Harry Potter e o Orbe dos Universos escrita por RedHead


Capítulo 53
As masmorras, O Salão Branco e O Orbe de Merlim


Notas iniciais do capítulo

E aí, amores! Espero que estejam bem, e que não tenham ficado muito órfãos do capítulo terça passada. Prometo compensar vocês mais pra frente, já que estou mais atrasada do que gostaria na história... Mas fiquem de olho, aparecerei outras vezes, se tudo seguir como planejo.

Boa leitura ;)

PS: Muito, muito obrigada pelas palavras de carinho e apoio de vocês. Prometo responder todo esse amor e atenção assim que puder, mas meus dias ainda estão um pouco atripulados. Vocês são demais!



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Ele não tinha certeza de onde estava, mas sabia que era úmido e muito frio. Um cheiro desagradável de mofo invadiu suas narinas assim que ele percebeu que estava respirando. Ao mesmo tempo, uma dor lancinante em sua nuca o fez perceber que tentar mexer a cabeça foi uma má ideia. Dessa vez tentou abrir os olhos, mas de pouco adiantou; ele mal conseguia enxergar a dois palmos de seu rosto, apenas algumas paredes cheias de limo e dois pontos muito brilhantes, que o encaravam nervosamente.

— Ah, finalmente o senhor acordou – disse Dobby, se aproximando cuidadosamente – Não, tente não se mexer. O senhor bateu a cabeça em uma das molduras dos retratos antigos e perdeu muito sangue. Tome, a senhora Narcisa mandou que Dobby fizesse o senhor beber. É poção para repor sangue.

Harry aceitou agradecido o pequeno vidrinho que o elfo deu a ele, e tomou-o em um só gole, sentindo seu corpo e sua mente começarem a funcionar mais eficientemente a cada segundo. Ele já estava farto de acordar daquele modo, mas tinha que admitir que dessa vez a culpa não era de ninguém, que não fosse dele. Ele deveria ter sido mais rápido ao usar o artifício de Dumbledore para escapar, e não deveria ter subestimado Neville e permitido que ele tirasse a pequena bombinha misteriosa dos seus dedos debaixo do próprio nariz. Na verdade, pensou Harry, envergonhado, ele deveria começar a parar de subestimar seus oponentes. Graças ao treinamento extensivo de Charlotte e seus ótimos resultados em sua profissão, ele permitiu-se relaxar, um erro possivelmente fatal em certas circunstâncias. Como agora.

— Obrigado, Dobby – disse Harry com sinceridade, devolvendo ao pequeno elfo o frasco de onde bebera a poção – Você pode me inteirar do que está acontecendo?

— O senhor está nas masmorras da Mansão Malfoy – respondeu Dobby, sussurrando – O senhor Longbottom queria chamar o Lorde das Trevas no momento em que o senhor foi estuporado, mas o jovem mestre Draco convenceu-o que seria melhor esperar e extrair respostas do senhor antes. O jovem mestre diz que isso conseguirá tempo para que os amigos do senhor venham resgatá-lo.

— Draco conseguiu falar com a Ordem? – perguntou Harry esperançoso.

— A senhora Narcisa está ocupando o senhor Longbottom nesse momento para permitir que o jovem mestre possa entrar em contato com seus amigos da Ordem – sussurrou Dobby tão baixo que Harry precisou inclinar-se muito perto do elfo para entender o que ele dizia.

— Obrigado. Dobby... – disse Harry, mas um leve frio na espinha ao sentir uma fraca mas conhecida onda de magia se aproximar, fez com que Harry levantasse o olhar para a pequena nesga de luz que surgia muitos metros acima de onde ele estava, onde parecia ser uma antiga escadaria de pedra – Tem alguém vindo.

— Elfo! – a voz grossa e autoritária de Neville fez-se ecoar entre as paredes úmidas de terra – O que pensa que está fazendo com o prisioneiro?

— Dobby veio apenas trazer a ração de pão e água para o prisioneiro – respondeu Dobby, apontando para o chão, onde repousava uma simples bandeja de madeira contendo um pão velho e um copo de água que Harry não havia reparado devido a escuridão – Dobby está apenas seguindo a Conduta dos Servos da Família Malfoy. Segundo a regra 237, todo prisioneiro deve receber...

— Calado! – Gritou Neville, e Dobby se encolheu o máximo que pode na parede úmida, até quase se fundir com ela – Vá preparar o Salão Branco. Vou tomar um banho, e quero tudo preparado, do jeito que a senhora Bela pede.

— Sim senhor – disse Dobby, tremendo tanto que quase caiu ao se abaixar para dar uma reverência enquanto Neville voltava escadaria acima.

— Dobby – chamou Harry assim que teve certeza que Neville estava longe o suficiente par não ouvi-los falar – O que é esse Salão Branco?

Harry imaginou, pelo tom de voz de Neville, que aquele não devia ser um local muito agradável de se visitar, ainda mais na posição que ele estava no momento de prisioneiro. Mas se havia alguma dúvida, o olhar cheio de lágrimas de Dobby, e o modo como o pequeno elfo apertava sua fronha remendada não deixou mais perguntas.

— Meu senhor – disse Dobby, lutando bravamente para represar as grossas lágrimas que se acumulavam em seus enormes olhos – Esse é o nome dado para a Câmara de Torturas.

***

— Você tem certeza que isso vai dar certo? – perguntou Ron, observando a estranha esfera negra que repousava na mesa de centro a sua frente.

— Pela milésima vez, Ron, eu não sei! Já foi muita sorte termos descoberto sobre esse artefato depois que não conseguimos fazer com que o ritual de Morgana funcionasse, mas isso é um mistério – exasperou Mione refazendo o coque em sua cabeça por puro hábito, sem nem olhar em direção ao namorado. – Eu já procurei em todos os livros da Biblioteca de Alexandria e nenhum tem escrito como podemos fazer isso funcionar. Pelo visto Merlim levou isso com ele para o outro Universo.

Já era quase junho, e em poucos dias completariam seis meses do desaparecimento de Harry. Os dias estavam ficando cada dia mais quentes, e todos diziam que aquele, sem dúvida, seria o verão mais quente dos últimos vinte anos, e com os repórteres ainda acampados em volta das casas e do trabalho de todos os que eram próximos a Harry, eles não conseguiam nem mesmo aproveitar as poucas brisas que as noites de verão traziam.

— Só não entendo como o maior bruxo de todos os tempos não deixou instruções claras de como brincar com esse troço – resmungou Ron, jogando-se no sofá em frente ao orbe negro e observando invejosamente os gnomos correrem livremente pelo jardim.

— Antes de tudo, “esse troço” é um objeto histórico poderosíssimo – disse Mione, ainda sem levantar os olhos do pesado livro que folheava – Além de ser a única esperança que temos de buscarmos o Harry. Se você realmente quer acelerar o processo, poderia me ajudar a procurar algumas repostas.

— Mione, você já leu todos esses livros dezenas de vezes – resmungou Ron.

— Eu não sei mais o que fazer – suspirou Mione, fechando raivosamente o pesado volume que estava em seu colo, e colocando-o ao seu lado no sofá – Quando Charlotte disse que voltaria mesmo?

— Por volta das seis. – respondeu Ron, olhando para seu relógio de bolso que ganhara em seu aniversário de dezessete anos – Ela já deve estar chegando, assim que fugir de todos os repórteres.

— Esse é o menor problema dela – disse George, vindo da cozinha com um generoso pedaço de bolo em um pratinho – Os repórteres fogem dela desde que o fotógrafo da Skeeter foi parar no Mungus com tentáculos de polvo saindo das calças.

— Isso é verdade – concordou Ron, rindo da lembrança do jovem bruxo desesperado com os tentáculos que subiam de sua cintura e agarravam-se nele mesmo – Georgie, você não deveria estar na loja?

— Deixei o Lino cuidando dos negócios por hoje – explicou George, com a boca cheia de bolo – Os clientes ficam intimidados de entrar quando a parede de fofoqueiros das revistas está por lá. Como se eu fosse ter o Harry escondido em uma das minhas prateleiras.

— Então pegou o dia de folga para descansar? – perguntou Mione.

— Não, eu peguei o dia de folga porque a loja está rendendo três mil galeões por semana e eu achei que poderia me dar ao luxo de passar o dia com minha irmãzinha – respondeu George, enfiando o último pedaço de bolo na boca.

— Ah, Georgie, talvez você não tenha percebido mas você esqueceu de um pequeno detalhe nesse seu plano – provocou Ron, levantando-se para buscar um pedaço de bolo para si – Um detalhe pequeno, de longos cabelos vermelhos e bastante irritadiça. Costuma responder quando chamamos de Gina.

— Gina foi pro treino antes que eu acordasse, irmão – respondeu George, suspirando – Ela anda muito estressada, só relaxa em cima da vassoura. Ela acha que eu não sei que ela chora às vezes quando acha que estão todos dormindo. Ela é uma das meninas mais fortes que eu conheço, mas ela é minha irmãzinha. Eu pensei que um dia comigo pudesse distraí-la um pouco.

— Tente entende-la, George – disse Mione, suavemente – Gina sempre foi forte, mas tudo isso é demais até pra ela. Ela só precisa de espaço.

— Eu sei... Só gostaria que ela soubesse que não precisa ser forte sempre – disse George.

Um silêncio leve caiu sobre a sala, e Mione retomou sua leitura em um livro antigo, datado da Idade Média, que quando em pé, batia no quadril da garota. Ela buscava, pela terceira ou quarta vez, qualquer detalhe que talvez tenha passado por ela, Ron e Charlotte. Eles tentaram de tudo: desde feitiços reveladores até luz negra criada por trouxas, caso algum texto escondido existisse nas páginas amareladas feitas de pele de cordeiro, mas nada adiantou.

A Toca estava muito silenciosa naquela tarde, e a única coisa que se ouvia eram o estalar das páginas quando Mione as virava, e Ron mastigando um razoável pedaço de bolo com chá, até que um súbito barulho de fogo fez com que os três ocupantes da sala levantassem os olhos institivamente até a lareira.

— Olá – disse Gina, aparentemente exausta.

— Como foi o treino? – perguntou Mione, docemente, fechando o livro momentaneamente para observar a amiga.

— Exaustivo, o que é bom – respondeu Gina, indo em direção a cozinha – Acho que temos chance com os Appleby Arrows na semana que vem. E se formos muito bem – Gina deu uma rápida pausa para enfiar um pedaço de um sanduíche na boca – tem uma grande chance de Vivian ser chamada para a Seleção. Ficamos sabendo que os técnicos estão de olho nela.

— Isso é ótimo – admirou-se Ron, virando-se em sua poltrona para ver a irmã, apoiada no beiral que levava à cozinha.

— Sim – concordou Gina, com um sorriso leve – A Seleção tem treinado todos os dias, à exaustão, nem dá tempo de pensar. Seria maravilhoso...

Um silêncio constrangedor se estendeu por alguns segundos, enquanto Gina terminava de mastigar seu sanduíche pensativamente.

— Mas enfim – perguntou Gina, apoiando-se no braço da poltrona em que George estava sentado, levantando a mão para fazer um cafuné no irmão – A quantas estão as pesquisas da bola de gude gigante? Alguma novidade?

Um silêncio constrangedor se estendeu depois

— Bem, eu e Ron estávamos relendo todos os livros onde esse artefato foi mencionado, mas não encontramos nada que não tenhamos encontrado antes – respondeu Mione, recostando nas pernas de Ron.

— Charlotte acha que encontrou alguma coisa em uns pergaminhos antigos que o Ministério da Irlanda têm, ela foi para lá ontem com uma carta do Ministro Shacklebolt – complementou Ron, tirando o relógio que ganhara ao completar a maioridade do bolso e observando seus ponteiros cuidadosamente – ela deve chegar aqui em algumas horas, se tudo correr como ela planejou.

— E quando conseguirmos fazer a goles que tomou sol demais funcionar... – começou Gina.

— ... Vamos poder ir buscar o Harry – complementou Mione, feliz ao ver um sorriso satisfeito surgir no rosto da amiga – O que vocês acham que terão nesses pergaminhos?

— Feitiços antigos, muito perigosos e poderosos, provavelmente – respondeu Ron, coçando o queixo.

— Ou isso ou vão nos falar para simplesmente segurar o troço e falar para onde queremos ir. Por exemplo – disse George, levantando-se de sua poltrona e arrebatando o orbe que repousava na mesinha e levantando-o em seus braços como um bebê – Oh, poderosa bolinha de gude gigante, leve-nos até nosso amigo Harry!

Até mesmo Mione, que estava preocupada que George pudesse derrubar o orbe, deu uma sonora gargalhada com a brincadeira. Ron apertava a barriga, contente de ter um motivo bobo para rir e até mesmo Gina acompanhou-os, pelo menos até perceberem que o sorriso maroto no rosto de George lentamente se transformara em um esgar assustado.

— Gente – disse George, com a voz estrangulada – Eu acho que quebrei a coisa!

— George, o que você fez? – perguntou Ron estranhamente esganiçado, levantando-se como um raio para examinar de onde vinha a intensa fumaça negra que parecia brotar de dentro do orbe e descer em espirais em volta de George.

— Eu não fiz nada, eu só segurei ela! – respondeu George focando Mione com os olhos esbugalhados – Essa coisa que veio com defeito.

— Essa coisa é um artefato poderosíssimo feito por Merlim! – respondeu Mione, rispidamente – Não tem defeito!

— Então me dá outra explicação para... – retrucou George, claramente nervoso com a fumaça que agora envolvia não somente ele, mas também Ron e Mione.

— Gente! Vocês ainda estão aí?! Ron? Mione? – o grito de Gina interrompeu a briga, chamando atenção para onde ela estava sentada, mas os três jovens mal conseguiam enxergar a menina, que parecia estar estranhamente embaçada. – Georgie!

— Estamos aqui, Gin! Gina! – George gritou de volta, empurrando o orbe que ainda espalhava uma fumaça negra em sua volta, tornando sua vista cada vez mais embaçada, até que tudo o que eles eram capazes de ver era o breu a sua volta.


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Notas finais do capítulo

Ai ai ai... E agora?! Alguém arrisca? ;)