Harry Potter e o Orbe dos Universos escrita por RedHead


Capítulo 35
Invasão, Batalha, Vitória


Notas iniciais do capítulo

Ah, noite de segunda, minha hora preferida da terça feira. HAHAHAHHA

E aí, genten, como vocês estão? Não sério, é que vocês sumiram um pouco, daí me senti sozinha sem (quase) ngm pra tagarelar... Mas tudo bem, pq terça nova, vida nova!

O capítulo hoje tá BEM animado, pra quem curte tensão, batalhas, corre-corre, e tals, tá um prato cheio! Espero que gostem!

Boa leitura :*



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Quando os sereianos deixaram Harry e os outros no mesmo local onde os encontraram pela primeira vez, ele não deixou de perceber uma certa tensão presente nos rostos ligeiramente reptilianos.

— Nos despedimos aqui. – Ao contrário da ida, na volta o grupo foi escoltado por um total de quatro soldados além do sereiano que dirigia a carruagem-barco. – Espero que entendam o lado de Sua Majestade, o rei. Ele apenas quer defender o nosso povo.

— Sua princesa não pareceu concordar com isso. – Lottie retrucou, mal-humorada, e Jaques recomeçou a suar frio, olhando muito assustado para a garota.

— A Princesa Sirena tem visões diferentes do Rei. Ela acredita que o povo do mar não deve ignorar a Guerra em que o mundo se encontra. – O sereiano que conduziu a carruagem respondeu, embora estivesse visivelmente contrariado, quase como se estivesse envergonhado da decisão de seu rei.

— E o que vocês acham? – Harry perguntou, e dessa vez Jaques não conseguiu impedir um pequeno som de terror escapar.

Dessa vez, nenhum dos sereianos respondeu, muito menos conseguiram manter o olhar de qualquer um deles. Com uma rápida mesura, os cinco sereianos se viraram rapidamente e nadaram na direção oposta até desaparecerem no horizonte.

Jaques parecia muito aliviado por estarem sozinhos, tanto que praticamente correu para fora d’água. Harry ainda ficou alguns segundos observando a imensidão azul por onde os sereianos foram embora, mas assim que se virou para andar em direção à praia alguma coisa chamou sua atenção. O ambiente em sua volta parecia sobrecarregado de magia, e quão mais perto da superfície ele chegava, a energia ficava mais forte e mais evidente, como se a água do mar servisse de escudo para as ondas de magia.

Ainda dentro d’água, Harry trocou um olhar significativo com Dumbledore, que parecia também haver percebido que alguma coisa estava acontecendo. Lottie, logo atrás de Harry, estava claramente confusa com a troca de olhares silencioso e sério dos dois homens.

Quando Harry emergiu a cabeça de dentro do mar, findando o feitiço cabeça-de-bolha, ele sentiu as ondas de magia negra baterem em seus tímpanos e estômago. O ar estava sobrecarregado e sendo cortado todo o tempo por raios coloridos de feitiços provenientes da batalha que estava acontecendo no château.

Jaques, já completamente fora d’água, estava muito parado, claramente estático com a situação. Harry correu o mais rápido que pode com as ondas para chegar até a praia, as lembranças da Batalha de Hogwarts surgindo em flashes em sua mente, mas antes que ele pudesse chegar até o Maître, ele viu um vulto negro surgir no caminho que levava ao château.

— Avada Kedavra.

Harry viu de longe um relâmpago muito verde atingir Jaques no peito. Pareceu que o corpo do homem estava em câmera lenta enquanto caia, e Harry sentiu seu próprio corpo puxar Lottie para trás de si enquanto se escondiam atrás de uma das rochas que surgiam pela areia da praia. Harry sentia Lottie respirar muito rápido e descompassadamente, os dedos finos e frios muito apertados em volta de suas vestes. Dumbledore, agachado em outra enorme rocha alguns metros na frente de onde Harry e Lottie estavam, olhava muito seriamente em direção de onde o vulto surgiu, mas de onde estavam, Harry não conseguia ver o que o diretor via, mas uma coisa era certa.

Eles chegaram tarde demais, Beauxbattons foi invadida.

***

Harry não reconheceu o assassino do maître Jaques, mas ele já não estava mais na praia, e apesar da atmosfera carregada, ele tinha certeza que estavam novamente sozinhos, pelo menos na orla. Dumbledore ainda estava agachado onde se escondera, observando com cuidado algo que Harry não conseguia ver. Com um feitiço, Harry moveu um pouco da areia ao lado de Dumbledore para lhe chamar a atenção, mas o homem apenas ergueu os longos dedos em sinal para que ele esperasse.

Foi então que Harry percebeu que Lottie ainda não havia largado sua blusa. Seus dedos estavam brancos pela força com a qual ela se agarrava ao tecido, e grossas lágrimas escapavam pelos seus olhos, mas ela não estava tremendo mais.

— Chegamos muito tarde – Ela sussurrou, sua voz saiu trêmula e muito baixa. – O que vamos fazer agora?

— Primeiro vamos procurar pelo nosso pai e o resto da Ordem. Depois... – Harry disse, mas Lottie o interrompeu.

— Como sabemos que ainda estão vivos? – Lottie parecia estar fazendo um esforço hercúleo para não desmoronar. Aquela era a primeira vez que ela realmente saia do castelo, e acabar no meio de uma batalha deveria ser, no mínimo, assustador. Resistindo ao instinto de abraçar e confortar a irmã, Harry fechou os olhos e se concentrou o melhor que pode.

A magia ainda era fresca, e de algum modo o cheiro de sal ajudava no embrulho de seu estômago pela concentração. Ele procurou separar o melhor que pode as ondas de magia rapidamente, descartando uma por uma até que...

— Porque eu sinto a presença dele. – Harry falou, convicto. – E também a de Gui, e eu acho que também sinto Fleur. Você confia em mim?

Lottie encarava Harry muito séria. Com um movimento rápido, ela sacou a própria varinha e com a outra mão secou os olhos. Ao mesmo tempo, Harry viu Dumbledore fazer um sinal para que eles fossem até ele, e com cuidado os três caminharam para fora da areia até o jardim que dava acesso à praia.

Haviam dezenas de duelistas espalhados pelo gramado e, no alto das escadas que davam ao castelo. Com um rápido olhar, Harry se surpreendeu ao perceber que reconheceu apenas um comensal, Aleto Carrow, uma das comensais designadas por Voldemort a lecionar em Hogwarts após a morte de Dumbledore, na realidade de Harry. Ainda estudando a situação, ele viu cerca de cinquenta comensais duelando com bruxos que estavam, aparentemente, tentando impedir que o château fosse invadido, e com um estalo Harry lembrou o motivo: as aulas haviam recomeçado no dia anterior, haviam centenas de crianças lá dentro. Rapidamente, ele levantou a varinha e ordenou:

— Glisseo! – Os degraus se achataram formando um grande escorregador, e os comensais que ainda não estavam na varanda despencaram até atingir o gramado onde Harry, Lottie e Dumbledore estavam.

— É Dumbledore! – Harry ouviu alguém gritar de dentro do château, e isso pareceu dar mais forças a todos, pois ele viu dois seres encapuzados caírem rampa abaixo, desacordados.

O château, normalmente tão bonito e cuidado, parecia irreconhecível. A parte do jardim onde ficava o enorme labirinto vivo ardia em chamas, a terra estava revolvida e suja sem contar com os corpos jogados de qualquer jeito na propriedade, mortos ou muito feridos para se moverem. O caos reinava naquela tarde gelada.

Foi incontável o número de azarações que vieram em sua direção assim que sua presença foi detectada, mas o treinamento de Charlotte e da Academia se fez presente mais uma vez. Harry cortou o ar com a varinha tão rápido que sua mão pareceu um borrão ao levantar um feitiço escudo tão forte que desequilibrou até mesmo duelistas mais distantes.

Encorajados pela presença de Dumbledore, Harry viu bruxos e bruxas abandonarem a segurança da proteção do palácio e se unirem aos que estavam lutando fora da proteção mágica. Aos poucos, os comensais começavam a perder terreno, em direção à praia.

No início, Harry havia ficado muito preocupado com Lottie, mas depois de vê-la se defender, desarmar e estuporar um comensal muito gordo, em uma velocidade que ele não teria acreditado se não tivesse visto, ele relaxou um pouco, mas ainda assim a mantinha perto de si, mesmo quando dois comensais se uniram para ataca-lo, jogando feitiço atrás de feitiço na esperança de que algum fosse atingi-lo. Calmamente, Harry se defendeu de cada um deles, mas na primeira oportunidade dada, Harry lançou uma enorme labareda de fogo em direção aos dois oponentes, que tentaram se defender levantando uma parede d’água, mas no segundo que a labareda encostou n’água, ela se transformou em uma enorme cobra negra, que se enrolou nos dois comensais até imobiliza-los completamente antes de se transformar em pedra.

Satisfeito, Harry correu com Lottie em seu encalço até onde antes ficavam as escadas que levavam ao château. Enquanto lançava feitiços e azarações nos comensais que atacavam o local, Harry viu Gui e Fleur lutarem contra três adversários, embora a veela estivesse com um braço obviamente quebrado. Dumbledore estava duelando com quatro comensais ao mesmo tempo, mas embora seu semblante estivesse sério, Harry sabia que ele não estava tendo dificuldades para manter a briga equilibrada. Alunos uniformizados também tentavam defender sua escola do melhor jeito possível, mas os comensais eram muitos, e reforços encapuzados chegavam a toda hora do caminho que dava à praia, deixando-os cada vez mais encurralados.

Após alguns minutos, que mais pareceram uma eternidade, Harry finalmente avistou James duelando com um comensal corpulento, varinha em uma mão, enquanto procurava manter um grupo pequeno de estudantes muito pequenos atrás de si. Concentrado em chegar até onde James estava, Harry estuporou uma comensal baixinha que lutava com Lottie depois de imobilizar seu próprio oponente, e arrastou a irmã pelo gramado, no entanto seu caminho foi bruscamente bloqueado pelo corpo de um aluno que caiu devido à uma maldição proferida por um comensal muito magro que usava um turbante chamativo, que reergueu sua varinha na direção de Lottie.

Mais por reflexo que por outra coisa, Harry empurrou Lottie para o lado, e desarmou o homem em sua frente, que riu debochadamente de Harry.

— Você me desarmou?! – Ele tinha uma risada histérica, muito parecida com a de Belatriz logo depois que ela fugiu de Azkaban no universo de Harry. – Estamos numa guerra, moleque! E não se engane, só ficará mais difícil! Quem...

Com um movimento fluido, Harry fez cordas se enrolarem por todo o homem, prendendendo-o tão forte que ele começou a ficar roxo, mas Harry não se importou com isso, apenas ajudou Lottie a se levantar e começou a ajudar todos os que estavam mais próximos de si, com as palavras do comensal de turbante, agora desmaiado, em sua mente. “Só ficará mais difícil”, ele disse. O que ele queria falar com isso?

Mas antes que Harry pudesse pensar mais a respeito, a resposta veio até ele. Com um arrepio na nuca, Harry sentiu ondas de magia reconhecida aparatarem na areia, a pouco mais de dez metros de onde estava. Encapuzados e prontos para a batalha, Harry viu chegarem mais duas dezenas de comensais, entre eles, Lucius Malfoy e Belatriz Lestrange.

— Ora, ora, veja só quem está na festa! – Belatriz abriu um sorriso enorme cheio de dentes brancos assim que avistou Harry. – Será que hoje poderemos terminar de dançar nosso tango?

Harry viu os comensais que já estavam batalhando se regorgizarem com a presença da general. Os comensais recém-chegados correram em direção à batalha, deixando apenas Belatriz e Lucius na areia, observando. Harry enfeitiçou a roseira para atrapalhá-los o melhor que pode, mas esses comensais eram mais bem treinados, ágeis e fortes, e em poucos minutos já haviam destruído a proteção de espinhos que Harry havia levantado.

— O rapazinho acha que vai lutar com eles? – Belatriz riu estridentemente, e Harry viu Lucius revirar os olhos entediado com a maneira teatral que a cunhada estava comandando as coisas – Não mesmo. Você é meu, bonitinho.

O cérebro de Harry estava trabalhando muito rápido. Os números de defensores do palácio haviam diminuído, mas o número de comensais também decresceu significativamente. O escudo de proteção externo da escola já havia sido derrubado, então talvez ele ainda pudesse atrasar Belatriz tempo o suficiente para todos abandonarem a escola e fugirem a salvo. Manter Beauxbattons segura agora seria uma tarefa impossível, mas ainda havia a possibilidade de tirar o máximo de pessoas a salvo de lá.

— Lottie – Harry sussurrou para que apenas ela escutasse – Chegue até Dumbledore. Diga que eu a atrasarei enquanto vocês fogem com os alunos. Vá.

— O que disse? – Belatriz perguntou, curiosa enquanto via Lottie se esgueirar para trás do irmão.

— Não sabia que seu mestre a mandava para tomar escolas, Bela. – Harry disse, arrancando um sorriso da mulher.

— Geralmente Lucius é responsável por isso – Belatriz balançou os ombros displicentemente enquanto caminhava na direção dele – Mas faz tanto tempo que eu não escuto crianças gritarem...

Repugnado, Harry deu um passo para o lado, de modo a se afastar o máximo que pudesse de Lottie e dos outros e apontou a varinha para o peito da bruxa.

— A última chance de ir embora sem se machucar. – Harry ameaçou, mas a mulher apenas transformou seu semblante de felicidade em um sorriso arrogante e atacou.

Um jato amarelo relampejou de sua varinha contra Harry antes de se transformar em uma centena de adagas muito afiadas. Com um movimento fluido, Harry se virou e desapareceu da vista de Belatriz, desaparatando ainda mais longe do lugar onde os outros duelavam, acenando a varinha em direção às rochas que surgiam pela areia, semelhantes àquelas em que ele havia se escondido mais cedo. As rochas se uniram em um formato humanoide, que correu na direção de Belatriz, que soltou uma gargalhada tão aguda que mais pareceu um grito.

— É disso que eu estou falando! – Ela riu e destruiu completamente as rochas enfeitiçadas depois de três feitiços redutores, mechas dos cabelos negros se soltando do coque elegante. – Crucio!

Harry escapou da maldição por pouco, e revidou com uma azaração paralisante, que obrigou Belatriz a usar os restos do humanoide de pedra como escudo.

— Qual é o seu objetivo, moleque? – Belatriz vociferou, as faces vermelhas de cólera por ter que se agachar para se defender. – Não vê que não tem como ganhar? Olhe para vocês, e olhe para nós! Suas forças estão fracas, e esse escudo patético é a única coisa que separa essas lindas criancinhas da boa vontade do meu Lorde!

Mais um raio de luz vermelha saiu da varinha de Belatriz, quase não dando a Harry tempo para se defender. Ele estava tentando levar a mulher o mais longe possível dos outros, mas Belatriz não mordia a isca e teimava em continuar perigosamente perto do château. Conformado que aquela seria a maior distância que ele conseguiria, Harry recuou a varinha e a brandiu como se fosse um chicote, de onde saiu uma comprida e fina corrente de fogo que se enrolou no antebraço de Belatriz, fazendo-a urrar de dor.

Com um esgar, ela transformou a corrente de fogo em uma fina serpente que sibilou e deslizou rapidamente na direção de Harry, que a transformou em pó. Lutar daquele jeito, se preocupando com o oponente e com as pessoas a serem defendidas, era muito difícil. Por várias vezes Harry escapou dos feitiços que a mulher lhe lançava por um triz, mas mesmo assim não conseguia não olhar qual era o avanço de Lottie em tirar os outros da propriedade. O que estava demorando tanto?

— Você não deve se distrair em um duelo! – Belatriz falou altiva, quase do modo que um professor fala com um aluno desatento – Pode te custar muito caro!

Harry sentiu o feitiço atingir seu braço esquerdo, seguido por uma dor lancinante. Harry sentiu os joelhos fraquejarem, e se permitiu cair na grama de joelhos.

— Muito melhor assim. – Belatriz abaixou a varinha e caminhou até Harry, que manteve a própria varinha muito bem segura no punho. – De joelhos, do mesmo modo como vai ficar quando meu mestre...

Antes que Belatriz percebesse o que aconteceu, Harry a atingiu no peito com um feitiço que a fez voar vários metros para cima, tão abrasivo que queimou o tecido e a pele branca do colo da bruxa. Ainda com muita dor, Harry se reergueu, pronto para voltar à luta quando o impensável aconteceu.

Um enorme tentáculo surgiu do oceano e capturou Belatriz ainda no ar. A surpresa foi tão grande que alguns segundos se passaram antes que a general comensal retomasse os sentidos e cortasse o tentáculo que a segurava, retornando à terra.

A presença de um único tentáculo foi o suficiente para que todos parassem de fazer o que quer que estivessem fazendo e olhassem para o oceano. Seguindo o tentáculo decepado, outra dezena surgiu das águas salgadas, subitamente turbulentas. Ondas cada vez maiores chegavam à orla, até o momento que Lucius Malfoy, que até então não estava participando ativamente da invasão, teve que sair correndo de onde estava para não ser levado pela fúria da maré.

Naquele momento, todos os olhos estavam virados para o mar, de onde uma enorme figura surgiu das águas. Uma espécie de ser marinho gigantesco, que Harry não soube identificar, se ergueu. Era escamoso e brilhante, suas escamas de um tom de azul que se confundiam com o mar em sua volta. Seu corpo era disforme e vagamente humanoide, com dezenas de tentáculos onde deveriam existir braços e pernas, mas sua cabeça parecia a de uma lula, ou um polvo. Sua boca era circular e possuía dentes muito afiados em toda ela, sem nenhuma língua, mas o som fantasmagórico e assustador que saia dela era muito pior que a visão de restos de embarcações presas em suas fileiras de dentes. Entretanto, apesar de tudo isso, foi com imensa felicidade que Harry viu o monstro erguer os tentáculos, pois, sentada no topo de sua cabeça, estava sentada a Princesa Sirena, em roupa de batalha.

Um por um, os comensais foram arrancados do chão pelos tentáculos musculosos. A princesa lhe dava ordens em sereiano, mas mesmo conhecendo a língua, Harry estava muito longe para saber exatamente o que ela falava. Alguns comensais eram arremessados em direção ao mar, mas a grande maioria que não conseguiu fugir foi devorada pelo monstro. Belatriz fugiu assim que percebeu o que estava acontecendo, seguida de Lucius, que não lutou em momento algum. Em pouco segundos, não havia mais nenhum comensal na ilha onde ficava Beauxbattons.

Abismado com tal criatura colossal, Harry se aproximou da praia completamente ignorando a dor lancinante em seu braço esquerdo. Ao mesmo tempo, ele viu um dos tentáculos se transformar em uma espécie de cadeira que levou a princesa até a praia.

— Princesa. – Dessa vez Harry não se importou em se curvar, muito pelo contrário. Foi com um profundo sentimento de admiração e agradecimento que ele cumprimentou a princesa sereiana, que também parecia feliz em vê-lo. – Não tenho como agradecê-la o suficiente. Nem ao seu... soldado?

— Surume é um kraken. (NA: One piece, nome do kraken, amigo do luffy) Ele é um dos defensores dos mares do Norte. – Seus dentes esverdeados surgiram por trás de seu sorriso. – E meu bichinho de estimação. Foi um presente da civilização nórdica quando eu nasci, e veio para cá ainda do tamanho de um golfinho.

— Não sabia que havia uma civilização sereiana mais ao norte. – Harry disse, o coração se acalmando aos poucos da batalha recém travada.

— Não há mais. Voldemort os aniquilou. Na verdade, aniquilou todas as populações sereianas, com exceção do reino de meu pai e a que existem no Lago Negro, sob proteção de Dumbledore. – A princesa falou friamente, antes de retomar ao tom normal de voz – Por isso vim ajuda-los, mesmo sem o consentimento de meu pai. Sei que ninguém está seguro.

— Foi muito corajoso de sua parte, Princesa. – Harry ouviu Dumbledore se aproximar, e alguns metros atrás dele os bruxos e bruxas capazes de andar se aproximavam para poder ver de perto a princesa sereiana – Mas também imprudente. Creio que a senhorita não poderá mais retornar ao seu povo.

— Agora sou proscrita. – A princesa falou tristemente. – Mas tenho minha consciência limpa. Sei que essa Guerra um momento atingirá meu povo se não lutarmos, e por isso tomei como minha missão ajudar no que puder.

— Mas mesmo que a Guerra acabe, você nunca mais poderá voltar para casa? – Lottie olhava com tanta dor e espanto para a sereiana, que a princesa não reprimiu um sorriso cândido.

— Não se preocupe, senhorita Potter. – Ela respondeu, segurando os dedos de Lottie com suas mãos escamosas.

— Mas – teimou Lottie – Você nunca vai poder voltar?

— Nunca. – Uma voz grave surgiu atrás de todos, atrás até do Kraken. Montado em um trono de conchas sustentado no ombro de vários soldados sereianos e seguido pelas doze sereianas mais velhas e feias que Harry já viu, estava o rei Tritus. – A menos que receba o perdão real.

A única coisa que fazia o barulho naquele momento eram as poucas aves que circundavam a praia. Até mesmo as ondas se silenciaram com a chegada do rei dos sereianos.

— Sirena, o que estava pensando? – Tritus vociferou, a voz baixa e rouca, extremamente assustadora. – Que acabaria com a Guerra com o seu bichinho?

— Com a guerra não, mas com a batalha, talvez! E consegui! – Sirena respondeu, sem um pingo da formalidade que Harry presenciou na última vez que a viu com o rei, visto que agora ela era uma exilada e não devia respeito ao rei.

— E também conseguiu trazer os olhos do Lorde para nosso povo! – Tritus respondeu, o dedo em riste – Ou acha que ele saberá diferenciar que essa foi uma decisão puramente sua, e não de todos os sereianos?

— Quando se tornou um rei tão amedrontado, pai? – Sirena perguntou, os dentes esverdeados aparecendo sob os lábios crispados - Está tão assustado que trouxe as anciãs para manterem um escudo em sua volta!

— Peço perdão pela interrupção, majestade – Harry interrompeu, a dor no braço esquerdo aumentando a má vontade para com o rei – Mas o ato da sua filha não salvou apenas a escola. Não existem mais civilizações sereianas sem serem seu reino e a população do Lago Negro. E eu apostaria meu braço esquerdo que é pela proximidade com os bruxos.

— Está insinuando que não somos capazes de nos proteger? – Tritus se virou raivoso para Harry, mas a dor e a raiva o estavam deixando sem paciência e imprudente.

— Estou dizendo que sem os bruxos vocês não são tão fortes quanto poderiam ser. – Harry gritou, sem dar tempo para Tritus interrompê-lo. Já estava ficando farto da cegueira do sereiano – E que sem a sua ajuda, os bruxos também ficam mais fracos! Não vê?! Quando Voldemort atacou seu clã, vocês não puderam defender sua rainha, e quando seus seguidores nos atacaram, teríamos sofrido muito mais baixas sem a interferência da princesa!

— O que Harry está querendo dizer – Dumbledore interviu, impedindo que Harry continuasse a gritar – É que em momentos de guerra, um bom aliado é melhor que nenhum inimigo. Uma relação simbiótica entre o seu reino e a Escola é a melhor chance que ambos temos de ganhar a Guerra. Os escudos sereianos são muito fortes, raramente penetrados... e a Escola possui bruxos e bruxas prontos para lutar e defender, tanto a ilha quanto o reino subaquático. Nós precisamos de vocês. Assim como vocês, um dia, precisarão de nós.

Tritus ficou vários segundos sem se mexer, analisando suas opções. Ele ainda parecia furioso, mas quanto mais analisava as palavras de Dumbledore, mais ele via verdade nelas.

— Precisaremos eleger porta-vozes, se formos querer manter essa relação simbiótica. – Tritus falou, muito a contragosto, e Harry se sentiu relaxar. – Acredito que maître Jaques será o escolhido pelos bruxos?

— Maître Jaques foi assassinado na batalha – Uma voz esganiçada e meio trêmula chamou a atenção de Harry, que se virou surpreso. O diretor Yure, se aproximava cautelosamente do sereiano, visivelmente amedrontado, mas falando a língua marinha perfeitamente. – Mas eu, o diretor da Academia de Magia de Beauxbattons me ofereço como porta-voz.

— Pobre amigo. – Tritus sussurrou, e Harry não deixou de se sentir tocado pela tristeza no semblante do rei. Aparentemente, ele e Jaques eram amigos, apesar de tudo. – Se for assim, também precisaremos de um porta-voz de alto escalão. Talvez a princesa do reino, se ela aceitar a proposta e o perdão.

— Eu... – Sirena foi pega de surpresa. Os olhos muito azuis estavam muito abertos pelo choque, mas se suavizaram quando ela retomou a pose aristocrática. – Será uma honra.

— Anciãs... – Tritus as chamou, e as doze sereianas velhas nadaram um pouco mais para longe de todos, em círculos, entoando um estranho canto.

Ao contrário do canto da princesa, esse não era hipnótico, mas era igualmente belo. Harry estava confuso sobre como seres tão velhos, feios e enrugados pudessem proferir um som tão gracioso, mas sua surpresa apenas aumentou quando uma névoa perolada quase transparente começou a envolver o perímetro da ilha do castelo mais algumas léguas além. Beauxbattons estava finalmente segura.

E ele agora poderia retornar para Hogwarts com o coração mais leve, e a certeza que ainda havia motivos para se ter esperança na vitória da Guerra. E então, ele poderia finalmente voltar para casa, onde quer ela fosse.


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Notas finais do capítulo

Não disse???

Ahhh mais uma terça que chegou (embora ainda seja segunda...) e o cap acabou tb :/

Mas comentem! E não sumam :3

Até terça que vem, lindões!



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