Harry Potter e o Orbe dos Universos escrita por RedHead


Capítulo 64
O Diretório Puro Sangue


Notas iniciais do capítulo

Meus lindos. Eu não tenho como agradecer todo o amor que vocês tem me transmitido, não tenho como explicar o que essa amizade me faz. É um sentimento quentinho no coração, que me faz acreditar que sim, eu ainda tenho jeito. Obrigada.

Como eu disse, eu não tenho datas certas pra postar, mas como já escrevi alguns capítulos e tive tempo e energia de betar esse, resolvi postar ele logo. Assim que eu ficar satisfeita e betar os outros, eu postarei aqui.

Mas não vou mais tomar os tempos de vocês. Boa leitura.



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Quando Harry finalmente emergiu das profundezas do porão de pedra, vislumbrou Lily, Remus, Draco e Hermione sentados na mesa da cozinha, xícaras de chá diante deles. Dobby estava sentado um pouco afastado, cantarolando enquanto descascava maçãs para uma torta. Os quatro bruxos ergueram os olhos assim que ele, Ron e Mione apareceram, e Harry aceitou grato uma das xícaras fumegantes que Remus fez flutuar até os três.

— Obrigado – agradeceu Harry, sentando-se à mesa, os amigos o imitando.

— Como está Neville? – perguntou Lily, e Harry não se surpreendeu ao ver que ela estava verdadeiramente preocupada.

— Fisicamente bem. Cansado, já que se recusa a dormir – Harry levou a xícara aos lábios e quase se engasgou com a doçura do líquido, dado que Remus o havia adoçado, mas conseguiu fingir que fora apenas uma crise de tosse – Mas ao menos comeu alguma coisa.

— E ele aceitou falar com vocês? – indagou Draco, com o cenho franzido.

— De início, não – admitiu Ron, espalhando-se na cadeira – Mas o Harry tem seus truques.

— E o que vocês queriam falar com ele? – perguntou Remus, olhando profundamente nos olhos de Harry – Tem alguma coisa a ver com nossa conversa de mais cedo?

Harry acenou positivamente com a cabeça, e depositou a xícara ainda fumegante na sua frente, mas quando abriu a boca para contar o que descobriram, a porta da frente se escancarou, revelando James, Sirius e Gui voltando do que parecia ter sido uma caçada, com uma lebre morta em cada mão. Luna vinha logo atrás com um enorme cesto recheado de cogumelos silvestres.

— Não conseguimos muita coisa – disse James, depositando os cadáveres das lebres em uma bacia metálica que Dobby veio correndo lhe entregar – mas Almofadinhas achou essa família de lebres, acho que dá para fazer um ensopado por algumas refeições até que achemos algo maior... E Luna encontrou vários cogumelos, então fome não passaremos.

Luna pareceu envergonhada, mas feliz com o elogio, e estava com um sorriso leve no rosto quando deixou os cogumelos de molho para tirar-lhes a terra.

— Achei que fossem ficar mais felizes com a perspectiva de comer algo que não fossem folhas – disse Sirius, sabiamente negando uma das xícaras de chá extremamente adoçadas de Remus.

— Harry teve uma conversa com Neville, e estávamos conversando sobre isso – disse Remus – Mas estamos todos muito impressionados com suas habilidades Sirius, bom cachorro de caça! – Remus tentou bater delicadamente na cabeça de Sirius, como se estivesse parabenizando-o, mas o outro desviou-se, subitamente muito interessado no que Harry tinha a dizer.

— Vocês descobriram alguma coisa? – perguntou James, parando no meio da ação de limpar a lebre, com sangue até os pulsos.

— Sabemos qual é a última horcrux – disse Harry em um só fôlego.

— Isso é maravilhoso!

— Como?!

— Excelente!

— Afinal, o que é?

Harry precisou pedir silêncio para que a chuva de perguntas cessasse, e só então ele continuou.

— Tive uma conversa bastante esclarecedora com Remus essa manhã, sobre o que poderia ser a última horcrux, e quem deveria ter sido seu criador original. Já que sabemos que Voldemort usa objetos indubitavelmente mágicos e históricos para guardar sua preciosa alma – disse Harry, o mais claro que conseguiu – E assim que pude, confirmei a minha teoria com Mione. – Harry tomou mais um gole da xícara de chá a sua frente, engasgando novamente com sua doçura, e dessa vez a empurrou um pouco mais longe, para evitar pegá-la de novo – Existe um artefato antigo, feito por Merlin. Dumbledore me disse, quando eu cheguei nesse universo, que Voldemort o possuía, mas que não sabia o que era e para que servia. Eu sou capaz de apostar minha varinha que esse objeto é a última horcrux.

— E vocês sabem como é esse objeto? – perguntou James, largando uma carcaça perfeitamente desossada de lebre na pia – Ou teremos que ir procurando um adesivo de “feito por Merlin” em cada objeto do planeta...?

— É uma bola muito preta, do tamanho de uma goles, muito brilhante – respondeu Mione – Mas o problema...

— É que não sabemos exatamente onde está – disse Ron, e Mione concordou, balançando a cabeça lentamente.

— Por isso fomos falar com Neville. Ron deu a ideia – disse Harry, e Ron estufou o peito como um pavão sob o olhar admirado de Mione.

Uma onda de aprovação passou pelos presentes, e Ron passou de orgulhoso para ligeiramente envergonhado, embora satisfeito.

— E afinal, trazer o palerma para cá serviu de alguma coisa? – perguntou Sirius, equilibrando-se nas pernas de trás da cadeira.

— Sirius, não fale assim do menino! – brigou Lily, lançando um olhar felino que fez Sirius sentar direito na cadeira – Ele não sabe melhor.

— Eu também fui criado em um ambiente como o dele, e acho que me saí muito bem – murmurou Sirius, rodando os olhos – Se bem que... – ele disse, um pouco ruborizado – Neville não teve amigos como eu tive.

Um silêncio desconfortável se apoderou do ambiente, enquanto todos pesavam a verdade nas palavras de Sirius.

— Então... – Remus tossiu, quebrando o mal-estar que havia se instalado na cozinha – A conversa com Neville, como foi? Ele sabe de alguma coisa?

— Ele falou de um castelo, Belatriz o levou lá uma vez, embora ele não soubesse exatamente como chegou lá – respondeu Harry, passando a mão nos cabelos, subitamente muito cansado.

— É escondido por magia, até mesmo dos bruxos – explicou Mione – Mas ele disse que sabia que era circundado pelo mar, e ao norte. Bem ao norte.

— Aparentemente esse castelo era dos antepassados dele – completou Ron.

— Mas os Gaunt não tinham meio galeão furado para chamar de seu – disse James, terminando de esfolar a última lebre que pegaram e entregando a carne para Dobby – E nós vimos o casebre em que moravam...

— Acredito que ele tenha ido muito além que seus parentes mais próximos – disse Harry – Na verdade... Eu acho que ele estaria se referindo a Slytherin.

Pelos próximos minutos, não havia um som que não fosse o barulho da faca cortando a carne macia da lebre recém desossada ou o baixo cantarolar de Dobby. Harry não sabia se o silêncio que se instalou entre os presentes foi por surpresa ou por acharem que eles acabaram de entrar em um beco sem saída. Não haviam muitos registros sobre a vida dos fundadores de Hogwarts, em especial antes da criação da escola.

— Talvez além de Slytherin – disse Draco, com cautela, chamando a atenção imediata de todos – Talvez... Merlin.

— Draco, querido, o que você está falando? – disse Hermione, olhando preocupada para o noivo.

— Mesmo que nossos pensamentos não sejam mais iguais ao de Voldemort, meus pais, em especial meu pai, ainda prezam muito a nossa linhagem – disse Draco, escolhendo muito bem suas palavras – Por isso, quando eu completei sete anos, meu pai me explicou sobre as sagradas vinte e oito.

— As malditas sagradas vinte e oito... – gemeu Sirius, mas Lily o calou com apenas um olhar.

— Continue, Draco – encorajou Lily.

— Muitos séculos atrás, quando não haviam leis tão severas para que bruxos se escondessem dos trouxas, os nascidos-trouxas não somente eram aceitos, como também encorajados a viver na comunidade bruxa como iguais. Mas, nos meados do século XIII, a opinião mágica tomou uma guinada inesperada, devido à caça às bruxas – Draco contava a história de uma maneira hipnótica, e nenhuma pessoa presente movia um músculo sequer – Foi quando a Lei do Sigilo foi criada entre as comunidades mágicas, e os bruxos começaram a se esconder dos trouxas voluntariamente. Foi uma época muito... traumatizante. Mesmo que poucos bruxos de verdade fossem pegos, vocês com certeza conseguem imaginar o terror constante que essas pessoas deveriam viver, sem saber em quem confiar. Foi nessa época que os casamentos mistos deixaram de ser apenas indesejáveis, e passaram a ser altamente desencorajados e punidos, por vezes. Sob tanto medo e incerteza, a doutrina puro-sangue tornou-se mais radical, e atraiu muitos seguidores, que diziam que não somente o relacionamento com mestiços, trouxas ou nascidos era perigoso, mas que era vergonhoso, antinatural que levaria a corrupção do sangue mágico.

Apenas o som da voz de Draco e do trabalho de Dobby eram ouvidos enquanto o sol entrava preguiçosamente na Casa de Pedra. Nem mesmo os eventuais roncos de Ronald e dos irmãos eram ouvidos no andar de cima, quase como se respeitassem a história bruxa sendo contada.

— Sendo assim, o envolvimento de bruxos que não tivessem uma linhagem considerada pura fora significativamente fora do comum por séculos, e os bruxos que ainda assim se envolvessem com trouxas muitas vezes deixavam de vez o convívio mágico. Assim, para garantir que mestiços ou nascidos trouxas não se passassem por sangues-puros, foi feito um intensivo trabalho entre as famílias da época, para registrar suas árvores genealógicas – Draco continuou seu relato, ainda sob o olhar atento de todos – Por séculos, as famílias, para manter seu status, casaram entre si, emendando as linhagens de tal modo que todos os sangue-puro acabam por ser, de alguma forma, parentes. Mas isso não veio sem um preço; muitas famílias encontraram o fim de seu nome quando não haviam varões que pudessem leva-las a frente. Assim, em 1930, um grupo de estudiosos radicais, crentes na superioridade do sangue, publicaram um livro chamado o “Diretório dos Puro-Sangue”.

— Eu já ouvi falar nesse livro – disse Mione, subitamente.

— Então você deve ter uma mínima ideia do que eu estou falando, quando digo que as linhagens puro-sangue bretãs são entremeadas – disse Draco, e Mione concordou silenciosamente, permitindo que Draco continuasse sua narrativa – Meu pai me deu esse livro quando eu tinha sete anos, como manda o costume na família Malfoy. Tenho certeza que ele não esperava que uma criança fosse gastar seu tempo com livros antigos, mas eu estava determinado a ser um bom Malfoy, e, do mesmo jeito que decorei as 537 Regras de Conduta da Família, eu li o livro com toda a atenção – Draco se aprumou levemente na cadeira, deixando suas costas eretas – O “Diretório Puro-Sangue” possui o objetivo de ajudar as famílias das quais fazem parte a manter a pureza e a magia em suas linhas sanguíneas. Tais famílias são: Abbott, Yaxley, Avery, Weasley, Black – Sirius mexeu-se desconfortavelmente ao ouvir o próprio nome, mas ninguém além de Harry e James pareceu ter notado – Travers, Bulstrude, Slughorn, Burke, Shafiq, Carrow, Shacklebolt, Crouch, Selwyn, Flawley, Rowle, Flint, Rosier, Greengrass, Prewett, Lestrange, Parkinson, Longbotton, Ollivander, Macmillian, Nott, Malfoy e Gaunt.

— Muito obrigado por me lembrar das aulas que minha amada mãe me dava, jovem Draco – disso Sirius, ainda claramente desconfortável – Mas queira por favor chegar ao ponto. O que você quis dizer com Merlin?

— A mãe de Voldemort era uma Gaunt – respondeu Draco, prontamente – Descendente direta de Slytherin. Enquanto a mãe de Salazar Slytherin era da família Myrddin, descendente direta de Merlin.

Palavrões e expressões surpresas preencheram o ar, e Harry não conseguia acreditar nos próprios ouvidos.

— A família Myrddin, ao se unir com os La Fay, construíram um castelo, em um pedaço de terra conhecido como Avalon, no meio do Mar de Barents, protegido não só pela geografia, mas principalmente por magia – disse Draco, olhando diretamente para Harry – O castelo tem o nome de “Coração do Diabo”, devido ao seu acesso tão difícil que muitos acreditam que não existe.

Harry não percebeu quando o queixo caiu, mas o fechou quando sua boca começou a ficar demasiadamente seca. Voldemort, descendente de Merlin? Aquilo era absolutamente irreal.

James e Sirius se encaravam como se esperassem que um dos dois se admitisse que era apenas uma pegadinha para o outro. Lily murmurava alguma coisa que Harry não conseguia ouvir direito, mas ele suspeitava ser uma onda de palavrões e palavras de baixo calão que ela não se atreveria a falar se não fosse a notícia recém recebida. Ron e Mione apertavam as mãos ligeiramente, encarando-se preocupadamente, e transferindo o mesmo olhar para Harry.

— É bom que se lembre de tudo isso, Draco! – disse Luna, contente, tirando os outros do transe em que estavam com sua voz sonhadora – Agora já sabemos onde procurar. Mas teremos que ter muito cuidado, Harry, o Mar de Barents é cheio de krakens.

— Luna... querida, eu acho que você não entendeu a extensão do nosso problema – disse Remus, com delicadeza – Acabamos de descobrir que Voldemort é descendente de Merlin. Merlin!

— Sim, isso é uma boa notícia – Luna respondeu, com a mesma delicadeza sonhadora característica – Se não fosse, não saberíamos onde ele se esconde.

— Bem... pensando por esse lado... – balbuciou Remus, sem realmente saber o que pensar.

— Luna – Harry interrompeu o homem mais velho e dirigiu-se em direção à menina – Você disse que existem krakens perto do Castelo de Merlin?

— Sim, eles são originários do norte da Grã-Bretanha, embora poucos bruxos admitam a sua existência – respondeu Luna, sorridente – São normalmente perigosos, mas há uma comunidade de sereianos perto de seu ninho, e eles costumam mantê-los sob controle.

— Genial! – exclamou Harry, sentindo um sorriso crescer em seus lábios, e Luna o acompanhou mais timidamente.

— Harry, não me leve a mal – disse Remus, com as sobrancelhas arqueadas – Mas você enlouqueceu? O mar de Barents é um dos locais mais inóspitos do planeta! Por mais habilidoso e poderoso que você seja... Controlar a natureza absolutamente barbárica daquele mar é praticamente impossível!

— Harry, o que Aluado quer dizer é... Não que estejamos duvidando da sua capacidade de fazer o impossível, seus amigos ali deixaram bem claro como você é bom nisso – disse Sirius, apontando para Ron e Mione, que estavam observando cautelosamente do outro lado da cozinha – Mas talvez você queira explicar para nós, seres dotados de menos imaginação, como você pretende passar pelo Mar de Barents?

— Com ajuda – disse Harry simplesmente, levantando os ombros.

— Oh, ele teve uma ideia maluca... – sussurrou Ron de onde estava, sorrindo junto com Mione, o que apenas deixou os outros mais nervosos.

— Não tão maluca – Harry sorriu de volta para o amigo, antes de erguer-se totalmente – Gui, você ainda está em contato com Fleur?

— Fleur? – perguntou Gui, muito confuso – Sim, ainda tenho como falar com ela. Mas o que Fleur tem a ver com isso?

— Precisamos ir para a França – disse Harry, com convicção – Tenho que ter uma palavra com o Rei Tritus.


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Notas finais do capítulo

Antes de tudo queria só deixar um ponto claro: tomei uma liberdade em relação a vida de Merlin. Na verdade, ele nasceu DEPOIS de Slytherin, tanto que ele estudou em Hogwarts. Mas, eu acho que ninguém vai me linchar por mudar a história bruxa um pouquinho, pra gente ter uma história mais rica :)



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