Harry Potter e o Orbe dos Universos escrita por RedHead


Capítulo 21
O Cano, Ciúmes e Planos


Notas iniciais do capítulo

E aí gente linda, como foi a virada de vocês?? A minha foi ótima, fui pra praia, vi os fogos, pulei ondinhas... o pacote completo :3 E ainda voltei renovada pra enfrentar minha faculdade! Sqn.

Por falar nela (minha faculdade blergh) falo mais sobre isso nas notas finais, NÃO DEIXEM DE LERRRRR.

Mas por agora, boa leitura! ;)



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A ida de volta cano acima prometia ser longa e igualmente escura e malcheirosa. A queda, auxiliada pela gravidade e inclinação do cano, fora relativamente rápida, mas nenhuma dessas características deixariam a volta mais fácil, mas felizmente eles já haviam considerado isso. Assim que estivessem prontos para voltar, um patrono avisaria os membros da Ordem, que mandariam uma escada para que subissem. Inicialmente, Harry achou que não havia sido claro o suficiente quando disse que a câmara ficava quilômetros abaixo do terreno do castelo, mas Dumbledore garantiu que isso não seria um problema. Dito e feito, assim que encontraram o cano por onde vieram, Tonks mandou um patrono que flutou prateado, desaparecendo no teto abobadado e limoso. Eles não esperaram muito, poucos minutos depois, uma escada de corda apareceu para que subissem.

— Um coelho? – Harry interrompeu o relato de quando salvara Gina da memória de Tom Riddle para se dirigir à moça.

— Sim, bonito, não é? – Tonks subiu na frente, se agarrando firmemente aos degraus de corda mais altos, seguida por Harry. – Não conheço muitos bruxos que tenham esse patrono.

— Tem razão. – ele havia se surpreendido com o formato do patrono de Tonks, ele estava esperando que um enorme lobo irrompesse de sua varinha. Se bem que, pensou Harry, essa Tonks nunca teve a chance de conhecer e se apaixonar por Lupin. E mesmo se conhecesse, Remus Lupin era um alfa de um grande clã de lobisomens seguidores de Voldemort.

— Me explica uma coisa de novo, Harry – a voz de Sirius veio de algum lugar debaixo dele enquanto a escada de cordas deslizava magicamente para cima. – Essa Gina que você salvou, é a Gina, sua noiva? Filha da Molly?

— Sim. – Harry ouviu sua voz ecoar pelas paredes metálicas do cano.

— E o Ronald aceitou? – Dessa vez a pergunta veio de cima da cabeça de Harry com a voz de Tonks.

— Na verdade – Harry não deixou de pensar em quão irônica era essa situação – De onde eu venho, Ron e eu somos melhores amigos desde nosso primeiro ano em Hogwarts, ele e a família dele meio que me adotaram. Eu cresci com os meus tios, que são trouxas e odeiam qualquer sinal de magia. Só aprendi o que era uma família de verdade depois de conhecer os Weasley. Devo muito a Ron.

— Isso é tão estranho. – Tonks falava distraída – Não consigo imaginar Ronald sendo amigável. Até Hermione recebe umas patadas de vez em quando, e olha que eles são amigos já faz muitos anos.

— Você foi criado pelos seus tios? – Sirius falou por cima de Tonks – E seus pais, o que aconteceu com eles?

— Na verdade – Se Harry não precisasse das duas mãos para se segurar na escada, ele teria se dado um soco. Ele precisava controlar a língua, estava falando demais. Mas a companhia de Tonks e Sirius era tão familiar, era quase como se ele tivesse voltado aos quinze anos de idade, naquele natal em que ele tinha verdadeiras esperanças que o padrinho seria inocentado e os dois poderiam ser uma família feliz. E talvez tenha sido essa atmosfera que baixou as guardas de Harry, e não viu problemas em falar a verdade, ou pelo menos parte dela – Eles foram assassinados, quando eu ainda era muito novo, pelo próprio Voldemort.

— Eu sinto muito. – Harry sentiu a mão de Sirius tocar-lhe a canela, como um gesto de solidariedade. – Sei que não deve ter sido fácil para você. E eu... não quero forçar a barra, pois você pediu que não fizéssemos perguntas pessoais, mas, os seus pais, eles...

— Me desculpe. – a voz de Harry estava baixa e rouca quando interrompeu Sirius – Mas eu gostaria de não falar sobre isso.

Eles seguiram no escuro em silêncio por mais algumas dezenas de metros, apenas o barulho das tubulações do castelo foi-se ouvido por vários minutos, até que a voz de Sirius ressoou grave, mas não muito firme.

— Eu não sei toda a história do seu universo, mas aqui, eu e James somos como irmãos desde muito cedo. Eu nunca tive muito apreço pela minha família de sangue, como você deve ter percebido, mas os Potter, os pais de James, me acolheram como um filho, então nós dois realmente crescemos como irmãos. Mais do que qualquer um de nossos amigos, eu o vi crescer e amadurecer até virar o homem que Lily merece. – Sirius soltou uma risada grave e descompassada, que muito lembrava um latido – Quando eles se casaram, James parecia o homem mais feliz do mundo, mas isso não foi nada comparado com o dia que o primeiro filho deles nasceu. Apesar de estarmos no meio de uma guerra, o pequeno Harry foi muito amado por todos nós, eu era o padrinho, sabe? – Um soluço baixo pode ser ouvido no meio da escuridão, e Harry se perguntou se Sirius estaria chorando - Quando Dumbledore mandou que o escondêssemos, movemos céus e terras para que nada de mal acontecesse com Harry, mas não foi o suficiente. James conseguiu esconder Lily antes que Voldemort entrasse na casa, mas ele não chegou a tempo para proteger o filho. Ele tentou desafiar o filho da puta depois que viu o que aconteceu, mas parecia que James estava invisível, Voldemort nem olhou em sua direção antes de ir embora. James se culpa até hoje, embora ninguém mais o faça. E agora, eles acham que você possa ser o filho deles... E eu não quero te pressionar a dizer se é ou não, só tenha paciência com os dois. Por favor.

— Eu nunca seria capaz de machuca-los. – Harry olhava para baixo, mesmo que o máximo que conseguisse enxergar fosse o contorno do homem mais velho.

— Olhem, acho que estou vendo uma luz! – A sacola cheia de presas e veneno quase caiu da mão de Harry pelo susto que levou; ele tinha se esquecido que ele e Sirius não estavam sozinhos.

A parca luz no horizonte mostrou que Tonks estava certa, menos de um minuto depois do aviso dela, eles contornaram uma curva de quase noventa graus, e Harry pode ver de novo o teto do banheiro da Murta-que-Geme. Assim que a ponta da escada de cordas encontrou uma superfície, ela se prendeu firmemente, obrigando Tonks, Harry e Sirius a subirem os últimos metros sozinhos. Quando Tonks desapareceu da sua vista, ele ouviu vozes a cumprimentando e fazendo várias perguntas. Ele subiu logo em seguida, com um pouco de dificuldade por também estar levando o espólio da luta e a espada no cinto. Quando seus olhos finalmente venceram a cota do chão, Harry viu que vários dos bruxos que estavam ali se adiantaram para ajuda-lo a sair de lá para poder cumprimenta-lo.

— (...)E aí ele tirou aquela espada de dentro do chapéu! – Tonks estava dançando no lugar enquanto narrava a história para Dumbledore e Moody – Foi a coisa mais maluca que eu já vi!

Harry deixou a sacola no chão enquanto ouvia superficialmente as coisas que lhe contavam, no entanto, sua atenção agora estava direcionada para a parede ao lado da porta, onde Ronald estava recostado, o encarando. Pela primeira vez desde que se conheceram, ele não estava o olhando com desprezo ou arrogância, e Harry arriscou um pequeno sorriso em sua direção que foi correspondido com um aceno de cabeça envergonhado. Harry sentiu o peito ficar imediatamente mais leve, talvez agora eles pudessem começar a se entender melhor. Ele estava se endireitando para ir na direção de Ronald quando sentiu seu corpo sofrer dois grandes baques, um seguido do outro, como se tivesse sido golpeado por alguma coisa.

— Harry, você conseguiu! – A voz de Lottie estava abafada e chorosa pelo rosto enterrado em seu peito. – Fiquei tão preocupada, só faltavam mais quinze minutos pro grupo de resgate descer...

— Estamos tão felizes que esteja bem. – Lily estava logo atrás de Lottie, seus braços envolviam os dois jovens em um abraço apertado. – Você está realmente bem, não é? Precisa de cuidados?

— Eu estou bem, só muito sujo, inclusive vocês não deveriam me abraçar, vão se sujar... – o sorriso no rosto de Harry desapareceu quando ele encontrou novamente o olhar de Ronald. Todo sinal de simpatia havia sido substituído pela arrogância característica antes de ele se virar bruscamente, batendo a porta ao sair.

— Dane-se a sujeira, Harry. – Lily passava as mãos pelos cabelos arrepiados, o rosto brilhantemente iluminado por um sorriso orgulhoso.

— Lily, Lottie, parem de monopolizar o garoto, eu tenho que fazer algumas perguntas para ele, e isso será impossível com vocês duas penduradas nos braços dele! – Moody, que antes ouvia a versão de Tonks e Sirius, estava mancando em direção a Harry quando foi bruscamente empurrado para o lado.

James Potter abriu caminho a força até Harry, até alcança-lo e envolve-lo em um abraço de quebrar costelas. Harry foi pego de surpresa com o movimento repentino, mas retribui o abraço, dando pequenas palmadinhas nas costas do pai. Frente a frente, a semelhança de pai e filho era inegável, eles possuíam a mesma mandíbula, o mesmo nariz, os cabelos arrepiados e negros.

— O senhor está bem? – Ele murmurou para que só James escutasse.

— Você voltou são e salvo. – James respondeu no mesmo tom e com a mão, tateou o espaço até encontrar Lily e Lottie, puxando-as para os seus braços. – Eu não poderia estar melhor.

***

Harry só relatou os acontecimentos de dentro da Câmara à Dumbledore e Moody, mas Sirius e Tonks fizeram questão de contar em detalhes tudo o que fizeram para quem quisesse ouvir, inclusive que se arrependiam de não terem pego uma boa quantidade de pele da cobra para uma jaqueta cada que, na concepção de ambos, combinaria perfeitamente com suas t-shirts.

Ronald mudou de técnica, e a partir daí passou a ignorar a presença de Harry e nem mesmo um carão da senhora Weasley o fizeram mudar de ideia. A situação entre os dois, que já era bastante precária, só piorou quando os outros irmãos Weasley chegaram no fim da semana e tomaram o lado de Harry, preterindo o irmão.

— Não ligue pro Ronald, ele só está com ciúmes. – Harry sabia que era Fred Wesley quem estava falando com ele, pois em sua primeira conversa com Dumbledore ele ficou sabendo que George havia morrido em uma batalha nessa dimensão. Fred olhava sugestivamente para Lottie enquanto enquanto falava com Harry, mas desistiu de fazer insinuações ao perceber que Harry não estava entendendo seu ponto de vista. – Mas nada que seja digno de preocupação.

A família Weasley estava bem reduzida pelas perdas de Arthur e George e a incapacitação de Gina. Harry queria muito perguntar o que tinha acontecido com ela, e onde ela estava, mas sempre que ele tocava nesse assunto com qualquer um dos irmãos dela, eles simplesmente tomavam uma expressão sombria e distante.

— É um assunto muito delicado pra todos eles. – Harry estava se escondendo na biblioteca quando Hermione o encontrou. Ele estava fugindo de Héstia Jones, que queria que ele repetisse pela quarta vez no mesmo dia como ele matou o basilisco. – Ronald só me contou o que realmente aconteceu alguns anos atrás, e eu me considero a melhor amiga dele. O que foi, tem alguma sujeira no meu rosto?

— Me desculpe. – Harry sentiu o rosto esquentar, ele não tinha reparado que estava encarando a menina – É que é muito estranho pra mim, você tem alguma coisa diferente da Hermione da minha dimensão... Mas eu ainda não sei o que é.

— Oh, você a conhece? – Hermione fechou o livro que estava lendo e se virou para Harry com um semblante curioso.

— Desde nosso primeiro ano. Começamos com o pé esquerdo, mas eventualmente nos tornamos melhores amigos depois que eu e Ron a salvamos de um trasgo montanhês. Ela nos defendeu da McGonagall, e não nos separamos mais. – As lembranças da infância trouxeram uma melancolia que Harry não sentia há tempos. – Ela é a bruxa mais inteligente da nossa geração, provavelmente.

— Crianças de onze anos enfrentando trasgos? – As sobrancelhas de Hermione formavam um arco devido à incredibilidade – Pior, esse Ron é o Ronald? E vocês são melhores amigos? Seu mundo é muito estranho...

— O de vocês que é! – Harry riu feliz que pelo menos com Hermione ele estivesse se dando bem – Para ser muito sincero, estou me sentindo como um peixe fora d’água. Vários dos meus amigos estão mortos, mais alguns estão do lado contrário da guerra... Sinto como se eu tivesse uma prova muito importante para fazer, mas que estudei a matéria errada.

— Entendo bem essa sensação de não estar preparada para provas em geral... – Hermione riu melodiosamente e sacudiu os brilhantes cachos castanhos para trás dos ombros.

— Viu? É disso que eu to falando, estranho. – O sorriso de Hermione aumentou, exibindo uma fileira de dentes brancos e perfeitos. Foi aí que Harry descobriu o que estava diferente. – O sorriso de vocês é diferente. Você usou magia para arrumar seus dentes?

— Pouco depois de completar catorze anos – Hermione começou a brincar sonhadoramente com um de seus cachos – Meus pais sempre disseram que dentes e magia não se misturam, mas eu os arrumei mesmo assim quando Draco me chamou para nosso primeiro encon...

— Draco? – As sobrancelhas de Harry estavam tão arqueadas que quase se escondiam completamente debaixo da franja – Draco Malfoy?

— Sim, meu noivo. - Se antes o Hermione sorria abertamente, agora ela resplandecia de felicidade. – Ele pediu no dia das bruxas, que foi a data do nosso primeiro encontro. Eu sei que estamos em guerra, ele é um espião e tudo mais... Mas eu realmente acredito que um dia esse pesadelo vai acabar. Principalmente agora que você chegou, Harry. É a nossa esperança de um mundo melhor.

— Dá pra ver seu sorriso do outro lado do castelo, Herms. Aposto que está falando do Draco, só ele te deixa assim. – Harry deu um pulo onde estava sentado pelo susto, ele não percebera que Lottie tinha chegado – Estão te procurando, Harry.

— Não me diga que é a Héstia Jones... – Harry afundou na cadeira que estava sentado, escondendo o rosto nas mãos.

— Não, é o Dumbledore... Mas não me diga que arranjou uma admiradora? – Lottie se sentou ao lado de Hermione, e as duas se inclinaram na direção de Harry, sorrisos marotos delineando seus lábios – Não bastasse ter arranjado inimizades, agora também começou a destruir corações?

— Eu não arranjei inimizades com ninguém...

— Acho que o Ronald discordaria disso. – Harry sentiu Hermione puxa-lo para que ele olhasse para ela.

— Novamente, eu fiz nada – Harry bufou - ele que veio cheio de julgamentos pra cima de mim.

— Eu tenho que concordar com o Harry nessa, Herms – Lottie fechou a cara e cruzou os braços, ficando ainda mais parecida com Harry – Ronald pode até ser um cara legal quando quer, e ele é um excelente bruxo, mas ele está sendo muito mais panaca do que o normal desde que o Harry chegou.

— Ah, Lottie, ele só está com ciúmes – Hermione revirou os olhos, como se aquilo que ela tivesse falado fosse uma coisa óbvia.

— Ciúmes de que? – Lottie jogou as mãos para o alto, exasperada – Nem Dumbledore conseguiu vencer Voldemort, Ronald não pode pensar que ele o derrotaria, por mais talentoso que ele seja.

— Sabe, Lottie, existe um ditado trouxa que se encaixa perfeitamente nessa situação. – Hermione jogou os cabelos para trás enquanto levantava, se preparando para ir embora da biblioteca – O pior cego é aquele que não quer ver.

— As vezes eu penso que a Herms sabe de alguma coisa que eu não sei. – Lottie continuou olhando para a porta por onde Hermione saiu muito depois dela já estar fora do seu campo de visão. – Tem alguma ideia do que possa ser?

— Eu nunca fui bom em entender o que a Mione do meu universo fala, e eu a conheço muito bem. – Harry respondeu – Então você pode imaginar que eu entendo menos ainda essa Hermione que eu conheci não faz nem uma semana direito...

Os dois ficaram em silêncio por mais alguns minutos, apenas observando em silêncio as poucas pessoas que estavam na biblioteca quando Lottie deu um pequeno grito ao bater na própria testa, chamando atenção de todos.

— Desculpe... – Ela murmurou envergonhada para os poucos ocupantes da biblioteca antes de se levantar e puxar Harry para acompanha-la. – Dumbledore ainda está te esperando!

A caminhada até a sala do diretor foi rápida. Os corredores estavam desertos apesar de ainda estar cedo, mas Harry atribuiu isso às férias escolares. Ele aproveitou os minutos que estava sozinho com Lottie para interroga-la um pouco sobre Ronald e Hermione. Eles se conheciam desde antes de Lottie começar a estudar, já que ela sempre morou no castelo por ser filha de dois professores.

— Na verdade, eu só saí pela primeira vez dessas paredes quando fiz onze anos e precisei ir fazer minhas compras escolares. – Sua voz estava baixa e triste quando ela confessou isso à Harry – Papai e mamãe ainda sofrem muito pela morte do meu irmão, e podem ser um pouco super-protetores.

Harry ficou sabendo que Ronald sempre exigiu o máximo de si para ser o mais poderoso possível e assim vingar a morte do pai. Nos primeiros anos, ele e Hermione tinham uma competição saudável sobre quem seria o melhor aluno da turma, mas isso parou no terceiro ano deles, quando Draco se aproximou do grupo. Enquanto Hermione passou a exibir notas medianas, Ronald se esforçava cada vez mais em seus estudos e se afastava mais das pessoas.

— No fundo ele não é uma pessoa ruim, eu sei disso. Mas as vezes ele age como um completo idiota, e eu não consigo acreditar que ele é o mesmo garoto meigo que me ajudava em runas antigas. – Eles diminuíram o passo quando a estátua de gárgula que guardava o caminho até a sala do diretor ficou visível depois de viraram em um corredor específico – Bem... Nos separamos aqui. Espero que Dumbledore não te prenda até depois do jantar, fiquei sabendo que vai ter mini-churros hoje!

Harry observou Lottie voltar pelo mesmo corredor pelo qual vieram antes de falar a senha para a gárgula e ser admitido na escadaria circular. A porta ao fim da escada caracol estava aberta, mas não havia viv’alma no local. Harry estava incerto se deveria entrar sem ser convidado, mas era isso ou ficar parado na soleira.

Em sua vida acadêmica, Harry conheceu várias salas de professores, mas a de Dumbledore sempre fora a mais impressionante. O escritório era um grande ambiente circular localizado em uma das torres mais altas do castelo. Assim como em seu universo, a sala era abarrotada de livros grossos, e várias mesinhas de pernas muito finas sustentavam curiosos objetos prateados que soltavam barulhos engraçados e baforadas de vapor de tempos em tempos. As paredes ainda era quase completamente cobertas por quadros dos antigos diretoras e diretores, embora todos parecessem estar dormindo em suas molduras naquele momento. Logo atrás da cadeira do diretor, Harry reconheceu o chapéu seletor descansando em um pedestal comprido com pés em formas de assustadoras garras. No entanto algumas coisas estavam diferentes. O grande armário onde Dumbledore guardava sua penseira estava recheado de bibelôs trouxas, não tendo espaço para a penseira, que estava depositada logo ao lado de três enormes janelas ladeadas de cortinas luxuosas, e o que mais intrigou Harry: Fawkes não estava ali, nem seu poleiro.

— Você se esconde muito bem, Lottie demorou para te encontrar. – A voz de Dumbledore surgiu atrás de Harry, que estava observando os títulos dos livros empilhados na mesa do diretor.

— Eu sinto muito pela demora, professor. – Harry se adiantou para sair de trás da mesa diretor quando o mesmo se dirigiu até ela para sentar-se em sua poltrona.

— Eu entendo. – Dumbledore indicou a Harry uma das poltronas a sua frente. – Sei que Héstia pode ser bastante persistente.

— Ah... – Harry sentiu o rosto esquentar um pouco, mas Dumbledore lhe sorriu bondosamente, acalmando-o um pouco.

— Harry, eu tenho conversado com Alastor nesses últimos dias. Chá? – Um bule e duas xícaras surgiram ao lado de Harry, que aceitou uma prontamente – Ele acha que já devíamos estar procurando horcruxes, mas eu acredito que deveríamos ter um plano mais sólido. Embora, é claro, cada segundo conte. Enfim, chegamos a um acordo. – O bule ofereceu mais chá ao diretor, que aceitou, satisfeito – Como deve estar sabendo, amanhã é véspera de natal. Creio que o melhor a fazer é colocar nossos planos em prática no dia vinte e seis. Eu gostaria de esperar que todos os membros da Ordem estivessem presentes para contar nossos planos, mas talvez assim seja melhor. É bom que nem todos saibam de nossos passos.

— Por onde o senhor sugere que comecemos? – Harry colocou a xícara na escrivaninha, negando educadamente que o bule a enchesse novamente.

— Bem, Harry, eu esperava que você me dissesse, afinal você mesmo afirmou que possui seus palpites. – Dumbledore o encarou por detrás dos oclinhos de meia lua, dando uma estranha sensação de déjà vu a Harry.

— Muito bem. Com licença senhor, será que eu posso? Obrigado. – Harry pegou pena pergaminho e começou a escrever – Se o senhor bem se lembra, creio que, nesse universo onde estamos, Voldemort tenha feito seis horcruxes, totalizando sete fragmentos de alma, contando com o que habita nele mesmo. Em ordem cronológica, esses objetos foram enfeitiçados: um diário, um antigo anel de família, o diadema de Ravenclaw, a taça de Hufflepuff, o medalhão de Slytherin e um objeto que ainda desconhecemos. – Harry usou a pena para desenhar uma grande seta - Acho melhor começarmos pelo diadema, e se o senhor concordar, podemos busca-lo ainda hoje, após o jantar.

— Hoje? – Mais um vinco de preocupação surgiu na testa de Dumbledore, quase sumindo entre as outras várias rugas na pele fina – Não teremos tempo hábil de chamar outros membros, só temos Lily, James e Sirius aqui. Claro que Lottie, Ronald e Hermione também, mas eles não possuem tanta experiênia para uma missão assim, principalmente Lottie. – ele falava baixo e muito rápido, considerando a hipótese, e chegou um momento em que Harry não conseguia mais entender o que ele estava falando. – Mas, se você acredita que é possível... – Ele juntou as pontas dos dedos em cima da mesa e encarou Harry profundamente antes de voltar a falar – Muito bem. Antes tudo, precisamos saber para onde ir.

— Para o sétimo andar, logo após a tapeçaria onde Barnabás tenta ensinar balé aos trasgos. A menos que eu esteja muito enganado, a horcrux está aqui em Hogwarts.


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Notas finais do capítulo

Heeeeey! A coisa tá começando a esquentar, hein!! Hahahaha

Mas gente, papo sério agora. Não sei se já falei isso pra vocês (acho que não), mas eu estudo na UERJ, e acho que alguns de vocês devem ter ficado sabendo da bagunça que aconteceu no fim de 2015. Era para as minhas aulas terem terminado no fim de dezembro, mas como o governo não estava pagando os salários dos terceirizados e nem as bolsas estudantis já tinha MESES, os alunos entraram em greve estudantil. Resumindo... minhas provas finais foram transferidas para essas primeiras semanas de janeiro.

Aí que tá o que eu queria falar com vocês. Eu não vou ter tempo hábil de ficar entrando aqui no Nyah o tempo todopra ver e contar os comentários de vocês (até acabarem minhas provas, pelo menos). Então se ultrapassarmos o número de comentários no capítulo segundo a promoção e eu não postar nada novo... foi por isso. Eu não morri nem abandonei vocês, só que essas duas semanas vão ser decisivas pro meu semestre.

Mas eu prometo TENTAR me manter a par das coisas aqui, e se eu tiver um intervalo, venho ver, responder os reviews e postar mais um capítulo. Espero ir bem o suficiente nas provas pra que isso seja possível hahahaaha

Me desejem sorte!

E um mágico 2016 pra todos nós, cheio de luz!



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