Fallen escrita por Milly Winchester


Capítulo 11
Fantasmas do passado


Notas iniciais do capítulo

OI OI OI MIGOSSSS! Sim, eu estou viva!
Sei que demorei e peço milhões de desculpas, mas aqui estou eu, finalmente, trazendo o capítulo novo pra vocês. Ele tá bem grandinho (gigante), espero que não se importem e que gostem!

Música do capítulo:

Numb — Linkin Park (melhor música, dói até na alma)



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Levei a xícara do Batman pertencente à Dean aos lábios e soltei um suspiro de insatisfação. O silêncio tomava conta do bunker e eu estava completamente sozinha na biblioteca, bebendo um humilde café que eu mesma aprendi e preparei e folheando um livro no qual eu buscava respostas, ou até mesmo uma solução para o meu problema que insistia em me perturbar. Já faziam três dias desde a volta de Dean do inferno e até então ele não tinha dito nenhuma palavra sequer, e por isso eu estava bastante preocupada. Já não bastava o problema que eu já possuía, este tinha que vir no pacote somente para me atormentar.

Eu tinha que admitir, eu estava preocupada. Desde a sua volta, seu rosto esteve inexpressivo, como se ele simplesmente não conseguisse dizer o que estava preso em sua garganta. Eu sabia que havia algo preso em sua garganta, disso eu tinha certeza. Eu notei que, uma vez ou outra, quando perguntávamos sobre o que havia ocorrido no andar de baixo, Dean tentava balbuciar algo, contudo, depois de alguns segundos, ele simplesmente desistia e abaixava a cabeça, denunciando a sua falta de palavras.

Algo muito ruim acontecera no inferno, e eu deveria descobrir a todo custo. Suspirei novamente, passei mais uma página do livro e tentei focar no que realmente importava no momento, vulgo, o conteúdo no livro. Lá se encontrava uma possível solução para minha perda de controle com o uso de meus poderes, ou seja, ali dizia como eu poderia controlar as minhas habilidades e… Não desmaiar.

O título do exemplar era “Guia de Poderes para Bruxas, Demônios e Outras Criaturas”. Eu não sabia como diabos eu havia achado aquele livro, entretanto, não estava sendo muito útil. Durante a leitura, eu notava a presença de algumas frases e enigmas totalmente desprovidos de sentido algum, e era isso que me incomodava. Metade do livro era composto por essas coisas que eu não conseguia entender de jeito nenhum.

Fechei o livro e beberiquei o pouco café que ainda restava na xícara, deixando a mesma sobre a mesma. Posicionei minha mão em minha testa, me perguntando como eu conseguiria atingir o meu objetivo e como eu conseguiria extrair algo de Dean. Tirando-me de meus devaneios, escutei a voz de Dean.

— Beth?

Ergui a cabeça para olhar para Dean. Ele usava um pijama bastante engraçado, mas tentei me segurar para não rir. O Winchester franziu o cenho e passou os olhos por toda a mesa, tentando de alguma forma descobrir o que eu estava fazendo. Sem hesitar, ele se aproximou da mesa e virou o livro para ver o seu conteúdo. Após ler uma parte, sua expressão passou de confuso para desapontado, pelo menos era aquilo que eu conseguia deduzir.

— O quê? — questionei, erguendo as sobrancelhas.

— Isso é sério? Guia de Poderes para Bruxas, Demônios e Outras Criaturas? Acha mesmo que isso — disse dando uma pausa, apontando para livro e dando ênfase à palavra. — Vai te ajudar com o seu problema?

Dei de ombros e encarei o livro sobre a mesa. Suspirei de insatisfação e cobri o rosto com as mãos, abafando a minha voz.

— Eu só não sabia mais o que fazer…

Tirei as mãos do rosto e fixei o olhar no livro. Ele puxou uma cadeira e sentou ao meu lado. Apoiou os braços na mesa e me encarou profundamente. Eu fiz o mesmo e ele ergueu as sobrancelhas.

— Isso está relacionado com algo que Lúcifer lhe disse?

— Não… — balancei a cabeça. — Está relacionado com Helena.

Ele abaixou as sobrancelhas e revirou os olhos, como se esse nome lhe proporcionasse um ódio instantâneo.

— O que ela disse?

Franzi o cenho, tentando me lembrar das palavras exatas que o anjo desgraçado havia me dito.

— Disse que meus poderes eram minhas ruínas e que, eventualmente, eles seriam a causa da minha morte. E sabe, Dean… Sei que de alguma forma ela está certa. No fundo, sei disso. No fundo, sei que não há como negar e como impedir isto.

— Do que está falando? — indagou estupefato. — Não dê ouvidos à Helena. Garanto que só disse isso para deixá-la mal.

Levantei a cabeça que outrora se encontrava abaixada e nossos olhares se encontraram. Eu tentei, de alguma maneira, achar um refúgio nos olhos verdes do Winchester, entretanto, nada parecia me oferecer uma gota de esperança.

— É tudo uma mentira. Seus poderes não são as suas ruínas e muito menos a causa de sua morte. Eles podem ser controlados e sabe disso. Se você não soubesse, se não houvesse esperança em seu coração, não estaria lendo esse livro inútil. Ele não vai lhe ajudar em nada! Temos opções melhores, basta lutarmos por isso.

Bufei e balancei a cabeça, tentando me livrar daqueles pensamentos.

— Tudo bem. Talvez você tenha razão — afirmei. — Ainda não quer contar sobre o que descobriu no inferno?

Dean ficou em silêncio e passou a língua nos lábios. Ele parecia não querer falar sobre isso, como o esperado. Estreitei os olhos e não esperava que algo saísse da boca de Dean.

— Na verdade, estou — respondeu após alguns segundos, surpreendendo-me. — Me desculpe não ter contado antes, é que… Eu precisava de um tempo para processar, um tempo para digerir as informações e um tempo para poder controlar o meu ódio.

— Ódio? — semicerrei os olhos.

— O seu pai, Beth. Foi ele quem libertou Lúcifer de sua jaula. Sem ofensas, mas, Deus é um verdadeiro babaca. De acordo com tudo o que ouvi no inferno, o motivo era uma segunda chance. Que tipo de idiota dá uma segunda chance para alguém que planeja o Armagedom?

Pisquei algumas vezes. Agora era a minha vez de processar aquela informação. Naquele mesmo instante, por mais incrível que pareça, o ódio também tomou conta de mim.

— O meu pai? — perguntei mais uma vez, tentando me certificar de que aquilo não era algum sonho ou coisa do tipo. — Eu simplesmente não consigo acreditar no que está dizendo.

— Pois acredite. As fontes são confiáveis — Dean estreitou os olhos, deixando sua decepção bastante visível.

Me recompus e pigarreei, finalizando a digestão do que Dean havia acabado de me contar. Engoli em seco e olhei para ele novamente.

— Tudo bem. Obrigada por contar — agradeci.

Dean assentiu.

— Nós investigamos mais sobre a cidade que Kevin falou sobre… Telluride é uma cidade de dois mil habitantes aproximadamente, no Colorado. Partiremos pela manhã e investigaremos mais sobre isso. Eu estou desconfiado de que não sejam apenas fantasmas possuindo os cidadãos…

— Bom, não saberemos se não formos até lá, certo? — ergui uma sobrancelha.

— Tem razão, e é por isso que deveria dormir. Será uma viagem longa até o Colorado, você não pode estar cansada.

Apertei os lábios, fechei o livro, levantei da cadeira e caminhei até a prateleira de onde eu havia tirado o mesmo, colocando-o no lugar certo.

— Não estou com sono — declarei.

— Acho que está. Vá dormir. Temos o dia todo amanhã — aconselhou.

Bufei e me rendi, virando-me para a escada e sussurrando um boa noite para Dean Winchester. Ele também desejou um para mim e eu subi até o segundo andar. Cambaleei até o meu quarto, fechei a porta e me atirei na cama, sentindo o sono me domar naquele mesmo instante, mesmo com todo o café que eu havia bebido.

***

Ajustei o blazer em meu corpo e puxei a saia mais para baixo, já que cada passo que eu dava usando ela, a desgraçada subia. Dean já tinha zombado de mim diversas vezes por causa disso, mas eu decidi ignorar e apenas seguir os dois irmãos que andavam até a delegacia.

— Onde está o Castiel? — questionei, me enfiando no meio dos dois irmãos.

— Ele disse que viria depois — respondeu Sam, abrindo a porta da pequena delegacia. — Primeiro as damas.

Agradeci com um aceno de cabeça e entrei no lugarzinho minúsculo e bastante peculiar. Um cheiro de tulipas fluía pelo estabelecimento, o que me deixou bastante relaxada. Apesar do aroma ótimo, o lugar estava caindo aos pedaços, eu tinha que admitir. A bancada era de madeira, assim como a delegacia inteira, o que lhe dava um aspecto rústico. Nos dirigimos à recepção e encontramos com o delegado, que ajustou o seu chapéu com uma estrela entalhada de maneira cordial.

— Senhor… Mitchell? — li o nome no uniforme do delegado. — Muito prazer, eu sou a agente Thompson, esse é o agente Harris — apontei para Dean. — E o outro é o agente Allen. Somos do FBI de Washington, ouvimos falar em mortes frequentes em sua cidade, estamos certos?

Mostramos nossos distintivos rapidamente e o delegado cruzou os braços sobre a bancada, soltando um suspiro desapontado, porém, ele manteve um sorriso de canto, provavelmente para demonstrar simpatia.

— Estão sim.

— Poderia nos contar mais sobre os ocorridos? — questionou Dean, ajustando seu paletó.

O delegado assentiu.

— Claro — respondeu de prontidão, exibindo um sorriso amigável. — Se importam de acompanhar-me até um lugar privado?

Balancei a cabeça em negação e o delegado Mitchell saiu de trás da bancada, andando lentamente até a porta que dava, provavelmente, para a traseira da delegacia. Era um lugar bastante bagunçado, haviam algumas mesas com toneladas de papelada bagunçadas — aquele lugar estava uma verdadeira confusão. Assim que notaram a nossa presença, os policiais saíram da traseira da delegacia saindo e nos deixando à sós. Senhor Mitchell nos guiou até a sua mesa e puxamos algumas cadeiras para que pudéssemos sentar bem à sua frente. Assim que todos estávamos acomodados, Mitchell pigarreou discretamente. Alisei a saia cor de grafite que eu vestia e, com um aceno de cabeça, permiti que o senhor Mitchell começasse a nos contar tudo que sabia.

— Bom, tivemos três mortes recentes e a última ocorrida foi testemunhada por uma garota. Tudo começou com Piper Adams, estudante da escola mais conhecida aqui em Telluride. Piper foi encontrada morta com a um buraco em seu baço, o que é muito misterioso. Eu não sei que tipo de máquina poderia ter feito aquilo na garota, mas eu acredito que seja um assassino, é bem impossível de um acidente destes acontecer de repente. Aliás, estou certo de que não temos posse de nenhuma máquina parecida com esta, poderosa o bastante para criar um buraco em uma pessoa.

Eu e Dean nos entreolhamos. Sua expressão não era nada boa.

— A segunda vítima foi Rose Feather, uma senhora de 80 anos bastante sociável. Pelos relatos dos moradores próximos à ela, Rose sempre foi uma vizinha muito amável e carinhosa, ninguém esperava uma morte tão violenta. Rose estava conservada, ainda fazia suas aulas de pilates e tinha dois filhos que a visitavam com frequência. Pobres coitados…

— Concordo plenamente. Prossiga, por favor — pedi educadamente.

O delegado Mitchell passou a mão pelo rosto, retomando o assunto.

— A terceira e mais recente vítima foi Bryan Terrison, foi encontrado morto em um beco aqui em Telluride. Temos uma testemunha, Maya Terrison, a irmã de Bryan, entretanto, ela não foi de muita ajuda.

— O que quer dizer com isso? — Dean franziu o cenho.

— Maya disse que uma garota morta matou ele.

Eu encarei Sam e Dean e suas expressão haviam piorado. Pelo visto, aquele era um péssimo sinal.

— Há alguma maneira de conversarmos com a senhorita Terrison? — perguntou Samuel.

— Bem, ela está abalada, mas posso dar a vocês o endereço dos Terrison sem nenhum problema — disse, levantando-se e virando-se para pegar alguns papéis que estavam sobre a mesa.

Eu e os Winchester nos levantamos das cadeiras e em seguida, o delegado me entregou uma folha com os dados de Maya Terrison. Despedimo-nos do delegado e saímos da delegacia, rumo ao Impala. Entreguei o papel para Sam e ele colocou o endereço de Maya no GPS. Dean dirigiu em silêncio até a casa dos Terrison, assim como eu e Sam.

Não demorou muito para que chegássemos ao nosso destino. Dean estacionou no outro lado da rua e nós descemos do automóvel. Retirei meu celular do meu bolso e verifiquei o horário. O relógio marcava uma e meia da tarde. Caminhamos até a soleira da porta dos Terrison e Dean tocou a campainha.

Após alguns instantes, uma garota bonita de cabelos longos e castanhos abriu a porta. Ela nos examinou calmamente antes de dizer qualquer coisa e eu pude notar a ausência de vida em seus olhos. Ela encostou a cabeça na porta e fechou os olhos, soltando um suspiro.

— Mais repórteres. Ótimo — sussurrou baixinho, contudo, não pude deixar de escutar. — Quem são vocês?

Dei uma cotovelada em Dean e Sam e peguei o meu distintivo no bolso de dentro de meu blazer. Ergui ele e os Winchester fizeram o mesmo.

— Agentes Thompson, Harris e Allen, do FBI de Washington.

A garota na porta semicerrou os olhos e ficou nos encarando por um tempo. Levou um pouco até que ela parasse com aquela coisa estranha e eu agradeci, pois já estava ficando constrangida.

— Deixe-me adivinhar. Querem saber sobre o assassinato do meu irmão, correto?

Aquela era a Maya, agora eu tinha certeza. Balancei a cabeça relutante, tentando não ofendê-la com esse assunto. Ela notou que não tinha saída e abriu mais a porta, deixando espaço para que entrássemos na casa.

Caminhei até um dos sofás que se encontravam no centro da sala e Sam e Dean fizeram o mesmo. Entre um sofá e outro havia uma pequena mesinha que os separava e Maya sentou no sofá que outrora estava vazio.

— Acabem logo com isso e perguntem o que querem — soltou inesperadamente, apoiando a cabeça nas mãos que estavam apoiadas pelos cotovelos nas pernas de Maya.

Eu, Sam e Dean nos entreolhamos. Dean decidiu começar, soltando um pigarro.

— Isso aconteceu há quatro dias, correto? Enfim… Conte-nos o que você viu.

Maya revirou os olhos. Eu sabia que já haviam feito aquela pergunta à ela pelo menos umas vinte vezes, e eu de certa forma a entendia. Eu não podia dizer que sabia como era o que ela estava passando, pois eu não sabia, mas eu sabia muito bem como era ser pressionada daquela maneira. Esse reconhecimento que tive do problema de Maya me proporcionou uma sensação desconfortável, o que fez eu me remexer lentamente no sofá, procurando uma posição na qual eu não estivesse propensa a vomitar ou algo do tipo.

— É, isso vai ser difícil — murmurou Maya para si mesma, passando a mão pela ponta dos cabelos castanhos.

Maya entrelaçou os dedos de ambas suas mãos e nos encarou, preparada para contar tudo. Naquele momento, eu admirei sua coragem. Se Sam, Dean ou Castiel morressem… Eu não sei o que seria de mim. Eu os conhecia há pouco tempo, mas eles eram a única família que eu tinha.  E meu pai… Ele não poderia ser considerado uma família. Tantas coisas acontecendo no mundo e ele simplesmente olhava? Além do mais, se ele fosse tão heroico, então por que soltara Lúcifer de sua jaula? Eu preferia não ter um pai do que tê-lo como o meu. Era um fardo terrível e ainda havia o bônus de que ele não parecia ligar muito para o fato de eu existir. Havia jogado tudo sobre os meus ombros e isso eu não poderia perdoar… Não tão cedo.

— Nós estávamos voltando da casa de um amigo, fizemos uma pequena reunião lá e já era bem tarde, creio que por volta das quatro da manhã. Nossos amigos ficaram bêbados demais e nossa carona acabou indo pelos ares, então como não tínhamos dinheiro para um táxi, decidimos caminhar até em casa.

Assenti e Maya mordeu o lábio.

— Estávamos no caminho para casa e Bryan quis pegar um atalho. No início, eu discordei, afinal, estava tudo escuro e eu tinha medo, mas algo me disse para parar com esse pavor todo e eu apenas concordei com Bryan. Quando nós estávamos no meio do beco, ela apareceu…

— Ela quem? — indagou Sam.

Maya olhou para baixo. Eu não conseguia imaginar o tamanho da dor daquela garota.

— Vocês não vão acreditar, assim como todos os outros. É melhor encerrarmos por aqui.

— Maya — chamei, fazendo com que ela voltasse sua atenção para mim. — Eu não posso lhe dizer nada nesse momento pois não sei como se sente, não sei o quanto isso dói, mas quero que saiba que o que quer que tenha visto, estamos dispostos a escutar.

A Terrison estreitou os olhos, hesitante. Suspirou pesadamente e retornou a encarar-me, rendendo-se.

— Emily. Ela matou Bryan.

— Quem é Emily, Maya? — perguntou Dean.

Maya se encolheu no sofá e não ousou responder a pergunta de Dean. Pude notar que ela tremia, como se aquilo a perturbasse, e eu tinha certeza que aquilo a perturbava. Ela apertou os olhos, aparentemente numa tentativa de criar coragem.

— Eu nunca contei isso para ninguém, isso sempre ficou entre eu e meu irmão, nem mesmo para as autoridades eu contei… Como vou saber se posso confiar em vocês?

— Você pode. Eu disse que estávamos dispostos a escutá-la e estamos, é só você falar — murmurei em um tom consolador.

Maya encolheu-se novamente, mas abriu a boca.

— Emily está morta. Eu e Bryan a matamos.

— O que… — balbuciou Sam, porém, ele foi interrompido por Maya.

— Não contem para ninguém, por favor, foi um acidente! Eu vou lhes contar tudo…

Sam, Dean e eu nos entreolhamos mais uma vez e voltamos nosso olhar para a Terrison sentada bem à nossa frente, mais encolhida e amedrontada do que antes.

— Era janeiro, quatro anos atrás. Eu e Bryan estávamos na escola à noite. Emily e sua irmã, Elle, faziam bullying conosco quando éramos bem pequenos, e conforme fomos crescendo, as duas pararam e nós demos a volta por cima… Você entendeu. Achávamos que estávamos sozinhos na escola naquela noite, porém, não estávamos… Fazia muito frio e isso só deixava a escola escura ainda mais assustadora, por isso, levamos uma vela e fomos bem agasalhados. Não tínhamos nenhuma intenção maldosa indo para lá naquela hora, só queríamos brincar, afinal, éramos apenas adolescentes bobos de quatorze anos. Para a nossa surpresa, Emily e Elle estavam lá, e como não gostávamos delas nem um pouco, decidimos propor um desafio a elas.

Franzi o cenho e Maya bufou.

— Fomos até o porão da escola e desafiamos as duas a ir até lá e de lá, trazer qualquer coisa que fosse bem velha e… Macabra, seja um daqueles anjos de porcelana que me dão arrepios ou qualquer outra coisa. Antes de irmos para o porão, Bryan pediu que eu as distraísse e as levasse até um lugar bem escuro da escola para assustá-las enquanto ele derramava óleo nas escadas do porão, como forma de vingança, apenas para que elas escorregassem e ganhassem uns belos roxos naquelas bundas gordas. É claro que eu achei hilário e concordei, então fiz o que Bryan pediu e as distraí. Quando voltei, levei as duas até o porão e Bryan apagou a vela, deixando apenas a luz do luar através da janela iluminando a escola. Emily e Elle, é claro, não suspeitaram de nada e quando foram descer as escadas, caíram juntas e foram parar no porão. É claro que, no momento, eu ri muito e achei que elas ficariam muito zangadas pela travessura, mas quando chamamos por seus nomes, elas não responderam. Descemos cuidadosamente as escadas e vimos que o chão era todo irregular, cheio de pregos e coisas do tipo, e eram muitos degraus até em cima, o que explicava porque Emily e Elle estavam sangrando tanto. Verificamos seus pulsos e não havia nada… Elas haviam morrido. Naquela hora, nos sentimos muito culpados e não sabíamos o que fazer, por isso, achamos uma velha pá no porão e enterramos os corpos de Emily e Elle no jardim da escola. Elas foram dadas como desaparecidas e o caso simplesmente foi esquecido. Talvez eu e Bryan tenhamos culpa… Talvez ele tenha merecido. Talvez eu mereça.

Encarei Maya, erguendo as sobrancelhas.

— Olha, Maya, não posso dizer que a ideia do seu irmão de pregar uma peça nas meninas foi algo legal, mas você também não pode se culpar. Você não sabia que isso acontecer, não sabia das consequências, era apenas uma criança. É errado? É, mas foi um acidente, você só tem culpa em querer fazer essa brincadeira de mal gosto, elas terem morrido não está em você, não é sua culpa, muito menos de seu irmão.

A Terrison deixou uma lágrima rolar por seu rosto. A mesma rapidamente foi seca pelas costas da mão de Maya, que agiu rapidamente em disfarçar seu sofrimento.

— Mas agora não há mais nada que eu possa fazer. Bryan está morto.

— Eu sinto muito — disse Sam, em um tom melancólico.

Maya balançou a cabeça, frustrada. Seu rosto se contorceu em uma careta e ela soluçou, levando as mãos à cabeça. A Terrison começou a sussurrar coisas inaudíveis.

— É tudo minha culpa — choramingou.

— Está errada, Maya. Você não tem culpa alguma — tentei acalmá-la novamente.

Levantei do sofá e caminhei até Maya, estendendo a mão para ela. A garota levantou a cabeça e hesitou antes de pegar minha mão, mas logo senti as pontas de seus dedos frios me tocando e segurando forte em mim. Ela levantou-se também e em um gesto inesperado, ela me abraçou. Eu sabia como era se sentir culpada. Em parte, eu sabia o que ela sentia. Eu correspondi o abraço, acariciando seus longos cabelos negros. Tudo que ela precisava era ajuda.

Separei-me dela e ela fungou.

— Mantenha contato. Caso algo aconteça, não hesite em ligar — sussurrei, entregando um cartão com o meu nome falso.

Maya pegou o cartão com as mãos trêmulas e assentiu rapidamente, segurando o pedaço de cartolina com força. Abaixei a cabeça cordialmente e andei até a porta, seguida de Sam e Dean. Abri a mesma e nós três saímos.

Deixei que uma lágrima escapasse e caminhei o mais rápido que pude até o Impala. Não deixei Dean e Sam verem que eu estava chorando, apenas entrei no banco de trás do carro e fiquei em silêncio.

***

TRÊS HORAS DEPOIS

Abri os olhos e tentei focar no livro que eu estava lendo. Resmunguei e ouvi um xingamento feito pela bibliotecária, já que aparentemente eu estava atrapalhando a leitura de algumas pessoas presentes naquela biblioteca com meus resmungos. Revirei os olhos e virei mais uma página.

— Beth! Achei!

Dei um salto e Dean se aproximou, lançando o livro sobre a mesa. O livro estava aberto em uma página com um símbolo estranho e indescritível. Franzi o cenho e olhei para Dean, que tinha uma expressão vitoriosa estampada no rosto. Ergui uma sobrancelha, denunciando a minha dúvida, e assim que ele notou, abriu a boca e decidiu explicar.

— A ascensão das testemunhas. É um dos 66 selos quebrados quando Lúcifer foi libertado do inferno na primeira vez. É uma espécie de julgamento, os mortos voltam para atormentar quem é, tecnicamente, culpado por suas mortes. Talvez há algum tipo de ritual para quebrar o selo desejado… Há alguém por trás disso.

— 66 selos? — indaguei curiosamente.

— Longa história. Bingo! — ele apontou para a lista de ingredientes do feitiço para acabar com a ascensão. — Ópio, absinto, tsuga… Deve ser feito com fogo a céu aberto.

— Ótimo, então faremos logo!

— Temos que ser cuidadosos — sussurrou e eu semicerrei os olhos. — Eles podem estar em qualquer lugar por aqui. Vamos para o hotel preparar algumas armas carregadas de sal.

Dean olhou para os lados, verificando se havia alguém por perto. Assim que se certificou de que não havia ninguém, discretamente arrancou a página do livro, dobrou e colocou dentro de seu bolso. Em seguida, devolveu o livro à estante que pertencia e ergueu a mão para que eu a pegasse e o acompanhasse.

Encarei para sua mão e ergui as sobrancelhas. Segurei a mão de Dean, hesitante, e assim que eu levantei da cadeira, fiz questão de soltá-la imediatamente pois isso começaria a ficar constrangedor.

Fomos seguidos por Sam até o Impala e Dean dirigiu até o hotel. Ao chegarmos  lá, Dean estacionou o veículo e nós fomos direto para o nosso quarto. Dean pediu que eu me sentasse em frente a uma mesa presente no quarto e eu obedeci. Pouco tempo depois, ele trouxe algumas balas vazias e me ensinou como preenchê-las.

Até que não era tão difícil quanto eu pensava. Adquiri a habilidade com bastante facilidade e Dean pareceu gostar disso.

— Está pegando o jeito — ele elogiou enquanto colocava as balas dentro da arma.

— Pareço estar — admiti, fazendo o mesmo que ele fazia.

— Sairemos à noite — informou concentrado.

— Tudo bem — larguei a arma sobre a mesa. — Se me dá licença, vou tomar um banho. Coisa rápida, volto logo.

Dean assentiu com um aceno de cabeça e eu caminhei até a mochila que eu trouxera para Telluride. Apanhei roupas limpas e me dirigi ao banheiro. Sam ainda estava pesquisando algo em seu laptop que eu não soube dizer o que era. Ignorei e fechei a porta do banheiro atrás de mim.

Despi-me e entrei debaixo da água quente. Deixei que a mesma escorresse por minha pele e lavasse a minha alma, por mais poético que isso soe. Eu quase não vi o tempo passar e quando percebi já estava há quinze minutos no banho. Tratei de finalizar minhas higienes e saí debaixo do chuveiro.

Peguei a toalha branca de hotel que estava pendurada no toalheiro e me enrolei na mesma. Com passos lentos, caminhei até em frente ao espelho e passei a mão pelo espelho borrado pelo vapor. O objeto voltou a mostrar minhas feições.

Suspirei e notei que um ar frio saíra de minha boca. Franzi o cenho e olhei para os lados, confusa. De onde tinha saído esse frio? Apertei mais a toalha contra o meu corpo e olhei para trás, me deparando com alguém que eu não esperava ver nem em mil anos.

— Belinda? — indaguei, confusa.

A velha freira não sorriu para mim e eu recuei, dando dois passos para trás. Como diabos ela estava ali?

— Olá, Elizabeth. Como vai?

— Você está morta! Morreu antes mesmo de eu matar o metamorfo que se apossava de sua identidade!

Belinda riu ironicamente e revirou os olhos, como se eu estivesse contando algum tipo de piada suja. Por que ela estava rindo e como ela estava ali? Será que eu estava louca? Delirando devido ao uso exagerado dos meus poderes? Seria esse outro efeito colateral dos poderes?

— Então está muito enganada, docinho. Quando você matou o metamorfo, eu ainda estava viva. Você poderia ter me salvado.

Engoli em seco.

— E como íamos saber que a senhora estava viva?

— Era só terem insistido! — esbravejou. — Mas não… Vocês abandonaram Gardner como se tivessem cumprido vossa missão. Deus não tolerará seu pecado sujo, Elizabeth! És uma ofensa ao nosso Pai!

Apoiei minhas mãos na pia, totalmente aterrorizada pelas palavras que a freira proferia. Eu não sabia se ela sentia realmente aquilo, mas, de certa forma, ela tinha uma parcela de razão. Eu era mesmo uma ofensa, um desastre, apenas mais um projeto falho de meu Pai.

— E agora, querida, você vai sofrer. Vai sofrer como outros metamorfos me fizeram sofrer quando souberam que a filhinha de Deus matou o metamorfo líder do bando. Talvez Deus tenha piedade de sua alma… — ela se aproximou mais ainda, ficando a pouquíssimos centímetros de minha pessoa. — Ou não.

Dito isso, Belinda enfiou sua mão em meu tórax, indo em direção ao meu coração. Uma dor excruciante se apossou de mim e um grito escapou de meus lábios. Lágrimas se formaram em meus olhos e eu senti o meu ar se esvaindo conforme Belinda se aproximava do meu coração. Fechei os olhos e admiti para mim mesma que aquele seria meu fim, mas inesperadamente, escutei um tiro e senti tudo ser posto em seu lugar. A dor foi embora e eu abri os olhos, derramando algumas lágrimas involuntariamente.

Dean estava na porta com a arma de sal em mãos. Ele abaixou a mesma e viu que eu estava só de toalha. Ruborizei e sequei o rosto com as costas da mão. Seu semblante era preocupado e ao mesmo tempo constrangido por me ver quase… Nua.

— Voce esta bem? — questionou, estreitando os olhos para não me deixar mais constrangida ainda.

— Estou — respondi em um fio de voz, me encolhendo. — Obrigada.

Ele balançou a cabeça e fechou a porta para que eu me trocasse. Assim eu o fiz: vesti as roupas limpas e saí do banheiro. Dean, que estava sentado em frente à mesa com seu celular em mãos, me olhou de soslaio. Sentei sobre a cama que eu dormiria e olhei para minhas próprias mãos.

Escutei o discar do telefone de Dean e o Winchester levou ele ao ouvido para fazer uma ligação. Logo, a pessoa do outro lado da linha atendeu.

— Cas? Oi, precisamos da sua ajuda — pediu. — Sim, é urgente — fez uma pausa para que Castiel falasse. — Precisamos de ingredientes para o feitiço que acaba com a ascensão das testemunhas — informou. — Sim, está acontecendo. Pode nos ajudar? — indagou esperançoso. — Ópio, tsuga e absinto — respondeu. — Obrigada, Cas.

Em poucos segundos, ouviu-se um farfalhar de asas e Castiel apareceu no quarto com três recipientes em mãos. Ele colocou os mesmos sobre a mesa e bateu uma mão na outra, como se estivesse tirando a poeira.

— Como chegou aqui tão rápido? — perguntei curiosa.

— Tenho meus truques — disse seriamente.

— Cas, existe algum feitiço para quebrar os 66 selos mesmo com o Lúcifer já fora da jaula? — Sam fechou o laptop e levantou para guardá-lo em sua mochila.

Castiel franziu o cenho e abriu a boca, como se tivesse lembrado de algo.

— Sim, é possível, e precisamos descobrir quem está fazendo isso. Rápido — murmurou. — Então, quando farão o feitiço?

— Estávamos pensando em… — Sam tentou falar, porém, foi interrompido pelo toque do meu celular falso que eu usava para fingir que era do FBI.

Peguei o celular de dentro do bolso da minha jaqueta e pedi desculpas para os Winchester. Olhei o visor e percebi que era um número desconhecido, porém, não pude deixar de atender.

— Agente Thompson, como posso ajudar?

Agente, por favor, me ajude! — gritou Maya do outro lado da linha.

— Maya? — falei seu nome. — O que aconteceu?

Emily… Ela está aqui… Eu preciso da sua ajuda. Venha rápido, por favor, ela vai me pegar — berrou desesperada. — Não, você de novo não… Não! — ela exclamou um pouco distante do telefone e a ligação caiu.

Sam, Dean e Castiel me encaravam curiosos e eu me levantei da cama de prontidão. Peguei uma das armas de sal sobre a mesa e segurei com força.

— Maya precisa de ajuda.

***

Estacionamos na frente da casa dos Terrison e já eram oito horas da noite. Desci do carro e me certifiquei de que minha arma de sal estava segura dentro da minha jaqueta. Dean fez um sinal com a cabeça para que eu seguisse ele e Sam e assim eu o fiz. Sam bateu na porta e poucos segundos depois, uma Maya com o rosto vermelho e inchado abriu.

— Obrigada! — ela agradeceu, me dando um abraço rápido. — Eu consegui me livrar dela, pelo menos por enquanto.

— Como? — indaguei.

— Pesquisei na internet como afastava um fantasma e bati nela com uma estaca de ferro — ela soluçou e mostrou o grande objeto em suas mãos. — Eu estou delirando? Fantasmas são mesmo reais?

Entramos em sua casa e eu pousei minha mão em seu ombro.

— São, Maya. E nós… — eu olhei para Sam e Dean, esperando suas aprovações e assim que eu as recebi, pigarreei. — Não somos agentes do FBI.

— O quê? — ela sussurrou, surpresa.

— Não se preocupe, estamos aqui para ajudar — acalmei-a de lancei um olhar para Sam, mentalmente pedindo que ele explicasse a ela.

— Eu sou Sam, ele é Dean e ela é Elizabeth. Somos caçadores e lidamos com esse tipo de coisa pela qual está passando. Fantasmas, vampiros, lobisomens, demônios… Tudo é real. Sei que não deveríamos lhe contar isso, mas… É necessário. Para a sua segurança — explicou Sam.

— A droga do Crepúsculo é real? Deus, em que mundo vivo… Com que tipo de fantasma estamos lidando, exatamente? Que tipo de fantasma faz um buraco em uma pessoa? — Maya franziu o cenho.

— Longa história. Você tem uma lareira? — questionou Dean, olhando ao redor.

Maya estreitou os olhos, aparentemente perguntando a si mesma o motivo daquela pergunta.

— Tenho… Por quê?

— Temos que fazer um feitiço para acabar com esses fantasmas vingativos — disse Sam.

Maya estranhou, porém, concordou. Estávamos em silencio e Maya abriu a boca em desespero, apontando para trás de mim. Eu virei-me para trás e dei de cara com uma garota loura. Supus que aquela seria Emily e ela tentou enfiar a mão em meu tórax para poder chegar até Maya, porém, eu retirei a arma de minha jaqueta nela e atirei. Ela sumiu em meio a uma fumaça no mesmo instante.

— Essa é a Emily? — perguntei ofegante.

Maya assentiu, incrédula. Eu e Dean nos entreolhamos e ele pediu a Maya que mostrasse onde ficava a lareira. Fomos até a sala e empurramos uma mesa até a lareira, para que eu pudesse fazer o ritual. Dean pediu que eu fizesse o feitiço e ele nos defenderia.

Sam fez um círculo de sal e eu e Maya entramos nele. Dean me entregou os ingredientes e um recipiente para que eu fizesse o ritual. Também entregou uma folha com as palavras que eu deveria recitar, então nos preparamos para fazê-lo. Maya apenas ficou me observando enquanto eu misturava o ópio, o absinto e a tsuga. Até agora tudo estava calmo, o que era bastante suspeito.

Pronto, meu prazer havia acabado. Outra garota loira apareceu bem ao lado de Sam e o lançou para longe. Seria aquela a Elle?

— Maya — disse a fantasma.

— Elle? — gaguejou Maya.

Elle sorriu e lançou Sam e Dean para longe. Entreguei a arma para Maya e ela me encarou, completamente confusa.

— Atire, Maya!

Comecei a proferir as palavras do ritual e Maya atirou em Elle. Belinda apareceu e apesar de quase não ter conseguido, Maya também atirou nela. Sucessivamente, Emily também apareceu e Maya estava se saindo muito bem. Porém, o que não esperávamos é que Emily abrisse a janela e um vento entrasse pela mesma, desfazendo o círculo de sal.

Elle também apareceu ao lado de Emily e veio até mim. Proferi a última palavra do ritual e Elle enfiou sua mão em meu tórax. Senti a dor excruciante pela segunda vez naquele mesmo dia e olhei para Maya em desespero.

— Lareira! — sussurrei em um fio de voz.

Maya captou a mensagem e lançou a tigela com os ingredientes na lareira. O fogo adquiriu uma tonalidade azul e Elle e Emily desapareceram. Arfei devido à falta de ar e encarei Maya, que estava prestes a chorar.

Subitamente, eu a abracei. A Terrison tremia em meus braços. Nos afastamos e ajudamos Sam e Dean a levantar. Por sorte, todos estávamos bem. O que me preocupava era a segurança de Maya, já que agora ela sabia de tudo sobre caçadas.

Maya nos acompanhou até a porta e eu abracei novamente.

— Até algum dia, Beth. E obrigada… Por tudo — Maya sorriu.

— Até. Não há de quê.

Saímos da casa dos Terrison e decidimos passar no hotel para recolher nossas coisas que haviam ficado lá. Ao chegarmos lá, juntamos as coisas e Sam disse que iria esperar eu e Dean no carro.

Dean percebeu que eu estava chorando silenciosamente enquanto guardava o resto das minhas coisas em minha mochila. Ele tocou meu ombro e eu me recusei a mostrar que eu estava chorando, porém, acabei soluçando, o que fez com que ele me virasse à força.

— Beth… Por que está chorando?

— Eu a entendo, Dean — respondi entre lamentos. — Eu entendo porque ela se culpa.

— Vai começar com isso novamente?

Dei as costas para Dean e soquei meu livro dentro da mochila e a fechei, virando-me de novo.

— Vou. Até porque é a mais pura verdade. Eu sei que é. É tudo minha culpa, Dean. As pessoas que estão morrendo… Se eu não tivesse simplesmente aparecido, talvez Lúcifer não tivesse sido libertado da jaula. Você sabe que eu tenho razão, só não quer aceitar. Além do mais, eu vou estragar tudo, Dean. Sinto que vou — declarei, secando meu rosto e pondo a mochila em meus ombros.

— Você não vai, Beth. Eu confio em você. Nós confiamos. O que custa tentar ser a heroína tão esperada por todos?

— Não custa nada, mas eu vou acabar arruinando tudo. Meus poderes, Dean. São a minha ruína, e não o que me deixam forte. Veja, eu não consigo nem controlá-los direito… Por que acha que consigo salvar o mundo com eles?

— Basta treiná-los — aconselhou, levantando os lábios em uma linha severa.

Encarei o chão.

— Não duvide de si mesma. Você consegue.

Encarei Dean e vi a verdade em seus olhos. Ele se aproximou e eu abracei, sussurrando agradecimentos para ele. Assim que nos afastamos, pegamos nossas coisas e saímos do hotel. Fomos até o Impala, onde Sam nos esperava impaciente.

— Rolou alguma coisa para tanta demora?

Dean revirou os olhos.

—  Cale a boca, Sam — ordenou Dean, girando a chave da ignição.

Então, partimos de Telluride, rumo a Lebanon.

“I’ve become so numb

I can’t feel you there

Become so tired

So much more aware

I’m becoming this

All I want to do

Is be more like me

And be less like you.”

— Linkin Park, Numb


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Deixem seus comentários e eu prometo que vou tentar não demorar a postar o próximo kkkk

XOXO, Milly.

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