Harry Potter e o Orbe dos Universos escrita por RedHead


Capítulo 22
Nada de Sirius, A Sala Precisa e A Procura


Notas iniciais do capítulo

GENTE, EU VOLTEEEEEI! E sobrevivi a uma das semanas mais intensas da minha vida!!! Foram vários dias dormindo pouco e me estressando muito, mas de recompensa eu ganhei mais uma semana de provas e muito estresse :(

Mas chega de notícia ruim, pq já é terça feira! E eu tirei uma horinha entre os estudos pra jantar (sim, estou comendo nos horários mais loucos) e vir aqui no Nyah, tava cheeeeia de saudades de vocês.

Mas vamos ao que interessa mesmo, o capítulo! Está um pouquinho maior que média... espero que gostem ;)

Boa leitura, e até as notas finais :*



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Harry saiu da sala de Dumbledore pouco tempo antes do horário do jantar. O sol poente escondido atrás de nuvens pesadas e cinzentas anunciando uma grande tempestade por vir. Depois de dobrar o corredor onde ficava a sala do diretor, ele entrou por um corredor escondido atrás de um quadro giratório onde uma camponesa velha tirava um cochilo. Seus anos explorando Hogwarts com a capa de invisibilidade e o mapa do maroto gravaram em seu cérebro um extenso número de passagens secretas e atalhos desconhecidos por muitos, que já os salvaram de várias situações embaraçosas, como quando Romilda Vane ficara seguindo-o em seu sexto ano com um visgo na época de natal.

Depois de ter descido o equivalente a três andares, ele virou em uma parede que inicialmente parecia sólida, mas que se olhasse com atenção veria um pequeno rasgo de luz que o levava até detrás de uma enorme estátua de um urso lutando com um bruxo. Olhando pela janela, ele percebeu que ainda estava um andar acima do salão principal, ele deveria ter contado errados os andares que desceu. Como ainda teria alguns minutos antes do início da janta, ele decidiu que iria pelo caminho tradicional, pelos corredores de pedra do enorme castelo.

— Não adianta Lottie! Já conversamos sobre isso, é muito perigoso! – Harry se esgueirou pelo corredor até ver Lily brigando com Lottie, que estava muito suja e despenteada, segurando uma vassoura atrás de si – Sem desculpas, eu vou ter que te colocar de castigo! É isso, você está de castigo, vamos me dê a vassoura.

— Eu tenho dezoito anos, não pode me colocar de castigo! – Lottie se agarrava ao cabo da vassoura como se sua vida dependesse disso. – Por favor mãe, eu preciso da minha vassoura. E se acontecer alguma coisa e eu precisar fugir?

— Tudo bem. Você fica com a vassoura. – Lily suspirou antes de estender o dedo em riste para a filha – Mas vai ficar sem a sua coruja!

— Minha coruja está doente. – Harry viu Lottie se arrependeu do que disse no momento que as palavras saíram de sua boca.

Harry deu dois passos para trás bem divagar, temeroso que a briga entre mãe e filha pudesse acabar caindo sobre si quando trombou com uma pessoa que vinha em sua direção, derrubando-o no chão com o impacto.

— Harry, desculpe! – Sirius estendeu a mão para ajuda-lo a se levantar – Eu não estava olhando para onde estava indo e... Aquela é a Lily brigando com a Lottie?

— É sim – Harry aceitou a ajuda e se pôs de pé tentando recuperar o que ainda sobrou de sua dignidade – Alguma coisa a ver com vassouras...

— Essa não – O semblante despreocupado de Sirius se transformou na mesma hora para uma expressão cansada, como se ele já tivesse presenciado essa discussão algumas vezes – Lottie deve ter ido dar um passeio até a extremidade do escudo de proteção do castelo. Só espero que ela não tenha ultrapassado a fronteira de novo.

— Pois bem, então nada de... Nada de... – A voz de Lily foi ficando mais alta e mais clara quando eles se aproximaram, e Harry sentiu um arrepio na espinha quando os olhos da mãe foram em direção aos dois. Lily Potter ficava ameaçadora quando brava, e Harry se sentiu muito tentado em sair correndo na direção oposta – Então nada de Sirius!

— Nada de Sirius? – Lottie gritou, exasperada.

— Espera aí, Lily, o que foi que eu fiz? – Sirius deixou Harry onde estava, se adiantando até a mulher raivosa – Não pode realmente dar um castigo como “nada de Sirius”, eu sou como um tio para a Lottie!

— Um tio irresponsável, sem nada na cabeça. – Lily se aproximou de Sirius como um leão prestes a atacar uma gazela, e ver Sirius encolher vários centímetros teria sido bastante cômico se o próprio Harry não estivesse paralisado – Ou pensa que eu não sei que foram você e o biltre arrogante do James quem contaram sobre as fronteiras para Lottie? Agora sai da minha frente que eu preciso procurar o inergúmeno do meu marido. Potter!

— Será que um dia ela vai se lembrar de especificar a qual Potter ela se refere? – Lottie se aproximou de Sirius e Harry, o rosto ainda trêmulo.

— Não precisa – Sirius passou a mão pelos ombros da menina – Quando ela está nesse estado de nervos, é sempre o Pontas. Você está bem, Harry?

— Sim, eu acho. – Harry ainda sentia uma sensação esquisita na barriga, parecido com quando ele se preparava para uma missão mais difícil.

— Ela pode ser assustadora as vezes. – Lottie confidenciou, olhando para os lados para ter certeza que isso não chegaria aos ouvidos da mãe.

— Eu já enfrentei muito mais do que eu gostaria, nessa vida – Harry passou as mãos nos cabelos, sentindo o coração voltar ao normal – Mas nada semelhante à isso.

— Ah, crianças, vocês não viram nada. Lily era muito assustadora em minha época de Hogwarts, principalmente quando era algo relacionado a Pontas. – Sirius passou o braço livre pelos ombros de Harry e os guiou em direção às escadas – Deixem-me contar para vocês uma história que eu gosto de chamar de “Como James Potter conquistou Lily Evans”.

O jantar já estava posto quando Harry, Lottie e Sirius chegaram no Salão Principal. Eles demoraram mais do que o normal no caminho porque Lottie teve um acesso de risos por causa de uma história que terminava com James caindo no lago negro enquanto brincava com o pomo que surrupiou porque ele pensou que Lily havia piscado para ele.

O castelo estava bastante vazio, então estavam todos jantando na mesa dos professores, onde acrescentaram mais algumas cadeiras para que todos se acomodassem. Harry sentiu falta de algum dos professores, mas Sirius explicou que eles saíram em uma missão da Ordem, um informante contou que haveria um ataque a um vilarejo trouxa e eles foram ajudar e, quem sabe, capturar algum comensal para informações.

A comida, como sempre, estava vasta e deliciosa. Quando Harry estava se servindo pela segunda vez de batatas assadas, ele viu James Potter se sentar ao seu lado. Ele estava vermelho e um pouco ofegante, os olhos ligeiramente arregalados.

— Mamãe te encontrou, han? – Harry imaginou que Lottie fosse parecer envergonhada ou pelo menos arrependida, mas ela estava com um sorriso divertido quando se dirigiu ao pai.

— Ela parecia que ia arrancar minhas tripas pela boca. – James cumprimentou Sirius e Harry e pegou um bolinho de cebola, que comeu em uma só bocada, por isso sua voz ficou um pouco abafada quando continuou a falar – Shua mãe é assushtadora. – ele engoliu o bolinho – Ela me falou que te proibiu de ver o Sirius. Minha mãe me falava isso pelo menos uma vez por mês.

— A senhora Potter achava que assim ele tomaria jeito, mas como eu morava na mesma casa que eles, isso de “nada de Sirius” era meio impraticável. – Sirius sussurrou para Harry – Mal sabia ela que James quem me levava para o mal caminho, não o contrário. Hey! – Um outro bolinho de cebola acertou em cheio Sirius na cabeça atirado por James, que ficou muito satisfeito em ter acertado seu alvo. - É claro, como vocês podem ver, crianças, as tentativas da senhora Potter não funcionaram e Pontas hoje é um selvagem atirador de bolinhos.

— Não poderia concordar mais. – Harry engasgou um pouco com suas batatas quando ouviu a voz de Lily atrás de si, e ele não foi o único. James, Sirius e Lottie estavam brancos como cera, e todos ficaram muito rígidos até que Lily revirou os olhos e fez um barulho impaciente – Eu sei que não adianta te proibir de ver o Sirius, Lottie. Não funcionava quando você tinha cinco anos, não funcionaria agora. Pode me passar as batatas, Harry, querido? As que você está comendo parecem deliciosas.

Sirius e Lottie deram risadinhas nervosas enquanto relaxavam seus corpos. James demorou um pouco mais para relaxar, mas Harry ainda estava um pouco tenso mesmo quando a sobremesa foi servida. Lottie estava radiante, realmente fizeram mini-churros e ela sozinha comeu quase metade deles. Somente quando estava no terceiro pedaço de seu pudim de chocolate que Harry percebeu que Ronald e Hermione não apareceram para o jantar, na verdade, nenhum dos Weasleys apareceu.

— É claro que não, eles estão em casa. – Sirius respondeu quando Harry perguntou sobre os ausentes.

— Na Toca? - Harry franziu o cenho.

— Não, Hogsmeade – Foi o professor Flitwick quem respondeu, surpreendendo Harry. O homem era tão pequeno e estava tão silencioso que ele não havia reparado que ele estava ao seu lado. – Os Weasley residem no vilarejo desde o ataque à sua menina mais nova. A senhorita Granger também, ela se mudou em seu sexto ano, quando seus pais desapareceram.

— Está procurando eles por um motivo especial, Harry? – James perguntou enquanto tentava roubar, sem sucesso, um morango do prato da esposa.

— Não, apenas curiosidade. Se bem que... – uma ideia nasceu na cabeça de Harry quando ele lembrou que havia prometido à Dumbledore que eles iriam procurar a próxima horcrux naquela noite, e por mais que ele achasse que lembrava onde o diadema estaria, ajuda para procurar seria muito bem vinda. Principalmente porque essa missão não ofereceria nenhum risco à ninguém – Se vocês não forem fazer nada depois do jantar, eu gostaria de pedir a ajuda de vocês. – Ele olhou em volta, percebendo que o professor Flitwick já não estava mais do seu lado (ele era muito silencioso), e já estava tão tarde que apenas ele, Sirius e os outros Potter estavam na mesa.

— Pode nos pedir o que quiser, Harry. – James se inclinou em sua direção, claramente se controlando para não parecer invasivo demais ou algo do tipo.

— É verdade, e sempre que precisar, querido. – Lily pegou carinhosamente a mão de Harry, um sorriso no rosto como se o incentivasse a falar.

— Eu agradeço. – Harry sabia que deveria se afastar e não deixar se envolver tanto, mas ele preferiu o conforto do carinho dos pais à vozinha que gritava para ele que ele deveria se distanciar – Tive um encontro com Dumbledore poucas horas atrás, e decidimos que vamos procurar a primeira horcrux ainda hoje.

— Hoje? – James e Lily se entreolharam preocupados pelo entusiasmo na voz de Lottie – Genial! É claro que quero ajudar!

— Harry, não que eu duvide de sua capacidade – Sirius tirou um relógio de dentro do casaco e o colocou em cima da mesa – Mas já são quase dez horas. Mesmo que aparatemos, não teremos tempo hábil para preparar um plano, ou levantar suprimentos, ou...

— Na verdade, é impossível aparatar até onde ela está escondida. – Harry interrompeu Sirius, que parecia estar organizando uma mala de viajem mentalmente. – Mas conseguiremos chegar no local em pouco tempo, depois disso é só procurar.

— Conseguiremos chegar em pouco tempo mesmo sem aparatar? – James parecia muito confuso, as sobrancelhas retas e franzidas – Mesmo se usarmos vassouras, precisamos de pelo menos uma hora para sair do raio dos feitiços de proteção do castelo...

— Nós não precisaremos sair de Hogwarts. – Harry sorriu com a expressão de espanto de todos. – Ela está bem aqui, escondida, em um dos maiores segredos que esse castelo possui.

***

Lottie se ofereceu para ir chamar Dumbledore em sua sala e encontrar Harry, Sirius e seus pais em frente a tapeçaria dos trasgos dançarinos no sétimo andar em vinte minutos. Eles estavam indo em direção às escadas quando Harry pediu que eles os seguissem pois ele conhecia um atalho que os levaria lá em menos tempo. Lily ficou desconfiada a princípio, pois Harry os levou para o caminho oposto ao que deveriam fazer, mas depois de passarem por um corredor escondido atrás de uma parede falsa ao lado da terceira armadura ao lado do quadro dos pôneis alados, o caminho até o corredor da tapeçaria de Barnabás, o amalucado, não durou cinco minutos.

— Como viemos parar aqui? – Lily olhava com os olhos semicerrados para fora do corredor escondido – Pelo que eu contei, não faz sentido. Viramos uma vez pra esquerda, subimos um lance de escadas, depois viramos a esquerda...

— O que mais me impressiona é que você conheça essa passagem – James olhava para Harry, um grande vinco entre suas sobrancelhas.

— Eu passei boa parte da minha vida escolar perambulando à noite pelo castelo... – Harry imitou Sirius e se sentou no beiral da janela em frente à tapeçaria – Então conheço muitas dessas passagens secretas, elas eram muito úteis quando eu estava atrasado para alguma aula.

— Elas são mesmo. Quando eu e James descobrimos algumas delas, nunca usávamos o mesmo caminho duas vezes. – Sirius jogou a cabeça para trás e deu uma risada alta – Chegou um tempo, pouco depois de começarmos o terceiro ano, que nós meio que enlouquecemos, simples atalhos não eram mais suficiente, queríamos mais – Ele olhou para James, que sorria para o amigo, saudoso. – Tinha um caminho em especial, que usamos uma vez. Nós descemos por um escorregador, depois subimos uma escada que nos levou até um dos telhados da ala leste, e de lá uma outra escada nos levava para baixo. Eu não sei como isso foi possível, mas naquele dia, nós saímos de dentro do armário da sala da tia Minnie.

— Tia Minnie? – Harry estava surpreso, mas risonho pelo bom humor do padrinho.

— A professora McGonagall – Lily explicou, já que Sirius e James pareciam absortos demais em suas memórias para responder – Ela era uma grande amiga dos senhor e senhora Potter, então James cresceu a chamando desse jeito, enquanto o Sirius só a chama assim por que é um grande folgado sem educação.

— Quero te lembrar que, como um Black, fui educado exemplarmente. – Sirius se sentou ereto, o dedo em riste para Lily, embora seu rosto o traísse com um sorriso mal contido. – Mas, como maroto, fiz questão de reprimir cada lição de boas maneiras bruxas.

— Felizmente não reprimiu seu talento musical, Sirius, suas apresentações musicais são sempre o ponto alto de nossos natais. – Dumbledore apareceu no fim do corredor acompanhado de Lottie, que dava leves pulinhos de animação enquanto andava – Peço que perdoem meu atraso, mas precisei ir até a cozinha antes de vir para cá. Eu confesso que estou um pouco ansioso, e doces sempre me acalmaram. Tortinhas de limão, Lily? Sei que são suas favoritas. Não? Mais para mim então.

— Agora que estamos todos aqui... – Harry fez um enorme esforço para não rir da alegria do professor enquanto degustava sua tortinha – Acho que podemos começar. Imagino que não conheçam a Sala Precisa. – Todos, com exceção de Dumbledore (ainda muito ocupado em saborear a tortinha de limão), o olharam com curiosidade. – Eu fui apresentado à sala quando estava em meu quinto ano. Nesse ano, o ministério enviou uma professora à Hogwarts, para tentar ter algum poder dentro da escola.

— Mas isso é um absurdo! – Lottie parou seu movimento de levar uma tortinha até a boca para expressar sua revolta.

— Você nem imagina. – Harry não conseguiu evitar a amargura em suas palavras. Por mais que o tempo tenha passado e Dolores Umbridge tenha passado longos anos em Azkaban, ele ainda guardava muito rancor da mulher. – Mas por causa disso, eu e mais alguns alunos passamos a ter encontros secretos para aprendermos como nos defender, já que estávamos a isso aqui – Harry colocou os dedos polegar e indicador bem juntos – de ter uma guerra decretada. Usávamos a Sala Precisa para treinarmos sem que fossemos descobertos por nenhum professor.

— Mas... Não tem nada aqui, Harry. – Lottie olhava para a parede como se esperasse que uma porta surgisse do nada.

— É que ela só aparecesse quando precisamos dela. A maioria das pessoas não a conhece pois só a encontra quando está precisando muito de alguma coisa, e nunca mais a encontra porque não sabe que ela está sempre lá, esperando ser necessária. Ela pode se transformar em um armário de vassouras quando se está procurando um esconderijo, uma sala de estudos para quem precisa de livros e calma para estudar...

— E se você realmente precisasse de um banheiro – Dumbledore interrompeu o relato de Harry, a mão acariciando a barba, pensativo – ela se encheria de penicos?

— Sem dúvida. – O sorriso de Harry se alargou, o Dumbledore de sua realidade havia topado com a sala pelo mesmo motivo. – Mas hoje procuramos um local onde podemos esconder alguma coisa.

— E o que queremos esconder? – Sirius perguntou, confuso.

— Nós não queremos esconder nada, mas Voldemort quis. – Harry apontou com o polegar para a parede lisa atrás de si – A horcrux que procuramos está lá dentro.

— Isso é loucura demais, até para Hogwarts. – Harry sorriu com o comentário de Lily, mas no fundo ele concordava com ela. Às vezes os caprichos do mundo bruxo o surpreendiam. – Como entramos?

— Precisamos passar por esse trecho de parede três vezes, concentrados no que precisamos, vejam. – Harry torceu para que realmente funcionasse, ele nunca havia tentado entrar na sala enquanto outras pessoas estavam no corredor. Uma volta. Se ela não abrisse, talvez eles não confiassem mais nele. Duas voltas. E seria bem constrangedor ter que pedir que eles fossem dar uma volta enquanto ele fazia uma porta surgir do nada. Três voltas.

— Pelas cuecas furadas de Merlin! – James tinha a boca aberta em um perfeito “O” olhava assustado para um ponto pouco à esquerda do ombro de Harry.

Uma porta de madeira escura enfeitada por delicados vitrais havia se materializado. Aliviado que tivesse dado certo, Harry pegou sua maçaneta e a abriu. Harry ouviu as expressões de assombro quando cada um dos outros atravessou a porta, mas ele não os julgava: ele mesmo ainda tinha essa sensação, mesmo já tendo entrado nesse aposento outras vezes. A sala assumiu uma aparência como se estivessem no interior de uma catedral com o tamanho de uma pequena cidade e paredes tão altas que o seu teto era difícil de enxergar. Apesar de ainda estar de noite, suas janelas coloridas lançavam raios de luz no lugar, como se sol lá fora estivesse nascendo, ou se pondo. Haviam milhares de corredores formados por estantes abarrotadas de coisas, pilhas de livros antigos, catapultas aladas e frisbes dentados, frascos quebrados com poções congeladas, roupas, jóias, e até mesmo um machado sujo de algo que se parecia muito com sangue seco.

Harry os guiou por alguns corredores, usando os pontos de referência da vez em que foi escolher seu livro de poções do sexto ano para não entrega-lo a Snape. Ele virou à direita depois de reconhecer um enorme trasgo empalhado, depois andou reto alguns minutos até ver o Armário Sumidouro (ainda quebrado), que Draco usou para traficar Comensais para dentro do castelo em seu universo, mas depois disso ele não sabia para onde ir, e estancou, olhando para os lados.

— Você está querendo dizer que tudo o que precisamos fazer é procurar o diadema aqui? – Lottie dava voltas sob o mesmo eixo, olhando para cima – Vai levar séculos!

— Na verdade, eu espero que não. O diadema está preenchido pela magia de Voldemort, acredito que posso tentar seguí-la. – Harry tentava se concentrar em achar alguma coisa familiar, mas o ambiente estava muito abarrotado e a tarefa seria muito mais difícil do que ele havia considerado. – Mas toda essa magia pode confundir, por isso preciso que procurem também.

— Accio diadema! – exclamou Sirius, mas nada voou até seu encontro, e ele baixou a varinha até seu bolso, desapontado.

— É melhor nos separarmos. – Harry olhou para os outros, que assentiram. – O diadema deve estar em um armário de madeira com portas de vidro. Ele está ao lado de um busto de mármore de um bruxo muito feio. Se encontrarem alguma coisa, não toquem no diadema. Façam fagulhas azuis para nos reunirmos novamente.

Harry seguiu em frente e entrou em um corredor que lhe pareceu familiar. Ele ainda conseguia ouvir os passos dos outros, e às vezes o barulho abafado de alguma coisa caindo. Mas por mais que ele procurasse, ele não achava nem o busto do velho bruxo nem o armário. Conformado que ele tinha errado o caminho e se perdido, Harry parou onde estava e respirou profundamente. Lembrando-se do seu treinamento com Charlotte, ele fechou os olhos e esperou. Ele nunca teve que achar um objeto em um lugar tão tumultuado com magia, mas era sua última esperança. Ele sentia que sua cabeça fosse explodir pela quantidade de informação que seu cérebro tentava processar, e seu estômago parecia estar prestes a jogar todo seu jantar para fora, Harry sentia como se estivesse em uma loja de perfumes, com todos os frascos abertos ao mesmo tempo. Mas, depois de alguns minutos angustiantes, Harry começou a conseguir distinguir as ondas de magia que vinham até ele e separá-las, para enfim descarta-las. Ele não soube quanto tempo havia se passado, mas parecia que ele estava horas em pé no mesmo lugar, procurando um átomo que fosse para que ele soubesse ao menos para que direção ir. Então quando ele finalmente sentiu uma magia conhecida radiar até si, ele sentiu como se seu coração fosse explodir, tão rápido que batia. Harry correu em direção à fonte de magia; estava fraca e quase imperceptível, mas estava lá.

Ele atravessou dois corredores, quase tropeçando no que pareciam ser cascos de ovos de dragão, mas quando olhou para cima, ele viu a estátua do bruxo feio e soltou um grito abafado de comemoração.

— James? – Lily apareceu do outro lado do corredor, os cabelos presos em um coque mal feito e o rosto suado – Ah, Harry, desculpe. É que vocês são... Er, encontrou alguma coisa?

— Sim, acho que sim. – Harry agradeceu mentalmente à mãe por ter mudado de assunto, e a esperou chegar do seu lado antes de abrir o armário. E lá estava ela, repousando em uma prateleira acima de uma gaiola que agora abrigava o esqueleto de um animal com cinco pernas (que hoje Harry soube reconhecer como um quintapede, um animal mágico muito perigoso com gosto especial pela carne humana).

— Oh. É esse? O diadema? – A voz de Lily estava baixa e admirada, como se estivesse reverenciando a peça. – É incrível, feito pela própria Ravenclaw...

— E transformado em horcrux pelo próprio Voldemort. – Harry levantou a própria varinha e lançou fagulhas azuis no ar, que guiariam os outros até eles.

— Chegamos! Onde está? – Sirius chegou junto de Lottie, enquanto James e Dumbledore demoraram mais alguns poucos minutos para chegar até aquele corredor específico.

— O diadema de Ravenclaw... – Dumbledore se aproximou até ficar do lado de Harry – Gerações de bruxos e bruxas o buscaram, inclusive eu. E esteve esse tempo todo debaixo dos meus bigodes. A vida realmente é uma caixinha de chocolates.

— O que isso quer dizer? – Lottie franziu o cenho, confusa com a expressão usada pelo diretor.

— Quer dizer que você nunca sabe o que vai encontrar. – Lily respondeu, a voz ainda baixa, como se estivesse com medo de insultar o diadema se elevasse a voz. – Não sabia que assistia filmes trouxas, professor.

— Só assisto os concorrentes ao Oscar, Lily, não perco nenhuma premiação. – Harry não conseguiu deixar de sorrir, Dumbledore era um bruxo surpreendente. – Mas, e então? Qual nosso próximo passo, Harry?

— Acho que devemos sair daqui, quando tentarmos destruir o diadema, a horcrux lutará – Harry pegou o diadema com cuidado e o enrolou no casaco – Não seria legal se alguma dessas estantes desmoronasse em cima de nós.

— Vamos realmente destruir o diadema? – Lily parecia horrorizada com a possibilidade – Não tem um modo de salvá-lo? Ele possui todo conhecimento do mundo, poderíamos utiliza-lo.

— Isso não é uma possibilidade. – Harry parou no meio de seu movimento para se virar aos outros. Ele imaginou que seu rosto deveria estar duro, pois Lily e Lottie o olhavam assustadas e James deu um passo a frente, como se fosse defende-las. – Desculpem... – Ele suspirou e desanuviou o rosto, e viu os outros relaxarem junto com ele – Vocês não tem como saber, mas acreditem em mim. Vocês não querem usar esse diadema. Quando eu estava caçando horcruxes, nós encontramos o medalhão antes das outras, mas como não sabia como destruí-lo, eu e meus amigos o usávamos como cordão, para ter certeza que nunca o perderíamos. Mas aquilo mexeu com nossas mentes... Ele entra em nossos corações e muda nossas percepções, nos manipula. Acreditem, vocês não querem usar isso.

Harry imaginou que o caminho de volta seria mais curto uma vez que tinham a horcrux em suas mãos, mas Dumbledore os parou algumas vezes para analisar melhor um ou outro objeto mais curioso, e para estudar se um livro valia a pena ser levado para depois ser lido com calma. Foi com grande alívio que Harry viu a porta de saída, ele estava altamente consciente da horcrux em sua mão, e se sentia um pouco culpado por ter sido muito enfático com Lily, que seguia o caminho um pouco afastada dele, mas sempre mandando olhares furtivos em sua direção.

— Senhora Potter – Harry aproveitou que Dumbledore parou para analisar mais uma pilha de livros cujas capas eram incrustadas com pedras preciosas e seguiu até o fim da comitiva, onde Lily estava, cabisbaixa – Eu queria me desculpar por ter sido tão rude com a senhora. Eu tenho alguns problemas com meu gênio...

— Oh, tudo bem, Harry – ela lhe deu um sorriso triste encolhendo os ombros – Eu só pensei que talvez... – ela suspirou pesadamente e colocou uma mão em seu ombro – Não é nada. É melhor sairmos daqui primeiro. E por favor, me chame de Lily.

— Ok, Lily. – Harry viu o sorriso no rosto da mãe se alargar um pouco, mas ela ainda parecia triste, quase hesitante. – Talvez devêssemos adiantar o Dumbledore, ou ficaremos aqui para sempre.

— Não será necessário, Harry – Dumbledore estava equilibrando não menos que vinte livrões antigos e poeirentos com a varinha, fazendo-os flutuar levemente atrás de si – Por mais que ainda devam ter uma miríade de coisas incríveis aqui, não acho que devamos perder mais tempo.

— Sim senhor. – Harry apertou a mãe da mãe e lhe sorriu mais uma vez antes de retornar à frente da comitiva em direção à porta.

— Então... para onde vamos depois daqui? – Lottie se esgueirou pelo grupo até chegar ao lado de Harry – Você falou algo sobre a horcrux lutar.

— Sim. Isso – ele levantou o casaco onde havia embrulhado a tiara, que lhe parecia estranhamente pulsante – Está vivo. É parte de Voldemort. Vocês não sabem como é, isso tenta nos atormentar, de algum jeito isso conhece nossos piores segredos e os usa contra nós.

— Parece um pesadelo. – Harry viu Lottie abraçar o próprio corpo por conta de um arrepio, então passou um braço por seus ombros.

— É. – Ele parou em frente à porta da sala – Parece mesmo. Mas a boa parte dos pesadelos, é que uma hora acordamos.

Harry abriu a porta para poder sair da sala, esperando que o corredor estivesse vazio e escuro, assim como o haviam deixado antes de entrar na Sala Precisa. Realmente, o céu ainda estava cinza chumbo, indicando uma tempestade próxima, mas em frente à janela onde algumas horas ele estava sentado com Sirius, uma bela mulher observava o horizonte.


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Notas finais do capítulo

Primeiro... queria agradecer imensamente pela compreensão de vocês, e pelos votos de boas provas, significou muito pra mim :3

Segundo, infelizmente não vou voltar com as nossas promoções (ahhhhhhhhh), por enquanto! Só mais uma semana, e meu semestre acaba (yeeeeeeeey), e voltamos a programação normal ;)

Até terça que vem, seus lindos, já estou com saudades



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