Harry Potter e o Orbe dos Universos escrita por RedHead


Capítulo 45
Draco Malfoy


Notas iniciais do capítulo

Genteeee, é terça! E eu sei, eu seeeeei que sumi e ainda não respondi os comentários, mas juro que vou! É que to com um probleminhas aqui que não me deixaram sentar pra conversar com vocês, mas eu li todos os comentários, e me diverti e me emocionei com cada um, de verdade :)

E queria dar um aviso... Esse capítulo não é como os anteriores, como vocês podem ver, e espero que gostem dele também ;)

Boa leitura!



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Draco Malfoy acordou com um humor devidamente bom naquela manhã particularmente fria de abril. Havia sonhado com Hermione, e esses sonhos sempre faziam-no acordar com um discreto sorriso no rosto.

Com os olhos semicerrados, observou o relógio sobre a lareira indicar que ainda havia poucos minutos até que as sete horas se anunciassem, o que dava a ele um bom tempo com seus pensamentos, antes que tivesse realmente que se levantar para suas obrigações.

Deixando o corpo afundar novamente no colchão macio sob a grossa coberta, Draco fechou os olhos novamente, procurando reviver os detalhes que ainda se lembrava do sonho que acabara de ter. E quando os detalhes do sonho se tornaram vagos, ele deixou-se guiar pelas suas lembranças com a noiva, desde seu primeiro encontro em Hogsmead, tantos anos atrás, até a última vez que a viu, poucos dias antes do fim do ano que passou.

Já fazia quatro anos que ele não sabia qual seria a próxima vez que a teria em seus braços, mas só a promessa de dias melhores eram o suficiente para mantê-lo firme em seu papel de espião. Obviamente, não era um papel simples. Desde que se formou em Hogwarts ele trabalhava no Ministério, ao lado do pai, onde precisava prestar atenção a cada palavra que saia de seus lábios, e a máscara deveria permanecer posta mesmo em casa, onde eles recebiam convidados quase todos os dias. Sem dúvida, uma rotina estressante, mas que ele já havia se habituado desde que o Lorde das Trevas tomou a Mansão Malfoy como seu quartel general enquanto estava na Grã-Bretanha.

Sair de debaixo do edredom macio quando o cuco anunciou as sete horas fora deveras difícil, mas ele já estava submerso em sua banheira antes da última badalada do relógio. Tomou um banho demorado, aproveitando com prazer os poucos minutos por dia em que não precisava fingir ser algo que não era, e seus pensamentos invariavelmente acabavam chegando nela.

Depois de quase uma hora sentado na água quente de sua banheira, Draco se arrastou para fora do banheiro para se trocar e se arrumar para mais um dia de trabalho. Ele e o pai tinham privilégios muito além dos que apenas seu nome os traria, somado ao fato da família Malfoy estar no círculo íntimo do Lorde das Trevas os tornava praticamente realeza, portanto nunca tiveram reclamações sobre chegarem invariavelmente duas horas depois do expediente ter começado.

Com um último suspiro, ele pegou uma pesada capa e jogou-a sobre o braço, saindo de seu quarto em direção a sala de jantar menor, onde ele e seus pais faziam as refeições quando não haviam convidados importantes o suficiente para fazer uso da sala de jantar principal.

Apesar do nome, a sala de jantar menor acomodava vinte e quatro cadeiras, apenas na mesa de refeições. O ambiente ainda contava com uma enorme lareira de mármore e um confortável conjunto de poltronas, onde eles poderiam tomar um chá com maior intimidade, se assim desejassem.

— Mestre Draco – Dobby, o elfo o cumprimentou assim que ele chegou, tomando de suas mãos a pesada capa após fazer uma profunda reverência – Seus pais o esperam para o desjejum.

— Obrigado – Draco disse poucos segundos antes do elfo desaparecer. Ele gostava da pequena criatura. Era um servo leal e bem-intencionado, e estava com eles desde antes de seu nascimento.

Depois de instalado na cadeira à direita de seu pai, ele tomou um pequeno gole da xícara em sua frente, sentindo o gosto forte do café invadir sua boca, e sorriu com as lembranças que o gosto trazia para si. Ele gostava muito dessas manhãs, sem convidados e sem máscaras. Os pais também pareciam gozar da paz que reinava sobre a mesa farta conversando baixinho, rindo de uma piada interna só dos dois. Alegrava Draco ver a mãe tão relaxada, e ele se permitiu o luxo de fantasiar com Hermione ao seu lado, compartilhando do desjejum com sua família.

Ele se lembrava com clareza do dia em que os pais foram visita-lo em Hogsmeade, e como ele estava nervoso em apresentar Hermione como sua namorada. É claro que ele sabia desde cedo que os pais não compartilhavam mais dos mesmos ideais do Lorde desde a noite do atentado aos Potter, mas a causa puro-sangue ainda era algo que ele sabia que seu pai se importava. Ou pelo menos era o que ele pensava. Ele nunca iria esquecer a surpresa que sentiu quando Narcisa abraçou Hermione como a uma filha e, embora ele não houvesse contado para ninguém, ele viu o pai observar os dois com um sorriso no rosto, como se nada o deixasse mais satisfeito no mundo que o filho estivesse feliz e apaixonado.

Mas, como ele veio a aprender depois de tantos anos, esses momentos de paz nunca duravam. Dobby surgiu com um estalo alto uma fração de segundos depois de ouvirem o primeiro grito vir do lado leste da mansão.

— O Lorde retornou, meus senhores – Dobby gaguejou, as perninhas finas tremendo violentamente – Ele requisita vossa presença.

Draco se levantou de onde estava como um raio, e em questão de segundos ele e os pais seguiam em direção aos gritos, que ficavam mais altos e, se possível, mais desesperados a cada passo que davam, e quão mais avançavam pelos corredores, mais os gritos irreconhecíveis tomavam sentido em seus ouvidos.

— Meu Lorde... Eu nunca...Piedade!

— Bela? – Ele sentiu a mãe apressar o passo e ultrapassar a si e ao marido, correndo em direção à voz da irmã. – Bela!

Com força, ele viu a mãe escancarar a porta da biblioteca, revelando uma cena que ele julgava não ser possível acontecer. Encolhida em frente a lareira, sua tia Belatriz se retorcia e gritava por piedade, clamando pela bondade de seu Mestre. Draco já havia presenciado os efeitos da maldição cruciatus vezes o suficiente para reconhece-la, mas nunca imaginou que sua tia um dia seria torturada de tal modo, principalmente pelas mãos do Lorde.

— Meu senhor... – a voz de Belatriz estava fraca e seu corpo tremia descontroladamente, mas ainda assim ela tentava arranjar forças para se aproximar do mestre – Eu nunca mentiria para o senhor... Eu...

— Meu Lorde – Draco viu com a visão periférica o pai se curvar levemente antes de se dirigir ao bruxo das trevas, mas ele estava assustado demais com a cena para lembrar-se de suas boas maneiras. – O que aconteceu?

Draco se lembrava bem da primeira vez que viu o Lorde das Trevas, e do medo que sentiu quando ele pousou os olhos vermelhos nele, e a verdade é que esse medo nunca passou. O Lorde era assustador, sim, mas indubitavelmente também era um ser impressionante. Ele era alto, mais alto até mesmo que seu pai, e muito magro, embora suas feições ainda fossem consideradas bonitas, apesar da idade já um pouco avançada. Sua pele, muito branca, ficava esticada sobre seu crânio fino e criava sombras onde as maças do rosto saltavam, embora ele já não fosse um homem jovem. Seus cabelos, antes muito pretos hoje caiam grisalhos por suas costas, compridos a ponto de quase alcançarem seu cinto. Mas, sem nenhuma dúvida, a primeira coisa que se via ao se observar o Lorde, eram seus olhos. De um vermelho intenso, pareciam duas brasas penetrantes e intimidadoras, a cor proveniente dos anos praticando a magia negra.

— Bela parece não ter aprendido que nunca se mente ao próprio Mestre – a voz aveludada do Lorde contrastava em muito com o ódio em seus olhos, ainda grudados na seguidora, que encolhida rastejava buscando chegar perto de suas bainhas. – E como você sabe, Lucius, Lorde Voldemort não aceita quando seus súditos mentem. Crucio.

Incapaz de continuar a encarar friamente a dor infligida a sua tia, Draco tentou encontrar a resposta em outro rosto. Pouco mais de uma dezena de comensais estavam espalhados pelo local, embora nenhum estivesse encapuzado, e ele reconheceu cada um deles. Os Crabbe, Mulciber, Rookwood e os McNair, até mesmo o Ministro Snape estava entre eles.

— Meu Mestre – Belatriz balbuciou, sua boca e nariz escorrendo sangue que pingava enjoativamente no chão sob si – Eu nunca mentiria para o senhor... Eu sempre devotei...

— Insolente! – Voldemort gritou, voltando a erguer a varinha, mas antes que pudesse tomar uso dela, a voz da sua mãe se fez ouvir.

— Por favor, não! – Narcisa havia se ajoelhado ao lado da irmã, lágrimas profundas saiam de seus olhos suplicantes. – O senhor conhece a lealdade de minha irmã, ela seria incapaz...

— O que Ciça está tentando dizer, meu Lorde – Draco viu Snape ir em direção ao mestre para ajudar a sua mãe – É que a resposta para tal impasse é simples. Veja os pensamentos de Bela, olhe pelos olhos dela. Desse modo, ela seria incapaz de mentir para o senhor.

Draco se sentia petrificado no lugar enquanto Voldemort ponderava as palavras de Snape. Ele sentia que deveria ir até a mãe e tirá-la de lá, tirá-la de perto da ira do Lorde, mas seu corpo parecia incapaz de fazer algo que não fosse suar e tremer levemente de terror, enquanto observava o homem levantar novamente a varinha em direção à sua tia e ordenar:

— Legimens.

Tomando conta para não deixar seu rosto trair ainda mais suas emoções, Draco se aprumou onde estava, observando a cena na sua frente. Sua tia Bela, ainda ajoelhada no chão, tinha os olhos desfocados e a boca levemente aberta, de onde um filete de sangue fresco ainda escorria. Ele sabia que naquele momento o Lorde estava vasculhando a mente da general, procurando o pedaço de informação que tanto o enraiveceu.

Desde que descobriu seu talento para oclumência, Draco aprendeu que a leitura de mentes não é uma magia de fácil execução, sendo muito mais complicada do que a arte de fechá-la. Os pensamentos não ficam organizados como em um livro, onde basta achar a página certa para acessar o que se deseja, a mente humana é muito mais complexa e multiestratificada, embora seja verdade que os maiores legimentes são capazes de penetrar na mente alheia e interpretar corretamente suas conclusões.

Nauseado, Draco acompanhou cada um dos soluços e gritos que sua tia dava encolhida em frente a lareira. Ele sabia, por experiência própria, que ter a mente invadida não era algo agradável, ainda mais quando o invasor o fazia de maneira propositadamente brusca, como um estupro. Foi somente depois de muitos minutos, ou talvez tivessem sido apenas alguns segundos, que o Lorde soltou a mulher de seu feitiço, os olhos vermelhos abertos e vidrados, brilhantes de ódio e, Draco arriscou pensar, medo.

— Eu quero que saiam todos, menos Snape, Bela e os donos da casa – Voldemort falou com a voz baixa e fria, mas ainda com a varinha em punho – Agora! – A explosão de fúria desencadeou o caos entre os outros ocupantes da sala, que saíram correndo do melhor jeito que puderam da biblioteca, fosse pelas portas, janelas ou qualquer outro meio de sair do raio de alcance da ira do seu Lorde.

Draco sentiu as pernas ficarem significativamente mais fracas com o ódio que exalava em ondas escuras da pele do Lorde, e teve que se apoiar em uma das cadeiras próximas, com medo de perder completamente o controle de seus joelhos. Com o canto dos olhos, ele olhou para o seu pai, que embora não estivesse se apoiando em nada, tinha em seu rosto espelhado o mesmo terror que o filho.

— Bela, preste atenção, porque eu vou perguntar apenas uma vez – Voldemort sibilou, e a cada palavra emitida, a varinha na mão do bruxo soltava faíscas douradas – Quem mais ouviu?

— Todos os que estavam lutando no átrio – Bela respondeu, a voz apenas mais alta que um sussurro.

— Lucius – Voldemort se virou para o seguidor, que manteve o olhar do mestre, sem ao menos piscar ao demonstrar qualquer emoção – Reúna todos os que estavam no átrio.

— Sim senhor – Draco se surpreendeu ao ouvir a voz do pai firme e clara – E depois que estiverem reunidos?

Draco se encolheu novamente, mas mesmo com o medo correndo em suas veias, ele se descobriu incapaz de desviar o olhar do rosto distorcido pela cólera do Lorde, que tinha os lábios encrespados e secos quando ordenou:

— Mate-os.


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Notas finais do capítulo

POV diferente, WHAAAAAAAAT

É que eu queria mostrar o "depois" do tio Voldy, mas com o pov do Harry não dá, então segui para a segunda melhor opção :D Me digam o que acharam!



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