Harry Potter e o Orbe dos Universos escrita por RedHead


Capítulo 49
A Decisão de Remus, As dúvidas de Carlinhos e O Medo de Gui


Notas iniciais do capítulo

Ooooi amados :D

Talvez vocês tenham percebido que hoje não é terça. Mas que absurdo, essa escritora atrasar, que falta de amor aos escritores!!! Calma gente, juro que amo vocês, e que dessa vez a culpa não é minha! Vocês sabem que meu note tava mais pra lá do que pra cá umas semanas atrás. Então, essa semana ele foi todo pro lado de lá :( E só agora consegui um substituto pra postar enquanto o técnico não salva meu lindo filho... Por isso sumi! Mas acredito que antes de terça o técnico troque as peças defeituosas (já temos uma ideia do problema). Foi isso (ufa!)

Enfim, desculpem o atraso, mas foi o que deu :( Semana que vem já devemos voltar a programação normal :D

Eeeeee eu queria desejar um felicíssimo aniversário a Sophia, que vem nos acompanhando desde o início, sempre comentando ♥ Agradeço e curto cada comentário, de verdade! Obrigada, e espero que tenha tido muito bolo e brigadeiro hehehe (ps: Sophia, você faz aniversário no mesmo dia que minha ídola, minha rainha, Bianca del Rio? ♥ )

Mas não vou encher o saco de vocês ainda mais! Boa leitura, gente! :*



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A semana seguinte ao encontro com os Malfoy se arrastou lentamente. Os novos retratos dos indesejáveis, assim como prometido por Narcisa, começaram a circular no dia primeiro, reacendendo com força a curiosidade que os aldeões e alunos do castelo tinham pelo passado de Harry, e mesmo que ele e Dumbledore houvessem chegado a um comum acordo que manter o segredo de como ele chegou naquela realidade era o mais sensato a se fazer, a notícia que ele era o filho de Lily e James Potter espalhou-se como fogo em erva daninha, e em poucos dias Lottie já se divertia contando sobre as teorias que ela escutara escondida pelo castelo.

— Mas para mim, a Senhora Flutoato tem a melhor teoria de todas – Lottie afirmou, deitada no sofá do apartamento dos Potter com um pote de sorvete trazido por Cookie para ajudá-la a combater o calor que a noite de maio trouxe.

— Qual é essa? – James, apoiado nos joelhos de Lily, perguntou curioso.

— Que você e Lily tiveram gêmeos, e tiveram que escolher qual dos bebês seria morto, para despistar Voldemort, e mandaram o outro bebê para treinar desde criança para derrotar o Poderoso Chefão – Remus respondeu, abaixando o livro que estava lendo antes que Lottie pudesse responder.

— Me surpreende que alguém acredite nessa teoria – Sirius argumentou, roubando um pedaço do chocolate ao lado de Remus e recebendo um olhar reprovador da parte do amigo – Qualquer um que tenha ao menos ouvido falar na Lily sabe que ela nunca concordaria com isso.

— Obrigada, Almofadinhas – Lily sorriu docemente.

— Quer dizer... – continuou Sirius, com a voz meio abafada pelo chocolate - ...você sempre arranja um escândalo quando...

— Eu acho que você deveria ter parado no elogio, Almofadinhas – James interrompeu o amigo, que se deu por vencido pelo chocolate e desistiu de falar até que houvesse mastigado todo o naco que havia mordido.

— Qual a sua teoria favorita, Harry? – Lottie perguntou, acomodando as pernas nos joelhos do irmão, sentado ao seu lado – Harry? Terra para Harry?

— Ah, desculpe – Harry abaixou o pesado livro que estava lendo e o fechou, virando para a irmã – Do que estamos falando?

— Das melhores teorias de como você pode ser você – Lottie respondeu, depois de engolir uma generosa colherada do sorvete de menta com chocolate – Mas deixa para lá. Afinal, o que você está lendo? Gringotes, a Ascenção dos Duendes?

— Tenho procurado saber mais sobre a construção e a organização do banco – Harry respondeu, marcando a página do livro e colocando-o sobre a mesa – Gui me emprestou o livro, acho que na esperança de me fazer desistir do plano.

— E? - Lily perguntou, esperançosa.

— E eu acho que sei como fazer a invasão dar certo – Harry respondeu, aceitando uma colherada do sorvete oferecida por Lottie – Mas ainda preciso conversar com Gui, e ele só volta da França amanhã à noite.

Lily não se esforçou para esconder a desaprovação com a invasão, mas manteve-se calada. Desde a última reunião da Ordem, Harry havia reparado que ela o observava com olhos preocupados quando achava que ele não estava olhando, por mais que ela não fizesse perguntas, assim como o marido. Entretanto, o mesmo não se estendeu aos amigos dos pais, e mais tarde, naquela noite, Remus chamou Harry para uma rápida conversa, depois que Sirius seguiu seu caminho para seus aposentos no sexto andar.

— Harry, sei que você está convencido a dar continuidade à invasão de Gringotes – ele afirmou, e o garoto não se deu o trabalho de negar – Eu posso ter estado em um estado vegetativo nos últimos vinte anos, mas acho que entendo um pouco sobre a mente dos que não são bruxos, como eu.

— Do que você está falando? – Harry se espantou, e a sua voz saiu mais ríspida do que ele havia planejado – É claro que você é um bruxo.

— Sou um lobisomem, Harry – Remus respondeu calmamente – E por mais que Duendes sejam muito diferentes em seu modo de ver a vida, quando comparado aos meus iguais, nós sofremos os mesmos preconceitos que eles, e somos tratados como menos que humanos. E como defesa, muitos de nós criamos a mesma aversão aos bruxos que sentimos ser dirigida a nós. Gringotes é um terreno pertencente à uma raça diferente, e você estudou como a relação deles com os bruxos é tumultuada. E os duendes, principalmente os de Gringotes, não confiam nos bruxos.

— Sim, eu entendo isso – Harry tentou falar, mas foi interrompido por Remus.

— Você pode tentar – disse ele – Mas você não sabe. Os duendes, assim como os lobisomens, raramente confiam e obedecem a alguém fora de sua espécie. Mas com o domínio de Voldemort, eles foram obrigados a criar uma aliança com os bruxos para que os Comensais permitissem que eles pudessem continuar a administrar o ouro. – Remus suspirou e passou a mão pelo queixo barbado antes de continuar – O que eu quero dizer é: você tem certeza que não existe outro meio?

— Tenho – Harry respondeu, incisivo.

— Então eu gostaria de ir com você – Remus se aprumou, e Harry não deixou de notar que ele ficou alguns centímetros mais alto com a postura certa – Eu, mais do que ninguém, entendo a relação delicada entre bruxos e mestiços, ou não-humanos. Sei que vou poder ajudar.

— Remus – falou Harry, mas ele foi novamente interrompido.

— Eu sei que a Ordem tem membros mais jovens, mais fortes, mais saudáveis – o homem continuou – Mas eu estou em forma novamente, depois de tantos anos. Já tenho a mesma velocidade em duelos que antes, e talvez ainda mais. Nesses meses desde que cheguei aqui eu tenho me esforçado muito em minha recuperação, e eu tenho tido resultados ótimos! Eu estou recuperado, e...

— Eu acredito em você – Harry assentiu, sorrindo para um Remus muito surpreso – E concordo que seu ponto de vista nesse caso seria uma vantagem. Fico realmente feliz em poder contar com você – e estendeu a mão, que foi prontamente apertada pelo homem mais velho, selando a oferta, antes que Remus finalmente se despedisse e o deixasse sozinho no corredor do castelo, iluminado pela lua minguante no céu.

***

Na manhã seguinte, Harry levantou-se ao raiar do sol. Àquela hora o café ainda não havia sido servido, por isso ele deu uma rápida passada na cozinha para comer alguma coisa antes de sair do castelo. Cookie, como das outras vezes, o reconheceu assim que ele entrou na cozinha, e fez questão de servi-lo pessoalmente o chá com leite e as torradas francesas até ele sentir o estômago estufar.

Depois de agradecer pelo desjejum, e prometer à Cookie (e aos outros elfos) que voltaria outras vezes, Harry tomou o caminho para os jardins, em direção à floresta, onde ficava o pequeno estábulo reservado para os testrálios. Aquela manhã de maio estava demasiadamente bonita, com um céu azul rajado de poucas nuvens, mas o sol estava forte apesar da hora, e o caminho até Hogsmeade seria mais confortável em uma das carruagens do que a pé.

Os testrálios são criaturas crepusculares, mas Harry não teve dificuldade em encontrar um que estivesse disposto a leva-lo à vila, mediante um belo pedaço de carne. O caminho estava desobstruído e limpo, então a pequena viagem durou menos tempo que Harry havia calculado inicialmente, e assim que o testrálio estacionou a carruagem na entrada da vila o sol mal havia se movido no céu, e as ruas ainda estavam quase desertas, apesar de haver barulho dentro das casas, indicando que muito de seus moradores estavam se preparando para fazer seus afazeres. Entretanto, Harry sabia, quem ele procurava já estava acordado e cumprindo suas tarefas há tempo.

Caminhando com calma pela orla de casas seguindo uma pequena cerca de madeira, quase beirando a barreira mágica, Harry pôde ouvir um barulho muito parecido com um balir, e guiou-se pelo som. Não demorou muito, e ele encontrou um animal muito parecido com uma ovelha, só que com enormes chifres multicoloridos que combinavam com os cascos e decididamente afiados. Dessa vez, ele não teve dificuldades em reconhecer o animal como um Chemily, apesar do animal não possuir mais a grossa camada de lã que possuía alguns meses atrás.

Com as temperaturas mais altas de maio, os animais começaram a dar claros sinais de desconforto em relação a pelagem quente e que precisavam ser tosquiados. Não obstante, aparar a lã de Chemilys é uma tarefa perigosa, não somente pelos chifres afiados e venenosos, mas porque esses animais são muito desconfiados, e qualquer movimento brusco pode fazê-lo investir. Por sorte, Carlinhos Weasley tinha muito talento com animais, mágicos ou não, e a tarefa de cuidar do rebanho era sua responsabilidade.

— Carlinhos, bom dia! – Harry cumprimentou, alguns metros distante, buscando avisar sua presença antecipadamente para evitar que o pequeno Chemily que o outro homem tosquiava se assustasse – Elas parecem tão pequenas, sem a lã.

— E aí, Harry – Carlinhos cumprimentou, levantando-se e esticando as costas depois de terminar de tirar a lã que cobria o pequeno filhote de Chemily que logo saiu saltitando em busca da sombra de alguma árvore – Não deixe o tamanho te enganar, os chifres mágicos não diminuem depois que a lã é tosquiada.

— A cicatriz no seu ombro foi um Chemily mal-educado? – Gracejou Harry, por mais que o formato da ferida fosse facilmente reconhecível para um auror bem treinado.

— Quase – Carlinhos levitou a lã da última Chemily até o montante maior em uma carroça – Foi um dragão mal-educado. Eu me distraí no meu primeiro mês na Romênia um bebê dragão resolveu testar sua mordida no meu ombro. Por sorte ele não era venenoso, e os meus colegas foram rápidos em me ajudar.

— Ah, sim – Harry concordou, nervosamente levando a mão até os cabelos.

— Harry, eu sei porque você está aqui – Carlinhos falou, logo depois de mandar a carroça em direção à vila com a lã recém tosquiada. – Meu irmão veio falar comigo antes de ir para a França, e ele me contou sobre Gringotes. E eu vou ser sincero com você – Carlinhos era baixo, tinha a estrutura óssea da senhora Weasley e dos gêmeos, então quando se aproximou de Harry ele teve que levantar a cabeça ligeiramente para olhar nos olhos verdes – O que você quer é loucura.

— Eu sei que Gringotes é provavelmente o lugar mais seguro para se guardar alguma coisa. Com exceção, talvez, de Hogwarts – acrescentou Harry, lembrando-se com um aperto no peito de Hagrid – Mas a invasão não é impossível. É perigosa, obviamente, mas já foi feito.

— “Se procuram sob o nosso chão, um tesouro que nunca enterraram...” – recitou Carlinhos.

— “...ladrão, você foi avisado, cuidado.” – Terminou Harry, começando a se irritar por se lembrar da dificuldade que fora convencer Grampo em seu universo – Eu me lembro bem. Mas não vamos roubar nada, ou pelo menos não para lucro próprio.

— Não acho que os Duendes entendem essa diferença – disse Carlinhos, sentando-se na grama debaixo de um enorme carvalho, onde duas pequenas Chemilys descansavam um pouco distantes – Qual é o seu plano?

Satisfeito que Carlinhos tenha lhe dado essa abertura, Harry sentou-se ao seu lado, recostando-se no tronco e sentindo a grama fresca em sua mão.

— O Gui me emprestou alguns livros que ele recebeu no treinamento, quando foi admitido no Gringotes. Em um desses livros, diz que quando um cliente pretende abrir um novo cofre, ele é levado até os níveis disponíveis, dependendo da quantia de dinheiro que ele pretende investir – Harry explicou, procurando ser o mais sucinto possível, e tentando ao máximo não pensar nas falhas em seu plano – Eu possuo uma capa de invisibilidade, e meu pai tem outra. E precisaremos de alguém disfarçado, fingindo ser um estrangeiro querendo abrir uma conta no banco. Li também, que quando a quantia inicial é grande, a burocracia maior é deixada de lado, para ser feita depois que o ouro é depositado, então se pudermos arrecadar uma boa quantidade de dinheiro, não teremos problemas em entrar na antecâmara onde se leva aos cofres. E então, quando estivermos sozinhos, vou lançar a maldição Imperius no duende que estiver nos guiando.

— A Imperius! – engasgou-se Carlinhos.

— Somente um duende de Gringotes sabe os caminhos que o vagão precisa fazer para chegar aos cofres, e o dos Lestrange fica nos níveis mais baixos e mais protegidos – explicou Harry, tentando parecer calmo e tranquilo - Precisamos ter a certeza que ele não nos dedure depois de passarmos pela cascata d’A Queda do Ladrão.

— Bem, se for assim...

— E depois que passarmos por ela, mesmo com o duende controlado, o banco saberá da presença de impostores – Harry continuou falando, ignorando o comentário de Carlinhos – Por isso vamos demolir a passagem que nos levou até lá, bloqueando-a. Isso nos comprará tempo suficiente para pegar a Taça.

— Mas Harry, se vamos bloquear o caminho por onde chegamos, como você pretende que saiamos?

— É aí que você entra – disse Harry, satisfeito que Carlinhos não tivesse negado a participação, ainda – Os cofres mais baixos são guardados por um dragão. Precisamos de alguém que consiga controlá-lo para que ele fique calmo enquanto estivermos no cofre. E que o instigue a cavar terra acima, para que fujamos com ele.

— Harry, eu trabalhei por alguns anos na Romênia, mas isso faz muito tempo! – Carlinhos balançou a cabeça negativamente, mas Harry ainda não havia se dado por vencido.

— Carlinhos, você é o único membro da Ordem que têm um treinamento em criaturas mágicas, e por isso você sabe como eles são agressivos e imprevisíveis. Precisamos de alguém que saiba ler os sinais que o dragão está dando, e que consiga pelo menos tentar induzi-lo a nos ajudar.

— Você pelo menos sabe de qual raça estamos tratando? – perguntou Carlinhos, subitamente interessado, e Harry sentiu o coração parar de antecipação.

— Creio se tratar de uma fêmea de Hebridean Black (*). Ela foi cega e presa muito pequena, e os duendes a maltratavam com correntes, para que pudessem controla-la – informou Harry, e Carlinhos soltou um longo assovio impressionado.

— Essa raça de dragão exige 170 quilômetros quadrados de espaço para viver confortavelmente, e você está me dizendo que existe uma fêmea vivendo no subsolo de Londres? Ela é uma bomba relógio.

— Sim – afirmou Harry – E se não houver outra opção, parte do meu plano inclui explodir essa bomba relógio. E sei que nossas chances diminuem muito sem sua ajuda. Eu posso contar com você?

Carlinhos manteve o olhar de Harry firmemente, e o garoto apostou que o outro estava estudando suas opções e analisando o plano do melhor jeito possível. Vários segundos se passaram sem que o mais velho movesse um só músculo, mas somente quando Harry estava convencido que teria que fazer tudo aquilo sem Carlinhos, que ele ergueu a mão, oferecendo-a para que Harry a apertasse.

— Você pode contar comigo.

Com um grande sorriso no rosto, Harry tomou a mão de Carlinhos e a apertou, sentindo a própria ser esmagada dolorosamente, mas ele ignorou a dor, satisfeito que ele poderia se preocupar com menos uma parte do plano, além de que, ele tinha a certeza de que convencendo o irmão, Gui também aceitaria acompanha-los.

***

Assim como prometido, o sol havia se posto a poucos minutos quando Gui retornou a Hogwarts com as notícias de Beauxbattons. Ele e Fleur Delacour sempre se encontravam em cidades e vilarejos diferentes para trocar informações, mas as notícias eram poucas, já que ambas as proteções das escolas ainda estavam intactas.

— Alguns pequenos incidentes com tentativas dos agulhas em penetrar o campo de proteção feito pelos sereianos, mas ele ainda está intacto – informou Gui diretamente para o professor Dumbledore, embora Moody, Harry e os outros irmãos Weasley também estivessem no escritório do diretor – Fleur disse, inclusive, que a relação da escola com os sereianos nunca foi tão amigável.

— Já está tratando a francesinha pelo primeiro nome? – Carquejou Moody, encarando-o profundamente.

— Isso é o de menos, Olho-Tonto. Precisa vê-lo na Toca depois de voltar das missões – disse Fred, do outro lado da sala, sorrindo sorrateiramente em direção ao irmão – Oh, Fleur é tão divertida! Tão inteligente! Tão forte! Oh... Auch! – Fred, que estava usando o tom de voz dois oitavos acima do normal se calou rapidamente depois de ter a cabeça acertada por um pesado livro, arremessado pelo irmão mais velho.

— Moleque... – Moody virou-se para Gui ameaçadoramente – Esse trabalho não é um serviço de encontros! Vocês dois estão altamente expostos nesses encontros para troca de informações, e consequentemente, a Ordem também fica exposta!

— Alastor, largue a pose. – Dumbledore falou calmamente, enquanto equilibrava os oclinhos em cima do nariz torto – O que tiver de ser, será. E você sabe da competência de Gui, assim como todos nós.

— Posso assegurar que trato todas as missões da Ordem com o máximo de respeito e cuidado, Moody – respondeu Gui, friamente, aos resmungos de Moody – Sou capaz de me defender, e a Fleur também, se for isso que está insinuando. Sou um bom bruxo, obediente ao que é melhor para a Ordem.

— Bem, já que tocamos nesse assunto... – Harry aproximou-se da mesa onde Gui estava sentado, e tomou uma cadeira em sua frente.

— E também não sou suicida, Harry – suspirou Gui, apoiando os cotovelos nos joelhos – O livro que eu te emprestei não abriu seus olhos?

— Sim, ele foi de muita ajuda – afirmou Harry, satisfeito, e sua visão periférica viu Dumbledore se aprumar melhor em sua própria cadeira, observando-o.

— E mesmo assim você não desistiu dessa invasão impossível? – Gui perguntou, passando as mãos pelos cabelos compridos, visivelmente cansado.

— Eu não acho que seja impossível – Harry, que havia aberto a boca para responder, manteve-a aberta de surpresa com as palavras ditas por Carlinhos – Harry e eu conversamos bastante essa manhã, e eu acredito que existe uma chance de dar certo.

— Você não nos disse que havia chegado a um plano infalível, moleque – Moody se remexeu desconfortavelmente na cadeira onde estava sentado, o olho mágico girando tão rápido em sua órbita que a íris azul mais parecia um borrão.

— Ah, mas ele está longe de ser infalível – Harry riu nervosamente, refreando ao máximo o impulso de levar a mão à nuca – Talvez esteja mais na categoria “possível”.

— Ora... – Moody levantou o toco do dedo indicador para Harry, mas sua ameaça morreu no ar quando a voz de Dumbledore o interrompeu.

— Pois eu adoraria ouvir esse plano possível – o diretor pediu, encorajadoramente, e Harry sentiu os cantos da boca repuxarem em um sorriso agradecido antes de contar o que havia planejado.

No geral, os poucos presentes mantiveram-se em silêncio durante sua narrativa, exceto por uma ou outra expressão de compreensão ou assombro por algum detalhe mais curioso ou perigoso do plano.

— Harry, eu admito que se tudo sair como você planeja, o plano é... possível – disse Gui, a contra gosto – Mas me parece que metade do seu plano é baseado em sorte!

— Eu sei que o plano tem muitas falhas, mas...

— Gui, me diga um plano da Ordem que não tenha envolvido enormes quantidades de destino e sorte – Ronald, que até então estava quieto, apoiado na parede mais distante da mesa do diretor interrompeu Harry, que olhou para o outro garoto, surpreso pelo apoio – Em Guerra, por melhor planejado que seja o seu ataque, não tem como prever cada reação do inimigo para se planejar para cada contra-ataque, e talvez nós não sabermos exatamente cada passo a ser dado venha a ser uma vantagem! Temos bruxos poderosos e talentosos, com habilidades únicas para missões únicas! Lupin entende bem da relação dos bruxos e não-bruxos, Carlinhos é um especialista em animais mágicos e o Harry é um dos caras que mais sabe se virar em batalhas que já vimos. – Ronald falava extremamente rápido, as orelhas ficando mais rosadas a cada palavra – E você já trabalhou no Gringotes! Já esteve lá dentro, em contato com os Duendes... Se existe uma pessoa que pode fazer esse plano funcionar, é você!

— Ronald... – Gui tentou começar a falar, mas sua voz foi sobreposta pela do irmão mais novo.

— Não venha com “Ronald” pra cima de mim! – Ele falou, e suas orelhas agora estavam definitivamente vermelhas – Você sabe tanto quanto eu que precisamos da maldita Taça para chegarmos um pouco mais perto do fim daquele desgraçado e acabar essa Guerra. Precisamos fazer isso, mesmo que as chances de sucesso sejam nulas. Nós já perdemos o papai, perdemos George, perdemos a Gina...

— Exatamente! – explodiu Gui, levantando-se depressa

— E vamos continuar perdendo entes queridos se essa Guerra não acabar – Dumbledore, que normalmente era risonho e calmo, respondeu dolorosamente – Gui, isso que temos, essa proteção do Castelo, é uma benção, mas não é vida. Aqui temos crianças que nasceram, cresceram, e nunca foram além da barreira mágica. Eu sei – o diretor levantou a mão, pedindo que Gui não o interrompesse antes de continuar – Sei que suas intenções são as melhores, mas devo lembra-lo que essa não é minha primeira Guerra, embora seja mais longa. Em minha adolescência e juventude Grindewald estava vivo, espalhando o medo e o terror na França, pelo que ele... pelo que nós acreditávamos ser o “bem maior”. E mesmo quando eu percebi que tudo o que acreditávamos não passava de mentiras toscas, eu simplesmente me afastei no lugar de enfrenta-lo, certo de que a distância e o isolamento das ações dele deixariam a mim e aos meus protegidos sãos. Novamente, eu me mostrei errado, e aprendi duramente que enquanto houver um grande mal, ele deve ser combatido. De nada adiantará se esconder, e fazer o mínimo possível para apenas sobreviver.

— O senhor está dizendo que eu não tenho feito o suficiente pela Ordem? – Gui sentou-se novamente, o rosto meio espantado e meio ofendido.

— Muito pelo contrário, Gui – Dumbledore sorriu, levantando o canto dos bigodes prateados ligeiramente – Você é um membro honrado e valioso para nós. Mas agora, mais do que nunca, precisamos de você.

— Gui – Harry chamou a atenção para si, procurando deixar a voz o mais calma possível – Eu só quero que saiba que seja qual for sua decisão, ninguém vai julgá-lo. Entretanto a invasão a Gringotes vai acontecer de qualquer modo. Mas eu sei que a sua ajuda deixaria a missão muito mais segura.

Harry manteve firmemente o olhar de Gui por todo o tempo que o homem mais velho o perdurou, mas no final, a resposta dada não foi a que Harry esperava ouvir.

— Eu sinto muito – Gui murmurou – Mas não posso.

— Mas eu posso – Ronald afirmou, levantando-se altivamente olhando Harry diretamente nos olhos.

— Mas nem pensar! – Gui levantou-se novamente, em uma impressionante imitação da senhora Weasley – Ronald, o que você pensa que vai fazer em Gringotes? Ser morto?

— Posso morrer, mas sei que morrerei lutando pelo que sei que é certo! – Ronald respondeu grosseiramente ao irmão antes de se virar para Dumbledore – Posso decorar cada palavra e imagem dos livros de Gringotes em uma semana. O senhor sabe que tenho uma ótima memória, e conheço o suficiente da História dos Duendes para me comportar bem na frente de um, e...

— Ronald, por favor – pediu Gui, e o tom de súplica em sua voz chamou a atenção do irmão, que se virou.

— Gui? – sussurrou Ronald olhando em volta, que assim como os outros irmãos estavam boquiabertos, confusos – Olha... Eu sei que você se preocupa comigo, mas eu vou ajudar nessa missão, e qualquer outra se for necessário.

— Não será necessário – Gui levantou o olhar, e a sua voz mostrava uma nova determinação – Harry, eu preciso que você repasse comigo seu plano, precisamos fazer algumas modificações. Professor Dumbledore, Moody, se puderem ficar e nos auxiliar, seria de imensa ajuda.

— Isso quer dizer que você aceita? – perguntou Harry, ainda desconfiado.

— Sim – confirmou Gui, estendendo a mão, que Harry aceitou após um breve segundo de hesitação – Que Merlim nos ajude. Vamos invadir Gringotes.


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Notas finais do capítulo

(*) No filme, Rony diz que é um Dragão Ucraniano, mas no livro não há especificação do dragão.

Por hoje é só, pessoal! Espero ver vocês de novo na terça :D



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