Harry Potter e o Orbe dos Universos escrita por RedHead


Capítulo 26
Cookie, O apartamento dos Potter e A irmã


Notas iniciais do capítulo

Genteeeee terça feira! :DD

Hoje o capítulo é um pouco mais comprido... Mas acho que vocês não se importam com esse detalhe :3

Boa leitura :*



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— Me diz que é verdade – Lottie veio correndo sorridente de dentro do castelo deixando para trás Sirius, James e Hermione.

— O que é verdade? – Harry sentiu o rosto corar levemente assim que pôs os pés no salão principal. Todos os moradores do castelo e do vilarejo ainda estavam lá, desarrumados e barulhentos, mas assim que Lottie chamou-lhes a atenção para sua chegada, as vozes foram morrendo aos poucos para estudarem melhor o recém-chegado. Para a esmagadora maioria dos presentes, era a primeira vez que eles o viram, ou que pelo menos realmente repararam em sua existência.

— A esfera de água prendendo quatro agulhas ao mesmo tempo! – Lottie revirou os olhos, exasperada pela falta de compreensão por parte de Harry.

— Ah, isso... – Harry suspirou aliviado, e ele viu Lottie e James abrirem sorrisos como se ele tivesse acabado de confirmar que Papai Noel existia – Sim, é verdade.

— E não foram simples agulhas, os capuzes eram cinza grafite! – Tonks apareceu atrás de Harry acompanhada de Lily que correu ao encontro de Lottie para lhe abraçar e depois se juntou ao marido, bagunçando ainda mais os cabelos rebeldes – Ele nem suou!

— Quebrou o tornozelo. – Ronald estava ao lado da mãe, e olhava Harry com a mesma expressão de desdém que ele estava começando a se acostumar.

— E mesmo com o tornozelo estourado prendeu quatro comensais, parece ainda mais impressionante para mim. – Fred passou o braço por volta dos ombros do irmão mais novo, que fechou a cara na hora – Para você não, Roniquito?

— Não me chamo Roniquito. – Harry viu Ronald sair do salão como um furacão, mas não ligou para isso, agora ele tinha problemas maiores que um ruivo mal-humorado. Parecia que todos os ocupantes do salão principal queriam ouvir ao mesmo tempo sua opinião sobre a guerra, quem ele era e de onde veio. Se não fosse pela intervenção de Dumbledore, insistindo que o perímetro ainda era seguro e que voltassem para suas casas, ele tinha quase certeza que seria morto por pisoteamento, antes mesmo de ter a chance de enfrentar Voldemort.

— Obrigado, professor. – Harry disse sinceramente aliviado, se sua Gina estivesse ali, ela estaria se contorcendo de rir do medo de multidões do noivo.

— Não há de quê. Harry. Além do que já está ficando tarde, logo ficaria impossível que todos retornassem às suas casas. – Dumbledore confidenciou um pequeno sorriso com Harry antes de se virar para a senhora Weasley. – Vocês virão nos agraciar no almoço, Molly?

— Talvez no jantar, Dumbledore. Eu gostaria de ir visitar a tia Muriel, talvez ela nos reconheça amanhã... – A senhora Weasley estava sorrindo, mas parecia artificial, e Harry se perguntou o porque disso.

Dumbledore assentiu e se despediu da mulher, que foi escoltada por seus filhos, até que ficaram tão pequenos que o escuro da noite não permitia saber direito onde estavam.

— Molly nunca perde as esperanças. – Tonks suspirou, se espreguiçando. – Se não se importarem, vou para o meu quartinho... Boa noite, todo mundo.

— Esperanças? – Harry perguntou para Lottie, curioso, mas foi Sirius quem respondeu.

— A filha mais nova dela mora com a tia, no interior do país. – Ele explicou sério, embora seu hálito ainda denunciasse seu estado de embriaguez – Ela não reconhece ninguém na maior parte do tempo, por causa dos danos que sofreu...

— Harry, você está bem? – Harry levantou os olhos até o diretor, que o estudava cuidadosamente atrás dos oclinhos de meia lua, e só então ele percebeu que seus punhos estavam fechados.

— É algo muito difícil para processar. – Harry soltou as mãos, sentindo o sangue voltar a fluir aos poucos, pinicando a ponta de seus dedos – Em meu universo, eu conheço casos em que as pessoas enlouqueceram depois de serem torturadas, e nunca mais voltaram ao normal. É só que não consigo imaginar a Gina desse jeito, sem vida.

— Posso imaginar a dor que você deve estar passando. – Dumbledore apoiou a mão enrugada em um dos ombros de Harry. Hoje Harry sabia que não só o professor conseguia imaginar, mas que ele sabia exatamente como ele se sentia por causa de sua irmã, Ariana. – Mas o mais importante agora é que descansem. Foi uma noite agitada.

Dumbledore deu uma piscadela para todos antes de se retirar, as vestes roxas com estrelinhas douradas farfalhando atrás de seus longuíssimos cabelos brancos. Sirius aproveitou a deixa do diretor e começou a se dirigir para seu próprio quarto, mas depois da terceira vez em menos de dez passos que ele tropeçou nos próprios pés, Harry e Lottie o convenceram a deixa-los ajuda-lo.

Os aposentos de Sirius ficavam no sexto andar na ala norte, logo abaixo do salão comunal da Grifinória. Era bem maior que os aposentos de Harry, e ao lado da lareira havia portas duplas que se abriam para uma pequena varanda que deveria ser muito agradável nas noites quentes de julho. Harry e Lottie tiveram que puxar conversa com Sirius durante todo o caminho para que ele não dormisse no meio de caminho, mas a combinação de bebidas que ele tomou durante a noite foi muito mais eficiente para deixa-lo sonolento do que acordado.

— Você tem os olhos da sua mãe, vocês dois. – Sirius balbuciava bobamente quando finalmente conseguiram convence-lo que dormir na cama seria mais confortável que na varanda – Mas shhhh, não contem pra Lily. É melhor que ela não saiba. E nem para o Pontas, ele não consegue manter segredos da Lily... Parece até língua de lagarto, ou tamanduá. Heh, seria engraçado um veado com língua de cobra.

— Claro que seria, Sirius. – Harry desconfiou que Lottie usou todo carinho que tinha para não rir do homem bêbado a sua frente e ficar calma o suficiente para cobrir Sirius confortavelmente e sair do quarto o mais silenciosamente que pode.

— Ele sempre bebe assim? – Harry perguntou com um sorriso mal escondido nos lábios depois de terem deixado Sirius roncando confortavelmente em seus cobertores.

— Só no natal. – Lottie riu baixinho, os saltos ecoando pelo corredor. – É o único dia do ano que realmente festejamos todos juntos. Mas em compensação bebem o equivalente a um ano de bebedeira... Harry? – Ela franziu as sobrancelhas quando chamou por ele, estranhando que ele tivesse parado de andar abruptamente e segurado seu braço delicadamente.

— Fique aqui atrás e não saia até que eu venha te buscar. – Harry sussurrou enquanto a empurrava para trás do fundo falso de uma tapeçaria. Ele estava tão sério e compenetrado que ela nem mesmo reclamou, apenas obedeceu e ficou atrás do tecido multicolorido. – Eu ouvi alguma coisa.

Agradecido que Lottie não tivesse criado caso, Harry se escondeu nas sombras o melhor que pode e caminhou muito silencioso até a fonte do barulho. Ele abriu os sentidos o máximo que pode, e manteve a varinha em punho. Era um barulho abafado, e vinha de uma sala onde Harry se lembrava de ter tido aulas práticas com Lupin em seu terceiro ano. Ele prendeu a respiração e deu os últimos dois passos que o separavam da sala, preparado para abri-la e enfrentar o que fosse que estivesse lá dentro, mas quando ele chegou perto o suficiente percebeu que a porta só parecia estar completamente fechada, ela na verdade estava entreaberta. Ainda sem respirar, ele olhou por entre o espaço aberto. A princípio, ele achou que não tinha ninguém lá dentro, mas só depois que ele finalmente reconheceu de quem eram as auras que vinham de dentro do ambiente que seus olhos se acostumaram melhor à escuridão em que a sala se encontrava, ele reconheceu James e Lily na mesa do professor, muito mais à vontade do que ele gostaria de ver um dia.

Feliz que estava prendendo a respiração – porque senão ele provavelmente teria gritado alguma coisa – Harry saiu da sua posição do lado de fora da porta entreaberta e voltou pelo mesmo caminho que fez para chegar até ali, tomando duas vezes mais cuidado para não fazer barulho, até chegar na tapeçaria onde ele tinha deixado Lottie.

— Ah, ainda bem que você voltou rápido! – Ela parecia realmente aliviada, mas um vinco de preocupação surgiu entre suas sobrancelhas quando Harry, ao invés de deixa-la sair, entrou no fundo falso e fechou a tapeçaria novamente, deixando o corredor secreto iluminado apenas pela única tocha que havia nele – Você está me preocupando, o que foi?

Harry olhou para ela, e abriu a boca para responder que não foi nada, mas não conseguiu produzir nenhum som, por mais que tentasse, como um peixe fora d’água. Lottie ficava mais preocupada a cada tentativa de ele falar alguma coisa, mas após alguns segundos seu rosto se iluminou de compreensão para, no mesmo segundo, ficar extremamente vermelho e envergonhado.

— Ah não... você viu não foi? Meus pais se agarrando? – Ainda sem voz, Harry apenas acenou positivamente, e Lottie encolheu os ombros, corando ainda mais – Oh, céus, eu espero que eles estivessem apenas se agarrando, e de roupas...

— Como – Ele tossiu, a primeira tentativa saiu grossa e rouca – Como sabe?

— Eles acham que são discretos, mas eu já os peguei em situações que nenhum filho quer presenciar vezes demais para não reconhecer os sintomas. – Ela se apoiou na parede, cruzando os braços emburrada, embora ainda estivesse muito vermelha.

— Você tem razão – Harry a imitou e se apoiou na parede oposta com os braços cruzados de frente para ela no corredor apertado. – Nenhum filho quer presenciar uma situação dessas.

Harry percebeu o que havia falado assim que as palavras já tinham saído. Mesmo sob a luz fraca da pequena tocha, ele conseguiu ver o cérebro de Lottie trabalhar enquanto ela entendia aos poucos o significado das suas palavras.

— AI MEU... – Harry tapou a boca de Lottie rapidamente, visivelmente preocupado que alguém a tivesse escutado.

— Shhhh! – Ele falou o mais baixo que pode, com a certeza que só o barulho de seu coração era capaz de acordar sozinho todo o castelo. – Eu prometo responder tudo que você perguntar só não grite nem faça nenhum barulho, por favor!

Ainda com os olhos muito arregalados, Lottie balançou a cabeça positivamente e Harry abaixou as mãos devagar.

— Ai meu Deus, eu sabia, eu sabia! – Ela sussurrou balançando as mãos freneticamente – Você é Harry Potter? Filho de James e Lily Potter! Meu irmão que morreu?!

— Tecnicamente...

— Dane-se o tecnicamente! – Ela falou um pouco mais alto, e tapou a própria boca com medo que Harry fosse repreende-la, mas como ele não o fez, ela relaxou e respirou fundo algumas vezes antes de falar novamente – Eu preciso de um chocolate.

— O que? – Harry piscou algumas vezes, confuso.

— Chocolate. Eu preciso. – Ele observou ela sacudir a cabeça violentamente antes de murmurar para a noite – Cookie!

Um alto barulho de estalo pode ser ouvido no meio da noite. No início, Harry pensou que nada havia acontecido, mas uma vozinha muito aguda vinda de vários centímetros abaixo dele chamou sua atenção.

— Cookie, a seus serviços. – Aquela era sem dúvidas o menor elfo doméstico que Harry já viu em toda sua vida. Sua pele era mais clara que a de Dobby ou Monstro, mas suas orelhas eram tão grandes quanto, e muito pontudas, apontando para cima. Mas o que realmente chamou a atenção de Harry foram seus olhos. Eram enormes e brilhantes, e de um tom de violeta que muito parecia com um vinho encorpado. – Ah, senhorita Lottie, é tão bom vê-la!

— Cookie, este é Harry. Eu preciso de chocolates. Montes, de todos os tipos. No lugar de sempre. – Antes mesmo que Lottie tivesse terminado de falar, Cookie fez uma pequena reverência para ambos antes de sumir com um estalo.

— Chocolates? – Harry afastou a tapeçaria para que pudessem voltar ao corredor onde estavam antes – Não é como se você tivesse visto um dementador...

— É exatamente como se eu tivesse visto um dementador. – Lottie começou a guia-lo até as escadas, onde começou a se dirigir para a ala sul do castelo, descendo até o primeiro andar em direção à enfermaria. – Quer dizer, eu desconfiava que você era você, mas até mesmo no mundo mágico isso é esquisito. Você morreu... Mas agora está aqui!

— Eu morri mais vezes do que gostaria, Lottie. – Harry riu baixo da ironia, mas ela evoluiu para uma risada nervosa e alta quando a garota se virou para encara-lo atônita – Desculpe, não é engraçado.

— Guarda essa história, acho que eu gostaria de começar com essa. – Eles dobraram a esquerda depois da enfermaria, em um corredor que Harry só fora duas ou três vezes na época que estudou em Hogwarts. – Estamos quase chegando.

No fim do corredor havia uma grande porta de madeira maciça que Harry nunca havia realmente prestado atenção até agora, mas ele tinha certeza que ela não tinha aquele brasão que tomava conta de quase toda metade superior dela. Era um brasão simples, sem muitos arabescos nas cores azul marinho e vermelho. Tinha um majestoso cervo em bronze no centro, e dos galhos do animal, surgia um perfeito “P” desenhado e sob seus cascos haviam palavras que Harry não soube traduzir.

— É o brasão da família Potter. – Lottie falou baixinho, admirando a peça junto de Harry. – O último inimigo a ser aniquilado é a morte. É o que está escrito. – Lottie complementou quando Harry a olhou confuso. Com um aceno de cabeça ela pediu que ele a acompanhasse.

O aposento que ele entrou não tinha janelas, apenas uma enorme lareira e um confortável conjunto de sofás na frente dela. Do lado da lareira, uma escada em caracol dourada permitia que se fosse a um andar superior e outro inferior, e toda a parede oposta era coberta por uma enorme estante abarrotada de livros, fotos e outros pequenos objetos. Os títulos dos livros eram os mais variados, desde livros infantis trouxas até capas pesadas sobre encantamentos antigos.

— Bem-vindo ao apartamento dos Potter – Lottie falou, nervosa – Não é muita coisa, mas é o que conheço como lar desde sempre... Lá em cima estão o banheiro, o escritório e o quarto dos meus pais, e lá embaixo está o meu quarto.

— Não quis ficar na parte de cima? – Harry perguntou, apesar de apenas metade do seu cérebro estar prestando atenção nela, o resto de sua atenção estava direcionada nos inúmeros objetos espalhados nas estantes. Havia fotografias, mimos de porcelana delicados, caixas etiquetadas com coisas tipo “documentos” ou “cartas”, e a maior das prateleiras estava abarrotada de troféus, tanto de James quanto de Lily, e no meio dos troféus, dois porta-retratos em molduras douradas, ambos com casais sorridentes. Um mostrava um homem com uma bela cabeleira ruiva ao lado de uma bonita mulher loura de olhos verdes esmeralda, que aparentavam ter meia idade, enquanto o outro casal exalava um ar definidamente aristocrata, desde os cabelos pretos e lisos até a postura impecável.

— Não, mas você vai entender porque. – Harry ainda estava observando as fotografias quando Lottie se aproximou e apontou para a fotografia da esquerda, onde o casal de aparência nobre acenou calmamente para fora da moldura – Esses são Fleamont e Euphemia Potter. Vovô Fleamont morreu enquanto papai ainda estava em Hogwarts, e Euphemia foi pouco tempo depois dele... E esses – ela agora apontou para o homem ruivo grisalho e da bela senhora de olhos verdes – são Hector e Orquídea Evans, meus... Digo, nossos avós maternos. Puxamos nossos olhos dela. Eu também não cheguei a conhecê-los, mas mamãe sempre conta histórias deles.(*)

— Eles parecem legais. – Harry passou o braço pelos ombros de Lottie, e sentiu ela apoiar a cabeça em seu peito. – Eu gostaria de ter conhecido eles.

— Eu também. – Lottie suspirou e passou a mão em sua cintura, virando-o em direção às escadas – Mas sem querer parecer insensível, você me prometeu respostas e eu tenho muitas perguntas.

— Ok. – Harry seguiu a irmã até a escada e desceu com cuidado, os degraus eram pequenos – Por onde quer começar?

— Quero começar com chocolates, Cookie já deve ter trazido tudo. Ela é ótima.

No pé da escada, havia apenas um pequeno corredor com uma porta de madeira branca e uma plaquinha vermelha e dourada pendurada escrita “Lottie” em uma caligrafia rebuscada, mas Lottie não o levou naquela direção. Ao invés disso, ela pegou a varinha e bateu nos degraus da escada. Uma vez no primeiro, duas no terceiro, quatro no quinto... Era ritmado, parecia até uma musiquinha.

— Quando fui pela primeira vez ao Beco Diagonal, fiquei encantada com o jeito que o arco de tijolos se abriu. – Ela falava sem olhar para ele, concentrada na tarefa de bater nos degraus - Claro que Sirius e papai me mostraram várias passagens secretas aqui no castelo, mas aquela era especial, porque me levava para um lugar que eu nunca fui, entende?

— Mais do que você pode imaginar.

— Então você entende que a primeira coisa que eu fiz quando voltamos foi bater minha nova varinha em qualquer superfície ao meu alcance. – Com um último toque no último degrau, Lottie se afastou sorridente. - Esse é o meu segredo.

Harry segurou o fôlego quando um pequeno alçapão dourado apareceu ao pé da escada. Era circular e enfeitado com arabescos delicados, e uma polida maçaneta de latão no meio. Lottie não conseguia deixar de sorrir, e ele imaginou que devesse estar com uma expressão, no mínimo, interessante. A porta se abriu sem nenhum ruído quando ele virou a maçaneta, e revelou escadas de pedra clara, quase brilhantes.

— E quando eu achava que conhecia todos os segredos do castelo... – Harry passou as mãos nos cabelos, bagunçando-os inconscientemente – Para onde leva?

— Pro meu lugar favorito em todo o mundo. – Lottie sorriu e fechou o alçapão assim que Harry entrou, mas o corredor não foi engolido pelo breu. As escadas possuíam um estranho brilho prateado, que iluminava o caminho o suficiente para que não tropeçassem.

Não demorou um minuto e Harry percebeu que as escadas se transformaram em um corredor plano e curto, e em seu final havia algo que parecia com uma sala. Era circular e o chão era do mesmo material brilhante que o corredor anterior, e apesar de pequena, era suntuosamente decorada com almofadas prateadas e confortáveis espalhadas pelo chão em volta de uma elegante fogueira circular no chão. Mas Harry não reparou em nada daquilo, pois seus olhos estavam arregalados encarando algo que pareciam...

— Tentáculos? Lottie, aquela é a lula gigante? – As paredes eram de vidro e, pelo visto, estavam em algum lugar sob o Lago Negro. A luz que vinha das águas era escura, fantasmagórica e esverdeada devido às enormes algas que balançavam tranquilamente em frente a eles. Uma lembrança antiga veio à sua mente quando ele recordou do outro único lugar em todo o castelo que ele conhecia que possuía essa vista – Estamos em cima do Salão Comunal da Sonserina?

— Estamos sim... Logo em cima dos dormitórios. – Lottie levantou uma sobrancelha, mas seu rosto estava mais curioso que desconfiado – Como sabe disso se pertenceu à Grifinória?

— Entrei no salão sonserino uma vez, no meu segundo ano. – Harry olhou em volta e sentou ao lado de Lottie em frente à lareira. Encostada em uma das paredes, estava uma mesa baixa cheia de chocolates que Lottie fez flutuar até eles.

— Ok, guarda essa história também. – Ela pegou uma barra grossa e cortou com uma faquinha prateada, e o recheio de caramelo escorreu lentamente pelo chocolate antes dela leva-lo à boca – Começa com a história das suas mortes.

— É uma história comprida... – Ele suspirou, cansado, e pegou um pedaço do chocolate de caramelo que Lottie comia – Uou, isso é muito bom!

— Receita da mamãe, mas ela não cozinha muito por causa da Ordem e das aulas. – Lottie concordou, sorridente. – Mas temos tempo, irmãozinho. Realmente quero saber mais sobre você, não são nem meia noite.

— Ok. Do início então. Naquela noite que Voldemort foi à Godric’s Hollow...

— A noite que você morreu? – Lottie estava calma, e seu rosto mostrava uma mistura de compaixão e tristeza. Ele sabia que ela, assim como ele próprio, sempre foi muito comparada com James, mas naquele momento ela parecia muito com Lily.

— Em minha dimensão eu não morri. Minha... A nossa mãe interviu. – Ele já havia ouvido e contado essa história inúmeras vezes, e teve uma vida inteira para superar a morte deles, mas falar sobre isso com a irmã que poderia ter tido era demais, e Harry não se importou de deixar as lágrimas escorrerem – Papai mandou que ela me pegasse e corresse, mas ela nunca iria simplesmente abandona-lo. Ele morreu primeiro. Mamãe chegou a implorar por mim, mas Voldemort apenas riu dela. A chamou de menina tola, e a matou também quando ela não saiu da minha frente. – Ele suspirou longamente e comeu mais um pedaço de chocolate caramelado – E depois ele se virou para mim.

— Como você conseguiu sobreviver?

— Magia antiga. – Ele explicou, calmamente – Quando mamãe morreu por mim, ela me deu uma proteção duradoura e muito poderosa, passada pelo sangue dela. Sobrevivi àquela noite por isso, mas só depois disso, quando fui morar com minha tia Petúnia, o feitiço foi selado. Ela e o marido nunca foram realmente bons comigo, até me esconderam quem eram meus pais, e que eu sou um bruxo. Mas ainda assim não sou ingrato a eles; me aceitando em sua casa me mantiveram protegido por vários anos, mesmo depois da volta de Voldemort.

— Então você simplesmente saiu ileso de uma maldição da morte? Um bebê? – Ela pegou agora uma barra salpicada com castanhas e lhe passou metade.

— Não exatamente ileso. – Ele mordeu um grande naco da barra em suas mãos antes de afastar a franja da testa. – Ganhei essa cicatriz naquela noite de Halloween. E essa... – Ele tirou o casaco de chemily e abriu alguns botões da blusa que usava para mostrar a cicatriz no peito esquerdo, logo acima do coração. – Essa ganhei quando o enfrentei pela última vez.

— Você sobreviveu duas vezes? – Lottie não pareceu ter percebido que o pedaço de chocolate em suas mãos havia caído.

— Não. Nessa segunda eu morri. – Ele escolheu agora um bolinho recheado de abóbora e pegou um pedaço pequeno. Ele ficou mastigando em silêncio por alguns minutos, deixando que Lottie digerisse tudo que ele falou, mas ela parecia estar tendo dificuldade nisso.

— Você... morreu? – Ela sussurrou, boquiaberta.

— E voltei. Foi preciso. – Ele pigarreou antes de continuar, e abotoou a camisa de volta, apesar da fogueira, o ambiente era frio. – Quando Voldemort caiu naquela noite, parte da alma dele se desprendeu do próprio corpo e veio parar no ser vivo mais próximo, no caso, eu. Fui uma horcrux acidental, e o próprio Voldemort precisava me matar para que essa horcurx fosse destruída.

— Mas você voltou! Como...

— Eu fui dado a oportunidade de voltar. Eu também não sei como... — Ele continuou antes que Lottie perguntasse de novo – Mas foi. Como ser atingido por um raio duas vezes e sobrevier.

— Raio?

— Sim. – Harry sentiu o rosto corar pela piada malsucedida – Por causa do formato das cicatrizes...

— Harry, não acho que sejam raios. É claro que não podemos ter certeza, porque não existe nenhum caso nesse universo de alguém que tenha sobrevivido à maldição da morte. – Ela levantou a própria varinha e com um pequeno giro, um pesado livro de capa dura surgiu no ar. Harry só conseguiu ler o título (Runas Antigas – Maldições e Rituais) antes que Lottie corresse pelas páginas – Aqui! Veja só essa runa.

As páginas do livro eram amareladas e desgastadas, mas as letras ainda estavam bem visíveis. Na página que Lottie lhe apontara, lia-se “A Maldição da Morte” em letras garrafais. Abaixo, um pequeno sumário onde dizia onde acreditava-se que ela fora criada, e por quem. E abaixo disso, o símbolo que a representava: um pequeno ziguezague em formato de raio.

— Então o formato das minhas cicatrizes é devido à runa representativa da maldição? (**) – Harry pegou o livro e o trouxe mais para perto, procurando nas páginas amareladas alguma resposta.

— O desenho da runa representa o movimento da varinha. – Lottie explicou, as sobrancelhas franzidas sobre os olhos verdes. – Isso é realmente interessante... Devíamos mostrar isso para a professora Vector, é uma oportunidade de aprendizado incrível!

— Você não vai contar isso para ninguém. – Harry sabia que havia sido grosso no momento em que as palavras saíram de sua boca, mas ele não se importou muito com isso, mesmo depois de ver a expressão magoada no rosto de Lottie.

— Ninguém? Mas, mamãe...

— Especialmente mamãe e papai. – Harry falou definitivo.

— Mas...

— Lottie. – Harry suspirou, deixando de lado toda frieza de segundos atrás – Eles perderam um filho. Eu não consigo mensurar a dor que isso significa. Eu não quero ser responsável novamente por essa dor quando eu voltar para minha dimensão, porque eu vou voltar, eu preciso voltar. Seria muito cruel com eles. E comigo também.

— Você é um idiota cabeça oca. – Harry olhou surpreso para Lottie, acreditando que ela estaria furiosa, mas não havia ira em seu semblante, apenas um sorriso delicado de compreensão – Eu entendo. Não concordo, mas entendo. E prometo que por mim eles não ficarão sabendo.

— Obrigado. – Harry respondeu com sinceridade e sentiu os ombros relaxarem.

— Mas você sabe que eles sentem que é você. Mamãe principalmente, ela tem certeza desde que você abriu os olhos. – Ela engatinhou até mais perto de Harry e apoiou a cabeça em seu ombro, observando os peixes do lago negro passarem preguiçosos em frente aos dois.

— Os olhos denunciam, não é? – Harry riu baixinho, confortável com a presença da irmã.

— Sim. – Lottie o acompanhou em sua risada – Mas nossa primeira pista foi o fato de você parecer um irmão gêmeo do papai. Vocês são muito parecidos.

— Ouvi isso a vida inteira.

— Eu também. Mas é estranho, já que sou uma garota. – Lottie fez uma mesura com as mãos, como se quisesse provar sua feminilidade, mas a tentativa foi mais cômica que delicada. – Mas me conte mais das suas aventuras, comece com quando você descobriu que era um bruxo!

Harry não conseguiu evitar rir da animação de Lottie. Ele não era bom em contar histórias, mas as perguntas que ela fazia o guiavam bem por suas memórias. Ele lhe contou de quando Hagrid o levou para o beco diagonal pela primeira vez, e ela pareceu impressionada que as pessoas andassem por lá calmamente. Aparentemente aquele era um lugar perigoso para ir nessa dimensão quando se era abertamente contra o governo de Voldemort, mesmo em grupos grandes.

Procurando ser o mais fiel possível em suas memórias, Harry contou como salvou o lembrol de Neville de se espatifar no chão, chamando a atenção da professora Minerva, e de sua primeira partida de quadribol. Lottie ficou boquiaberta quando ele contou sobre Fofo, o cão grego de três cabeças que pertenceu à Hagrid por um tempo. Quase toda cor que tinha em suas bochechas sumiu quando ele contou sobre o professor Quirrel e o que havia embaixo de seu turbante, mas ela ficou muito mais impressionada com a maneira que Mione desvendou sozinha o que era o monstro da câmara secreta e como ele andava pela escola sem ser visto, não só pela genialidade da descoberta, mas por ter sido Mione quem a fez. Quando ele contou sobre a traição de Rabicho e como Sirius foi parar em Azkaban injustamente, Lottie o informou que Pedro Pettigrew ainda estava vivo e era um dos comensais mais queridos de Voldemort, já que ele foi uma peça fundamental para a morte do menino a quem a profecia supostamente se referia.

Depois de passarem alguns minutos xingando Pettigrew, Harry contou com todos os detalhes que se lembrava da Copa Mundial de Quadribol. O esporte ainda era muito popular nesse universo, mas os jogos eram ocasiões perigosas para rebeldes assistirem, então Lottie nunca havia visto um jogo oficial. Harry descobriu que conversar sobre quadribol era muito fácil que sobre si mesmo, e que conseguia descrever as coisas muito melhor quando elas tinham algo a ver com vassouras e voo, como sua primeira tarefa do Torneio Tribruxo. Lottie pediu que ele repetisse como pegou o ovo do dragão pelo menos três vezes antes que ele contasse sobre sua segunda tarefa, e como Dobby salvou sua vida com o guelricho.

— Plantas são realmente muito úteis, mas eu acho que usaria o feitiço cabeça-de-bolha... – Lottie comentou sonhadoramente enquanto cortava uma barra de chocolate branco salpicada de cerejas – O feitiço dura mais tempo, e ainda permite que se fale debaixo d’água.

— Hoje eu sei disso, mas não acho que falar me ajudaria muito, os sereianos não falam nossa língua. – Harry jogou dentro da boca um dos pedaços de chocolate recém-cortados.

— Oh, isso não seria um problema para mim. – Lottie estufou o peito de orgulho – Eu sei falar sereiano, Dumbledore me ensinou.

— Sério? – Harry arregalou os olhos, admirado – Isso é incrível!

— É raro acontecer, mas alguns sereianos passam em frente ao vidro de vez em quando, e eu queria poder conversar com eles. – O sorriso de Lottie aumentou ainda mais quando percebeu a admiração na voz de Harry. Ele era tão vivido, tinha tantas histórias, ela se sentiu muito especial por saber algo que ele não sabia – Pedi que Dumbledore me desse algumas aulas como presente de natal quando eu tinha treze anos. Se quiser, posso te ensinar o básico algum dia.

— Seria ótimo! – Harry quase saltou onde estava sentado. Nem Charlotte conhecia alguém que falasse sereiano, se ele voltasse para casa com essa habilidade ele tinha certeza que contaria muitos pontos positivos a seu favor.

— Ok então, depois marcamos suas aulas. – Lottie falou com dificuldade entre risadas – Me conta mais sobre a terceira tarefa.

E Harry assim fez. Não só falou sobre todos os perigos que enfrentou no labirinto, mas procurou ser o mais preciso possível de como Voldemort voltou a ter um corpo físico naquele cemitério, de como teve medo de morrer naquela noite, e como ele viu o fantasma dos pais quando as varinhas gêmeas se uniram por meio do priori incantatem. Falar da morte de Cedrigo Diggory foi mais difícil do que Harry pensou que seria, mas ainda assim foi mais fácil que admitir que ele foi um grande babaca em boa parte de seus quinze anos.

— Você não tem culpa... – Lottie o interrompeu quando ele começou a xingar a si mesmo – Todo adolescente é meio idiota, e suas emoções estavam sendo afetadas. Não é como se você quisesse sentir tudo aquilo.

— Mas é culpa minha eu ter sido cabeça dura e não ter pedido ajuda a ninguém. – Harry afundou o rosto nos joelhos, por isso sua voz passou a sair mais abafada – Se eu tivesse pedido ajuda, se eu tivesse aceitado melhor a ajuda que me deram, eu não teria sido enganado e Sirius ainda estaria vivo.

— Sirius... morreu?

— Voldemort descobriu que poderia me manipular pela nossa ligação – Harry mantinha a cabeça baixa, envergonhado demais para olha-la nos olhos – E plantou uma visão na minha cabeça, onde ele torturava Sirius no Ministério... Mas era uma armadilha. Sirius morreu nas mãos de Beatriz quando foi me salvar.

— Você não deveria se culpar tanto – Harry sentiu Lottie abraça-lo e apoiar a própria cabeça na dele. - Eu sei que nada o que eu diga vai mudar o que você sente, mas não foi culpa sua. Você foi arrastado para essa loucura contra sua vontade antes mesmo de saber andar direito. E agora nós te arrastamos de novo para essa insanidade. Eu sinto muito.

— Não se preocupe. – Harry levantou o rosto um pouco, para ser capaz de olhar a irmã – Eu acabaria vindo parar aqui de um jeito ou de outro. Gina costuma brigar comigo pela minha mania de correr atrás de problemas.

— Mas dessa vez o problema que veio atrás de você – Lottie encolheu os ombros, ligeiramente envergonhada, mas perdeu a pose quando Harry jogou a cabeça repentinamente para trás em uma alta gargalhada – O que foi?

— Foi a primeira coisa que eu pensei quando percebi que Gina ficaria furiosa por eu ter sumido – ele falou entrecortado pelos risos – Essa desculpa é minha única chance de continuar vivo quando eu voltar.

— Me fala mais dessa Gina. – Lottie pediu de repente – Sempre que você menciona o nome dela seus olhos brilham mais, seu rosto sorri involuntariamente. Como vocês começaram a sair?

— Você sabe que ela é a irmãzinha do meu melhor amigo, então a conheço desde meus onze anos, mas só começamos a sair depois que a beijei na frente de toda a Grifinória após da final do campeonato de quadribol, em meu sexto ano. – Harry não conseguiu evitar que um enorme sorriso se formasse em seus lábios, e ele esperava não ter soado tão sonhador quanto se sentia.

— Privacidade é para os fracos, não?

— Não é isso. – Harry empurrou o ombro de Lottie de leve, e ela devolveu não tão de leve assim – Eu só não consegui esperar mais. Não sei quando comecei a nutrir esses sentimentos por ela, mas um dia eu acordei e percebi que o que eu estava sentindo fazia um tempo não era só um amor fraternal, por ela ser a irmãzinha do meu melhor amigo. Era... era... – Harry olhou de relance para Lottie, que o observava com um sorriso bobo no rosto – Eu sei que é bobo.

— Não, não é. – Lottie suspirou e olhou para a janela, observando as algas dançando no vidro – É lindo. Eu espero que você volte logo para ela, mesmo que para isso você tenha que ir embora, porque eu estou adorando ter um irmão.

— Eu também espero voltar logo, não quero perder meu próprio casamento. – Ele riu baixinho – Eu também estou adorando ter uma irmã. Mesmo que você só saiba disso faz algumas horas. – Conversar com Lottie era agradável, fácil. E os momentos de silêncio também não eram esquisitos, era quase como se conhecessem há tempos.

— A Gina foi com você caçar horcruxes? – Lottie perguntou após alguns minutos, se apoiando melhor no ombro de Harry para pegar mais um pedaço de chocolate.

— Não, ela voltou para Hogwarts.

— Ela não quis ir com você?

— Eu não sei. Na verdade, eu não perguntei. – Harry corou ao responder, e se virou para pegar uma tortinha de abóbora para tentar esconder o rubor.

— Harry, não me diga que você terminou com ela. – Harry não respondeu, mas Lottie entendeu o que o silêncio dele significava – Você é mesmo um cabeça oca.

— Foi para protege-la. – Ele murmurou na defensiva.

— Ela não parece o tipo de garota que precisa ser salva. – Lottie falou calmamente – Tirando aquela vez da Câmara Secreta, lógico.

— Ela não é. Ela é forte, decidida, poderosíssima, e tem uma pontaria estupenda em duelos. Ela é engraçada e sensível, ela é perfeita. E mesmo sendo perfeita ela quer ficar comigo. Eu a amo muito. – Harry sorriu. O tom de verde da água visível na janela ficou um pouco mais claro que estava antes, e ele percebeu que aquilo significava que o sol devia estar nascendo. – Já deve ser de manhã.

— Deve ser sim. – Lottie se inclinou onde estava sentada e passou os braços em volta de Harry, em um abraço desengonçado. – Feliz natal, Harry.

Harry devolveu o abraço, virando o corpo para que ficassem mais confortáveis. Mesmo sentada Lottie era mais baixa que ele, e apoiar sua cabeça na dela pareceu natural. Era realmente interessante o quanto eles se davam bem e se entendiam. Ele sentiu os olhos arderem ao pensar em tudo que ele havia perdido. Ele teria sido um ótimo irmão, sabia disso. E teria sido um ótimo filho também se tivesse tido chance. Mas quem sabe agora ele pudesse desfrutar um pouco da família que ele nunca teve, mesmo que fosse em segredo.

— Feliz natal, Lottie.


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Notas finais do capítulo

(*) Os nomes e o pouco da história dos pais do James que apareceram aí é canon, contado pela tia Jo em uma das revelações dela. Mas nada foi dito dos pais da Lily... até agora, pelo menos. Então eu improvisei. Dei um nome de flor pra mãe dela pq achei que fosse tipo uma tradição, já que as duas filhas tem nomes de flor.
(**) Lembro de ter visto essa explicação alguns anos atrás, mas por mais que eu tente não lembro do blog :/ Se alguém souber, me avisa!

Taí, pra todo mundo que me perguntava sobre como a Lottie enxergava o Harry :) Esse capítulo já estava escrito faz um tempo, e eu tive que me segurar pra não dar spoilers sobre ele quando vcs apontavam que ela tava se apegando demais e tals... haahhaha

Ahhhh gente, por hoje é só! (ahhhhhhh) Mas com 14 comentários podemos ter mais (yeeeeeey), e terça que vem tem mais de novo (duplo yeeeeeey!)

Pfv, comentem pra eu saber o que vc estão achando!
E se quiserem, recomendem, eu juro que vou amar



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