Harry Potter e o Orbe dos Universos escrita por RedHead


Capítulo 11
O Primeiro Pedido, O Aniversário de 21 Anos e A Lembrança


Notas iniciais do capítulo

AHHHH, MEU AMOR! Não me segura, que já é terça! hahahaha

Então! Novamente estou usando o artifício das letras em itálico. Não tem nada de mal gosto nem explícito, maaaas vai de cada um saber o que gosta de ler ;)

Mas vamos lá! Boa leitura, espero vocês nos comentários finais ♥



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Os exames de conclusão da Academia de Aurores aconteceram na última semana do mês de junho. John conseguiu comparecer e completar com honrarias todas as provas, agora com uma perna mecânica trouxa de fibra de carbono (bem mais avançada que as próteses bruxas, geralmente de madeira ou aço pesado). Ron passou medianamente nas provas, Neville quase levou bomba no primeiro exame sobre transfiguração corpórea alheia, mas ele compensou ao ter completado o exame de herbologia com a melhor nota obtida por um recruta em mais de 50 anos. Para o orgulho de Charlotte, Harry se formou com a melhor nota geral da turma de 2001, recebendo ótimas notas em todas as etapas, o que garantiu que ele começasse sua carreira podendo escolher a área do departamento que gostaria de trabalhar.

A cerimônia de formatura aconteceu no sábado do dia 30 daquele mês, no próprio Ministério da Magia. Foi presidida por Bono Silver e pelo Ministro Shacklebolt, e ao fim do discurso de cada um, os antigos recrutas foram consagrados aurores por seus tutores. Harry até viu pelo canto de olho as expressões de choque do resto do corpo de aurores quando Charlotte o abraçou carinhosamente após a condecoração.

Cada formando tinha direito a uma mesa para convidar os familiares para a cerimônia. Todos os Weasley estariam na mesa de Ron, o que garantia que a mesa estaria lotada. Mione foi como convidada de Harry, assim como Luna, Andrômeda, Ted e Hagrid.

Hagrid ficou muito emocionado com o convite de Harry, e derramou pesadas lágrimas de felicidade durante toda a parte solene da cerimônia, orgulhoso. Ted já estava com três anos completos e ficou a cerimônia inteira no colo do gigante, intrigado com as coisas que encontrava na barba dele, mas Andrômeda retirou o neto dos braços de Hagrid quando ele encontrou um morcego vivo nos pelos encaracolados. Ted ficou muito chateado de ter saído do colo de Hagrid, e ficou o resto da festa com os cabelos castanhos e os olhos amoados, mirando a nuvem de cabelos presa no queixo de Hagrid.

A festa seguida da condecoração dos recrutas em aurores foi uma das melhores festas que Harry já foi em toda sua vida até então - o que não queria dizer muita coisa, mas estava realmente esplendorosa para todos os padrões. Ela aconteceu em um dos níveis inferiores, em uma grande sala de pedra com paredes tão altas que havia um mesanino lotado de sofás e pufes confortáveis. As mesas das famílias estavam dispostas em volta de uma enorme e brilhante pista de dança. O buffet estava farto e delicoso. Hermione ficou inicialmente desconfortável ao ver que estavam sendo servidos por elfos, mas Cousin, uma elfa de olhos pequenos e nariz arrebitado a tranquilizou.

— Oh, senhorita, não há com o que se preocupar! Cousin é uma elfa livre, assim como todos meus colegas de trabalho! Nosso mestre nos contratou após vários de nossos antigos mestres terem morrido ou nos dispensado. Ele até nos dá uniformes para trabalharmos, assim não sujamos nossas próprias roupas, veja! – Ela realmente estava usando roupas limpas e arrumadas, e tinha uma aparência bem mais saudável que a de Monstro, ou de Dobby enquanto ele ainda trabalhava para os Malfoy.

A senhora Weasley ainda não havia perdoado Charlotte pelos perigos que Harry correu em seu treinamento, mas mesmo assim tentou ser o mais amigável possível com a mulher, por mais que não tenha sido muito bem sucedida.

— Oh, senhorita Olsen, não julgue a senhora Weasley por hoje, ela costuma ser uma mulher muito carinhosa e agradável, sabe? – Luna chamou a atenção de Charlotte após a senhora Weasley ter sido arrastada pelo marido para a pista de dança, querendo evitar um possível confronto entre as mulheres. – Ela tem medo que você esteja a substituindo no coração de Harry como figura maternal. Ela é muito protetora. Quando Belatriz ameaçou Gina, a senhora Weasley duelou com ela e a matou.

— Belatriz Lestrange? – Charlotte não sabia com o que se impressionava mais, com a vitória da mulher gorducha sobre uma das mais cruéis comensais conhecidas ou com a naturalidade com que Luna falava sobre qualquer assunto. Preferiu se preocupar em repensar seus conceitos da matriarca dos Weasley depois, e passou o resto da festa conversando amigavelmente com Luna sobre assuntos variados, inclusive sobre O Pasquim, revista que Charlotte acompanhava fielmente desde sua adolescência – para surpresa de todos.

A festa se estendeu até quase de manhã, sempre mantendo a mesma qualidade das primeiras horas da noite. A comida e a bebida estavam fartas, e a banda tocava as músicas mais atuais, animando até mesmo os convidados mais tímidos.

— Acho que o Neville e a Anna estão se entendendo bem. – Gina estava com os braços em volta do pescoço de Harry, os corpos balançando pela música animada.

— Sim, eles se aproximaram bastante. – Harry tinha que se abaixar um pouco para conseguir ouvir o que Gina falava – Nós três temos tomado café no Caldeirão Furado juntos quase todos dias já faz um bom tempo.

— Talvez você pudesse tomar seu café em outro lugar alguns dias da semana. – Por mais que estivesse de saltos, Gina ainda teve que ficar na ponta dos pés para dar um selinho em Harry, deixando a boca dele com uma leve marca de batom.

— Mas porque eu faria isso? - Gina mantinha as sobrancelhas arqueadas e um sorriso no rosto, Harry nunca foi bom em perceber essas coisas - O Caldeirão é logo é em frente à minha casa, não é como se eles quisessem privacidade. Oh... – Harry se virou para observar Neville e Anna, do outro lado da pisa de dança. Eles estavam um pouco separados, mas Neville parecia especialmente sorridente ao lado da moça.

— Para um auror você é péssimo em ler sinais, Harry. Nem reparou que eu estou tentando te arrastar daqui já faz meia hora, pelo menos... – Não foi preciso que Gina falasse duas vezes. Com a agilidade obtida pelo treinamento dos últimos anos e uma expressão divertida no rosto, Harry pegou a namorada pela mão e a levou até o átrio principal, onde era possível que aparatassem.

Aparataram em frente à porta do flat de Harry rindo do mundo. Não sabiam se era a quantidade de uísque de fogo que ambos beberam, mas o mundo estava particularmente rosa para Harry naquele momento. E continou rosa até a hora em que Gina começou a tirar o próprio vestido, porque aí o mundo ficou vermelho. Vermelho dos cabelos presos sendo soltos e embaraçados, vermelho do tecido do vestido que ela usava indo parar no chão, vermelho da roupa íntima que contrastava tão belamente com sua pele branca.

Harry também estava sem suas vestes, embora não se lembrasse bem quem dos dois as havia tirado. Eles deitaram na cama ainda bagunçada parando de se beijar apenas para rirem de si mesmos, felizes demais com a vida para tentarem evitar as risadas. Mas aos poucos elas foram diminuindo, e a cada toque, a cada beijo, a cada gemido que Gina sufocava, as risadas foram morrendo e sendo substituídas aos poucos pelos barulhos do amor dos dois. Não havia uma vez em que transassem que Harry não reparava em Gina, procurando gravar cada sarda que ela possuía. Ele amava ver o sorriso bobo que ela fazia quando ele a pegava de surpresa, e como ela lutava com os cabelos para que saíssem de seu rosto. Mas nada era tão belo para Harry quanto o jeito que ela franzia as sobrancelhas pouco antes de atingir o orgasmo, como ela estava fazendo naquele momento, debaixo dele, por causa dele. Ela manteve os olhos fechados e sorriso no rosto quando o puxou para beijar seu pescoço, incentivando-o a buscar seu próprio prazer, mais rápido, mais forte, aquela conhecida sensação de pressão aumentando até que todo seu corpo se retesou para relaxar em seguida.

Ainda levemente em alfa, Harry sentiu as mãos da namorada saírem de suas costas e levarem sua cabeça para deitarem no peito sardento dela, entrelaçando seus dedos finos em seus cabelos pretos em um delicioso cafuné.

— Casa comigo. – A voz de Harry saiu meio abafada pelo cansaço, mas ainda assim audível o suficiente. Gina nada respondeu, apenas riu melodiosamente, apertando o abraço que dava no namorado, aparentemente achando graça do torpor do namorado. – Eu to falando sério Gin.

— Não, não está. – Ela curvou-se rapidamente para depositar um beijo em seus lábios. – Agora você não está pensando direito por causa das nossas... hum... atividades recentes. – Harry soltou um muxoxo divertido – Quando você estiver em suas plenas faculdades mentais, e se ainda quiser, você me pede de novo.

— Eu ainda vou querer. – Harry beijou a testa de Gina, a puxando para que ela pudesse apoiar em seu peito dessa vez – Mas entendo seu ponto. Só não pense que vou desistir tão fácil de você.

— Eu nunca nem sonharia com isso.

***

O primeiro mês de Harry e Ron na Academia de Aurores foi deveras agitado. Embora estivessem trabalhando no mesmo departamento, eles praticamente só se viam na hora do almoço, quando encontravam com Mione para comerem juntos – com exceção das segundas-feiras, pois Harry e Charlotte mantiveram o costume de almoçarem juntos mesmo que ela não fosse mais sua tutora.

O dia a dia de um auror recém formado era exaustivo. Eles eram responsáveis pela leitura e devida organização das papeladas e relatórios produzidos por seus superiores, além de terem seus próprios relatórios das vezes em que iam em campo acompanhando algum auror mais experiente - raramente um auror recém-formado era mandado para uma missão solo.

Na segunda feira do dia 30 de julho (*) foi a primeira missão solo de Harry. Nada muito complicado, apenas um bruxo que estava vendendo jóias amaldiçoadas para trouxas por uma pechincha, com o intuito de “se divertir”. Harry nem mesmo amarrotou a blusa que usava para prende-lo. Charlotte ficou muito feliz com o relatório que recebeu do pupilo, mas mesmo assim fez questão que ele lhe contasse pessoalmente os detalhes do caso quando se encontraram na hora de almoço.

— Mas o cara era um amador, mal sabia fazer um feitiço de proteção decente. – Os dois costumavam almoçar no próprio Ministério, mas dessa vez ela insistiu em leva-lo para um pequeno restaurante no fim da rua e comemorar o aniversário dele que seria no dia seguinte.

— É claro que com o treinamento que você recebeu a diferença de nível entre vocês seria óbvia, eu nunca mandaria um subordinado novato em uma missão solo se duvidasse da capacidade dele. – para quem ouvisse a conversa de fora, acharia Charlotte no mínimo grosseira, mas Harry não ligava mais para isso, já se acostumou com jeito rígido da mulher. – Não só entre você e o bruxo moribundo que prendeu hoje, mas até mesmo entre outros bruxos de renome, inclusive lá do departamento.

— Eu não sei se chega a tanto, Char...

— E nem pense em dizer que estou enganada, senhor Potter. Eu te treinei e sei do seu potencial melhor que qualquer um. Você é mais capaz, sim, que muitos de meus colegas de profissão, aceite o elogio. – Charlotte ergueu o olhar penetrante até ele, arrepiando os cabelos da nuca de Harry. – Mas em um assunto mais alegre... 21 anos não se faz todo dia, e como estarei viajando ainda hoje para aquela missão no sul da Irlanda, eu queria te dar isso hoje. Mas peço que me prometa que só vai abrir amanhã, e sozinho. E sim, precisava. Você precisa parar de negar seu valor, Harry.

Harry riu ligeiramente envergonhado pela bronca enquanto pegava a caixa que ela deu para ele. Era pouco maior que uma caixa de sapatos, e perfeitamente embrulhada com um papel verde esmeralda enfeitado com um laço dourado, que prendia um cartão trouxa de feliz aniversário, onde palavras garrafais diziam: “Feliz aniversário. Eu gosto de você. Sua morte será rápida e indolor quando eu subir ao poder”.

— E eu digo isso de coração. – Charlotte deu um de seus raros sorrisos quando viu Harry se dividir entre o divertimento e a preocupação. Harry realmente passou a ocupar um lugar especial no coração de Charlotte, ela criou um carinho maternal pelo menino, não somente por ele ser o único filho de uma de suas melhores amigas, mas principalmente porque com ele, ela voltava a ser minimamente como a alegre e inocente menina de antes da Primeira Guerra.

***

Por mais que fosse apenas terça feira, a senhora Weasley fez questão de fazer uma pequena reunião para o aniversário de Harry. Ele nem mesmo pensou em retrucar, ainda mais agora que Gina decidiu que queria ajudar nos preparativos. Foi um jantar tranquilo, com quase todas as pessoas que Harry mais gostava no mundo. Até mesmo Luna apareceu. Ela tinha se mantido bastante ocupada viajando pelo mundo, em busca de novas reportagens para O Pasquim.

Gina e a senhora Weasley passaram boa parte da tarde cozinhando os melhores pratos que conheciam, mas o ponto alto da noite foi o bolo de aniversário. Gina não cabia em si mesmo de orgulho, pois o doce era inteiramente obra sua, desde a massa xadrez de baunilha e chocolate até a calda cristalizada de morangos por cima. O relógio tinha acabado de soar nove horas quando a toda comida foi retirada da mesa e os convidados começaram a se retirar para suas respectivas casas. Harry foi embora para seu flat também, mas não antes de a senhora Weasley colocar todos os restos devidamente embrulhados em suas mãos para que ele pudesse fazer refeições decentes quando não pudesse vir jantar com ela.

Harry nunca recebeu muitos presentes em sua vida, e na verdade, ele nunca ligou muito para isso, mas esse fato não impediu que Ron e Mione o comprassem um presente. Ron explicou que foi ideia da namorada, agora que eles deveriam viajar pelas missões. Inspirando-se na pequena bolsa com feitiço de expansão indetectável que os três levaram enquanto estavam procurando horcruxes, Mione fez uma bolsa enfeitiçada do mesmo modo para Harry. Era menor que uma mala de viagem, mas mais prática que uma pasta executiva, feita de couro de dragão e entalhes em prata. Harry passou a carregar-la consigo em todas as missões que fazia.

Quando ele finalmente chegou em casa – depois de se despedir de Gina pelo menos umas sete vezes – ele se jogou cansado no sofá. Com o canto de olho ele percebeu um brilho dourado na mesinha ao seu lado, e precisou de alguns segundos para perceber que aquele era o presente de Charlotte. Como prometido, ele agora estava sozinho, por isso abriu a caixa.

Lá dentro não tinham muitas coisas, apenas um caderno de capa de couro duro, um frasquinho prateado e um pergaminho enrolado. Imaginando ser uma carta explicando o que os outros itens eram, Harry desenrolou o pergaminho primeiro.

“Harry, na primeira vez que nos vimos você me contou que nunca soube muito do passado da sua mãe. Espero que essas poucas lembranças que eu guardei te ajudem a conhecer a pessoa fantástica que ela era. E seu pai também não era de todo ruim. – C.”

Somente depois de abrir a capa de couro do caderno que Harry percebeu que ele era, na verdade, um álbum. Nas folhas amareladas várias fotos de meninas sorridentes apareciam acenando para ele ou interagindo entre si. Harry não teve dificuldade nenhuma em reconhecer sua mãe em cada uma das fotos, sorridente e feliz. No entanto, levou algum tempo para perceber que uma garota de cabelos cacheados compridos e ar angelical que aparecia em um bom número das fotos era Charlotte. Ela havia mudado muito. Enquanto analisava todos os detalhes das fotos nos papéis, Harry não conseguia deixar de pensar no que teria acontecido com Charlotte. Ela era tão diferente, parecia quase tímida. Deve ter acontecido alguma coisa muito impactante na vida dela durante a primeira guerra bruxa. E a sua mãe e seu pai, será que também envelheceriam amargos devido aos eventos do mundo? Foi com um aperto no coração que Harry percebeu que nunca saberia isso.

Harry parou alguns segundos a mais quando reconheceu Sirius em uma das fotos. Ele estava com um braço em volta dos ombros de sua mãe e o outro envolto na cintura de uma menina de cabelos louro claros. Eles não pareciam não ter mais de quinze anos, e Harry ficou surpreso que Sirius e sua mãe tivessem uma relação amigável nessa época, devido ao que ele conhecia da história do padrinho e dos pais. Quanto mais ele virava as páginas, mais o tempo passava nas imagens até que, em uma das últimas folhas, sob a legenda “’O’ encontro do ano”, estavam seu pai e sua mãe sentados em uma das mesas mais afastadas do Três Vassouras, alheios à foto tirada dos dois. Depois disso, James passou a aparecer em quase todas as fotos, Lupin também, algumas vezes de mãos dadas com um menina morena de cabelos curtos e lisos, para a surpresa de Harry. Depois da foto de formatura da turma de seus pais, haviam apenas outras duas fotos: uma de sua mãe em seu casamento, abraçada com a garota loira que apareceu junto de Sirius em outras fotos, com a legenda “Melhores amigas, Lene e Lil”. A última foto mostrava Lily e James abraçados em um jardim, Lily segurava um embrulho pequeno nos braços, onde um pequeno Harry bebê estava, rodeado por Sirius e a mulher loira (que agora ele sabia que se chamava Lene).

Harry só percebeu que estava chorando quando uma lágrima quase caiu em cima do seu eu bebê na foto. Com todo cuidado do mundo, Harry deixou o álbum sobre uma das almofadas ao seu lado e pegou o frasquinho que ainda estava dentro da caixa verde brilhante. Ele era opaco, mas assim que o analisou melhor, Harry percebeu que o líquido presente no vidrinho era, na verdade, uma memória. Amaldiçoando-se por não ter uma penseira própria, Harry mandou uma carta por Athena para Mione pedindo emprestada a penseira portátil que ele havia dado para ela alguns anos atrás, rezando internamente para que a amiga ainda estivesse acordada, no entanto, foi a letra de Ron que apareceu na resposta que Athena trouxe:

“Mione já dormiu, cara, mas sei que ela não ligaria de te emprestar. Quando ela acordar eu explico tudo para ela.- R”

Harry se permitiu um sorriso enquanto lia o recado de Ron. Os amigos realmente estavam mantendo o namoro muito bem, apesar de todas suas diferenças.

A penseira portátil de Mione era uma espécie de medalhão, pendurada em uma comprida corrente de prata. Com muita concentração, pois estava tremendo ligeiramente, Harry abriu o pequeno medalhão e despejou as memórias de Charlote lá dentro e espiou pelo pequeno rodamoinho que se formou, até sentir os pés saírem do chão por alguns segundos antes de acharem outra coisa sólida.

Harry não estava mais em seu flat, tampouco estava em Londres. Ele reconheceu facilmente o Salão Comunal da Grifinória, por mais que os uniformes dos alunos fossem um pouco diferentes do que ele usou. Sem saber bem pelo que procurar, Harry olhou em volta até que seu olhar recaiu em uma jovem bonita recostada em uma das poltronas voltadas para as janelas da torre – sua mãe.

Ela estava com um livro de transfiguração no colo, mas não prestava atenção nele. Harry mal teve tempo de se sentar na mesa em frente à sua mãe quando uma versão mais jovem e sem cicatriz de Charlotte se jogou na poltrona ao lado de Lily.

— Fui enganada Lils! Quando McGonagall me deu meus horários cheio de horas livres para o sexto ano, nunca pensei que fosse precisar usar esse tempo para manter a matéria em dia! – Devido à falta de resposta da amiga, a jovem Charlotte franziu o cenho. – Lily? Se continuar com esse olhar sonhador, James vai achar que está pensando nele.

— E estou. – O sorriso irônico que havia surgido nos lábios de Charlotte desapareceu no mesmo instante, estupefata pela resposta de Lily. – Não sei porque, só... Só não consigo parar de pensar nele.

— Ora, Lily, não se iluda. É claro que você sabe! Foram precisos alguns anos mas Jam...– Harry teve que chegar mais perto para ouvir a continuação da conversa das duas depois que uma Lily muito ruborizada pediu desesperadamente para que Charlotte fosse mais discreta. – Mas James finalmente começou a mostrar para você o cara bacana que ele realmente é por baixo de toda aquela marotice.

— Eu sei, ele amadureceu muito do ano passado para cá. Mas... – Lily fechou o livro que ainda estava em seu colo, frustrada, e se ajoelhou na poltrona se aproximando ainda mais de Charlotte. – Ontem mesmo eu o vi consolando uma menininha que estava chorando por causa de uns idiotas que estavam implicando com ela. Ele não só botou os garotos para correr como foi tão cuidadoso, carinhoso...

— Fofo? – Charlotte completou, um discreto sorriso no rosto.

— Sim! Exatamente o contrário que ele sempre foi! – Lily jogou as mãos para o alto, em um gesto de exasperação. Harry não conseguiu segurar um sorriso orgulhoso, ele fazia o exato gesto quando era ele em situação de estresse semelhante.

— Aí que você se engana, senhorita Evans. – Charlotte interrompeu a amiga delicadamente, levantando-se de sua poltrona e indo sentar no braço aveludado da de Lily – James sempre ligou para os outros, mas como todo garoto idiota, ele achava que isso era um sinal de fraqueza ou algo do tipo. Mas ele amadureceu, Lil, não só por você. Mas por ele mesmo. Já faz um tempo que não vemos ele pregar aquelas peças em ninguém, nem mesmo no Ranhoso. Oh, Snape, tanto faz! – Lily lançou um olhar reprovador para a amiga pelo apelido. Pelo visto, Harry pensou, mesmo depois de tudo, Lily ainda tinha um pouco de consideração por Snape. – O que eu estou tentando dizer, cabeça dura, é que James está mudado. Não dá para enfrentar a guerra que está se formando lá fora com a cabeça infantil de um maroto. E eu sei que James quer ajudar no que puder, ainda mais depois que o sr. Potter morreu ano passado.

— Ok. Eu até concordo que James está mais maduro, mais centrado, responsável...

— Gostoso... – Charlotte sussurrou para Lily, que corou imediatamente.

— É, isso também. – As duas compartilharam alguns risinhos devido ao rumo da conversa. Harry nunca conseguiu lidar com esses risinhos femininos, e ele estava altamente desconfortável em ver a própria mãe agindo assim (por mais que ela fosse uma adolescente ali) – Mas... Ah, Lottie, não consigo simplesmente esquecer que esse James fofo que ajuda menininhas indefesas também já foi o energúmeno Potter, que não perdia a chance de se exibir e humilhar aqueles que ele simplesmente não gostava.

— Primeiro, Lils, James nunca humilhou ninguém que não fosse o Ranhoso. – dessa vez ela não se concertou, apesar do olhar da amiga – Ele sempre foi um cara legal, só não deixava que as pessoas soubessem disso.

— Tudo bem, suponhamos que James não fosse um biltre arrogante todas as horas do dia. Suponhamos que ele fosse um garoto legal que simplesmente gosta muito de uma plateia. – Lily agora tinha as mãos contorcendo os dedos compridos. – O que as meninas vão falar? Principalmente a Lene, ela não vai calar a boca por meses!

— Lene tem se agarrado com Sirius, ela não tem moral nenhuma para falar de você. Mas eu nunca te contei isso! – Charlotte acrescentou rapidamente, tapando a boca de Lily para que a amiga não dissesse nada. – Eu vi os dois se agarrando num corredor do terceiro andar uns dois dias atrás. E mesmo assim! – Ela soltou a amiga – A Lily Evans que eu conheço nunca se importou com o que os outros pensam. Eu lembro até hoje do sermão que você deu no Malfoy no meu primeiro ano quando ele me desprezou por ser nascida-trouxa. E ele era o monitor-chefe! Mas você não se intimidou, você não tem medo de nada! E agora está me falando que está disposta a deixar que seu orgulho fique entre você e um cara maneiro? - Durante do discurso da jovem-Charlotte, Harry teve um vislumbre da mulher decidida que ela era na época dele, mas não durou muito tempo, visto que Charlotte percebeu de canto de olho que um jovem alto de cabelos muito pretos e bagunçados acabara de entrar pelo retrato da Mulher Gorda. - Lily, ignore o mundo por um segundo e seja verdadeira com você mesma só mais essa vez, por mim. O que você sente pelo James?

— Eu... – O sangue fluiu pelas bochechas de Lily enquanto um pequeno sorriso foi moldando os seus lábios. – Eu estou apaixonada por James Potter.

— Você tem certeza? – Lottie se levantou de onde estava e pegou carinhosamente nas mãos da amiga.

— Tenho. Absoluta. – Harry observou o sorriso de Lily se abrir enquanto ela falava.

— Que bom, porque ele acabou de entrar pelo retrato da Mulher Gorda. – Lottie sussurrou rapidamente, apagando qualquer vestígio do sorriso no rosto de Lily, deixando apenas o sangue colorindo sua face. – Hey, James!

— Oi, Lottie! Ah, Evans, ainda bem que te achei! A professora McGonagal pediu para os monitores distribuírem isso pelo castelo, mas como o Aluado ainda está na enfermaria eu já distribuí a metade dele... Ehr... Aconteceu alguma coisa? – Se não fossem os olhos, Harry teria certeza de estar olhando em um espelho. O James Potter de 17 anos era menos magro e mais definido que o filho na mesma idade, mas nada que fizesse muita diferença. – Vocês estão me olhando esquisito.

— Ah, sabe como é James. Lily estava enlouquecendo por causa dos NIEMs de novo – Harry não deixou de perceber um rápido olhar agradecido que sua mãe mandou à amiga.

— Sabe, Evans, eu sei como você pode relaxar. – Harry se levantou quando viu seu pai ir se sentar na mesa onde ele estava, na mesma posição que o filho tinha estado. – A primeira visita para Hogsmeade vai ser esse fim de semana, se você aceitar ir comigo dessa vez eu juro solenemente que você não vai se arrepender.

— Bem... – Lily lançou um rápido olhar para Charlotte, agora atrás de James, que fazia sinais positivo com os polegares em direção à amiga. – Já que você jura solenemente, tudo bem. Eu aceito sair com você.

— Sabe, Evans, você está cometendo um grande erro em não quer... Espera. – Harry não conseguiu segurar o riso diante da tempestade de emoções que o rosto de James demonstrou enquanto seu cérebro processava a informação que acabara de ouvir. – Você disse que vai? De verdade, tipo, presença corpórea do meu lado?

— Sim, oras. – Lily parecia achar muita graça da felicidade crescente do maroto – Essa é a definição de encontro.

— E-encontro. Certo. – James tinha um sorriso maior que o rosto e bagunçava os cabelos sonhadoramente enquanto observava a garota em sua frente. – Eu prometo que não vou desperdiçar a chance que você está me dando, Evans, eu não vou te decepcionar. – Com um jeito determinado, James levantou da mesa rapidamente e depositou um beijo na bochecha corada de Lily.

James estava quase terminando de subir as escadas para o dormitório masculino quando ouviu a voz de Lily o chamar:

— E, James? Pode me chamar de Lily.


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Notas finais do capítulo

(*) Mais uma vez meu calendário se mostra presente ;)

Genteeeeee, tanta coisa maravilhosa nesse capítulo! E o mais importante, JILY! Não se enganem, eles vão ser muito presentes mais pra frente, então aguardem ;)

Eeee cá estou relembrado vocês que se tivermos 6 comentários nesse capítulo, eu posto mais um! Senão,vejo vocês nesssa mesma potterpágina na próxima potterterça.

Bejos



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