Harry Potter e o Orbe dos Universos escrita por RedHead


Capítulo 58
O Lago, A Caverna, A Estátua


Notas iniciais do capítulo

Gente querida, que saudade!
Espero que perdoem meu sumiço... Nas notas finais eu explico o que houve.
Obrigada por não terem desistido de mim e da nossa história.

Boa leitura.



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Harry já não se importava mais que os retratos nas molduras douradas ignorassem completamente sua presença enquanto ele seguia em direção à saleta circular no fim do corredor. Ele sabia, por experiências anteriores, que os homens e mulheres representados nas pinturas fingiam não vê-lo ou ouvi-lo, mas isso já não importava mais porque ele sabia o que deveria fazer. E assim fez.

Caminhando o mais rápido que podia, Harry venceu os metros a sua frente, sempre com o olhar fixo nela. Assim como em seu último encontro, a mulher misteriosa estava sentada na mesma poltrona de pés de garra e encosto imperial de aparência opulente, carregando o grande orbe negro e brilhante em seus braços, como se fosse um bebê.

— Você está adiantado, Harry Potter – ela o cumprimentou, levantando-se da poltrona e encarando-o com os enormes olhos escuros – Caminhe comigo.

Confuso com a súbita mudança no sonho, e curioso sobre para onde a mulher misteriosa iria leva-lo, Harry apenas concordou e a seguiu quando ela enlaçou o próprio braço no dele, guiando-o para o corredor dos retratos, que agora os observavam com muita curiosidade e por vezes até os cumprimentavam com um aceno ou uma pequena mesura.

— Por que eles não estão mais me ignorando? – perguntou Harry. Havia tanto que ele gostaria de perguntar à mulher, mas naquele momento essa pergunta floriu em seus lábios antes mesmo que ele tivesse terminado de formulá-la em sua mente.

— Porque você está comigo – ela respondeu, com simplicidade, os olhos brilhantes e salpicados de estrelas ainda olhando para ele de solsaio.

— E porque antes eles não conseguiam me ver?

— Por que você não deveria estar aqui – ela lhe lançou um pequeno sorriso, tão rápido que ele se perguntou se realmente havia visto – Você é diferente, Harry Potter.

— Diferente? – indagou Harry, começando a ficar impaciente com a conversa e a caminhada no corredor, que parecia infinito – Olha, moça, me desculpe se eu estiver sendo rude, mas eu não sei nem onde estou, muito menos porque tenho vindo parar nesse lugar...

— Como eu disse, seu tempo ainda não chegou – a mulher o interrompeu com sua voz rouca e estranhamente grave, e parou de andar imediatamente – Vá, e volte quando tiver a resposta.

— Mas eu não sei nem qual é a pergunta! – ele gritou, soltando-se do braço da mulher, furioso.

— Vá – disse a mulher, agora com a voz mais fria que um dia inverno, e só então Harry percebeu que eles estavam de volta à saleta circular – Abra os olhos e acorde.

Uma intensa dor na lateral do corpo de Harry o fez abrir os olhos e sorver uma imensa quantidade de ar, como se estivesse sem respirar havia tempo demais. Sua visão estava prejudicada pelas lágrimas e os óculos tortos, e respirar fazia com que uma pontada dolorida surgisse em suas costelas. A dor e a desorientação deixaram todo seu corpo tenso, e sua mente estranhamente afiada e preceptora de tudo o que acontecia em seu redor, desde Dobby encolhido ao seu lado, observando-o com os enormes olhos chorosos, Draco ajoelhado poucos metros a sua frente, com a expressão de quem acabou de ver um fantasma, passando por misteriosas luzes azuladas flutuantes em toda a volta, iluminando cada centímetro quadrado de onde quer que estivessem, até parar nela.

Não havia uma fibra no seu corpo que duvidasse quem era ela. Ele conhecia a amiga o suficiente para reconhece-la apesar da pesada capa com capuz que cobria quase todo o seu rosto. E mesmo se seu rosto estivesse completamente coberto, havia sua energia, que fluía inconfundível.

— Luna?

— Já fez muitos anos que eu não ouço esse nome – Luna respondeu em voz baixa, levantando as mãos lentamente até o capuz, e empurrando-o para trás.

— D-Dilua Lovegood? – Harry viu Draco perguntar, ainda com a mesma expressão aturdida no rosto fino e pálido.

— Não a chame assim! – ralhou Harry, zangado que o apelido tivesse existido também nesse universo.

— Está tudo bem – respondeu Luna, com sua típica voz sonhadora – Já faz tantos anos que não escuto esses nomes que isso já não importa mais. É bom voltar ao passado.

— Di... Er, Luna – gaguejou Draco, encarando-a com os olhos cinza esbugalhados, quase tão esbugalhados quanto os dela – Você desapareceu! Você tem estado sozinha desde... Bem...

— Não completamente – respondeu Luna, serenamente – Mas vocês não deveriam estar aqui, essa floresta pode ser bastante perigosa em noites de lua cheia... Muitos lobisomens.

— Nós não sabíamos – respondeu Harry, subitamente estressado, passando os olhos pelas árvores. Ele acabara de acordar naquele lugar desconhecido, e não sabia direito como havia chegado lá, nem se tinha sua varinha. Além de que a dolorida pontada em suas costelas a cada vez que ele inspirava, não parecia ser um bom sinal.

— Nós viemos buscar ajuda – disse Draco, passando as mãos pelos cabelos louros, bagunçando-os ainda mais.

— Então vocês encontraram – respondeu Luna, simplesmente, colocando novamente o capuz – Sigam-me, os levarei para segurança.

Aliviado de não ter que descobrir se realmente haviam lobisomens naquela floresta, Harry apoiou as mãos no chão coberto de folhas para se levantar, mas a dolorosa pontada em suas costelas esvaiu toda a força de seus membros, e ele sentiu o corpo cair no chão novamente como uma bolsa de trapos.

— Você deveria ajudar seu amigo – disse Luna, olhando-o de longe, rodeada pelas luzes azuis flutuantes – Ele ainda está fraco, e a ferida pode abrir se ele se esforçar demais.

Imediatamente, Draco foi até Harry e ajudou Dobby a ajuda-lo a levantar-se e a andar atrás de Luna. As pernas de Harry estavam fracas e incertas, e ele estava se sentindo um pouco envergonhado de não conseguir caminhar sozinho, mas a dor era maior e ele apenas agradeceu mentalmente que a sorte tivesse intervindo novamente a seu favor.

As lembranças do duelo com Voldemort ainda estavam confusas e misturadas, e ele não tinha recordações concretas do que aconteceu depois que o Priori Incantatem foi quebrado. Não obstante, ele se lembrava de poeira, explosões e de sentir muito medo.

Aquele fora seu primeiro encontro de verdade entre ele e Voldemort, a primeira vez em que ele ficou cara a cara com o motivo dele ter sido arrastado de volta à Guerra, e por mais de uma vez ele temeu pela própria vida.

— Draco – sussurrou Harry, receoso de afastar as misteriosas esferas azuis que os rodeavam, como que para terem certeza que eles não se perderiam – O que aconteceu na mansão? Minhas memórias estão um pouco embaçadas.

— Minha tia Bela te atingiu com um abridor de cartas – respondeu Draco, enrubescendo de um misto de vergonha e raiva – Foi aí que... aquilo entre a sua varinha e a do Lorde foi cortada.

— Sim, eu me lembro disso, eu acho – disse Harry, franzindo o cenho pela concentração – Mas como viemos parar aqui?

— Quando você caiu eu... Eu meio que enlouqueci. Pensei na Hermione, em tudo que enfrentei pela promessa do fim da Guerra, e como tudo isso seria inútil sem você. Então, para nos salvar, minha mãe – murmurou Draco, com a voz muito embargada e os olhos subitamente marejados – minha mãe mandou Dobby nos levar para longe e o libertou.

— Sua mãe fez isso? – perguntou Harry, tropeçando em seus próprios pés devido ao susto – E ela está...

— Se ela está viva? – interrompeu Draco, claramente buscando impedir as lágrimas de caírem – Eu não sei. Até onde sei, meus pais podem estar mortos por traição agora.

— E Dobby? – indagou Harry, sussurrando, olhando o pequeno ser caminhando ao lado deles, muito quieto e cabisbaixo – Ele se machucou?

— Ele está fisicamente bem – disse Draco – Mas ficou muito abatido por ter sido libertado... Eu tentei explicar que esse foi o único modo que minha mãe achou na hora, mas eu não sei...

— Chegamos – Luna falou com sua voz serena, voltando-se para os dois rapazes e fazendo um gesto com as mãos para que se aproximassem e seguissem em frente – Podem ir, eu irei logo atrás.

Entretanto, havia um problema.

— Ir para onde? – questionou Draco, olhando em volta, para o grande lago em cuja margem se encontravam.

— Para o lago, é claro – respondeu Luna com um sorriso inocente.

Suas águas eram tão tranquilas que a lua cheia estava refletida nitidamente, quase como um espelho, assim como as poucas árvores que cresciam em volta dele: antigas e nodosas, com galhos compridos que cresciam desafiando a gravidade desde o meio do lago até sua outra extremidade, onde uma cachoeira cascateava brilhantemente. Seus cipós e folhas caiam preguiçosamente até alcançar a superfície brilhante e calma, salpicada do reflexo das estrelas e das estranhas luzes azuis.

Era um lugar certamente bonito, mas conforme ainda mais das misteriosas luzes azuis se espalhavam em volta do lago, flutuando e voando entre os cipós, ele tomava um ar decididamente mágico, ainda mais considerando o silêncio absoluto que os envolvia.

— Podem confiar em mim – disse Luna dando um passo na direção dos dois – Não tem como errar, é só segui-las.

— Seguir quem? – perguntou Draco, ainda mais confuso.

— Acho que é para seguirmos as luzes – sussurrou Harry, cansado, sentindo o corpo pesar.

— Mas elas estão no meio do lago! – sussurrou Draco de volta, com o cenho franzido de desconfiança.

— Isso não é um problema – disse Luna, que agora havia subitamente aparecido do lado deles – Podem ir.

Harry olhou uma última vez em direção à Luna, que fez um sinal de encorajamento acompanhado do seu característico sorriso sonhador. Ele confiava em Luna, sua amiga, mas como ele tinha como saber se poderia confiar na Luna dessa realidade, ainda mais depois de tudo que o Neville desse o universo com ele?

Mas a outra opção seria continuar perdido naquela floresta em plena lua cheia, com um machucado possivelmente letal em suas costelas que, aparentemente, poderia se abrir a qualquer segundo se ele se esforçasse.

Tendo a consciência que estava jogando dados com a sorte mais vezes do que deveria em um único dia, Harry olhou para Draco hesitante antes de dar o primeiro passo em direção à água. Ele esperava que seu sapato fosse afundar e já estava preparado para lutar com o frio que certamente subiria por todo o seu corpo, mas não foi isso o que aconteceu. Alguns segundos se passaram até que Harry percebeu que seus pés continuavam completamente secos, afinal, pasmem, eles não haviam entrado no lago. Ele e Draco estavam em pé, parados, sobre o lago, como se ele fosse sólido, e não fluido.

O choque imediato por estar literalmente andando sobre a água paralisou Harry por alguns segundos, mas o ligeiro puxão que Draco deu para que avançassem o levou a por um pé na frente do outro, seguindo as pequenas luzes azuis bruxuleantes.

— Acho que elas querem que entremos na cachoeira – sussurrou Draco, cautelosamente.

Engolindo em seco, Harry deu um breve aceno de concordância antes de darem os últimos passos em direção à água corrente. A força da água atingiu o corpo debilitado de Harry com força, e caso não fosse Draco tê-lo segurado e ajudado a atravessar o véu aquático, ele com certeza teria sucumbido.

Quando chegaram do outro lado da cachoeira, Harry percebeu sem surpresas que estava completamente seco.

— Magia nunca vai deixar me se surpreender – murmurou Harry para si mesmo, observando as pequenas luzes azuis se reorganizarem na volta deles.

— Sei como se sente – respondeu Luna, colocando-se ao lado dos dois rapazes, retirando completamente a capa escura e pesada, revelando uma túnica branca e encardida simples e virando-se para oferece-lo um pequeno sorriso.

Tomando a dianteira, e rodeada pelas misteriosas luzes azuis, Luna guiou os dois jovens por um túnel que descia aos poucos, enfeitado por estalactites e estalagmites espaçadas de tal modo que parecia proposital. Eles caminharam lentamente por mais alguns minutos, até que o túnel chegou bruscamente a um fim.

Intrigado e prestes a perguntar a Luna o que houve, Harry olhou rapidamente para Draco, que parecia tão estupefato quanto ele. Mas assim que ele seu cérebro formulou que ele deveria perguntar o motivo de terem parado, Luna enfiou uma das mãos em uma saliência da pedra que Harry não havia reparado antes e abriu toda a parede com a mesma facilidade de ter aberto uma cortina. Não obstante, a rocha abriu bruscamente, e o luar os inundou, como se eles estivessem novamente do lado de fora.

Atônito, Harry viu um jardim cheio de flores conhecidas e desconhecidas, que cresciam selvagemente entre ervas e árvores, até mesmo sobre uma pequena cabana de madeira tão delicada como uma casa de bonecas. Folhas e flores trepadeiras subiam sobre toda superfície visível de forma onírica, exceto sobre uma estátua.

Era uma estátua de tamanho real, de uma mulher. Ela era alta, e o jeito que posou, parecia ser orgulhosa e altiva. Os cabelos, tão longos que atingiam o interior de seus joelhos, estavam presos em uma trança complicada, enfeitada por flores de pedra. Seu rosto não era belo, pois seu nariz e queixo eram proeminentes demais para que fosse considerada delicada, mas foram os olhos da estátua que fizeram com que Harry sentisse os pés serem tirados do chão.

No lugar do mesmo mármore branco e brilhante que esculpiu todo o resto, seus olhos eram duas pedras preciosas encrustadas; escuras, brilhantes, quase negras, como um céu estrelado.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham curtido o capítulo, pfv, não deixem de me contar o que acharam!!

***

Gente... O negócio é o seguinte. Eu fiquei doente. Descobri recentemente que tenho uma síndrome meio desconhecida que virou minha vida de cabeça pra baixo. Estou tentando controlar ela... Mas como não existe cura (só tratamento 4ever) me afastei de tudo para tentar descobrir o que estava me fazendo mal e como concertar.
Não vou dar muitos detalhes pra vocês pq não sou médica e não quero me prolongar muito, mas a coisa foi feia. Totalmente incapacitante... E por ter me afastado legal de quase tudo que me fazia bem, ainda caí numa depressão.
O que eu quero dizer é... Desculpem por sumir sem explicar. Eu estou voltando aos poucos a ter uma vida normal, mas ainda não estou cem pcento, por isso queria pedir paciência se eu atrasar alguma vez...
Ainda pretendo continuar postando às terças, mas provavelmente não teremos mais promoções. Voltei a escrever pq amo a história que estamos fazendo, e pq vcs me deixam muito feliz com seus comentários e teorias, e acho que tanto amor merece ser retribuído.
Enfim... Obrigada por estarem aqui comigo.
Eu amo vocês ♥



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