Harry Potter e o Orbe dos Universos escrita por RedHead


Capítulo 50
Gringotes


Notas iniciais do capítulo

Ainda em computador emprestado, por isso não escreverei muito aqui (hoje), pq to meio que "escondida" HAHAHAHHA

Mas meu note volta ainda essa semana ♥ Daí quando ele vier eu vou revisar o texto, que deve estar cheeeeio de erros. Mas boa leitura :*



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Depois de três dias exaustivos, privados de uma boa noite de sono ou de uma refeição decente, Gui e Harry finalmente chegaram a um acordo em como em relação aos passos a serem dados e aos membros da Ordem que seriam convocados para tal tarefa. Harry ficou especialmente satisfeito com o pedido de Gui para que Dumbledore e Moody participassem diretamente da montagem do plano, principalmente pelo conhecimento tático do ex-auror em planos de infiltração.

— Eu realmente não tenho como agradecer – Harry desculpou-se com os pais e com Sirius pelo que parecia ser a centésima vez na última hora – Eu gostaria que houvesse outra maneira, mas...

— Não tem o que agradecer – Sirius o interrompeu, jogando para as mãos de Gui a terceira e última grande sacola com galeões.

— Além disso, esse seria um valor pequeno a se pagar se tudo sair como o planejado – afirmou James, envolvendo os ombros do filho em um pequeno abraço.

— É, relaxa, Harry – Lottie se fez ouvir de trás da porta que levava aos aposentos do diretor – O que você acha que nós iríamos fazer com esse dinheiro? Comprar jóias e roupas para as nossas festas da alta sociedade? – Lottie riu melodicamente e Harry teve que concordar com a lógica da irmã, que surgiu imediatamente depois, abrindo a porta com um enorme sorriso no rosto – Mamãe e senhores – ela anunciou, com uma postura bastate aristocrata – Gostaria de lhes apresentar, a Srta. Cassiana Moreno!

— Achei que tínhamos combinado em Anacássia – Tonks surgiu com um sorriso divertido por detrás de Lottie, vestida com vestes feitas com linho e sedas de primeira linha, de um tom azul safira muito bonito.

— Cassiana é mais fácil de pronunciar – Lottie arrumou a postura de Tonks e jogou uma capa de linho azul real por cima da amiga, prendendo-a com um broche extravagante.

Além de Harry, Carlinhos, Gui e Remus, foi-se decidido que Tonks os acompanharia, fazendo uso de seus poderes de metamorfomagia para disfarçar-se de uma estrangeira que diria ser simpatizante das ideias do Lorde que recentemente descobrira-se rica, e por conta disso, decidiu abrir uma conta para investir sua nova pequena fortuna junto com o marido.

— Ainda consigo te reconhecer, Ninfadora – crocitou Moody, analizando o disfarce da pupila – Deixe o nariz pouco mais largo. Assim. E será que consegue desaparecer com suas sardas? Perfeito. Sua mãe não seria capaz de reconhece-la.

— Obrigada, eu sempre esqueço das sardas – disse Tonks, aborrecida, passando as mãos no cabelo atualmente castanhos e brilhantes, presos em uma simpes trança provençal – E aí, Gui? Quero dizer... – Tonks jogou os ombros para trás  - Como vai, querido noivo?

— Nervoso – respondeu Gui, passando a mão na nuca, onde antes haviam longos e luxuriosos cabelos ruivos, agora existia uma pequena juba loura, e assim como Tonks, ele próprio estava irreconhecível graças a Dumbledore, que havia passado os últimos dez minutos mudando seus traços, e os de Carlinhos, assim como as suas vozes – Mas pronto. Está quase na hora.

— Ok – suspirou Harry, antes de se virar para os pais – Voltaremos em quarenta e oito horas no máximo.

Lily adiantou-se até ele para dar-lhe um último abraço rápido, antes que ele se virasse e seguisse com Carlinhos, Remus, Gui e Tonks em direção à chave de portal que os deixariam logo depois do campo protetor do castelo, de onde poderiam aparatar para Londres.

A chave foi acionada exatamente às quinze para as três da tarde, dando em Harry a conhecida sensação de ter seu umbigo puxado por um enorme anzol invisível, até que, no segundo seguinte, ele se viu em um enorme campo verde, salpicado com as mesmas pequenas flores amarelas que cresciam pelo jardim de Hogwarts.

— Deveríamos colocar as capas agora – Harry disse para Remus, que havia pego emprestado a que estava usando com James. Em um piscar de olhos, Harry e Remus desapareceram dos olhos dos outros – Pronto. Podemos ir.

Harry girou, concentrando-se com todas as forças no Caldeirão Furado, contando que a aparição de Carlinhos, Gui e Tonks abafasse o som dele e Remus aparatando junto. Felizmente, mesmo que eles houvessem feito um estardalhaço, não havia ninguém na estalagem para ouvi-los além do barman, Tom, que não se importou em levantar os olhos para eles, nem quando chegaram, nem quando saíram do bar em direção aos fundos, onde Gui puxou a própria varinha e a bateu de leve em um dos tijolos em sua frente.

No segundo em que a varinha tocou a parede, os tijolos giraram e se reorganizaram em um amplo arco que dava para a estreita rua de pedras onde ficava o Beco Diagonal. Apesar de todas as lojas estarem abertas, as ruas estavam quase desertas, salvo poucas pessoas que caminhavam por ali com pressa, e invariavelmente de capuzes ou echarpes, apesar do clima quente.

Aquela era a primeira vez que Harry fora ao Beco Diagonal desde que veio para esse outro universo, e ele não conseguiu reprimir um arrepio na espinha ao perceber que o local estava muito parecido com quando Voldemort estava no poder em sua realidade, embora não houvesse nenhuma loja fechada, mas muitas das lojas que Harry conhecia e gostava, como a Sorveteria Fortescue, haviam sido substituídas por lojas de artigos das Trevas.

Muito concentrado em prestar atenção em cada pessoa que passava por eles, Harry seguiu pouco atrás de Gui, Carlinhos e Tonks, caminhando relativamente rápido pela rua de pedras sinuosa em direção ao inconfundível prédio de mármore branco que subia muito mais alto que qualquer outra construção por perto.

Sabendo que Remus deveria estar acompanhando os três disfarçados de perto, Harry correu na frente deles assim que os pés de Tonks tocaram no primeiro degrau que os levariam até as enormes portas de bronze onde dois Duendes costumeiramente ficavam, mas que, desde a ascenção do Lorde das Trevas, foram trocados por dois bruxos de aparência séria segurando, cada um, uma longa e finíssima barra de ouro, conhecidas como honestíssimos. Os bruxos que as maneavam tinham como dever detectar quaisquer feitiços ou encantamentos de ocultamento.

— Confundo! – Sussurrou Harry, apontando para os guardas, que estremeceram levemente quando seus olhos saíram de foco, assim que o feitiço os atingiu, permitindo que o pequeno grupo passasse sem ser incomodado pelos dois homens.

Suspirando aliviado que passaram pela primeira porta sem maiores problemas, Harry adiantou-se silenciosamente até a segunda porta, a qual era feita de prata maciça, onde o famoso poema de Gringotes estava escrito no próprio metal, alertando dos perigos do banco para os ladrões em potencial. Harry lembrava-se bem que por muitos anos ele, assim como todos os bruxos com quem ele já teve algum contato, acreditavam que Gringotes era um local impossível de ser roubado. E no entanto, lá estava ele novamente, entrando no saguão do banco para sair com algo que não o pertencia.

Com força, Harry balançou a cabeça novamente, para afastar pensamentos que não tivessem a ver com o plano, e concentrou sua visão no longo balcão ocupado por Duendes sentados em longuíssimos banquinhos, analisando jóias, pesando ouro ou simplesmente assinando papelada.

Gui, com o braço dado com Tonks, guiou-os até um dos duendes sentados mais próximos da porta de entrada, que media duas esmeraldas maiores que o punho de Harry.

— Com licença... Minha noiva e eu gostaríamos de abrir uma conta. Será que o senhor poderia nos... – Gui falou diretamente ao duende, que não levantou os olhos das pepitas para interrompê-lo com sua voz arrastada.

— Duas últimas mesas ao lado da tapeçaria.

Eles sabiam que o duende sentado naquele banco não seria responsável pela abertura de contas, mas precisavam passar o papel de estrangeiros inocentes e perdidos, e até agora tudo parecia estar correndo como pensavam, por mais que Harry conseguisse ver as mãos de Gui suarem quando eles se aproximaram do duende apontado.

— Boa tarde. Foi-me informado que deveria vir aqui para tratar de abertura de contas... – Gui dirigiu-se aos dois duendes, mas foi o mais a esquerda que o respondeu.

— Pode falar comigo, senhor...

— Timbland. – respondeu Gui, e Harry agradeceu aos céus que sua voz estava firme e calma, apesar das palmas suadas – A minha noiva recentemente recebeu uma casa de herança de um tio distante... E tivemos uma ótima surpresa quando fomos conhece-la, em especial o cofre no porão.

— A conta seria aberta em meu nome – Continuou Tonks – Cassiana Moreno.

— A senhorita possui um sobrenome muito incomum – disse o duende, levantando os olhos negros muito besouros e fixando-os em Tonks.

— Minha família é espanhola. Vivi na espanha com meus pais muitos anos, até que eles me mandaram para Inglaterra, para conviver com a família de meu noivo, pouco antes deles falecerem – Tonks respondeu em um tom doce, que aparentemente convenceu o duende.

— Meus pêsames – disse o duende automaticamente, sem nenhuma emoção na voz que afirmasse que ele sentisse pela suposta perda da moça. – E vocês tem ideia da parcela do valor que pretendem investir?

— Todo ele – respondeu Gui, tirando a bolsa que carregava, onde as três pesadas sacolas recheadas de galeões estavam, soltando-a pesadamente em cima da mesa do duende, que arregalou os pequenos olhos negros quando o peso da bolsa fez a mesa ranger – E se não for pedir demais, gostaríamos de depositar tudo o mais rápido possível. O senhor vê, nosso casamento é em alguns dias, e não temos muitas coisas planejadas. Tive que subornar meu irmão para vir nos ajudar – ele completou, apontando para Carlinhos ligeiramente.

— Harry, sou eu, Remus – a voz de Remus veio baixa, imediatamente a sua esquerda - O duende não está convencido, ele está desconfiado da história.

— Bem... – o duende fechou a terceira sacola, de onde ele havia retirado um galeão para inspeção, antes de levantar a voz – Em casos como o seu, onde a quantia a ser depositada é muito grande, podemos adiantar a papelada rapidamente e depois...

— Ele sabe que tem algo estranho – Remus sussurrou, no mesmo segundo em que Harry viu as costas de Gui se retesarem como uma régua – Precisamos agir!

Já preparado para que algo do tipo acontecesse, Harry levantou a varinha, já em punho, em direção ao duende e sussurrou:

— Império!

Harry já havia lançado essa maldição imperdoável antes, mas ele tinha uma suspeita que mesmo que a usasse todos os dias, sempre se surpreenderia com a sensação que quentura ardida que fluía de seu cérebro até a ponta de seus dedos que seguravam a varinha de pilriteiro.

— Mas acho que não fará mal os senhores conhecerem os cofres disponíveis antes de tratarmos dos documentos – comentou o duende, sonhadoramente – Afinal, a quantia é significativa, e os senhores estão com pressa – Harry fez que o duende acrescentasse, já que seu vizinho levantou os olhos desconfiado por um segundo, mas os baixou novamente, satisfeito com a explicação do outro. – Preciso de um guia de vagonete! - Um duende claramente jovem apareceu por detrás do enorme balcão no mesmo instante. – Ferris, leve a senhorita e seus acompanhantes aos cofres disponíveis do nível três.

— Sim senhor – o jovem duende se curvou ao mais velho antes de se virar e andar em direção ao corredor que os levava em direção aos cofres – Por favor, sigam-me.

O pequeno duende chamado Ferris os guiou até um corredor que ficava atrás das longas mesas onde os duendes trabalhavam, passando por uma pesada e rústica porta de madeira que os levaria até o conhecido vagonete.

— Subam – disse Ferris – Vou leva-la aos cofres do nível três, onde temos ótimos...

Tendo se certificado que estavam sozinhos, e longe o suficiente para que não fossem ouvidos, pela segunda vez no dia Harry levantou a varinha e ordenou:

— Imperio!

— ...Mas antes, acho que um tour seria bastante instrutivo! – o duende falou, agora com a voz ligeiramente mais pastosa, e o olhar bastante desfocado.

— Bem, acho que até agora tudo ocorreu surpreendentemente bem – o rosto de Remus apareceu assim que o vagonete saiu de seu lugar, e ele despiu a capa de James, guardando-a no interior de suas vestes.

— O que você acha, Gui? – perguntou Harry, imitando Remus e guardando a própria capa.

— Acho que eles desconfiam – respondeu Gui, sombrio - Por mais que a quantia que trouxemos foi equivalente a uma pequena fortuna, o duende ao lado do que nos atendeu desconfiou quando ele disse para visitarmos os cofres antes de assinarmos a documentação. Eles desconfiam.

— Então o que sugere? – perguntou Tonks, cortando um rasgo no vestido até a altura do joelho, para deixa-lo mais confortável – Dar no pé assim que possível?

— Se for possível, você quer dizer – argumentou Remus, sombrio.

— Já chegamos até aqui – disse Harry, com firmeza – Vamos até o final. Duende Ferris, leve-nos para o cofre dos Lestrange o mais rápido que puder.

— O vagonete só tem uma velocidade, senhor – respondeu o duende, e com um tranco, o pequeno vagonete chegou à sua velocidade máxima, e manter os olhos abertos contra o vento frio ficou muito difícil.

O veículo se mechia com uma velocidade impressionante, mas ainda mais impressionante era como ele se mantinha nos trilhos devido a imensa instabilidade em curvas e descidas. Harry e os outros tinham os dedos dos nós brancos tamanha força faziam para se segurarem, embora Ferris estivesse muito confortável e parecesse não perceber que a cada curva fechada que davam o carrinho parecia que escaparia pela tangente.

A temperatura caía a cada metro que eles desciam, a ponto de suas respirações saírem com pequenas baforadas de névoa branca. Eles com certeza já deveriam estar a centenas de metros do solo de Londres, e a cada curva que os levava mais para baixo, mais Harry sentia o coração acelerar sabendo que a qualquer segundo eles iriam se deparar com...

— A queda do Ladrão! – gritou Harry. A cascata caía violenta sobre os trilhos, e eles a atravessaram à toda velocidade – Preparem-se para pular!

Ele mal havia acabado de falar e o vagonete deu uma guinata súbita e finalmente saiu dos trilhos, capotando e arremessando do carrinho quem quer que não tenha pulado a tempo, despedaçando-se em uma parede próxima com um barulho assustador e rápido, deixando por fim, apenas o som da água batendo forte no chão de pedra fria.

— Estão todos bem? – Gui perguntou novamente com suas feições, levantando-se, molhado e sujo de terra, mas intacto em outros aspectos.

A resposta afirmativa de Carlinhos, Tonks e Remus acalmou Harry um pouco, e até mesmo a resposta afirmativa vindo do duende o deixou mais aliviado, mas assim que ele se virou, percebeu que o duende estava sentado sacudindo a cabeça, aparentemente confuso, afinal, a Queda do Ladrão também desfizera a maldição.

— Impérius! – o garoto ordenou novamente, e o duende trocou a expressão de confusão para educada indiferença, enquanto se levatava novamente - Muito bem – disse Harry, secando e tirando a terra das roupas o melhor que pôde – A Queda do Ladrão lava e desfaz todos os disfarces mágicos. Já sabem que têm impostores no banco, isso se já não desconfiavam antes. A guarda já deve estar vindo em nossa direção.

— Então – Tonks chegou ao lado de Harry, o rosto novamente sardento e em formato de coração concentrado em direção ao túnel escuro por onde vieram – No três?

— No três. – Concordou Harry, juntamente de Carlinhos, Gui e Remus, que também levantaram as varinhas. – Um, dois, três; Bombarda!

Um leve tremor se fez sentir, assim que o feitiço saído das varinhas atingiu o teto e as paredes do túnel atrás de si, e se intensificou conforme placas enormes de pedras se desprendiam e caíam, ameaçadoramente cada vez mais próximas de onde estavam.

— Salvio Hexa! – gritou Harry, e um brilho sobrenatural os envolveu, tão intenso que Harry sentiu o nariz sangrar tamanho esforço para manter a barreira protetora em volta de si e dos outros enquanto as paredes caíam como dominós nos quilômetros por onde tinham passado, enchendo o ar de poeira e destruição.

Vários segundos se passaram antes que o único som voltasse ser o da água batendo nos trilhos, e só então Harry tirou a proteção que pairava sobre si e os outros.

— Isso deve comprar tempo o suficiente – ele disse, sentindo o gosto metálico de sangue na língua – Ferris, nos leve para o cofre dos Lestrange. Carlinhos, se puder ir na frente com o duende, nós devemos encontrar o dragão a qualquer momento.

Com um rápido aceno, Carlinhos se adiantou até ficar ao lado da pequena criatura, que cambaleava calmamente na frente do grupo, levando-os por entre o labirinto de corredores até que, ao virarem a esquerda depois de um corredor especialmente mal iluminado, eles se depararam com a coisa para qual eles estavam preparados, mas cujo tamanho colossal ainda fez com que todos parassem de repente e prendessem a respiração inconscientemente.

Um enorme dragão adormecido jazia na frente deles. Com quase sete metros de comprimento, ela estava encolhida como uma bola, mantendo o musculoso rabo de escamas ásperas e opacas enrolado em sua volta, enquanto o pescoço comprido mantinha a cabeçorra apoiada nas duas patas dianteiras, que serviam como uma espécie de travesseiro.

— Uma fêmea de Hebridean Black – sussurrou Carlinhos no meio da escuridão – Ela é... linda.

— O importante agora é você mantê-la quieta e longe de nós – Gui respondeu, depois de passado o susto inicial – Depois você pode leva-la pra jantar.

— Ferris – Harry chamou – Mantenha o dragão controlado.

Levantando uma pequena sacola que trazia no cinto, o duende tirou uma pequena peça de metal que Harry sabia que quando balançada, produzia um som idêntico ao feito por martelos batendo em bigornas. No segundo em que o primeiro tom foi ecoado na antecâmara em que se encontravam, os enormes olhos cegos do dragão se abriram e ela se levantou nas duas pernas trazeiras, rugindo estrondorosamente em um som que Harry não deixou de perceber que era feito de puro pavor, antes de retroceder e se esconder em um buraco na rocha, que mal sobrava espaço para a besta se encolher.

Assim que o dragão deu espaço para que passassem, um por um seguiu em direção ao cofre que Ferris o levou, e com uma ordem dada por Harry, o duende comprimiu a palma da mão e seus longuíssimos dedos contra a porta, que se dissolveu no instante do contato, revelando uma ampla caverna de mais de quatro metros de pé direito, e três vezes esse tamanho em largura, atulhada de moedas, tapeçarias, jóias, armaduras, quadros, peles, frascos de poções e um enorme esqueleto brilhante de um quadrúpede.

— Como vocês se lembram, todos os objetos aqui estão enfeitiçados com uma junção do feitiço Duplicador e o Abrasador! – Harry disse firmemente para Remus, Tonks e Gui, que vinham ao seu lado – Procurem com os olhos, não toquem em nada. A taça é pequena e de ouro, com duas alças em formato de asas.

Com extremo cuidado para não encostar em nada, Harry percorreu em passos pequenos o chão onde ele sabia ser seguro pisar. Seus olhos estavam se mexendo rapidamente, dos seus pés, passando pelas pilhas de moedas, por sobre os móveis antigos de aparência cara onde peles desconhecidas e estranhas estavam amontoadas, subindo pelas paredes e prateleiras, percorrendo seus conteúdos até o teto.

Vários minutos se passaram, e Harry estava começando a se preocupar com a fatídica aparição dos guardas do Gringotes quando a voz fina de Tonks surgiu, seguida de faíscas azuis que subiram além das pilhas do tesouro, denunciando sua localização para os outros.

— Está aqui! – ela gritou, esganiçada – Pequena, de ouro, com duas asinhas feias de dar dó!

Com o coração na boca, Harry correu o mais rápido possível até Tonks, sempre tomando um enorme cuidado para não encostar em nada que não fosse pedra. E então, quando ele finalmente alcançou a mulher e seguiu com os olhos para onde ela estava apontando, ele viu. Era uma taça pequena, com menos de um palmo de altura, feita de ouro escuro e lavrado, flanqueada por duas delicadas asas abertas. Era a mesma taça que ele havia roubado em seu universo, e a mesma taça que ele sabia ter pertencido a Hepzibá Smith, roubada por Tom Riddle e feita por Helga Hufflepuff.

— Isso! – Remus gritou, entusiasmado, assim que os encontrou, seguido de Gui – E agora?

— E agora a gente pega a taça – disse Harry, chutando-se mentalmente por não ter pensado em nada para pegá-la.

— Sim, mas como? – perguntou Gui, limpando o suor da testa com as costas da mão. O calor que deprendia do tesouro em ondas deixava o ambiente sufocante.

— Remus, você se lembra dos seus anos em Hogwarts? – Harry perguntou calmamente, enquanto rasgava tiras de tecido de suas vestes e as enrolava nas próprias mãos. Ele gostaria de ter tido uma ideia melhor, mas se deu certo uma vez, certamente daria outra. Teria que dar.

— É claro – respondeu Remus, desconfiado.

— Lembra que tinha uma azaração que ficou muito popular, por volta do seu quinto ano? – perguntou Harry, enquanto encaixava os óculos o melhor que conseguia no rosto.

— Levicorpus? Sim, é claro, mas Harry, não acho que me lembrar da minha adolescência vá nos tirar daqui. – Remus respondeu carrancudo e ansioso.

— Remus, quero que use a azaração em mim. – ele disse firmemente, e viu os olhos do homem mais velho se arregalarem, tanto de surpresa quanto de descrença. – Você vai me erguer com cuidado até a taça, e eu vou pegá-la. No entanto, assim que eu a pegar, ela vai queimar o tecido até chegar na minha pele – ele continuou, mostrando as mãos enfaixadas precariamente – então assim que eu a pegar, você vai me levar para fora da sala o mais rápido possível. Você entendeu?

— Céus – Remus olhava para Harry com os olhos muito abertos, mas ao mesmo tempo, um pequeno sorriso surgiu em seu rosto barbado quando ele apontou a varinha para ele – Você é mesmo o filho do seu pai. Quando estiver pronto.

— Eu estou pronto. – disse Harry, e ele sentiu como se uma corda invisível o tivesse levantado pelo tornozelo, deixando-o pendurado no ar.

Aos poucos, Harry foi ganhando altura, e por mais de uma vez não bateu em uma pilha de moedas ou em algum outro tesouro qualquer por questão de centímetros. Quando ele finalmente chegou na altura da taça, Harry do melhor jeito possível, devido as mãos duras por causa das faixas improvisadas com as quais ele protegia as mãos.

— Peguei! – Ele gritou, e um barulho explosivo muito ao longe pode ser ouvido – Vamos sair logo daqui!

Sentindo as camadas de tecido que protegiam suas mãos serem consumidas pelo calor irradiado da pequena peça, Harry foi perdendo altitude ao mesmo tempo em que os barulhos de explosão ao longe se tornavam mais intensos.

— Acho que temos companhia – disse Remus, liberando Harry quando ele já estava a poucos centímetros do chão, tornando sua queda nada indolor, embora bastante desajeitada, já que ele estava agarrado a taça com toda sua força de vontade.

Levantano-se do melhor jeito possível, e ignorando o clamor da pele da sua mão para que largasse a taça incandecente, Harry correu com os outros para a antecâmara o mais rápido que pode, percebendo que o barulho que vinha pelas paredes se tornava cada vez mais alto e mais nítido, de centenas de vozes gritando “Ladrões! Peguem os ladrões! Agarrem! Capturem!”

— Subam no dragão! – Gritou Harry, tentando colocar a taça, que já não mais o queimava, no bolso interno das vestes, junto com a capa de invisibilidade.

— Subir onde?! – Gritou Tonks – Eu pensei que a fuga no dragão fosse pro último caso!

— Esse é o último caso! – Harry gritou de volta, conforme se aproximavam de Carlinhos, que mantinha o dragão acuado contra a parede – Carlinhos, precisamos montar no dragão.

— Ok, deem a volta nela, subam pela calda! – gritou Carlinhos, que se virou novamente e apontou a varinha para as correntes que prendiam o dragão e ordenou – Relaxo!

Com um alto barulho metálico, as algemas, agora frouxas, caíram no chão de pedra no exato momento em que Carlinhos terminara de subir pelas costas imensas do animal, que ao perceber que estava livre, urrou um grito de contentamento acompanhado por um jorro de fogo que iluminou todo o ambiente em um inferno vermelho-dourado.

Com o coração palpitante e a respiração meio presa pela adrenalina, Harry escalou pelas escamas duras e ásperas do animal, até encontrar um ponto em suas costas onde ele conseguia apoiar os dois pés e segurar-se com segurança. Imitando-o, Harry viu os outros buscarem freneticamente outros pontos nas costas do animal onde pudessem se segurar, enquanto Carlinhos subia mais alto, até a base do pescoço da fêmea, onde agarrou-se confortavelmente no exato momento em que o dragão empinou-se nas duas pernas traseiras e abriu as asas, mexendo-as, como se as testasse para saber se ainda tinha controle sobre elas.

Um novo jorro de fogo escarlate surgiu da garganta do dragão, dessa vez mais curto e preciso, apontado para o teto sobre si, explodindo parte do túnel por onde a guarda vinha, jogando o corpo pesado e escamoso sobre a centena de pequenos doendes, que se jogaram para todos os lados, buscando se proteger das toneladas do animal, que abrira o caminho pelos duendes, lanças, adagas e pedra com ajuda da força das garras e do corpo maciço.

Agarrado com todas as forças nas escamas do dragão em frenesi, Harry só conseguia mexer a cabeça para garantir que todos estavam bem, mas quando ele olhou para frente para conferir como estava Carlinhos, ele achou que estava vendo uma visão. Sentado no pescoço do animal, Carlinhos Weasley parecia um cavaleiro medieval em um cavalo de guerra. Apoiando-se com os joelhos e agarrado com uma das mãos, o homem parecia estar falando com o dragão ao mesmo tempo que o ajudava a aumentar a passagem, com a mesma ferocidade que a besta abria caminho pela pedra.

— Defodio! – Gritou Harry, apontando para sua frente, ajudando a raspar o teto o melhor que podia, e assim que os outros perceberam o que ele estava fazendo, outros três jatos púrpura se juntaram ao dele, forçando seu caminho para cima, passando por corredores de pedra e cofres recheados de ouro, deixando cada vez mais para trás os barulhos dos guardas raivosos até que, com a força do dragão combinada aos feitiços, a luz surgiu, tão cegante como bem vinda, e eles se viram no meio do branquíssimo saguão principal do banco.

O caos se instalou enquanto duendes e bruxos gritavam e corriam para tentar se proteger, mas o dragão não estava interessado neles. Feliz que finalmente conseguia abrir suas asas em todo seu tamanho e glória, o dragão virou a cabeça para o ar fresco que vinha do exterior e soltou uma última baforada de fogo antes de jogar o corpo contra a porta principal do banco, que ruiu facilmente quando o dragão por ali passou, levando consigo Harry, Carlinhos, Gui, Tonks e Remus, agarrados do melhor jeito possível em suas escamas enquanto a enorme besta subia pelos céus em direção à sua liberdade.

 


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Notas finais do capítulo

Até terça, coisas lindas!!!

Ah, e quem for do Rio, vou esse sábado no show da Adore Delano (linda!), se alguém for, me procura por lá :D



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