Harry Potter e o Orbe dos Universos escrita por RedHead


Capítulo 52
A Mansão Malfoy


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, queria agradecer de coração pelas duas recomendações que recebi essa semana. Iluminaram meu coração de um modo maravilhoso, e aqueceram meu dia. Obrigada, eu realmente precisava e prometo recompensar o amor de vocês.

Segundamente, galera, por favor, leiam as notas finais, tenho um papo sério pra mandar pra vocês.



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A primeira coisa que Harry percebeu era que estava deitado. A segunda, uma fração de segundo depois, era que estava se movendo. Era um movimento ritmado, e sacolejava um pouco, e o barulho de cascos o fez concluir que ele deveria estar em uma carroça.

Quando ele abriu os olhos, percebeu que estava certo. Ele estava deitado em um dos bancos do que parecia ser uma carruagem opulenta, com bancos tão compridos quanto uma cama de solteiro, forradas pela seda mais suave que Harry já tocara. Suas janelas, rodeadas por detalhes de madeira entalhada folheada a prata, estavam cobertas por cortinas de veludo que impediam de se ver o que acontecia do lado de fora, e principalmente, de se olhar de fora o que acontecia do lado de dentro, que era tão grande que poderia facilmente abrigar dez pessoas confortavelmente sentadas. Entretanto, havia apenas mais uma pessoa ocupando a carruagem junto de Harry.

— Graças a Merlim, achei que você nunca fosse acordar! – Sussurrou Draco Malfoy, levantando-se de onde estava sentando, indo em direção a Harry, ajudando-o a se sentar – Você bateu a cabeça com força, acabou desacordado por quase dez minutos... Acho que você caiu mais forte do que planejou quando fingiu tropeçar no tapete.

— Onde estamos? – Perguntou Harry, um pouco ríspido, envergonhado por ter perdido a consciência e perdido o duelo, por mais que fosse encenado.

— Estamos na minha liteira pessoal. – respondeu Draco, ainda falando em voz baixa – Eu tive que te amordaçar e amarrar quando saímos do Beco Diagonal, e ainda tive que convencer o Tom a não chamar o Ministério. Tive que convencê-lo que iriam interditar o bar dele, e talvez prendê-lo, se soubessem que ele estava servindo procurados da lei em seu bar. O pobre homem ficou branco. Enfim... – tossiu Draco, retomando a seriedade – Estamos quase chegando a Mansão Malfoy. Eu te desamarrei e tirei a mordaça mágica para que você ficasse mais confortável, mas...

— Vai ter que me amarrar novamente quando chegarmos? – perguntou Harry, perspicazmente.

— Só caso um empregado ou subordinado te veja chegar – concordou Draco, encolhendo os ombros ligeiramente, claramente desconfortável – Mas não deve ter ninguém na casa além dos elfos. Voldemort convocou todos os comensais de seu círculo íntimo ao Ministério assim que chegou aos seus ouvidos sobre o Gringotes.

— Se ele chamou todos os comensais de seu círculo íntimo, como você está aqui comigo? – indagou Harry.

— Não sou um comensal... oficialmente – respondeu Draco, sentando-se ao lado de Harry e recostando pesadamente na almofada sedosa. – Assim como minha mãe. Muitas esposas e filhos ocupam essa mesma posição, já que nunca passamos pelos rituais que um bruxo ou bruxa precisa passar para conseguir o título de Comensal.

— Eu não sabia que havia esse ritual.

— Deve ser porque, na cronologia desse universo, esse ritual só foi criado depois do atentado aos Potter – repondeu Draco – Segundo meu pai, essa foi a época onde mais tiveram bruxos e bruxas buscando o Lorde, procurando segui-lo pelos motivos mais variados possíveis. Poder, medo, proteção... Mas ao mesmo tempo, muitas famílias contrárias ao governo do Lorde se ergueram, em especial os Valentine e os Weasley. Os Valentine foram todos exterminados em uma só noite, mas na excursão para tentar capturar os Weasley, os comensais novos que foram enviados erraram feio, e isso resultou em Arthur Weasley matando meu tio Rodolfo. Eu tinha cerca de sete anos. Minha tia ficou enlouquecida – Draco tremeu sob a respiração, revivendo suas memórias – Ela caçou os Weasley por semanas até encontra-los, e quando os encontrou...

— Torturou Gina à loucura – completou Harry, já que Draco parecia ter uma bola na garganta que tornava falar impossível.

— Sim – disse Draco, com a voz estrangulada – Não me leve a mal, eu sei que você e a caçula dos Weasley são noivos de onde você veio. E eu também sei que minha tia Bela fez coisas indesculpáveis em sua vida, mas eu não consigo me forçar a odiá-la. Ela ajudou a me criar, daquele modo meio maluco dela, mas... Ela me ensinou como me defender, ela me ensinou os princípios da oclumência quando eu tinha cinco anos, assim que percebeu que eu havia herdado esse dom vindo do meu sangue Black.

— Se ela soubesse o que você viria a fazer com esse dom – gracejou Harry, arrancando um pequeno sorriso de Draco – Se tornar espião, manter um noivado secreto com uma nascida trouxa...

Os dois riram baixinho por um tempo, recostados no acolchoado macio e prestando atenção no balanço da carruagem. Harry ficou sabendo que o senhor Weasley desse universo estava morto, mas não tinha tido coragem ou oportunidade de perguntar com detalhes o que aconteceu.

— Sabe, em minha posição, nunca tive muitos amigos – confessou Draco, olhando fixamente para um ponto em sua frente – E os poucos que tenho estão, tecnicamente, do outro lado da Guerra. Eu nunca sei quando, e se os verei de novo. Por isso estou bastante satisfeito que Dumbledore tenha conseguido te trazer para o nosso universo. Não só porque você é o bruxo que pedimos, mas porque eu estou gostando muito de te ter como amigo.

Harry olhou de solsaio para Draco, que ainda olhava fixamente para frente.

— Eu também, Draco. – respondeu Harry, com sinceridade, e a carruagem começou lentamente a desacelerar.

— Vamos chegar a qualquer segundo – disse Draco, alarmado – Eu sinto muito mas vou ter que te amordaçar novamente.

Harry assentiu rapidamente antes de juntar os punhos, oferecendo-os para Draco, que conjurou uma fina corda que se enrolou várias vezes em volta dos pulsos de Harry. Depois um tecido negro conjurado pela varinha de cerne de pelo de unicórnio circundou o maxilar de Harry, impedindo que ele falasse o que fosse, mas solto o suficiente para que ele ficasse confortável.

Menos de cinco segundos se passaram e a carruagem deu uma freada suave, finalmente parando. Naquele momento, Draco extinguiu todo sorriso que antes havia em seu rosto e colocou uma fria e aristocrática máscara antes de se levantar, apontar a varinha para Harry e ordenar:

— Mobilicorpus!

Como se fios invisíveis tivessem sido amarrados aos seus pulsos amarrados, pescoço e joelhos, Harry sentiu o corpo ser erguido no ar e flutuar bobamente ao comando da varinha de Draco.

Harry fechou os olhos e fingiu-se de desmaiado antes mesmo de saírem da carruagem, mas sentiu as pontas de seus pés rasparem nos degraus da escada que os levaria até a porta de entrada da Mansão Malfoy e uma leve brisa passar pelos seus cabelos, que ele pensou vir de algum corredor por onde estariam passando.

Ser conduzido desse modo não era muito agradável a Harry, não somente pela péssima sensação de vazio, mas por estar em uma posição muito vulnerável, principalmente por causa de seu orgulho ainda ferido pelo duelo com Draco. Se Charlotte soubesse que ele perdera um duelo por conta de um tapete velho que ele com certeza teria visto se não houvesse menosprezado o oponente, ela lhe daria um belo sopapo, para dizer o mínimo.

— Dobby! – Chamou Draco, com autoridade em sua voz arrastada.

Harry teve que se segurar internamente para não demonstrar que, na verdade, estava consciente. Mas ele tinha certeza que ouvira certo, ouvira o nome do pequeno Elfo, e sentiu o coração acelerar de expectativa.

— Jovem mestre – a voz fina do elfo surgiu imediatamente após um alto estalo, e Harry sentiu um nó se formar em sua garganta – Retornou mais cedo para casa hoje, senhor. Deseja que Dobby prepare um lanche, ou quem sabe adiante seu banho?

— Não, Dobby, não será preciso – respondeu Draco, e Harry tinha certeza que Dobby teria se curvado tão profundamente que o fino nariz teria roçado o chão – Tem mais alguém na mansão, além de nós?

— Não senhor – respondeu Dobby, afoitamente – A senhora Narcisa era a única que estava em casa, mas saiu para comprar flores.

— Muito bem – suspirou Draco, aliviado, e Harry percebeu a mudança em seu tom de voz na mesma hora – Harry, é seguro, vou te soltar.

Mal Draco havia terminado de pronunciar essas palavras, Harry sentiu a pressão em seus pulsos e mandíbulas diminuírem e os pés apoiarem o peso de seu corpo no chão. O óculos estava torto, e Harry precisou ajeitá-los na ponte do seu nariz para que sua visão se focasse na pequena criatura a sua frente, que olhava-o com um misto de curiosidade e reverência.

À exceção da fronha velha que usava, Dobby estava como nas lembranças de Harry. Tinha as mesmas orelhas grandes como as de um morcego, e seus olhos eram igualmente esbugalhados e verdes, como duas enormes e úmidas bolas de tênis.

— Estou encantando em finalmente conhece-lo, senhor Harry – disse Dobby, relutantemente desviando os olhos de Harry para dar uma profunda reverência, tanto que sua cabeça entrou entre o espaço de seus joelhos finos – Dobby ouviu falar de suas grandezas, e há muito tempo que Dobby queria conhece-lo, meu senhor. É uma grande honra...

— Obrigado, Dobby – disse Harry, com os olhos um pouco marejados, estendendo a mão em direção ao pequeno elfo, que a olhava, maravilhado – Eu também estou honrado em conhece-lo.

Como se não acreditasse em sua própria sorte, Dobby ergueu o braço fino e trêmulo e apertou a mão de Harry, e balançou-a desajeitadamente. Quando finalmente soltou a mão do garoto, o elfo recolheu a própria mão e a segurou com ternura, como se nela tivesse o maior tesouro de sua vida.

— Dobby – disse Draco, um pouco sem jeito, tirando o elfo de seu pequeno transe – Harry está aqui para um assunto muito importante – ele continuou, retirando o casaco formal que usava e entregando-o ao pequeno elfo - Eu te proíbo de falar que ele veio aqui, ou que você o conheceu para qualquer um que não sejam meus pais até segunda ordem.

— Sim senhor! – disse Dobby, curvando-se novamente, mas sem tirar os olhos de Harry dessa vez.

— E se qualquer um chegar na Mansão antes do Harry ir embora, quero que você venha me avisa no mesmo segundo – ordenou Draco com seriedade.

Dobby deu mais uma comprida e demorada reverência antes de sumir com um estalo, deixando Harry e Draco para trás. Só então Harry percebeu que estava em um comprido corredor, ladeado por paredes revestidas por um elegante papel de parede nas cores verde e prata, enfeitados por retratos de muitos homens e algumas mulheres, tão grandes que deveriam ter o dobro da altura de Harry.

— São todos os antigos chefes da casa Malfoy – disse Draco, vendo que os olhos de Harry estavam percorrendo os retratos de molduras cravejadas – Os antepassados são muito importantes para as famílias sangue-puro, em especial entre as sagradas vinte e oito. Cada família tem seu jeito único de homenageá-los. Nós Malfoys, mandamos fazer uma pequena pintura assim que um novo membro nasce, ou quando uma mulher é desposada por um Malfoy, e esses retratos podem ser pendurados em qualquer lugar da casa, menos aqui. Esse corredor é a Galeria dos Retratos, e só estão aqui os bruxos e bruxas que um dia comandaram a casa.

— Onde está o seu pai, então? – perguntou Harry, curioso que Lucius Malfoy não estivesse entre os retratos altos, loiros e de rosto fino.

— Ele terá seu retrato pintado e levantado quando falecer, e eu assumir o nome da família – disse Draco, observando seus antepassados com orgulho – Assim como meu avô, o pai dele, e assim por diante. Mas enquanto isso, ele tem que se contentar com seus retratos em outros lugares da mansão, como na Suíte Principal, que é para onde estamos indo.

— E é lá que fica o escritório onde está o diário – lembrou-se Harry – Muito bem, para onde vamos?

— Para lugar nenhum – disse Draco, colocando a mão em uma grande e senhorial maçaneta de prata incrustada em portas francesas de madeira escura e talhada com cobras e brasões – Já chegamos. Mas precisamos ser rápidos.

Harry sentiu o ar sair de seus pulmões assim que cruzou a porta, entrando nos aposentos dos senhores Malfoy. A Suíte Principal era tão grande, que Harry tinha certeza que seu pequeno apartamento em Londres caberia com folga apenas no quarto, ignorando o enorme banheiro todo revestido em mármore escuro que se abria ao lado de um ambiente bem decorado, propício para refeições íntimas.

— Aquelas são as portas para o escritório menor – disse Draco, apontando para portas francesas de madeira escura, que fechadas tinham o brasão Malfoy entalhado e circundado por pedras preciosas. Apenas uma folha da porta seria o suficiente para um homem nunca mais ter que trabalhar.

Com certa reverência, Draco apoiou a palma da mão no centro do brasão, e sua pele foi envolvida por um leve brilho, e um barulho de algo sendo destrancado pode ser ouvido.

— Se qualquer um que não seja membro da família Malfoy tentasse algo parecido, sua mão seria engolida pela madeira – explicou Draco, e Harry sentiu um frio subir-lhe à espinha, que foi rapidamente dissipado pela visão do que havia atrás das portas.

Quando Harry entrou no escritório, ele esperava outro aposento faraônico, com móveis folhados e almofadas de veludo bordadas com fios de ouro. Entretanto, era bastante modesto, quando comparado com os outros ambientes da mansão. O escritório menor era um ambiente pequeno, mas bem arejado pela enorme janela de vitral encantado, que deixava o sol entrar, iluminando a larga escrivaninha de pés de garra, que ficava ao lado da lareira de mármore alvo como a neve. Do outro lado, uma estante que pegava toda a extensão do pé direito do ambiente, cobria cada centímetro da parede revestida por um simples e elegante papel de parede com livros grossos e de aparência antiga, e alguns outros objetos misteriosos, que Harry apostaria serem únicos e valiosíssimos.

— Meu pai me disse que o diário está nas prateleiras de baixo, mais perto da lareira – disse Draco, empurrando a escrivaninha um pouco para o lado, para que conseguisse se agachar em frente aos livros – Consegue reconhece-lo, Harry?

Por causa do calor da lareira ligada, apesar de estarem em maio, Harry retirou o casaco de lã de chemylis, jogou-o sobre a escrivaninha e abaixou-se ao lado de Draco e percorreu os olhos pelos volumes empilhados lado a lado na prateleira mais baixa. Ali, repousavam livros antigos, de capas de couro opacas e gastas, sobre magia negra das quais Harry mal tinha conhecimento. Era surpreendente que tais livros ainda existiam em posse de civis, contando com as leis que recolheram livros considerados perigosos demais para existirem em locais que não fossem devidamente catalogados e estudados por Meistres, mas os Malfoy sempre tiveram suas influências.

— Aqui! – sussurrou Harry, apontando para um pequeno caderno, praticamente invisível no meio de tantos livros grossos e chamativos – A pequena caderneta de couro preto.

— Posso tocá-lo? – perguntou Draco, olhando preocupado para Harry, com a mão erguida a meio caminho da horcrux.

— É só não escrever nada nele que você está seguro – informou Harry, sério.

Com um cuidado desnecessário, Draco retirou o caderno da prateleira e segurou-o com uma estranha reverência nas mãos, observando-o com os olhos cinzas muito abertos.

— Então quer dizer que isso tem um pedaço da alma do Lorde? Isso é... assustador – sussurrou Draco, antes de levantar-se, ainda com o caderno nas mãos – Bem, não tome isso como eu te expulsando da minha casa mas...

— Você está me expulsando – completou Harry, pegando o casaco jogado na escrivaninha e seguindo Draco para fora da suíte principal da mansão – É melhor assim, quanto antes eu sair, antes eu chego no...

Mas Harry não chegou a completar sua frase, pois fora rudemente interrompido por um alto estalo, seguido do elfo Dobby, que parecia estar terrivelmente estressado, mordendo os dedos finos.

— Mestre Draco, Senhor Harry – o pequeno elfo guinchou, curvando-se rapidamente para cada um dos dois e voltando a erguer-se, passando os enormes olhos esbugalhados de um garoto para outro – O senhor pediu para informa-lo se alguém chegasse...

— Quem chegou, Dobby? – Draco cortou o elfo.

— O senhor Neville Longbottom – respondeu Dobby, estremecendo levemente – Ele está vindo para cá a essa hora. Ele disse que veio antes, mas que a senhora Bela deve chegar a qualquer momento...

— Dobby, por favor, atrase-o o máximo que você puder. Draco, me escuta com atenção, e faça o que eu te dizer – disse Harry rapidamente – Não temos tempo, e eu não vou conseguir sair daqui sozinho sem desmascarar você e seus pais. Eu vou te estuporar agora. Quando você acordar, você dirá que me capturou, mas que eu consegui escapar e te controlar com a Imperius. Você dirá que não se lembra de nada depois que eu te amaldiçoei.

— Tudo bem, mas como você vai fugir? – perguntou Draco, o som da sua voz sendo brevemente ofuscada pelo barulho de Dobby desaparatando.

— Dumbledore me deu um dispositivo que me ajudaria – disse Harry – Agora, eu preciso que Neville me veja fugindo, para proteger sua identidade, por isso... – Harry e Draco congelaram rapidamente com o barulho de passos que podiam ser ouvidos vindo de algum lugar da mansão – Por isso, se alguma coisa der errado, e eu for capturado, mande uma mensagem para Dumbledore.

— Harry se eles te pegarem, você vai ser brutalmente tortura...

— Eu sei! – Disse Harry, estressado – Eu sei. Você pode fazer o que eu falei?

— Posso – respondeu Draco, sério.

Os passos e as vozes estavam cada vez mais altos, e quando Harry empunhou a varinha e a apontou para o peito de Draco, uma sombra alta já podia ser vista na extremidade do corredor. Engolindo em seco, e muito consciente do que tinha que fazer e as consequências que enfrentaria se seu plano desse errado, Harry retirou a pequena bombinha de dentro do bolso e segurou-a entre os dedos da mão esquerda, que estava estranhamente suada.

— Saia da minha frente, elfo! – Neville finalmente estava perto o suficiente para que Harry reconhecesse sua voz – Eu vim falar com seu mestre, não com você, inseto!

Harry respirou fundo, olhando pelo canto dos olhos a entrada do corredor até que finalmente a alta e loura figura de Neville surgiu em seu campo de visão. E só então, com a varinha apontada para Draco, que estava se mantendo propositalmente quieto e parado até o momento, Harry exclamou:

— Estupefaça!

— Maldição! – disse Neville, e Harry virou-se ao mesmo tempo que Draco caía inconsciente no chão, preparado para se defender de qualquer azaração que Neville pudesse lançar com um feitiço escudo – Accio!

Pego de surpresa pelo feitiço, pois ele esperava um ataque, Harry viu a bombinha escapulir de seus dedos e parar na mão de Neville, que já havia erguido a varinha novamente, mas sem atacar.  Harry tentou manter a calma, mas seu rosto deve tê-lo traído, pois Neville deu um sorriso de satisfação e curiosidade ao encarar a pequena bombinha, antes de guardá-la no bolso interno das vestes.

— Petrificus Tottalus! – ordenou Harry, mas Neville desviou a azaração com facilidade, rebatendo-a no delicado e luxuoso papel de parede do corredor.

— O que?! – perguntou Neville, rindo histericamente – Nem mesmo um garoto de onze anos cairia nessa! Você é estúpido?

— Neville, deixe-me ir e eu prometo que não vai se machucar. – disse Harry, calmamente,

— Você é o garoto que torturou a Bela! – gritou Neville, exaltado, o rosto contorcido em cólera – E acha que vai sair impune? Ferreo!

Harry desviou da maldição, que atingiu um dos quadros forçando o seu morador a pular para a moldura ao seu lado. Harry lançou outros feitiços na direção de Neville, mas o medo de atingir a bombinha que Dumbledore dera e extinguir sua única chance de fuga estava deixando seus ataques mais leves, e Neville estava aproveitando isso para tornar suas investidas mais violentas e persistente, embora Harry estivesse se defendendo facilmente de cada ataque.

— Tonghorne! Tropego! – Neville lançava as azarações, uma atrás da outra, e seu rosto redondo ficava mais vermelho e mais contorcido a cada defesa fácil feita por Harry – Confringo! Deprimo!

Naquele momento, mais de metade dos quadros nas paredes ardiam em chamas, e seus ocupantes haviam se debandado para outro lugar da casa há tempo. Harry estava começando a se cansar de apenas se defender, mas não sabia como faria para atacar Neville sem atingir a bombinha. A verdade era, que ele nem sabia se a bombinha detonaria se ela fosse atingida por um feitiço, mas o garoto acabara concluindo que o risco não valia a pena. Por isso, ele apenas se defendia da saraivada desajeitada de feitiço que Neville lançava sobre ele.

— Neville, eu vou te dar uma última chance – disse Harry, conjurando um feitiço escudo tão forte que Neville cambaleou vários passos até retomar o equilíbrio – Você sabe o que eu fiz com a Bella, sabe que você não tem chance comigo.

— E mesmo assim, cá estou eu, ainda de pé e atacando enquanto você só se defende! – gritou Neville de volta com um sorriso triunfante, como se aquele fato fosse prova que Harry não era capaz de lutar com ele – Mas não se preocupe, logo terá acabado.

— O que terá acabado? – perguntou Harry, apertando a varinha mais forte na mão direita, subitamente incomodado com o sorriso no rosto muito redondo de Neville, e o modo como ele olhava triunfantemente para algo atrás do ombro direito de Harry.

— Agora, Draco! – gritou Neville.

Harry girou rapidamente nos calcanhares, mas seu corpo não deu uma volta completa. Ele não sabia quando Draco havia acordado, ou o motivo de seu feitiço estuporante ter durado tão pouco, mas lá estava ele, alto e pálido, com a varinha erguida na direção de Harry, e um rosto impassível, embora seus olhos estivessem estranhos, como se pedissem um perdão mudo para Harry, que apenas assentiu imperceptivelmente, mudamente dizendo a Draco para fazer o que deveria ser feito.

— Estupefaça – ordenou Draco, e pela segunda vez naquele dia, Harry sentiu seu corpo se desprender da realidade.


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Notas finais do capítulo

E aí, amor, beleza?

Então, sobre o papo sério.

Primeiro, queria pedir desculpas pelos erros de português desse capítulo (que com certeza existem). Eu não o betei, por isso várias coisas passaram, mas betarei ele mais pra frente e atualizarei o cap.

Segundo, eu queria pedir duas coisas pra vocês, a primeira é um pensamento ou uma oração. Minha avó paterna faleceu essa semana, e significaria o mundo pra mim se vocês pudessem separar um minutinho da vida de vocês para rezar pela alma dela, e mais uns cinco minutinhos para ligarem para os avós de vocês, nem que seja só para dar um "oi". Vai fazer bem pra vocês, e vai fazer o dia deles, só coisa boa acontecerá.

Terceiro, amores, como vocês devem imaginar, eu não estou com cabeça para pegar na história agora (só postei hoje pq esse capítulo já estava pronto), e como estou ajudando com todos os detalhes que posso (arrumando a casinha dela, separando documentos, essas coisas), além de estar no meu próprio luto, eu peço pra vocês um pouco de paciência. Não pretendo postar semana que vem. Por favor, entendam. Nosso próximo capítulo sai dia 02 de AGOSTO de 2016.

Enfim, meus bens... Boa noite ♥ Continuem espalhando amor.