Fallen escrita por Milly Winchester


Capítulo 12
O retorno


Notas iniciais do capítulo

OI, OI, MINI JOVENS! (vibe As Crônicas de Wesley, entendedores entenderão)

Eu sei que prometi que não demoraria, mas acho que demorei um pouquinho, quer dizer, foram onze dias, mas espero que não me matem, hehe.
Aqui estou eu trazendo um capítulo bastante instigante e açucarado para vocês, lindos leitores. Boa leitura a todos e peguem os lencinhos, pois o passado irá abalar não só os personagens, mas vocês também...

— Música do capítulo: Lost In The Echo — Linkin Park

— AVISO IMPORTANTE: Lembram-se que eu tinha dito que a Beth tinha dezoito anos? Pois é, me toquei de que é muito nova para a personagem e declaro aqui e agora: Elizabeth tem vinte e seis (26) anos.

— AVISO NÚMERO DOIS: Nova capa, dessa vez feita por mim! Digam o que acharam dela nos comentários.

— AVISO NÚMERO TRÊS: Os novos banners chegaram (e agora são feitos por mim, modéstia a parte, estão lindos u.u)! Espero que gostem!
P.S.: Notem que a fonte do título é a mesma fonte de "Supernatural". Gamei!



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“Havia uma casa.

O homem entrou na mesma e subiu as escadas lentamente. Ao chegar no segundo andar, dirigiu-se imediatamente a um quarto de bebê.

O desconhecido caminhou até a janela e observou a noite. A lua brilhava e iluminava o seu rosto. Uma brisa suave chacoalhava a gigantesca árvore ao lado da casa, que estava desprovida de folhas.

O homem andou até a uma pequena mesa presente no quarto e verificou o horário. O relógio marcava três da manhã e o calendário indicava o dia 18 de agosto. O homem com olhos azuis e feições angelicais voltou para a janela. O luar atravessava a cortina branca e o desconhecido soltou um suspiro, como se estivesse cansado. Fechou os olhos e apertou-os, provavelmente tomando coragem para agir.

Ouviu-se um ressoar de passos e o desconhecido virou-se para trás, para ver quem se aproximava. Outro homem aparecera, que por acaso, usava um sobretudo caramelo.

— Castiel — proferiu o desconhecido, não aparentando estar surpreso com a vinda do anjo.

Miguel. O que faz aqui? — perguntou Castiel, semicerrando os olhos.

— Ela.... Ela precisa de ajuda.”

Puxei todo o ar que consegui e levantei da cama, ofegante. Eu odiava aquela sensação. Juntei as peças rapidamente e deduzi que aquela era outra visão, portanto, tratei de levantar e chamar alguém. Assim que pisei no chão, ignorei o quão gelado ele estava e apenas corri pelo corredor.

Não me importando com as vestes vergonhosas que eu trajava, desci as escadas às pressas e corri até Castiel, que estava sozinho na biblioteca. Eu não fazia ideia de que horas eram, mas ele aparentou estar surpreso.

— O que faz acordada? São cinco da manhã — questionou-me, enquanto eu levava às mãos à cabeça tentando gravar todos os detalhes da visão.

— Tive outra visão — respondi enquanto andava em círculos pelo cômodo.

Castiel segurou meu ombro e me olhou fixamente com aqueles olhos azuis que chegavam a assustar. Sua expressão era mais séria do que nunca, e eu sabia que a visão se tratava de algo sério, já que Castiel estava nela. Ofeguei e encarei-o.

— Conte-me. Agora — ordenou, pedindo que eu sentasse em uma cadeira.

— Hum… — gaguejei, franzindo o cenho. — Havia uma casa.

Os flashes da visão vieram ao meu subconsciente. Apertei os olhos, tentando focar em contar a Castiel cada detalhe da visão. Eu não sabia quem era Miguel e não sabia sobre o que ele se referia quando disse que eu precisava de ajuda, mas a única coisa que eu sabia era que eu devia conhecer Miguel e precisava saber o que ele queria dizer. A árvore, o luar… As imagens passavam rapidamente por minha mente.

— Uma casa?

— Sim, uma casa grande… Era à noite e ao lado dela havia uma árvore.

Ouvi alguns passos e virei-me para trás, notando a presença de Sam. Ele engoliu em seco, como se tivesse escutado a minha descrição da casa. O que aquela expressão significava? Ele se aproximou, aparentando saber de algo.

— Por acaso a árvore era seca? Desprovida de folhas? — Samuel possuía um semblante mais do que sério.

Assenti, comprimindo os lábios. Sam estreitou os olhos e depois voltou a me encarar. Decidi terminar de contar sobre a minha visão.

— Havia esse homem… Loiro, olhos azuis, não muito alto e magro. Ele tinha algo de diferente, seu rosto era familiar, porém, eu não sou capaz de reconhecê-lo.

— E o que ele fazia lá? — Castiel pareceu inquieto.

— Ele subiu as escadas e entrou em um quarto de bebê. Notei a presença de alguns brinquedos e um berço de madeira. O homem foi até a cabeceira e deu uma olhada no relógio. Ele marcava três da manhã do dia dezoito de agosto.

— Dezoito de agosto? Isso acontece hoje — concluiu Sam, preocupado. Será que a bola de cristal dentro do meu cérebro não poderia mostrar-me o futuro com um pouco mais de antecedência?

— Mais alguma coisa? — Castiel sentou-se em uma cadeira próxima a uma das mesas e massageou as têmporas.

Claro. O detalhe mais importante. Quase que você esquece, Elizabeth. Aplausos para mim.

— Você estava lá — completei, engolindo em seco. A expressão de Castiel só piorou, o que me fez estremecer um pouco.

— E eu disse alguma coisa?

— Sim, o nome do desconhecido, contudo, está difícil de recordar… Algo com M.

Sam e o anjo se entreolharam, como se reconhecessem aquela letra bem de longe. Eu mordi o lábio, confusa.

— Miguel? — sugeriu Cas, erguendo uma de suas sobrancelhas e demonstrando um tom de voz preocupado.

— É, isso. Quem é esse tal Miguel?

O anjo suspirou pesadamente, e eu o encarei. Seus olhos transmitiram algo que eu pude captar naquele mesmo instante — era alguém importante. Muito importante.

— Miguel é o arcanjo que lutou contra Lúcifer e defendeu o céu. Ele estava na jaula junto dele, porém, creio que quando Lúcifer foi solto, Miguel foi libertado assim como ele — explicou Castiel, apreensivo.

Os flashes de informações vieram à minha mente e eu levei as mãos à cabeça, tentando conter a dor que aquilo me causava. Imagens de Miguel e trechos da bíblia passaram por meu cérebro e depois de consumir tudo, arfei e olhei para Sam e Castiel, balançando a cabeça para indicar que eu estava bem.

— Isso quer dizer que… — balbuciou Samuel, denunciando uma emoção esquisita presente em seu rosto que eu não pude identificar que onde vinha.

— Sim. Adam está vivo — ouviu-se uma voz vinda de trás de Sam. Era Dean, que se aproximou com os punhos cerrados, como se aquilo fosse um assunto difícil de se discutir.

Franzi a testa, desnorteada. Encarei Castiel e os irmãos Winchester, que assim como eu, encaravam uns aos outros, aparentando estarem tensos e aflitos com o que Dean acabara de proferir.

— Adam? — indaguei. 

— Longa história — murmurou Sam, respondendo o meu questionamento.

— Ele disse mais alguma coisa? — perguntou Dean, fixando seu olhar em minha direção.

A parte mais preocupante. Temi em contar-lhes e temi por mim mesma. Eu sabia que precisava de ajuda, mas um arcanjo? Preocupado comigo? Interessado em me ajudar ou em ao menos me avisar sobre o meu estado um tanto quanto crítico? Isso era bastante impressionante e imprevisível.

— Miguel disse que eu precisava de ajuda — murmurei, atormentada. Recebi olhares alarmantes e o silêncio que se instalou naquela sala pareceu durar anos, até que o Winchester mais velho decidiu se pronunciar.

— Já temos um destino — disse Dean, após soltar um suspiro amargurado. — Lawrence.

Naquele mesmo instante, lembrei-me do que estava escrito no diário de John Winchester. O relato sobre o incêndio… As palavras escritas e o acontecimento descrito por John me deram calafrios. Eu os encarei, angustiada — principalmente em relação às palavras do arcanjo, denominado Miguel.

Como ele me ajudaria e em quê? Isso só o próprio Miguel poderia me dizer.

Depois da conversa tensa — até demais —, aproveitei para tomar um banho. Não ia conseguir dormir novamente de jeito nenhum, já que essas perguntas que rondavam a minha mente persistiam no quesito atormentar-me. Os Winchester e Castiel concordaram em viajarmos cedo, já que provavelmente haveria uma família morando na antiga casa de Sam e Dean e nós precisaríamos de tempo para convencê-los, ou seja, achar uma maneira de expulsá-los da casa, pelo menos por aquela noite para que pudéssemos conversar com Miguel.   

Após todos estarmos prontos, pegamos a estrada. Lebanon não ficava muito longe de Lawrence, apenas três horas e meia, mesmo assim, todo o tempo que pudéssemos economizar bastava. A viagem baseou-se Metallica e nos roncos de Sam. Castiel não estava dormindo, mas parecia estar emerso em devaneios.

Eu estranhei quando Dean estacionou em um posto de gasolina justamente quando estávamos quase chegando em Lawrence. Perguntei a ele o motivo e ele simplesmente apontou para a loja de conveniência acoplada a uma lanchonete no posto. Dean cutucou Sam, que acordou assustado.

— Vai querer algo ou eu vou ter que colocar uma colher na sua boca, Sammy?

— Eu não entendi a referência — murmurou Castiel, sério.

Pela primeira vez, o que Castiel dissera fazia sentido, até porque eu também não tinha entendido o que Dean queria dizer. Eu não podia ver o rosto de Sam, mas pude jurar que ele revirou os olhos, fazendo seu irmão mais velho abrir um sorriso sacana.

— Não, eu não quero — respondeu após um resmungo.

— E você, Cas? Vai querer alguma coisa? — questionou Dean, enquanto retirava a chave da ignição, colocava no bolso e encarava o anjo através do retrovisor do Impala.

Castiel balançou a cabeça em negação. Assim que Dean saiu, eu abri a porta do carro e saí também, fazendo-o aparentar surpreso. Ele ergueu as sobrancelhas quando caminhei até ele e pus as mãos nos bolsos da jaqueta de couro marrom. Achei que tinha escutado uma risadinha irônica, mas preferi ignorar meus sentidos e apenas entrar na loja quando Dean abriu a porta e deixou que eu passasse primeiro.

Assim que entramos, caminhamos até a bancada da lanchonete que estava acoplada com a loja de conveniência e nos sentamos ali. Eu estava doida para comer alguma coisa, meu estômago estava roncando e eu não comia desde o dia anterior.

— Um hambúrguer de bacon e uma soda, por favor — pediu Dean quando o atendente com o boné engraçado apareceu para anotar nossos pedidos.

— Panquecas e um café. Muito obrigada — sorri de canto e apoiei meus braços sobre a mesa, observando o garçom sair aos poucos.

Um silêncio avassalador se instalou entre mim e o Winchester sentado ao meu lado, chegando a ser constrangedor, porém, o próprio Dean o quebrou com uma pergunta que eu nunca imaginaria que sairia dos seus lábios, afinal, a boca de Dean Winchester deveria ser um túmulo, e admito, às vezes ele consegue cumprir esse papel, como da vez em que ele demorou um tempo para contar o que havia acontecido no inferno.

— Você quer saber quem é Adam, certo? E quer saber como eu e Sam nos sentimos em relação a essa situação, em relação à visita que faremos em Lawrence e em nossa antiga casa.

Eu estreitei os olhos, olhando-o de canto.

— Precisa parar com esse lance de ler os meus pensamentos — falei sarcasticamente.

— Eles são previsíveis — concluiu ele, batucando com os dedos no balcão.

Dean suspirou pesadamente e inclinou a cabeça, como se estivesse se preparando para tocar naquele assunto, ou até mesmo, para revirar o baú.

— Adam é nosso irmão por parte de pai. John teve uma espécie de caso com a mãe de Adam depois que nossa… Mãe morreu. Lembra-se do que eu lhe contei? Sobre quando Lúcifer subiu? Pois bem, quando o enjaulamos, Miguel foi enjaulado junto com ele, e quem era a casca de Miguel? Isso mesmo, Adam, nosso irmão.

— Irmão? Nossa… Isso é difícil de processar — admiti, franzindo o cenho.

— Também foi difícil para mim e para Sam quando descobrimos — disse inquieto, abrindo violentamente a lata de soda que o garçom veio deixar sobre a mesa.

Agradeci ao atendente pelo café e levei a porcelana aos lábios, encarando Dean, que parecia estar perturbado com a ideia de ver novamente o lugar onde a pior tragédia de sua vida acontecera. Deveria ser difícil para ele.

— E… Como você se sente? Sabe, estando tão próximo do seu passado?

Dean largou a lata de refrigerante sobre a mesa e parou para encarar-me. Segurei a caneca quente entre meus dedos trêmulos, encarando-o também.

— Como eu me sinto? — ele sorriu ironicamente, seus olhos rolaram para cima de maneira sarcástica. — Péssimo. E sabe o motivo? — ele voltou a me olhar. — Porque toda vez que eu ver aquele lugar… Que eu pisar naquele lugar, eu me lembrarei dela. Me lembrarei da cena terrível que presenciei, da minha própria casa em chamas. Me lembrarei das palavras de meu pai e me lembrarei do quão rápido eu corri com Sammy em meus braços para fora da casa me perguntando se John e Mary iriam sair ilesos, se iriam voltar e se continuaríamos sendo uma família. Mas quando apenas meu pai saiu daquela porta, eu soube que estava condenado e soube que aquilo ficaria para sempre me atormentando, para sempre gravado em minha memória. Isso significa estar péssimo.

Após aquelas palavras, decidi me calar. Eu não sabia pelo o quê Dean estava passando e não podia insinuar nada, por isso, respeitei-o e apenas bebi o meu café em silêncio. Ele pareceu apreciar isso.

Em pouco tempo, nossas comidas chegaram e eu e Dean comemos sem trocar uma palavra sequer. Eu concluí de que aquele realmente não era o momento certo para argumentar ou discutir e fiquei calada. Foi o melhor que eu pude e poderia fazer.

Voltamos para o carro ainda em silêncio. Castiel e Sam pareceram estranhar nossa quietude, mas eu não me importei. Dean ligou o rádio do Impala novamente e deixou Highway To Hell, do AC/DC — pelo menos esse era o nome que Sam havia dito — tocando.

Depois de mais meia hora na estrada, finalmente havíamos chegado em Lawrence. A cidade, que aparentava ser pacata, escondia mistérios assim como todas as outras, e agora, parecia estar escondendo um arcanjo muito famoso e procurado.

O Impala foi estacionado em frente à antiga casa dos Winchester e eu não pude deixar de notar o quão apreensivos estavam os dois irmãos. Suas expressões eram vazias e seus olhos, assim como as expressões, estavam vazios, transmitiam o vazio. Desejei que eu pudesse fazer algo, mas isso não cabia a mim. Eu, os dois irmãos e Castiel caminhamos sorrateiramente até a porta da casa e eu olhei ao redor. O local era exatamente idêntico ao local de minha visão.

Sam, relutante, pressionou seu indicador contra a campainha e soltou um suspiro tão alto que até mesmo eu — já que eu estava atrás dele — pude ouvir.

A porta foi aberta por uma mulher de longos cabelos ruivos com um pequeno bebê de cabelos vermelhos em seus braços. Ela analisou-nos aos poucos e ergueu o olhar.

— Posso ajudar? — indagou formalmente, balançando seu corpo de leve para manter o bebê entretido.

— Ah, oi… Eu sou Dean, esse é Sam e esses outros são nossos primos, Heather e… Robert. Somos antigos moradores da sua casa e se não for pedir demais, gostaríamos muito de ver como a casa está hoje em dia. Já faz muito tempo que não a vemos… — inventou ele, tentando soar convincente. A mentira de Dean pareceu dar certo, pois a mulher ruiva sorriu de orelha a orelha.

— Muito prazer, sou Alice Parker e esse é o Boyd — ela apertou a mão de Dean e depois fez cócegas em seu bebê, que riu com seus poucos dentes. — Diga oi, Boyd.

— Pergunte a ela se ela estará à noite — sussurrou Sam, tentando disfarçar para que Alice não escutasse.

— O que disse? — ela ergueu uma sobrancelha, segurando a pequena mão de Boyd.

— Ele só estava dizendo que Boyd é uma graça, não é mesmo, Sam — Dean deu uma cotovelada no irmão, que forçou um sorriso. — Alice, você estará aqui à noite? É porque… — ele gaguejou, e eu me posicionei ao lado dele.

— Porque nós gostávamos muito de ver o luar através das janelas grandes presentes nos quartos — completei de prontidão. O sorriso de Alice se contorceu em uma expressão triste.

— Ah, eu sinto muito… Dormirei junto de Boyd na casa de minha mãe. Mas podem entrar agora, se quiserem. Eu poderei recebê-los à noite somente daqui a dois dias.

Eu, Sam, Dean e Castiel nos entreolhamos.

— Está tudo bem, senhorita Parker. Viremos daqui a dois dias, então — disse Sam, acenando cordialmente. — Obrigada.

Naquele momento, deduzi que havíamos voltado à estaca zero. Pelo menos era isso que eu achava. Quando entramos no Impala, Sam e Dean encararam um ao outro.

— Por acaso estamos ferrados?

— Pelo contrário. Alice não estará em casa, portanto, será muito mais fácil encontrar Miguel. Se ela ficasse em casa, teríamos que achar um motivo para enxotá-la… — explicou Dean, mas quando eu o encarei absurdamente ele revirou os olhos. — De sua própria casa, é, eu sei, é bizarro, mas seria necessário. Não queremos que Alice e o pequeno Boyd vejam um bichinha celestial exibindo suas asas feitas de seda e cristais.

— O bichinha celestial a qual você pertencia, casca de Miguel — falou Sam, ironizando.

Dean estreitou os olhos para o irmão, enfurecido.

— Olha só, falou o que foi vestido por Lúcifer para ir ao baile. Patético de sua parte — zombou, ligando o carro.

— Vocês dois poderiam parar de se alfinetar pelo menos por um segundo? — pediu Castiel, calando a boca dos dois.

Sorri com a coragem do anjo de sobretudo e me perguntei o que faríamos pelo resto da tarde. Acabei adormecendo com minha cabeça encostada no ombro de Cas e totalmente à toa, pois não levou nem quinze minutos para que chegássemos a um hotel. Acabei por passar o dia inteiro pensando nas palavras de Miguel. O que ele queria dizer com aquilo?

***

O relógio marcava três horas da manhã. Descemos do Chevy Impala 67 e eu fechei a porta com força, sentindo a brisa leve e pura da madruga envolver e congelar o meu rosto. Encolhi-me na jaqueta de couro marrom, concluindo que ela não era útil o suficiente para dias frios demais. Dean me encarou e apertou a barra da jaqueta entre os dedos, como se perguntasse se eu a queria emprestada. Eu apenas neguei e nós caminhamos até a porta que outrora se encontrava iluminada pelo sol. A única coisa que a iluminava naquele momento era a lua cheia, que transmitia uma luz cristalina e relaxante.

Sam introduziu um clipe na fechadura da porta e abriu facilmente a casa. Olhei ao redor, tomando cuidado e vigiando o ato. Entramos todos para dentro da casa e fechamos a porta. Suspirei aflita e assim que escutei passos no andar de cima, levei meu olhar até lá. Os Winchester e Castiel engoliram em seco e eu fui na frente, subindo degrau por degrau vagarosamente.

Ao chegarmos no segundo andar, avistei o quarto de bebê e me dirigi à ele cautelosamente. Após dar passos lentos e silenciosos, avistei o homem da minha visão parado bem em frente à janela. Ele virou-se e Sam e Dean, ambos ao meu lado, adquiriram reações de surpresa e o encararam, estupefatos. A casca da qual Miguel estava se apossando era Adam, o irmão dos Winchester.

— Olá, Sam e Dean. Olá, Castiel. E oh, veja bem… Elizabeth — ele se aproximou, inclinando a cabeça para o lado e me fitando com aquele par de olhos azuis. Deduzi que essa inclinação parecida com a de um cachorro deveria ser normal na maioria dos anjos. — Que surpresa agradável ver você aqui.

— Por que ainda não deixou Adam ir e pegou uma nova casca? — começou Dean, já sedento de respostas.

Miguel sorriu, sarcástico.

— Eu sabia que ia perguntar isso. Seus argumentos para me odiar são bastante previsíveis, sabia, Dean? — ele franziu a testa, fingindo uma expressão triste. — Adam está se recuperando. Ambos fomos muito torturados por Lúcifer na jaula e ele precisa de mim para ser curado. Preciso curá-lo antes de deixar esta casca.

— É melhor curá-lo logo, ou eu vou… — Dean tentou ameaçar o arcanjo, todavia, foi interrompido pelo mesmo.

— Poupe-me de suas ameaças, Winchester, a honestidade corre em minhas veias e você é o único que se recusa a acreditar. Muito bem, esse não é o meu propósito, muito menos o meu motivo de estar aqui — Miguel voltou a olhar pra mim, como se tivesse lançado uma indireta.

— Na minha visão, você diz que ela precisa de ajuda. Essa ela… Sou eu?

— É claro que sim. Quem mais seria? — ele ergueu uma sobrancelha.

— Por que preciso de ajuda? — tentei ser rápida e objetiva, me aproximando perigosamente do arcanjo.

Miguel passou os olhos por todos os cantos do quarto, como se estivesse procurando uma maneira de resumir o que gostaria de dizer. Quando achou, voltou a fitar-me.

— Sabe, ouvi dizer que deu uma lição em Helena. Muito justo e digno de respeito da sua parte, preciso confessar, estou orgulhoso de você. Porém, fiquei sabendo que ela lhe disse algumas coisas… Estou certo?

As palavras de Helena me atingiram como um trem e eu engoli em seco, balançando a cabeça e assentindo. Miguel uniu suas próprias mãos e as entrelaçou.

— Há uma verdade nítida e concreta no que ela disse e sei que você sabe o que é. Dean, Sam e Castiel podem tentar fazer você negar, porém, você sabe, do fundo do seu coração, que ela está certa.

Ergui o olhar para encará-lo e Dean parecia que ia soltar fumaça pelos ouvidos de tanta fúria e angústia.

— Meus poderes são as minhas ruínas — murmurei, olhando para minhas próprias mãos.

— Infelizmente, eles são. Mas…

— Mas? — cerrei os punhos.

Miguel sorriu esperançoso.

— Você pode treiná-los. Eu posso treiná-los. Posso ensiná-la a como usá-los e como não permitir que eles a prejudiquem. Eles são as suas ruínas, mas só se você usá-los incorretamente.

— Faria isso? — perguntei, denunciando a minha ansiedade. Só faltava os meus olhos brilharem.

— Isso e muito mais — respondeu com um semblante enigmático. — Nos vemos em breve, filha de Deus.

De repente, ouviu-se um farfalhar de asas e Miguel desapareceu. Suspirei de alívio e Sam me olhou com um sorriso no rosto. O olhar de ambos os irmãos voltaram-se para o teto e eu imaginei a dor deles ao ver aquilo. Dean apenas abaixou a cabeça e saiu do cômodo, seguido por seu irmão. Eu e Castiel nos entreolhamos.

— Viu? Você não é um beco sem saída — disse o anjo, sorrindo. Foi inevitável não sorrir também.


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Notas finais do capítulo

E então, gostaram deste capítulo, cabritinhos? Espero que sim.

Depois de muitas emoções, permitam-me esclarecer o ponto que quis chegar com esse capítulo: Miguel treinará Elizabeth e não será nada fácil, haverão contratempos e vocês saberão sobre eles em breve.

Enquanto não posto o próximo capítulo, deixarei aqui o link de duas outras fanfics de SPN que são o meu xodó e que eu não largo por nada!

Corações Perdidos, por Mrs Fiction: https://fanfiction.com.br/historia/615585/Coracoes_Perdidos/

Roots, por Himiko: https://fanfiction.com.br/historia/682043/Roots/ (essa está começando, então se quiserem dar uma forcinha, sintam-se livres)

Ambas são ótimas e eu recomendo muito!

Vou ficando por aqui, miamores. Obrigada por lerem e não esqueçam de deixar o review que ajuda muito. Ultimamente, noto a presença de muitos fantasmas aqui na fanfic e isso me deixa bastante desanimada, então, se você é um fantasma e está lendo isso, deixe ao menos um "Amei, continua" no campo de comentários, pois isso faz TODA a diferença! Além do mais, digam o que acharam da nova capa e do novo banner ;)

É isso. Hasta la vista!

Tumblr da fanfic: http://fallen-fanfic.tumblr.com/
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