero mundano terá?

Expirei.

— Mas bem, chega de jogar conversa fora. 

Pandora caminhou até uma mesa próxima, coberta de armas e outros instrumentos de tortura. Engoli em seco, temendo o que aconteceria a mim. Observei Pandora recolher uma katana com cuidado e limpar o sangue na lâmina com a própria língua.

Rezei para Castiel e para que Sam e Dean aparecessem, pois logo seria tarde demais.

{...}

Mais uma vez, Pandora roçou a ponta da adaga de prata no meu braço, fazendo um longo corte vertical. Minha garganta doía de tanto gritar. O suor que escorria por minha testa se misturava ao sangue, e os cabelos grudavam-se à essa mistura. Depois de gritar inúmeras vezes, eu não conseguia mais. Eu não reagia. Sentia o meu corpo mole, trêmulo, pálido e fraco. Eu não duvidava mais da deusa. Ela era perversa. Ela havia conseguido me destroçar.

E quando eu não tinha mais forças, fechei os olhos, preparada para o que o destino me reservasse, mas logo senti a mão de Pandora batendo contra o meu rosto com força, o que provavelmente me proporcionaria um olho roxo.

— Acorde. Eu ainda não acabei com você.

Eu não podia deixar isso acontecer. Ela estava quase conseguindo me matar. Aos poucos, meu coração passava a desacelerar. Meus sinais vitais iam se esvaindo. Eu ia mesmo permitir isso? Ia me render tão facilmente? 

É claro que não.

Pandora se afastou para pegar outra arma, visto que, conforme o que ela disse, "essa está suja com o seu sangue imundo e eu não estou afim de limpar", e eu reuni todas as forças que eu tinha. Tentei, de uma maneira particularmente esquisita, anular toda a dor que fazia o meu corpo latejar. Pensei em outras coisas. Pensei na visão do meu pai. Pensei em Dean. Pensei na minha família. Pensei em todas as famílias que seriam destruídas se eu não revidasse naquele exato momento. E então, a dor pareceu se esvair. Minhas mãos deslizaram pelas cordas que me amarravam e eu estava livre.

A deusa virou-se, e encontrou-se boquiaberta ao me ver reconstituída.

O tradicional azul cerúleo invadiu minhas órbitas, e sem mais delongas, parti para cima da latina. Ergui os dedos franzinos na sua direção, fazendo um gesto amplo, e ela foi rapidamente jogada para longe, batendo contra uma das paredes. Marchei até lá, parando aos pés da deusa. Capturei rapidamente um facão de cima da mesa onde estavam as armas e me abaixei, pressionando a lâmina contra a garganta da latina. Pandora grunhiu, mostrando-me os dentes brancos como porcelana. Seus olhos pareciam pegar fogo.

— Onde está a caixa? — questionei, intimidando-a. — Responda ou eu juro que corto isso que você chama de cabeça e encontro ela por conta própria.

Pandora não disse nada. Ameacei acabar com aquilo, mas lembrei de algo. A fonte do anjo. É claro que ela não esconderia dentro de casa. A deusa era curiosa. Gostava de mistérios. E encontrar a caixa em uma fonte era algo completamente improvável, o que fazia o tipo da deusa. 

Só percebi que havia me distraído demais quando foi a minha vez de ser lançada para longe. Senti minhas escápulas e a extensão das minhas costas colidindo bruscamente com a parede do outro lado da sala, formando uma cratera. Pandora se aproximou com ferocidade, os saltos fazendo barulhos muito altos, denunciando sua raiva. Tentei me levantar a tempo, mas por algum motivo desconhecido, ela se materializou na minha frente, erguendo-me sem muitos esforços pelo pescoço. 

Balancei os pés no ar enquanto a latina me sufocava. Meu peito ardia por conta da falta de oxigênio, e Pandora parecia apreciar muito o momento. Tente chutá-la, mas não adiantou. Nem mesmo consegui me desvencilhar do aperto. Minhas pálpebras começaram a pesar e a visão a ficar turva e embaçada. Sentia o ar indo embora pouco a pouco, abandonando meus pulmões, mas essa sensação me deixou quando eu fui largada no chão assim que uma voz ecoou pelo ambiente.

E era uma voz muito, mas muito familiar.

Abri os olhos e vi que Pandora estava virada para alguém na soleira da porta do quarto de tortura. E esse alguém era Sam e Dean.

Os Winchester empunhavam estacas de madeira banhadas em um tipo de sangue que não reconheci. Pandora partiu para cima deles, urrando feito um monstro, e começou a lutar corpo-a-corpo com os dois. Ela era forte, isso eu precisava reconhecer, pois não tardou para que a estaca de Samuel voasse para perto de mim, bem longe de seu alcance, e ele fosse jogado contra uma parede assim como eu. 

Dean foi igualmente impulsionado de encontro ao concreto e deslizou até o chão, desamparado. Pandora pegou a lâmina que eu usava para ameaçá-la anteriormente e aproximou-a do tórax do caçador.

Eu precisava impedi-la.

Me levantei com dificuldade, reunindo todas as forças que me restavam, e recolhi a estaca de madeira do chão. Me locomovi até Pandora, e quando ela estava prestes a acertar Dean, cravei a estaca nas costas da latina. A arma atravessou o corpo dela, e bem diante dos meus olhos, ela transformou-se em pó, assim como a estaca.

Estática, encarei Dean. Nossos olhos se encontraram, as mesmas faíscas de sempre nos envolvendo. Senti a tradicional carga elétrica que costumava sentir ao fitar seus olhos esmeralda, encantadores como sempre. Suspirei.

— Você está bem? — sussurrei, pensando em tocá-lo.

Ele anuiu.

Ajudamos Sam a levantar-se do chão e abandonamos aquele lugar, avançando pelo jardim de Pandora para sair. Avistei a fonte não muito longe e todos caminhamos até lá. Minha teoria estava certa. No fundo da fonte, uma caixa incrustada com pedras preciosas e um exterior pra lá de elegante. Peguei-a, estranhando o peso que ela tinha, e levei-a nas mãos.

Finalmente estávamos preparados. Depois disso, era só esperar nosso juízo final.


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Notas finais do capítulo

Primeiro de tudo: a nossa querida (ou nem tanto) Pandora é interpretada pela MARAVILHOSA Eiza Gonzalez ♥ Aqui um gifzinho da moçoila: https://em.wattpad.com/d396f19adb1073786b31d09c294b3fc91fa8dc90/68747470733a2f2f73332e616d617a6f6e6177732e636f6d2f776174747061642d6d656469612d736572766963652f53746f7279496d6167652f344657784e4b505f74396b3577673d3d2d3233393832383039352e313434313731396133616131653034382e676966?s=fit&w=1280&h=1280

YEAH! Finalmente arranjaram a solução para o tio Lú. A pergunta é: acham que a visão da Beth vai acontecer? Teorias sobre o desfecho? A caixa funcionará? Hm... Se tiverem alguma, deixem nos comentários.

E sobre isso, não esqueçam de comentar, por obséquio! Fantasmas não são pra lá de agradáveis e se por acaso acham, eu não mordo, ok? Hehe.

É isso, então. Vejo vocês no próximo (que será bem fofinho ♥) e é isso. Beijocas!

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