Fallen escrita por Milly Winchester


Capítulo 3
Uma pitada do inferno


Notas iniciais do capítulo

Olá amiguinhos ♥ Como vão?
Desculpem pela demora. Escrevi até o capítulo dez de Fallen para poder postar esse. Estou tentando deixar diversos capítulos prontos. A fanfic terá cinquenta capítulos e um epílogo, portanto, quero escrever tudo de uma vez. Espero que me perdoem pela demora.
Enfim, sem mais delongas, boa leitura!



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Passei a noite em claro lendo O Diário de John Winchester. Pelo que li, era o pai de Sam e Dean. No diário, ele contava sobre todas as suas caçadas, sobre todos os monstros possíveis. Enquanto eu lia, sentia meu conhecimento aumentando. John era muito inteligente, eu pude notar, e podia ver Dean e Sam como herdeiros de tal imensa inteligência. O diário acabou em algumas pistas sobre um demônio chamado Azazel, que aparentemente havia causado uma grande tragédia à família. Perguntei-me o que era, porém deixei a curiosidade de lado e ao amanhecer, na ponta dos pés desci as escadas, em uma tentativa de não fazer barulho.

Devolvi o livro para a estante e suspirei, sentindo-me cansada pelas longas horas de leitura. Quando ia virar-me para voltar ao quarto, senti uma mão em meu ombro. Era Dean.

— Elizabeth? O que faz aqui?

— E-eu... — gaguejei, tentando dar uma desculpa qualquer — Nada.

— Eu vi que você estava com o diário de John. — alertou, tentando ser brincalhão.

Dean encarou a minha expressão assustada. Dean parecia estar a todo tempo pronto para me dar um grande sermão. Ele me deixava em desespero.

— Fica calma Elizabeth, você está vermelha. — ele tocou o meu rosto delicadamente, e quando percebeu que fez isso, retirou a mão em segundos, parecendo constrangido — Eu não vou fazer nada com você.

— Eu sei. — murmurei.

— Não tem problema você ter lido. É uma maneira de você saber mais, de qualquer forma.

— Mas eu não pedi emprestado... — falei desapontada.

— Eu não me importo. Está tudo bem. — afirmou calmamente.

Eu assenti, contorcendo meus lábios em um minúsculo sorriso.

— Você não deveria estar dormindo? — perguntou preocupado.

— Eu não estou com sono. — respondi.

— Com fome? — ele ergueu uma sobrancelha.

Eu olhei para baixo, respondendo a sua pergunta.

— Vamos a uma lanchonete. — ele segurou em meu antebraço com autoridade.

— Espere — pedi, fazendo-o parar — Não devemos levar Sam?

— Ele está dormindo. — respondeu brincando — Roncando feito um javali.

— Imagino. — estreitei os olhos.

Eu e Dean fomos direto para o belo Impala 67 de Dean. Ele acariciou o carro como se fosse sua própria esposa. Inclusive a chamou de “baby”.

Não demorou muito para que chegássemos ao centro de Lebanon. Dean escolheu uma lanchonete qualquer e estacionou na frente. Nós dois saímos do carro, entramos no estabelecimento e escolhemos uma mesa em um dos cantos. Sentamo-nos e fizemos nossos pedidos. Dean um hambúrguer gorduroso, e eu apenas uma torrada.

O silêncio durante o tempo de espera para a comida foi constrangedor. Eu o encarava, e quando ele percebia que eu fazia isso, me olhava, e eu olhava para o outro lado, fingia que nada tinha acontecido. Tinham aquelas malditas vezes nas quais nos pegávamos encarando um ao outro. Vergonha.

A comida chegou e Dean praticamente devorou o sanduíche dele. Eu comi a torrada com a maior classe e calma possível, enquanto ele parecia não ter comido há meses. Isso me fez rir.

Quando voltamos para casa, Castiel estava na biblioteca com um olhar preocupado. Sam estava de braços cruzados, parecendo estar decepcionado por termos saído sem avisar. Cas franziu o cenho assim que nos viu juntos.

— Onde estavam? — questionou curioso.

— Fomos comer alguma coisa. — informou.

— Que seja. — disse Sam, visivelmente enciumado — Nós temos que pegar Crowley. A questão é, como vamos acha-lo?

— Ora, Dean não tem o telefone de Crowley? Marcamos de nos encontrar com ele num armazém, e debaixo do tapete faremos uma armadilha do diabo. — sugeriu Castiel, com um meio sorriso.

— Não sei se Crowley vai cair nessa. — falou Dean, preocupado — Já fizemos isso com ele diversas vezes.

— Não custa tentar. — dei de ombros.

Os irmãos Winchester me olharam como se eu fosse uma aberração.

— O que eu disse? — indaguei, devido aos olhares perplexos.

— Nada. — respondeu Castiel — Portanto, vamos logo com isso. Sabem de um armazém nas redondezas?

Sam e Dean se entreolharam.

— Na verdade, sim. — Sam ergueu uma sobrancelha — Há um galpão aqui por perto. Serve?

— Suponho que sim. — disse Castiel, de maneira cordial — Eu espero que isso dê certo. Precisamos de informações com urgência.

— Quando iremos? — perguntei.

— Quando a noite cair. — respondeu o Winchester mais velho, Dean.

— Tudo bem. — suspirei — O que faço enquanto isso?

— Não sei, Beth. — Sam riu — A vida de caçador é um pouco tediosa.

Eu balancei a cabeça positivamente, rindo de leve.

— Eu vou tomar um banho. — disse o Winchester mais novo após um pigarro.

— E eu vou verificar se está tudo certo por enquanto. — Castiel piscou.

Em seguida, o bater de asas de Castiel indo embora pôde ser ouvido e em segundos ele desapareceu. Sam disparou pela escada caracol, dirigindo-se ao banheiro.

Logo que percebi que Dean e eu estávamos sozinhos e quietos, corei violentamente e inesperadamente. Infelizmente, Dean pareceu perceber a minha mudança de “Branca de Neve” para “O Pimentão Vermelho”.

Ignorei a presença do Winchester e subi as escadas às pressas. Deitei-me na cama e fiz o que costumava fazer desde que surgi. Pensar.

Ora, eu sou uma tola de pensar tanto no futuro. Mesmo tendo renascido há pouco, o que eu menos gostaria de fazer era criar expectativas. Que tipo de ser humano inventou esse termo, criar expectativas?

Desde que fiquei sabendo de meu destino, eu soube. Soube que iria morrer, soube que não iria voltar. E eu tenho que admitir, não sei se vou falhar. Se falhar, provavelmente nunca me perdoarei. E se vencer, direi adeus a quem me ama. É doloroso, mas confesso que a dor é necessária. É como um sorriso... Nenhum sorriso se forma sem ter passado pela dor.

Sinto que tudo se encerrará no campo de batalha. Não só o meu fim, mas o fim de Lúcifer também, e finalmente a paz poderia reinar na Terra. Não totalmente, é claro, ainda existiriam os demônios, as criaturas, mas a meu ver, não é nada que os Winchesters não possam superar. Pelo o que vi até agora, são capazes de tudo. Absolutamente tudo.

E Castiel... Sinto que ficará bem sem mim. Não sei o que ele passou ou o que passará, mas seu fim não está próximo. Tenho certeza disso. No pouco tempo que passei com ele, o considero como um irmão... Um irmão que nunca tive.

Papai me deu outra chance. Preciso honrá-la.

De repente, ouvi algumas batidas na porta, que me despertaram de meus devaneios. Eu me levantei e a abri lentamente, dando de cara com um Sam Winchester pós-banho, perfumado e com o cabelo molhado. Wow.

— Está bem? — questionou.

— Por que eu não estaria?

— Não sei. — Sam sorriu — Qualquer coisa chame. — acenou.

Eu acenei de volta e entrei no quarto novamente.

Atirei-me na cama de forma preguiçosa e senti o sono finalmente me pegar. Não devia ter ficado acordada a noite inteira. Minhas pálpebras ficaram pesadas e eu tentei lutar, mas eu só sentia o sono me dominando. Por fim, acabei cedendo e adormeci.

[...]

— Elizabeth. — Castiel sacudiu meu ombro.

Eu abri os olhos, vasculhando o ambiente. Não era um sonho. Eu estava mesmo com os Winchesters. Minhas vistas percorreram a face calma de Castiel. Sentei na cama com dificuldade, esfregando meus olhos.

— Você tem um sono pesado. — murmurou Castiel, segurando-se para não rir.

— Há, há. Muito engraçado. — zombei, tentando desembaraçar o meu cabelo.

— Devia tomar um banho. — fungou.

— Estou fedida? — ergui a sobrancelha.

— Não. Eu que estou. — admitiu, cheirando seu sobretudo.

Eu ri com a sinceridade de Castiel.

— E desde quando anjos fedem?

— Eu não estou fedendo. — falou me encarando — Meu casaco está.

Caminhei até Castiel e retirei seu sobretudo cuidadosamente. Apertei a sua gravata e dei leves tapinhas em seu ombro.

— Então, o que acha?

— Horrível. — xingou incrédulo.

Castiel desapareceu por cinco segundos e voltou com outro sobretudo.

— De onde você tira tantos sobretudos, Cas? — perguntei rindo.

— Eu tenho meu guarda-roupa. — sua expressão era séria, o que me fazia rir mais ainda.

— Tudo bem, garotão. — dei mais alguns tapinhas nas costas dele — Mesmo que eu não esteja fedendo, admito que preciso de um banho. Até já.

Peguei minhas roupas no armário e saí de fininho até o banheiro. Amarrei o cabelo castanho avermelhado e me despi, entrando debaixo do chuveiro. Estava quente. Novamente senti aquela sensação esplêndida.

Quando saí do banho, Dean, Sam e Castiel me aguardavam impacientes na biblioteca. Eu soltei os cabelos pedi desculpa pela demora, então partimos no Impala de Dean, rumo a Bearhouse, um galpão de animais empalhados, segundo Dean.

Ao chegarmos lá, Sam e Dean ficaram encarregados de organizarem o galpão, para aparentarem querer uma conversa. Castiel me ensinou a desenhar armadilhas do diabo e eu desenhei algumas, debaixo de tapetes. Eu torcia para que Crowley, o tal Rei do Inferno, caísse, pois se não caísse, estaríamos realmente ferrados.

Eu não sabia quem era Crowley, não desejava conhecer, mas pelo visto, eu era obrigada. De acordo com as fontes Winchesters, a reputação do Rei do Inferno não era lá muito boa.

Assim que estava tudo pronto, o galpão empoeirado estava apresentável e protegido. Agora só faltava Dean ligar para Crowley e dizer que estava comigo, a Filha de Deus. Segundo Sam, ele viria rapidamente, afinal, Crowley adorava acordos. Não era a toa que possuía o cargo de Rei do Inferno.

Dean retirou o telefone do bolso e me olhou, esperando eu confirmar silenciosamente que ele poderia prosseguir. Eu assenti calmamente e fechei meus olhos, esperando Dean discar o número de telefone de Crowley. Assim que Crowley atendeu, Dean pôs no viva-voz.

Olá, boys. Como vão? — disse Crowley, amigavelmente.

— Escuta, Crowley, nós precisamos ver você.

Estão com saudades? — perguntou sarcasticamente.

— Assuntos a tratar. — declarou Dean — Temos a Filha de Deus conosco.

Ah — ele deu uma risadinha — Elizabeth, não é? E como provam que estão com ela?

— Só vindo você verá. E se ela for mesmo a Filha de Deus, vai perder essa oportunidade? — chantageou.

Ok, desculpe, não resisto. Sou muito curioso.

A ligação foi encerrada e Crowley apareceu no galpão com um sorriso convidativo no rosto.

— Olá, esquilo. Alce. Castiel. Oh — ele abriu os braços, visivelmente honrado — Vejamos... Elizabeth Corpus. Mais adorável do que pensei.

Crowley se aproximou um pouco e eu me afastei, amedrontada e tremendo. Sam me olhou, pedindo mentalmente para eu me acalmar um pouco.

— Ora, não tenha medo. — gargalhou — Eu não sou um psicopata.

— Segundo eles você é sim. — falei apontando para os irmãos Winchester.

— Sam e Dean, sempre passando más impressões da minha pessoa. Que injustiça. — praguejou.

— Ok, Crowley, você está do nosso lado ou não? — questionou Castiel, cruzando os braços.

— Depende do que você está falando, anjinho. — disse, direcionando-se à Castiel.

— Lúcifer ou nós? — esclareceu Sam.

Crowley ergueu as duas sobrancelhas, surpreso.

— Me surpreendo que queiram se aliar a mim. Gentileza gera gentileza, percebem agora?

— Que seja, Crowley. Fizemos um plano, venha ver.

Dean me lançou um olhar e eu fui guiando os outros. Crowley parecia não estar ciente de nada, o que me fez ficar um pouco animada. Quando chegamos à uma salinha onde ficavam os animais empalhados preferidos do antigo dono daquele armazém, Crowley parou na porta. Pude ouvir o grunhido de insatisfação antes de eu virar-me para vê-lo.

Girei nos calcanhares com um sorriso vitorioso no rosto. Crowley me olhou, totalmente indignado e com uma aparência de uma mãe prestes a dar sermão no filho. Seu rosto redondo e barbudo estava vermelho, parecia que estava sem ar ou queria gritar.

— Insolentes! — guinchou.

— Eu sinto muito, Crowley. — falei — Precisamos de informação, e ninguém melhor do que o Rei do Inferno para nos oferecer, não é?

Dean me olhou, surpreso com a minha autoridade.

— E eu me pergunto como você caiu nessa típica conversa. — Sam ergueu a cabeça, segurando-se para não rir da situação desagradável de Crowley.

— Ok, ok. — Crowley levantou as mãos — Perguntem o que quiserem. Não vou lutar.

— É melhor ser obediente mesmo. — ordenou Dean.

Castiel avançou, ficando a poucos centímetros da linha da armadilha.

— O que sabe sobre a saída de Lúcifer da jaula?

— Quase nada. — respondeu risonho — Não é todo dia que vemos o Diabo dando as caras, e eu estava meio ocupado.

— Responda. — exigiu Castiel entre dentes.

— Tudo bem, machão. — debochou — Foi há pouco tempo. Papai Satã liberou diversos demônios do inferno, inclusive alguns que morreram. Mesmo tendo caído do céu, continua com esse lema asqueroso chamado perdão. Se morreu, está morto, não deveriam colocá-los de volta à ativa.

— Garanto que se fosse você, gostaria de ressuscitar. — rebati.

— Eu sou o Rei, querida. Não só eu gostaria, mas todos os meus súditos. — falou convencido.

— Continue, Crowley. — mandou Sam.

— Não há mais o que falar.

— Sabe a localização dele? — questionou Dean.

— Eu sou um demônio, não sei adivinhar.

— Muito engraçadinho. Abra a boca se for dizer algo útil. — pude ver Dean segurando-se para não socar a cara de Crowley.

— Mais alguma coisa, boys, ou posso ir embora? — perguntou.

Os irmãos Winchester se entreolharam, em seguida olhando para Castiel. Cas assentiu de leve.

Sam esfregou o pé na armadilha do diabo e Crowley acenou, ajeitando o paletó preto com detalhes roxo e dando um sorriso amarelo.

— Até, Elizabeth.

Crowley sumiu em instantes. Eu olhei para Sam e Dean, confusa. Deixamos o galpão e voltamos ao Impala.

Dean dirigiu até o abrigo dos Homens das Letras e guardou o carro. Nós saímos todos juntos, mas Castiel fez questão de sumir, como sempre fazia. Tudo bem que ele não dormia, mas ele poderia ao menos passar a noite.

Vesti uma camisola branca que achei no fundo do guarda-roupa e vi Sam ir direto para a cama, aparentemente sonolento. Fiquei encarando o corredor gélido, esperando que Dean passasse por ali.

Novamente, meus pensamentos vieram à tona. Demônios mortos estavam de volta, mais bastardos para enfrentar. Cada vez surgiam mais obstáculos, isso estava se tornando complicado, mas eu ainda tinha esperança. Eu ainda tinha fé, eu ainda tinha apoio, eu ainda tinha minha força. Acredito em mim.

Perdida nos devaneios, Dean passou pelo corredor e me viu distraída.

— Boa noite, Elizabeth.

Chacoalhei a cabeça, perdida, mas Dean já tinha avançado no corredor.

— Boa noite. — sussurrei.




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Notas finais do capítulo

Gostaram? Comentem coisas fofinhas (amo comentários fofinhos) e quem tiver alguma teoria sobre os sonhos, por favor me fale. Quem acertar eu dou vários bolinhos :)
Até o próximo, meus sábios cabritinhos.



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