Harry Potter e o Orbe dos Universos escrita por RedHead


Capítulo 65
Recém-chegados


Notas iniciais do capítulo

Queridos, mais um capítulo pra vcs ♥ Esse já estava escrito faz um tempo, mas só consegui betar agora... e agora que ele está digno de vocês, só tenho a desejar uma coisa:

Boa leitura!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/653605/chapter/65

O tempo estava ficando cada vez mais quente a cada dia conforme o mês de junho avançava. As noites, cada vez mais curtas, começaram a exigir feitiços que refrescassem a casa e pequenas armadilhas para os insetos que se multiplicavam, e nem mesmo as fortes pancadas de chuva ajudavam muito a refrescar o tempo.

Conseguir comida tornou-se mais fácil, agora que os animais da floresta saiam mais frequentemente de suas tocas, mas mesmo assim Harry e os outros passaram a fazer pequenas excursões até o vilarejo próximo a cada poucos dias. Não somente eles iam com o objetivo de pegar mantimentos que a floresta não oferecia, mas também estavam se sentindo demasiadamente sufocados dentro da Casa de Pedra, e qualquer notícia exterior era bem-vinda. Inicialmente, Lily e Mione não ficaram satisfeitas com a ideia de confundir trouxas em supermercados para conseguir esses mantimentos, mas a ideia de comer lebre e cogumelos mais um dia as convenceu que, sem dinheiro, era o melhor que podiam fazer.

Desde que chegara na Casa de Pedra, os dias passavam lentos aos olhos de Harry, e as olheiras se acumulavam sob seus olhos quando ele estava responsável pela excursão ou pela ronda noturna. Além disso, aquele verão estava especialmente quente, impedindo que ele tivesse uma boa noite de sono.

Espreguiçando-se, Harry ajeitou-se novamente na poltrona, e passou os olhos pela orla da floresta pela décima vez desde que se sentara na sala. A Casa de Pedra estava muito silenciosa, e a falta do ressonar calmo de Ron e Ronald indicavam que ele não era o único que não conseguia dormir.

Preocupado, Harry lançou o olhar novamente para o horizonte alaranjado, esperando pela silhueta de alguém pelas árvores, mas apenas as folhas se moviam naquele início de manhã. Já fazia dois dias que Gui havia partido ao encontro de Fleur, e a falta de notícias estava estressando a todos. Harry sabia que isso estava afetando a moral deles, por isso, no jantar da noite anterior sugeriu que passassem a duelar entre si para manterem a boa forma, além de fazerem buscas por membros da ordem que ainda estivessem dispostos a lutar. A ideia de Harry foi bem recebida, e a noite ficou subitamente clara quando os que sabiam conjurar um Patrono o fizeram, e as criaturas prateadas flutuaram calmamente pela noite carregando a notícia de esperança para todos os cantos da Grã-Bretanha, pedindo para quem ainda quiser lutar, que os encontrasse no lugar secreto da Ordem.

O céu estava ficando cada vez mais azul, e Harry olhou para a figura adormecida de Lottie no sofá ao seu lado. Era a vez de James e Lily fazerem a ronda e ela simplesmente não estava conseguindo dormir, por isso passara quase toda a noite em claro, conversando com Harry em sussurros até que o sono a venceu pouco antes do amanhecer.

Desesperado por algo em que entreter sua mente, Harry esticou a mão e pegou a edição d’O Profeta diário estirada na mesa de centro, mesmo que ele já houvesse decorado seu conteúdo. O jornal tinha sido afanado em uma das rondas de Fred e George, que após terem cruzado com um bruxo em fuga, conseguiram pegar o maço de papel sem que fossem vistos.

Tal aquisição fez com que os habitantes, antes jogados em um marasmo sufocante, entrassem em um frenesi até que Lily e Molly ameaçaram desaparecer com o jornal se todos não se comportassem devidamente. O silêncio foi instantâneo, e Percy e Remus foram eleitos para se revezar e ler as notícias impressas no papel.

Draco chorou aliviado por horas ao ver uma nota de rodapé sobre os seus pais, indicando que ainda estavam vivos apesar do que ele havia feito ao fugir com Harry. Dobby, inclusive, precisou tomar uma poção para acalmar os nervos.

Remus ficou especialmente tocado pela notícia da morte de Clarisse Oak, a mestra de varinhas que havia feito a sua varinha quando ele finalmente se liberou da maldição Imperius. A mulher fora abatida ao tentar proteger uma família de trouxas de um grupo de comensais, mas no final tanto a bruxa como a família foram executados depois que a senhorita Oak matou dois dos comensais que os ameaçavam.

Não haviam muitas outras notícias sobre Dumbledore, e Harry tomou isso como uma boa notícia. Certamente, se o velho tivesse sido morto, os jornais não permitiriam que esse fato fosse esquecido por meses, e por isso, Harry ficava grato.

Mione, no entanto, estava mais tensa com a falta de notícias sobre Dumbledore e Voldemort.

— Eu sei como os jornais funcionam, Harry, meu trabalho muitas vezes é diretamente ligado a isso – dizia Mione, balançando a cabeça – E você, acima de todos nós, sabe como O Profeta mente e omite coisas... Ainda mais sob o governo de Voldemort. Será que ele descobriu que sabemos sobre as horcruxes?

— Haveria algum sinal se isso tivesse acontecido, Mione – Harry a confortava – Sabemos que ele não sente quando as horcruxes são destruídas. Além disso, ele é tão arrogante que nunca suspeitaria que alguém descobriu o seu maior segredo... especialmente se Belatriz não contou que roubamos a Taça, o que ela não fez, ou saberíamos.

Mione sempre parecia menos estressada após essas conversas, mas Harry não conseguia tirar a hipótese de Voldemort já estar esperando por eles quando eles finalmente invadissem o Coração do Diabo. O elemento surpresa era um ponto crucial de seu plano, e Harry não conseguia imaginar as defesas que Voldemort poria no castelo caso desconfiasse que ele poderia ser invadido. Toda essa preocupação com até onde Voldemort sabia sobre seus planos havia minado seu sono.

Olhando com um pouco de inveja para o corpo virtualmente imóvel da irmã, Harry esticou as costas, sentindo algumas vertebras estalarem. A súbita perda de pressão nas costas o impeliu a levantar de onde estava sentado e fazer uma xícara de chá. Entretanto, Harry não chegou a sair da sala, pois sua visão periférica notou uma movimentação suspeita vindo de dentro da floresta.

Desconfiado, Harry tomou a varinha em punho e seguiu em direção ao jardim da casa, que dava diretamente na área da floresta onde ele havia visto o movimento momentos atrás. Cautelosamente, Harry seguiu em frente, apurando os sentidos e abrindo os ouvidos o melhor que pode, estudando cada sombra que a copa das árvores fazia.

Seus ouvidos foram mais rápidos que seus olhos e logo após um rápido farfalhar de folhas, Harry viu uma figura pequena e encapuzada surgir de um arbusto próximo, mas ele não ergueu a própria varinha. Ao contrário, Harry abriu um enorme sorriso aliviado e exclamou:

— Tonks!

— Por Merlin, Harry, é você! – Tonks ergueu as próprias mãos e retirou o capuz, revelando um rosto envelhecido e marcado por alguma doença, com cabelos brancos desgrenhados – Eu estive procurando por vocês desde que vi o Patrono de Molly onde eu estava escondida... Como me reconheceu?

— Sua magia é inconfundível - Harry sorriu, e conduzindo a amiga pelo braço a levou até o limite do Feitiço Fidélius, revelando a Casa de Pedra para ela. Surpresa, Tonks esqueceu de mudar a outra metade do cabelo para o típico rosa chiclete característico, deixando-o metade branco inconscientemente.

— Então esse é o famoso esconderijo de Dumbledore – sussurrou a metamorfomaga, para ninguém em especial – Sirius já me contou sobre, mas eu nunca pensei que fosse ter que vir até aqui.

— Agora é meio que o novo centro de operações da Ordem – Harry informou – Sirius, Remus e minha família estão aqui, assim como meus amigos de meu universo e Hermione... Draco veio comigo, e os Weasley chegaram faz pouco mais de duas semanas. Eles vão ficar muito felizes de te ver.

Lottie foi a primeira a ver Tonks chegar, e recepcionou a amiga com lágrimas e um abraço que quase a derrubou. O súbito barulho na sala fez com que os que já estavam acordados descessem rapidamente as escadas, e em questão de minutos a manhã ficou cheia de vozes animadas e felizes, enchendo Tonks de perguntas que ela mal tinha tempo de responder.

— Parem já com isso! – exclamou Molly, sentando Tonks protetoramente em uma poltrona e passando a mão em sua cabeça – Não veem que a menina passou por um mau bocado? O que ela precisa é de uma boa refeição e uma boa cama, e não que vocês fiquem perturbando com perguntas e... – Molly se aprumou de repente, olhando pela janela – Aqueles são...?

Não houve tempo para Molly terminar sua pergunta, a porta da sala fora praticamente arrancada de suas dobradiças quando Lily e James, muito pálidos entraram correndo.

— SAIAM DA FRENTE! – gritou James de um jeito que Harry nunca vira, tirando com as próprias mãos quem quer que estivesse perto do sofá, enquanto Lily depositou com extremo cuidado alguma coisa pequena e peluda entre as almofadas.

Confuso com a situação, Harry aproximou-se cautelosamente e percebeu que, no meio das almofadas desgastadas, um pequeno gato estava encolhido, tremendo e muito machucado. Sua pelagem, debaixo do sangue seco era cinzenta e malhada, com marcas características e inconfundíveis nos olhos.

— Professora? – perguntou Harry, surpreso – O que houve com ela?

— Não sabemos, a encontramos na entrada do vilarejo, praticamente desacordada – respondeu Lily, trabalhando no pequeno corpo com a varinha, estancando o sangue e emendando a pele – James a reconheceu de longe no fim da ronda, mas só vimos como estava machucada quando chegamos perto...

— Mas porque tia Minnie não se curou sozinha? – perguntou Lottie, segurando o braço de Harry com tanta força que chegava a machucar – Porque ela continua um gato?

— Algum trauma, com certeza – respondeu Sirius, em um fio de voz, o rosto branco como o de James – Ela precisa de alguma coisa Lily? Temos ainda poções para animar, repor o sangue, fazer dormir... A poção para anestesiar ainda está no fogo, mas se aumentarmos a chama talvez...

— Preciso de toalhas limpas, algodão ou qualquer tecido limpo – disse Lily eficientemente – E meio copo de poção para repor sangue, agora!

Vários pares de pés puderam ser ouvidos correndo para vários lugares da casa em busca dos objetos pedidos por Lily. Em poucos segundos o chão da sala estava coberto por lençóis, toalhas, blusas e até mesmo meias.

O sol já havia levantado quando Lily terminou seus serviços e a pequena gata abriu os olhos lentamente. Uma onda de alívio passou Harry, e ele sentiu os nós em seus ombros se desfazerem um pouco ao ver a professora McGonagall lamber a poção escarlate em um pires que Sirius segurava com extrema cautela.

Os poucos segundos seguintes pareciam se arrastar eternamente, mas Harry observou com paciência a professora terminar seu pires e ajustar-se lentamente nas almofadas. Seus pequenos olhos dourados fecharam-se lentamente e logo a pequena gata estava em um agradecido sono profundo.

***

James não saiu do lado da professora McGonagall nem um segundo. A cada pequeno movimento da gata nas almofadas, ele se ajeitava no chão em frente ao sofá, preparado para ajudar no que fosse, mas ela não acordava, e ele retomava sua vigilância.

Sirius e Lily também ficaram vigiando a professora por alguns quartos de hora, mas quando Tonks retornou de um longo e merecido banho e começou a relatar o que aconteceu com ela nas últimas semanas, eles se reuniram aos outros na cozinha para ouvir o que ela tinha para contar.

— Depois que Dumbledore se rendeu e as pessoas começaram a aparatar, eu peguei Madame Pomfrey e aparatei para o primeiro lugar que me lembrei, a antiga casa dos meus pais – disse Tonks, com um pedaço de pão na mão, mordiscando o mesmo – Mas quando eu cheguei lá... – uma pequena lágrima escorreu dos olhos da bruxa, e nada mais precisou ser dito.

— Onde a enterrou? – perguntou Carlinhos, pesaroso.

— No jardim, junto à um pequeno canteiro onde minha mãe plantava papoulas – respondeu Tonks, encarando seu pãozinho – Ela tinha sido atingida em batalha, e eu acho... acho que já estava morta quando eu peguei a sua mão para fugirmos.

Um silêncio desconfortável abateu sobre todos, e o único barulho que se ouvia no momento era a água com macarrão fervendo para a janta e o barulho ritmado de facas encantadas cortando tomates para o molho.

— Madame Pomfrey sempre foi boa comigo, cuidando dos meus machucados sem nunca reclamar – disse Carlinhos, com a cabeça baixa – Sua morte, assim como a de tantos outros, nunca será esquecida.

Com um leve manejar de varinha, Carlinhos conjurou uma garrafa de whisky de fogo e copos, que ofereceu a todos.

— À Madame Pomfrey – ele ergueu o copo, e tomou-o de um só trague, sendo copiado pelos outros.

— E então, o que você fez depois? – perguntou Lottie, que não havia saído do lado da melhor amiga desde que ela havia chegado – Ficou escondida essas semanas na casa dos seus pais?

— Não, comensais apareceram na segunda noite em que eu estava lá – disse Tonks, aborrecida – Estuporei dois deles, e quase arranquei o braço de outra... mas tive que fugir de novo. Então me disfarcei de velha pedinte. Consegui dinheiro suficiente para não passar fome, mas tinha que dormir nas ruas. Eu estava completamente sem opções do que fazer quando vi o Patrono da Lily, dizendo para vir ao lugar seguro da Ordem. Eu nunca tinha vindo parar aqui, sabem – disse Tonks, apoiando-se na mesa para pegar outro pedaço de pão – Mas sabia que era por perto dessa floresta pelo que Sirius me falou uma vez, então fiquei rondando por alguns dias até que Harry me encontrou.

— Lily! – James gritou, da sala, a voz meio desafinada - Tia Minnie está acordando!

Sirius foi o primeiro a chegar até James, tamanha preocupação com a antiga mestra. Harry e os outros também não tardaram a se amontoar em volta do sofá onde a gatinha se espreguiçava e abria lentamente os olhos dourados, agora mais energéticos.

— Ora, deixem ela respirar! – esbravejou Lily.

Em um olhar silencioso, a gata agradeceu a Lily, e espreguiçou-se gostosamente, esticando todas as suas costas, até o rabo cinzento. Só então sentou-se no sofá, muito ereta e fechou os olhos, concentrando-se. No entanto, nada aconteceu.

— Tia Minnie, a senhora está bem agora, já pode voltar a sua forma humana – encorajou Lottie, mas a professora McGonagall apenas encarou as próprias patas, devastada.

— O que está acontecendo? – perguntou James para Lily, que parecia estar tão confusa quanto ele.

— Ela não está conseguindo voltar ao normal – disse Harry – Está, professora?

A gata olhou para Harry e balançou a cabeça para os lados negativamente, soltando um longo e frustrado miado.

— Como assim ela não consegue voltar ao normal? – perguntou James, os olhos tão surpresos e assustados que Harry sentiu-se compelido a abraçar o pai – É claro que ela consegue, Tia Minnie é a melhor animago de todos os tempos!

Com ternura, Harry pousou a mão no ombro do pai e apertou levemente. Lottie já havia dito algumas vezes sobre o fervor com que James amava a antiga mestra, mas ele nunca havia presenciado isso.

— A senhora foi atingida por um feitiço, professora? E logo após se transformou? – perguntou Harry à gata, que afirmou com um aceno da pequena cabecinha.

— Harry você não acha que usaram o feitiço paralisante? – perguntou Mione, desconfiada, e a gata a olhou com curiosidade – É magia muito avançada, e desconhecida!

— Feitiço paralisante? – perguntou Ron, curioso à Mione, mas foi James quem respondeu.

— É um feitiço que força um animago a entrar em seu estado animal, e impede que ele saia dele – respondeu James – Mas... porque alguém usaria esse feitiço na tia Minnie?

— Porque é muito mais fácil matar um gato do que uma bruxa estupendamente bem versada em magia – respondeu Luna, calmamente, e McGonagall a olhou, surpresa e curiosa com a presença da garota.

— Mas certamente existe um jeito de reverter isso, não é? – perguntou Lottie, muito preocupada, sentando-se do lado da gata e acariciando sua orelha, arrancando-lhe um ronronar involuntário – Tia Minnie não vai ficar assim para sempre...?

— Existe um feitiço reverso – informou Harry – Mas ele é extremamente perigoso de ser feito, qualquer manejo errado e...

— Mas Sirius e Remus usaram esse feitiço no Rabicho, não foi? – perguntou Ron para Harry, mas logo completou, devido ao olhar confuso dos presentes – Em nosso universo, quero dizer...

— Sim, mas não é como se eles estivessem preocupados com a saúde física e mental daquele rato nojento, não é? – respondeu Mione, e Ron ponderou as palavras da namorada antes de aceita-las, resignado.

— Existe outra opção? – perguntou Lottie, percorrendo os olhos de Harry, para o pai e Sirius – Não queremos que tia Minnie se machuque...

— Se for bem executado, ela não sentirá dor nenhuma – afirmou Harry, acalmando a irmã – Eu nunca executei o feitiço, mas conheço bem sua teoria. Mas de qualquer jeito, só o faremos se a professora estiver de acordo.

A gatinha encarou o olhar sério de Harry com os olhos duros e penetrantes, e acenou positivamente que aceitava a solução encontrada por Harry.

— A senhora tem certeza? – perguntou James, aproximando-se – Nós podemos procurar outra forma, ou esperar mais tempo... Quem sabe a senhora não consiga...

A gata pôs a pequena pata nos lábios de James, calando-o e ofereceu-lhe um miado calmo e melódico, como se o estivesse acalmando, dizendo que estava tudo bem.

— Então... professora, a senhora quer que prossigamos com isso? – perguntou Harry, subitamente muito nervoso e consciente do peso de suas ações.

Com uma dignidade incomum à um gato, a professora McGonagall sentou-se entre as almofadas com a cabecinha erguida, e confirmou com um breve manejo de cabeça para usarem o feitiço.

— Mione... você poderia? – perguntou Harry, indicando a gata na sua frente.

— C-claro – concordou Mione, adiantando-se para ficar do lado do amigo – No três?

Harry concordou e engoliu em seco quando Mione contou:

— Um... Dois... Três!

Dois lampejos branco azulados irromperam das varinhas que Harry e Mione seguravam, e a professora McGonagall soltou um longo miado dolorido. James olhou desesperado da gata para Harry, mas ele e Mione mantinham-se obstinados em seu objetivo.

Depois, a sala mergulhou em um silêncio profundo enquanto a professora McGonagall pairou no ar, contorcendo-se. Harry estava quase interrompendo o feitiço, com medo que estivessem apenas machucando a bruxa quando o pelo na cabecinha da gata começou a crescer... E seu corpinho alongar-se rapidamente, junto com suas mãos e pés, e uma cabeça humanoide surgir onde antes estava a felina. A professora McGonagall soltou um pequeno grito contido quando foi envolta por um novo lampejo ofuscante e só então seu corpo real tomou forma, e a mulher caiu muito cansada entre as almofadas em que esteve deitada antes, com a roupa muito amassada e suja, e os cabelos totalmente desgrenhados.

— Indolor uma ova – sussurrou a professora McGonagall, observando os dedos onde antes haviam garras – Muito obrigada, garotos – ela agradeceu, erguendo os olhos verdadeiramente grata, e Harry sentiu Mione relaxar junto com ele.

— Tia Minnie! – James a abraçou com tamanho afã que Lily precisou segurar o marido para que não machucasse a professora – Nós ficamos tão preocupados!

— Ora James, não é para tanto... – Mcgonagall bateu levemente nos ombros do antigo pupilo, claramente desconfortável.

— A senhora nos deu um susto, aparecendo tão machucada, e ainda em sua forma animaga – disse Lily, oferecendo para McGonagall um pouco de whisky de fogo – Como veio parar aqui?

McGonagall aceitou com gosto o copo com a generosa porção de whisky de fogo e deu um grande gole demorado, como se estivesse pensando com cuidado no que iria responder.

— Eu mais alguns professores continuamos em Hogwarts depois que Voldemort levou Dumbledore como prisioneiro – McGonagall começou seu relato lentamente, após apoiar o copo vazio na mesa à sua frente – A grande maioria dos duelistas havia aparatado para se proteger, mas muitos moradores e alunos ainda estavam na propriedade, e nós simplesmente não conseguíamos deixá-los.

Sirius movimentou-se ligeiramente, o rosto avermelhado de vergonha de ter fugido, mas se a professora reparou alguma coisa, nada disse, e apenas continuou a falar.

— Conseguimos mandar muitos inocentes embora em chaves de portal feitas às pressas, mas acabamos sendo encurralados poucos minutos depois, e os que sobramos não tivemos outra escolha que não fosse fugir para lutar outro dia – McGonagall respirou pesadamente, e continuou – Desaparatei na Escócia, em uma cidade onde eu morei quando jovem, e me escondi em um pequeno hotel trouxa, onde descansei por alguns dias, sempre saindo em minha forma animaga para saber notícias. Entretanto, um dia fui reconhecida por um comensal, e batalhamos... Mas ele não estava sozinho. Eles eram quatro contra mim, mas eu estava conseguindo ganhar tempo para que os trouxas fugissem... Até que eu fui atingida e não consegui controlar meu corpo, que se transformou em minha forma animaga. Não tive outra opção que não fosse fugir novamente – a professora levou a mão à ponte do nariz, e Harry percebeu com uma onda de choque que a professora estava envergonhada – Eles me atingiram e me machucaram gravemente enquanto gata, e eu não sei como consegui fugir e chegar à chave de portal que deixei preparada em meu quarto de hotel para alguma emergência como aquela... E então só me lembro de você me pegando no colo, Lily, e tudo ficou escuro.

— A senhora tem alguma ideia de onde os outros sobreviventes da queda de Hogwarts possam estar? – perguntou Lily com delicadeza, enchendo o copo da professora novamente, dessa vez com uma poção amarelo canário que Dobby trouxera da cozinha.

— Não – suspirou McGonagall, mais cansada que Harry já a vira um dia – Imagino que alguns ainda estejam escondidos, e até mesmo que talvez apareçam por aqui para se unir à causa, mas sofremos muitas baixas nas últimas semanas. Flitwick, Oak, os Devenoir, Aurora, Séptima... Todos mortos ou capturados.

Mesmo tendo convivido extremamente pouco com os nomes que a professora citara, Harry sentiu-se extremamente triste ao ouvir tais notícias. Olhares preocupados, gêmeos aos dele, espelhavam seus próprios pensamentos de forma clara:

Estamos perdendo a Guerra.

 

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Amores, não vou me pronunciar muito hoje, porque estive tendo dias ruins... Mas eu prometo que vou responder seus comentários aos poucos, não desistam de comentar ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Harry Potter e o Orbe dos Universos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.