Harry Potter e o Orbe dos Universos escrita por RedHead


Capítulo 3
Shacklebolt, Gina e Sorvete


Notas iniciais do capítulo

Gente, eu não ia postar mais nada, mas fiquei tão feliz que tive um comentário, que tô postando mais um! ♥

Ainda não sei o intervalo certo das postagens, mas mais pra frente a gente acerta isso ;)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/653605/chapter/3

Quando Harry voltou para a Toca naquela noite após o enterro de Colin Creevey, exausto física e emocionalmente, encontrou Kingsley Shacklebolt conversando com o senhor Weasley pela lareira. Aparentemente, o homem cansou de esperar que Harry viesse ter com ele e resolveu procura-lo. Harry ficou imensamente constrangido de ter esquecido que o atual Ministro pediu uma palavra a sós com ele, mas a cabeça do homem na lareira falou, com sua típica voz gutural, que ele sabia bem como aquela semana estava sendo difícil para todos.

Como conversar daquela maneira pode não ser a atividade mais confortável que existe, o senhor Weasley convidou Shacklebolt para ir à Toca jantar naquela noite e, desse modo, ele poderia conversar com Harry o quanto quisesse.

— Não sei como Arthur consegue manter o peso. Se eu fosse casado com uma mulher que cozinha como Molly eu não seria capaz de levantar da mesa! - Kingsley Shacklebolt tinha uma risada agradável, grave e sincera.

— Mas imagino que a conversa que o senhor tem em mente não seja sobre os dotes culinários da senhora Weasley, Ministro. – Harry e o homem estavam na varanda da casa, observando a noite estrelada e com poucas nuvens. O mais velho achou melhor assim, desejava ter uma conversa privada com Harry.

— Embora seja um talento indiscutível... Você tem razão, tenho outras coisas em mente. – Shaklebolt virou-se em sua cadeira para encarar os orbes verde esmeralda em sua frente – Sei que suas experiências com o Ministério não tem sido as melhores. Mas agora, como Ministro, estou procurando fazer uma limpeza por lá. Você não imagina, ou talvez até imagine, o nível de corrupção em que estávamos afundados. O Ministério estava até o pescoço na lama, e pretendo fazer da minha missão acabar com esse pântano. – Ele estava sério, e Harry sentia que o homem era capaz de ler seus pensamentos, tão fixo e penetrante era seu olhar. Alguns segundos se passaram antes que ele voltasse a falar, mudando de assunto repentinamente – A professora McGonnagal me disse que sua maior ambição era se tornar um auror.

— Sim, não me imagino trabalhando em outro ramo. – Não havia necessidade de uma resposta visto que Shacklebolt não havia feito uma pergunta, mas Harry já estava se sentindo incomodado de ficar em silêncio – Mas como não fiz os NIEM’s nem terminei o sétimo ano...

— Queremos você no nosso grupo de aurores, Harry. Eu e meus conselheiros acreditamos que não é um diploma que dirá que você é bom no que todos sabemos que você é bom. É claro que terá que fazer o curso da Academia de Aurores, mas... Estávamos pensando em abrir uma exceção para esse caso. Na verdade, pretendemos deixar as inscrições abertas a quem quiser se inscrever nesse ano. – Shacklebolt mantinha os olhos fixos nos de Harry, que só então percebeu que estava com o queixo caído.

— Não que eu não esteja... honrado. – Harry sentia a cabeça leve devido à oferta – Mas não sei se entendi direito...

— Estou dizendo que estou com o plano de não exigir nenhuma prova inicial para o ingresso à Academia de Aurores para os que estavam lutando em Hogwarts. Todos os bruxos e bruxas que participaram da Batalha mostraram uma garra necessária para essa profissão. E Dumbledore sempre disse que valorizava muito a sua opinião, senhor Potter. Consequentemente, eu também valorizo. Vim aqui não somente para fazer-lhe essa oferta, mas principalmente para ouvir seus conselhos.

— Eu... Eu acho que todos os que lutaram deveriam ter a chance de se candidatar. Acho que tem razão quando diz que eles mostraram sua coragem naquela noite. – Harry falava calma e pausadamente, a cabeça a mil com as coisas que Shaklebolt lhe falara – E sobre sua proposta, eu aceito, com muito prazer. Acredito que meu lugar não é mais em Hogwarts. Ainda existem muitos comensais foragidos, e com certeza novos bruxos das trevas tentarão usurpar o lugar que era de Voldemort até pouco tempo. Eu não conseguirei descansar até eles terem sido devidamente capturados. E gostaria de fazer isso eu mesmo, pelo menos em parte.

— Imaginei que falaria algo assim. – Shaklebolt deu a Harry um raro sorriso - Pois seja muito bem vindo à Academia de Aurores, senhor Potter. O Profeta virá com os detalhes amanhã, convidando todos que desejarem comparecer.

— Talvez queira usar o rádio, Shaklebolt... – Harry interrompeu o negro que já ia se levantando da cadeira onde estava – Muitas pessoas deixaram de ler o Profeta por causa das loucuras que estavam falando.

O homem parou no meio do movimento para olhar Harry como se nunca o tivesse visto realmente.

— Dumbledore tinha razão em valorizar o que você tem a dizer, senhor Potter. E também gostaria de acrescentar que será um grande auror. Farei o anuncio pelos rádios também. O espero no Ministério para a inscrição amanhã no nosso curso. Não falte.

Com essa declaração, o atual Ministro da Magia entrou na Toca, deixando Harry onde estava. Foi uma semana terrivelmente comprida. Mas uma boa semana, ao todo. As coisas estavam voltando ao lugar, e agora com a maior oportunidade de sua vida, Harry via um novo horizonte nascer diante dos olhos. Talvez agora pudesse ter uma vida normal. Quem sabe até retomar alguns assuntos que estavam pendentes.

A lua já estava alta no céu quando Harry decidiu que talvez já fosse hora de entrar. Mas antes que ele se levantasse de onde estava, um leve perfume floral invadiu suas narinas quando a porta ao seu lado se abriu.

— Harry? Será que posso me sentar com você?

***

Gina estava levemente diferente do que Harry se lembrava. Por mais que tivessem se visto durante a Batalha, não houve tempo suficiente para que ele pudesse reparar nos centímetros que seu cabelo cresceu, nem como suas sardas pareciam ainda mais evidentes agora que sua pele estava mais clara pela falta de sol.

— Já faz cinco minutos que Shacklebolt foi embora e você não voltou com ele. – Gina sentou na cadeira onde poucos minutos atrás o auror estava sentado. – Mamãe estava quase tendo delírios sobre comensais foragidos terem te sequestrado.

Harry soltou um riso baixo, nervoso. Ele e Gina tinham adiado essa conversa até agora, mas parecia que a garota não queria adiar mais nada. Não que ele estivesse gostando da distância entre os dois, mas ele simplesmente não sabia o que falar, não sabia como falar o que queria. Ele nunca foi muito bom com palavras, e a probabilidade de ele falar alguma coisa que pudesse ser mal interpretada era grande.

— Merlin, Harry, eu consigo escutar seu cérebro trabalhar daqui! – Harry não havia se dado conta de como sentia falta do riso dela. Não somente dos risos, mas de tudo. Dos beijos, do cheiro, do toque macio das mãos em sua pele, todas as horas, principalmente as que ficavam escondidos em algum armário de vassouras ou na seção restrita da biblioteca (*).

— É que eu não quero falar alguma coisa que te chateie e acabe com a chance que eu tenho te ter de volta.

— Só porque salvou o mundo acha que tem uma chance comigo, Potter?

— Só entrei nessa furada de salvar o mundo porque me disseram que no final o mocinho sempre fica com a mocinha. – Harry se debruçou em sua cadeira, aproximando o torso de onde Gina estava sentada.

— E porque acha que eu sou essa mocinha? – Gina também se inclinou, algumas mechas rubras se soltaram detrás da orelha onde estavam presas.

— Porque foi por você que eu fiz tudo o que fiz. – Harry levantou a mão e colocou as mechas caídas de volta com o resto dos cabelos da menina presas atrás da orelha – E se eu ter derrotado o maior bruxo do mal dos últimos tempos não for o suficiente para você, Gin, é só falar o que é preciso. Aposto que será um trabalho mais fácil.

— Acho que só me chamar para um sorvete é suficiente. – Gina sorria abertamente agora. O sorriso mais lindo que Harry já viu. E ele teve a certeza de que não mentiu, tudo o que ele tinha feito foi para mantê-la protegida e a salvo.

— Podemos ir depois de eu passar no Ministério. – Harry esticou a mão para segurar a dela entre as suas, passeando os dedos calejados pela pele macia dela.

— Nem teve tempo de descansar e já te chamaram? – Harry riu com a indignação dela.

— Shacklebolt não veio aqui só para jantar, Gina. Ele veio fazer um convite. – Vendo que a menina assentiu, incentivando-o, ele continuou. – Ele me convidou para ingressar na Academia de Aurores. Bem, não somente eu. Qualquer um que participou da Batalha poderá ingressar, desde que seja maior de idade.

— Não perde a chance de correr atrás de bruxos das trevas, não é? – Ela repetiu o gesto recebido e levou alguns fios negros da cabeça do jovem até a parte detrás da orelha do mesmo. Já estavam bem grandes, a franja já chegava abaixo do seu nariz.

— Não posso parar, não enquanto eu tiver minha mocinha para defender.

Eles não estavam longe um do outro, mas pra Harry a distância parecia infinita. Decidido a acabar com ela, ele levantou a mão que não estava entrelaçada com as mãos de Gina e a colocou em sua nuca, puxando delicadamente seu rosto em sua direção. Estava chegando tão perto que conseguia contar as sardas em suas bochechas, ignorando os sons que vinham de dentro da casa aumentando a cada segundo.

— E se tiverem sofrido um ataque? Não me venha com essa, Arthur, eu preciso ver com meus próprios olhos que estão todos bem! – A senhora Weasley praticamente arrombou a porta, tamanha força usada para sair da casa, separando Harry e Gina pelo susto. – Ah, crianças! Estão bem! Não sei o que faria se tivesse acontecido alguma coisa...

— Molly, relaxe – A voz do senhor Weasley foi ficando mais alta até que ele próprio passou pelo beiral da porta. – Estão bem, viu? Está se preocupando à toa... Oh! Espero que não tenhamos interrompido nada. – Assim como os filhos, o senhor Weasley ficava extremamente vermelho quando envergonhado, especialmente nas orelhas.

— Tudo bem, pai, já estávamos entrando. – Gina levantou e abraçou a mãe pelos ombros – Então... Sorvete amanhã, Harry? Beco Diagonal, 14 horas?

— Te encontro lá. – Harry estava sorrindo bobamente quando entrou na Toca. Estava mais tarde do que ele havia calculado, não havia mais ninguém na sala e, assim que entraram, Gina acompanhou o senhor e a senhora Weasley para os andares superiores da casa.

Harry também estava indo em direção às escadas quando ouviu um leve barulho que vinha da cozinha. Tomando cuidado para não fazer nenhum barulho e com o coração na boca, Harry foi pé ante pé até que viu a fonte do barulho.

À primeira vista, o vulto escuro escondido no canto da cozinha podia passar por um ser só, mas se deixasse os olhos se acostumarem à escuridão ficava mais fácil perceber que na verdade se tratava de duas pessoas. Portanto, com muito cuidado para não ser visto, Harry voltou até a sala para subir as escadas que levariam até o quarto de Rony, que com certeza estaria vazio, visto que seu dono parecia bem ocupado com Hermione nas sombras da cozinha.

***

O Ministério da Magia estava especialmente movimentado aquela manhã. Tendo a notícia que todo maior de idade que participou da Batalha de Hogwarts poderia se candidatar à Academia de Aurores, vários bruxos e bruxas apareceram para se matricular. Entre eles, muitos conhecidos de Harry da época de Hogwarts.

Mas muito mais movimentado que o Ministério, estava o Caldeirão Furado. Quando Harry entrou pela porta do pub, teve a impressão de ter voltado no tempo, até quando tinha acabado de fazer onze anos e foi levado por Hagrid até lá pela primeira vez. Assim como da última vez, Harry se perdeu em um mar de pessoas querendo falar com ele ou pelo menos apertar sua mão. Quase estava pensando em aparatar daquele lugar quando sentiu uma mão pequena e quente entrelaçar seus dedos.

— Quem diria... O grande Harry Potter com medo de uma pequena multidão. – Gina falou alto o suficiente para que apenas ele a escutasse – Ainda bem que você tem um compromisso comigo, porque confesso que estou tentada a te deixar aqui no meio deles, estava realmente engraçado. Mas acho que gosto demais de você para te largar aqui...

Com um discreto aceno de varinha, Gina derrubou as panelas do outro lado do salão chamando atenção de todos para aquela direção por alguns segundos, o suficiente para que ela pudesse arrastá-lo até o outro lado do bar onde, batendo no tijolinho certo, abriu-se um arco por onde os dois seguiram de mãos dadas entre risos, atraindo olhares por onde passavam.

***

— Então... – Gina e Harry estavam sentados na varanda da recém reformada Sorveteria Florean Fortescue – Como foi no Ministério?

— Movimentado. Muitas pessoas indo se inscrever para o curso de aurores, muitos nascidos trouxas que não puderam ir pra Hogwarts ano passado estão sendo chamados para que seus pais possam entender que os filhos não correm mais riscos, além de elfos sem mestres em busca de ajuda... – Harry levou a boca mais uma colherada do sundae – Eu não gostaria de estar na pele do Shacklebolt agora.

— Sabe, parte de mim queria que você voltasse pra Hogwarts. – Ela levou rapidamente a colher ao sundae de Harry e roubou a cereja que estava lá – Seria legal estar na mesma turma que meu namorado. – Mal percebeu o que falou, o rosto de Gina ganhou um leve tom rosado que aos poucos foi evoluindo para um vermelho intenso, os olhos castanhos arregalados. – Quer dizer... Não que eu esteja querendo dizer que...

— Eu nunca deixei de te considerar minha namorada. – Harry estava quase tão corado quanto a garota enquanto falava, mas não olhava diretamente para ela. Ele sentia que perderia toda a coragem que se fizesse isso – Eu tenho um mapa. Na verdade, ele era do meu pai, ele e os amigos o fizeram quando estavam em Hogwarts. Ele mostra todos os corredores e salas do castelo e onde cada um está. Eu o levei quando fui embora e o abria para te procurar sempre que podia. Só de ver aquele pontinho com seu nome eu me sentia melhor, porque sabia que você estava a salvo.

— Você... teve esse mapa por sei lá quanto tempo e nunca me falou dele!?

— Isso é brincadeira, né? – Harry olhava incrédulo para Gina, entre o irritado e divertido – Eu acabei de me declarar para você, e a única coisa que você escuta é sobre o map...

Harry não teve tempo de terminar a frase, os lábios rosados de Gina estavam pressionados nos seus, impedindo que ele pudesse continuar de falar. Harry passou muitas noites em que estava caçando horcruxes tentando se lembrar dos detalhes dos beijos de Gina, mas nem suas memórias mais claras o faziam juz. Era doce e alegre, como ela. Leve e calmo, como o voo de um pássaro. E assim como em seu sexto ano, Harry não pode deixar de pensar que de todos os assuntos que as pessoas tinham para falar sobre ele, o fato dele estar saindo com Ginevra Weasley era o melhor de todos, e essas fofocas não o incomodavam nem um pouco.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ok,ok, acho que por hoje chega :)
Até a próxima, gente bonita!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Harry Potter e o Orbe dos Universos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.